Big Hero 6 - Grumpyzilla escrita por Efrain Marinho
Notas iniciais do capítulo
“Desde o evento com o Yokai, o Professor Robert Callaghan, a vida de Hiro mudou completamente. Ele passou a sair com seus amigos — Fred, Go Go, Wasabi e Honey; junto ao robô Baymax— para derrotar vilões na sua cidade, San Fransokyo.
O garoto ainda não havia superado a morte do seu irmão há um ano atrás, mas estar ocupado nas ruas ou na faculdade era o mais saudável para ele. No entanto, há quase um mês nenhuma atividade criminosa havia sido relatada.”
Hiro estava ocupado desenvolvendo um nanorobô para um trabalho acadêmico quando Honey ligou para ele. Ela e os outros estavam em uma lanchonete. Apertados, eles disputavam o telefone:
— Hiro?
— Honey! — disse ele.
— Oi, querido... A gente tá precisando de você. Será que...
— Vem pra cá, Hiro — gritou Wasabi.
— Wasabi?
— Hiro, nós temos uma coisa irada pra te mostrar. Você tem quer ver isso! — era Fred se adiantando.
— Onde vocês estão?
— A gente tá em uma lanchonete perto do Mercado de Lagostas. — respondeu Go Go.
— Por que vocês não vieram... Deixa pra lá. Eu tô indo.
— Tchau! — exclamaram eles em coro.
Hiro desligou o telefone e olhou para trás. Baymax estava encostado na parede, em cima da base do seu carregador. Ele olhava para Hiro:
— Vamos sair, Baymax. Ou você vai ficar enferrujado aí.
Baymax saiu do carregador enquanto Hiro colava seu moletom habitual:
— Não, Baymax... Acho melhor levar você aí dentro. — disse o menino ao virar-se.
Baymax deu um passo para trás e fechou-se na maleta. Aquela maleta era diferente da criada por Tadashi. Hiro a aprimorou.
Lá embaixo, Hiro foi falar com sua tia Cass. A cafeteria estava muito lotada:
— Tia Cass, por que você não me chamou?
— Não, querido. Está tudo bem. — disse ela enquanto passava o troco para uma cliente — Eu sabia que você estava ocupado ali em cima... Você vai sair? Não esqueça do capacete, querido. — ela entregou o objeto por cima do balcão a ele.
— Não sei se é uma boa ideia. — disse ele segurando o capacete azul contra o peito.
— Não, querido. Pode ir. Vai, vai. — ela apertou a bochecha direita do sobrinho carinhosamente.
— Tudo bem...
Hiro sentiu-se um pouco culpado de deixar a tia só, mas resolveu ir já que ela disse estar tudo bem.
Ao lado da porta da loja o patinete de Hiro estava encostado. Ele colocou o capacete, travou a maleta de Baymax na frente do guidão e ligou o motor. Tia Cass o observou pelo vidro e sorriu
Aquele patinete era uma das criações mais adoradas por Hiro. Ele gostava de descer as ladeiras de San Fransokyo nela. Sentir o vento no rosto. Fê-lo lembrar de voar em Baymax. Que vontade de ter uma pequena aventura.
Hiro pôde atravessar o bairro rapidamente. Ele já avistava a torre com a lagosta de neons indicando o Mercado das Lagostas quando olhou para o lado e viu duas grandes escavadeiras e dezenas de pilhas de terra ao seu lado.
Ele passou direto e estacionou ao lado da lanchonete ali perto. Avistou seus amigos pelo vidro. Ele prendeu o patinete no bicicletário próximo a calçada e pegou Baymax. Quando entrou, Fred foi o primeiro a nota-lo e foi correndo abraçar ele:
— E aí, amigão! — Fred apertou Hiro em um abraço desajeitado.
Eles foram até a mesa onde os outros estavam e Hiro cumprimentou cada um:
— Então... Cadê a coisa irada que vocês tinham pra me mostrar? — disse o garoto olhando a mesa com nada mais que um prato de batatas.
— Desculpa, Hiro... — falou Honey segurando a mão dele.
— A sua tia Cass ligou pra gente. Ela estava preocupada com você. Achou que você tinha que sair um pouco... — explicou Wasabi enquanto levava uma batata frita a boca. Molho caiu na sua blusa acidentalmente. — Por que isso sempre acontece comigo? — perguntou ele olhando para a mancha.
Honey, que estava ao lado dele, tirou um spray da bolsa e usou sobre a mancha:
— Eu estou testando isso...
Mas aquilo só a fez mudar de cor:
— Obrigado, Honey. — agradeceu Wasabi ainda assim.
Go Go afastou para o lado:
— Senta aqui, Hiro.
Hiro deslizou para o lado dela e Fred depois sentou ao lado dele colocando um braço sobre o seu ombro. O garoto sentiu um odor desagradável sair de debaixo daquela blusa:
— Caramba. Abaixa esse braço Fredzilla! — bronqueou Go Go levando as mãos ao nariz.
— Foi mal. Eu esqueci de... — ele riu com Honey e Wasabi.
Hiro e Go Go estavam tentando recuperar o folego, mas estavam rindo também:
— Espera. Você não acha que alguém pode escutar você chamando o Fred assim? — perguntou Hiro.
— Não tem ninguém ouvindo... — disse Go Go olhando para os clientes nas mesas próximas.
— Não acho que nós temos exatamente uma identidade secreta... — comentou Honey — Com exceção do Fred.
— Os heróis têm identidades secretas. Elas servem para proteger as pessoas próximas deles. — disse Fred como se lesse a frase em sua mente.
— Podíamos pensar em usar trajes mais discretos talvez... — sugeriu Wasabi colocando as mãos sobre a mesa.
— Deve ser algo relevante. — confirmou Hiro olhando pela janela.
Então ele viu aquela obra por onde ele passou em frente:
— Ei. Vocês viram aquilo? — indagou ele apontando para a escavadeira.
— Esses idiotas não sabem o que estão fazendo. — disse Go Go. — Toda a cidade cresceu respeitando o relevo natural da região por conta do perigo de terremotos nessa área. E agora eles inventam de cavar um buraco nessa dimensão...
Foi quando eles ouviram gritos vindos daquela direção. Se espremeram na janela para ver o que estava acontecendo. Dezenas de operários desciam a rua desesperados:
— Mas o que tá acontecendo? — perguntou Wasabi.
Então um rugido estrondoso soou acompanhado de um tremor. O frio na espinha foi inevitável em todos ali. Era algo extremamente assustador. Eles resolveram sair, e quando olharam para trás, viram que não havia mais ninguém ali. Todos já haviam fugido.
Na calçada viram as pessoas desesperadas correndo para todos os lados:
— Vocês acham que isso foi alguma máquina? — perguntou Honey.
— Por favor digam que sim... — Wasabi tremia vergonhosamente.
Ao final dessas palavras, uma silhueta cobriu o Sol poente e mostrou-se imponente sobre a cidade. Uma besta colossal se levantou do chão e urrava ferozmente. Sua mandíbula se mexia como se ele, o monstro, bocejasse. Wasabi gritava incessantemente. Uma expressão de pavor marcava seu rosto:
— Irado... — balbuciou Fred boquiaberto.
Go Go quase engoliu seu chiclete quando o monstro pisou na rua rachando todo o asfalto. Hiro foi até Baymax e disse:
— Baymax, precisamos da sua ajuda... Ai.
O robô inflou-se rapidamente rompendo o lacre da maleta. Esta, por sua vez, contorceu-se e montou-se sobre Baymax formando uma armadura:
— Galera, precisamos das nossas coisas! — exclamou Honey.
Neste momento, cinco mochilas desceram dos céus em paraquedas coloridos:
— Valeu, Heathcliff! — gritou Fred acenando exageradamente para um helicóptero grafite acima deles.
— É um prazer servi-lo, senhor. — disse uma voz no pingente do cordão de Fred.
— Onde você arranjou isso? — perguntou Go Go.
— Depois explico pra vocês — respondeu ele recolhendo sua mochila no ar.
Os demais também pegaram as outras mochilas correspondendo-lhes por cor. Eles correram para o beco ao lado da lanchonete e equiparam-se, voltando prontos para a rua, que àquela altura estava deserta.
O monstro seguia para o centro da cidade. O sol já estava terminando de se pôr e o céu começava a escurecer já. Hiro subiu nas costas de Baymax e decolou.
Honey retirou uma esfera azul — do tamanho de uma bola de gude — da bolsa e jogou no chão. Um estalido e depois, rapidamente o chão se congelou a sua frente. Ela patinou e ejetou outras esferas idênticas para continuar o resto do caminho.
Go Go adiantou-se deslizando com seus discos maglev — Fim de papo! — Usando aquilo como rodas ela podia se mover rapidamente. Era exatamente a adrenalina que ela gostava de ter. Era o que saciava sua sede por velocidade. Já Fredzilla foi saltando ao seu lado.
— Galera... A gente não combinou um plano... — disse Wasabi enquanto olhava os amigos acelerarem na direção do inimigo.
Afim de alcança-los, Wasabi pegou a prancha em suas costas e deixou a sua frente. Ela equilibrou-se horizontalmente a cerca de dez centímetros do chão. Era uma tecnologia semelhante ao dos discos de Go Go.
Wasabi subiu em sua prancha e usou o pé para ter impulso. Aquilo o lembrava das suas férias praticando snowboard nas montanhas. Mas isso não o deixava mais tranquilo. Era um lagarto de 50 metros de altura diante dele:
— Vocês imaginavam isso, pessoal? Um kaiju debaixo de San Fransokyo! — gritou Fredzilla animado.
— Ele devia estar adormecido. Essas escavações acordaram ele. — disse Go Go.
— Ele deve estar bravo porque acordaram ele. — acrescentou Hiro do alto.
— E agora? — indagou Honey aproximando-se deles.
— Precisamos acalmá-lo e leva-lo de volta pra sua “cama”. — falou Hiro enquanto Baymax fazia um voo mais raso.
— Mas como vamos acalmar um monstro desse tamanho? — perguntou Wasabi. Ele não estava nada tranquilo.
— Grumpyzilla... — corrigiu Fred dando um soco para o alto. Talvez aquele fosse o momento mais empolgante da vida dele.
— Vamos tentar distrair ele. Talvez ele não faça muita destruição. — pensou Hiro jogando um punhado de esferas na direção do Grumpyzilla.
As esferas se agitaram e transformaram-se em pequenos bots. Hiro fez com que eles dessem descargas elétricas no corpo do monstro. Mas isso o deixou mais estressado. E enquanto ele se contorcia sua calda atingiu um carro que foi jogado contra Wasabi. Por sorte Wasabi usou prontamente suas lâminas para partir o carro ao meio e atravessar ele:
— Vamos tentar conversar com ele! Talvez ele nos entenda... — sugeriu Fredzilla pulando para um prédio próximo ao Grumpy.
— Excelente ideia. — comentou Go Go sarcasticamente enquanto observava Fred.
— Aaaaah! — gritou Fredzilla para o monstro.
Isso chamou sua atenção. Mas aqueles berros eram tão inteligíveis quanto mostravam.
Honey jogou algumas bolas rosas nos pés de Grumpyzilla. Elas incharam e transforam-se em uma gosma extremamente pegajosa. Ela queria detê-lo de ir mais longe.
Grumpyzilla urrou para Fred e tentou ataca-lo. Então, Go Go lhe jogou atrás da cabeça um dos seus discos. O que direcionou a fúria do monstro para ela. Mas Baymax lhe socou em cheio nesse momento. Grumpyzilla cambaleou e caiu contra um prédio.
Wasabi apareceu e pulou sobre o ventre da fera:
— Isso te irrita, grandão? — provocou ele.
— Wasabi... — chamou Honey sem compreender o que o amigo tinha em mente.
Ele tão deu uma evasiva e Grumpyzilla conseguiu se levantar:
— Ei! Aqui embaixo, Grumpy Grumpy. — continuo ele.
— O que deu em você? — perguntou Go Go perdida.
Hiro observou quando Wasabi ativou as lâminas nas mãos e agitou os braços para chamar a atenção do monstro. Aquilo funcionou:
— Entendi... — sussurrou o garoto. — Baymax, voe na frente do Grumpyzilla e atire pequenos torpedos na rua.
Assim o robô o fez. E todas aquelas explosões e luzes na frente de Grumpy o enlouqueceram. Ele saiu correndo em disparada na direção delas. Era a direção do buraco de onde ele veio.
A polícia apareceu. Os oficiais saíram de suas viaturas apontando armas para o gigante. Ao sinal do chefe eles iniciaram fogo. Mas aquelas balas sequer faziam cócegas na pele encouraçada de um réptil daquele porte:
— Atirar não vai adiantar. — disse Go Go ao passar rapidamente por eles.
— Não machuquem ele! — berrou Fred.
— Não podemos mata-lo. Vamos levar ele de volta pra casa dele. — explicou Hiro ao chefe de polícia.
— Não podemos deixar essa abominação livre. — retrucou o senhor.
— O que vocês pretendem fazer com ele? O zoológico de San Fransokyo não comporta um ser desse tamanho. — disso Hiro descendo de Baymax.
— Podemos leva-lo pra minha ilha! — disse uma voz ao longe.
Hiro tentou enxergar quem era no meio daquela fumaça. Não o surpreendia aquela voz ser tão familiar. Era Alistair Krei. Ele tinha um celular ao lado da orelha:
— Eu posso leva-lo para a ilha. Posso construir uma jaula... Casa suficientemente grande para ele lá.
— Preciso falar com o prefeito... — falou o policial desconfiado.
— Eu tenho o presidente do outro lado da linha! — exclamou Krei passando o celular para o chefe de polícia.
O senhor ficou pálido.
Hiro subiu nas costas de Baymax e eles voaram na direção de Grumpyzilla. Nesse momento, Honey o entretinha com explosões luminosas. Ele tentava acerta-la com pisadas, mas ela desviava agilmente. Honey vinha treinando nos últimos meses e agora mostrava o resultado do seu esforço. Nessa roupa ela não parecia aquela It Girl:
— Galera! Vamos tentar apagar o Grumpyzilla! — gritou Hiro para os amigos.
— Mas como nesse mundo você pretende fazer isso? — perguntou Wasabi.
— Pessoal...
Fred estava coçando a barriga do Grumpyzilla. O monstro furioso de segundos atrás era agora um lagarto gigante totalmente dócil. Go Go, Wasabi, Hiro e Honey olhavam para aquela cena atônitos.
Mais tarde, uma equipe contratada por Krei apareceu e levou o Grumpyzilla em helicópteros militares. O Big Hero não ficou lá até isso.
No outro dia, Fred apareceu com o jornal onde a equipe deles apareceu na manchete confrontando o Grumpyzilla: “San Fransokyo agradece mais uma vez pelo apoio do Big Hero 6”.
— Grumpy... — murmurou Fred tristonho ao ver sua foto.
Mais tarde ele estava guardando a sua roupa de mascote no armário do Instituto quando lembrou de algo e enfiou a mão no bolso. De lá ele tirou uma peça verde em forma de losango. Tinha o tamanho da sua palma. Ele olhava com esmero:
— Fred! — era Go Go chamando. Os outros estavam com ela.
— Já vou! — respondeu ele.
Fred guardou o objeto dentro da sua fantasia, fechou o armário e correu para os seus amigos.
No escuro, aquele losango encadeou-se e emitiu um brilho esmeralda. Talvez não tenha sido uma boa ideia Fred ter mantido aquilo.
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Até a próxima!