~Pov Draco

Depois de mais algumas horas no hospital, a única notícia que recebi do médico foi “Ainda não pode vê-la”, coisa que me deixou mais nervoso. O dia demorou a acabar, e depois do que me pareceu uma eternidade, a lua deu lugar á um dia ensolarado e sem nuvens. Será que Hermione conseguirá sair dessa sem perder Scorpius?

Harry levou Gina pra casa quando ela começou a cochilar em seu ombro, a ruiva estava com a barriga já grande, por isso não insistiu muito em ficar. Meg dormiu também no ombro do marido, assim como Luna. Todos estavam um pouco sonolentos, mas eu não. Não conseguiria dormir pensando que meu filho e minha esposa poderiam não sair vivos desse hospital.

–É um menino. –A morena disse me interrompendo com um sorriso lindo e os olhos brilhando intensamente.

–O quê?

–Nosso bebê é um menino. Eu sonhei com ele e é tão parecido com você!

–Sério? –Perguntei animado e ela assentiu. Eu peguei sua cintura e a abracei, tirando-a do chão e rodando devagar fazendo-a sorrir.

–Loiro... –Ela bagunçou meus cabelos. –Os olhos acinzentados... E estava jogando Quadribol com você.

–Ele estava jogando Quadribol comigo?

–Estava. –Eu a abracei apertado, afogando-me em seus fios castanhos. –Você o estava chamando de Scorpius. Enquanto isso eu estava com Annia lendo.

Eu ainda estava pensando nessa conversa que tivemos, o que fez meus olhos marejaram e eu os fechei, bagunçando meus cabelos, imaginando como Scorpius era no sonho dela. Será que esse sonho não aconteceria realmente? Que não estaríamos bem, felizes e juntos num futuro próximo?

Senti alguém me abraçar, alguém com os braços muito pequenos eu diria, e olhei bem. Diante de mim estava Annia. Harry e Gina logo atrás dela.

–Não conseguimos impedi-la de vir. –Harry disse.

–Sentimos muito Draco, mas ela insistiu e...

–Não, tudo bem. –Falei beijando minha pequena, que ainda me apertava e escondia o rosto em mim. –Dormiu bem princesa? –Ela olhou pra mim, me soltando.

–Como a mamãe e Scorp estão? –Ela disse mudando de assunto.

–Não sei pequena. –A coloquei sentada em meu colo e comecei a brincar com uma mecha de seus cabelos castanhos como os da mãe.

–Mamãe me disse que no sonho dela nós éramos uma família e que vocês estavam juntos de novo. Será que isso não vai acontecer? –A abracei e me afoguei em seus cabelos.

–Me desculpe. –Pedi soltando-a e olhando em seus olhos, idênticos aos meus. –Fizemos uma bagunça não é? –Forcei um sorriso e ela também, secando meu rosto. Desde quando eu estava chorando?

Avistei o doutor, cruzando o corredor e vindo em minha direção com uma expressão nada agradável.

–Senhor Malfoy? –Ele chamou e eu me levantei, com Annia nos braços. Todos se aproximaram de nós.

–Como a mamãe está? E o Scorp?

–Não acham melhor conversarmos a sós? –Ele disse olhando Annia.

–Se está falando isso por minha causa saiba que eu não vou sair daqui. –Annia o fuzilou com os olhos enquanto cruzava os braços, mais parecida com Hermione impossível. –Quero saber como minha mãe e meu irmão estão! Além disso, meu pai não me esconderia nada, se qualquer coisa acontecesse com ela ele me contaria. –O médico me olhou e eu assenti, deixando-o falar.

–Ela está desistindo. Antes havia uma pequena resistência, mas agora ao que me parece a senhora Malfoy não está tentando mais, por isso está cada vez pior. –Minha pequena me abraçou e escondeu seu rosto em mim.

–Mais ainda tem chances, não tem?

–Como eu disse, as chances diminuem cada vez mais, já estão quase nulas. –Annia apertou o abraço.

–Draco, eu posso levar a Annia pra comer alguma coisa? –Luna pediu.

–Eu não vou, quero saber da mamãe. –A moreninha murmurou ainda com o rosto escondido em mim.

–Sua tia tem razão. –Acariciei seus cabelos.

–Por favor, eu quero saber...

–Eu conto pra você mais tarde, vá com ela, por favor. –Ela beijou meu rosto e foi com Luna, mas ainda olhando pra mim.

–Não há nada que possa fazer para que ela melhore?

–A única coisa que poderia ajudar seria aumentar a dose das poções, mas o bebê não resistiria. A quantidade de poções que ela está recebendo é a quantidade segura. Quando ela chegou quase perdeu o bebê, aumentar a dose seria o mesmo que induzi-la ao aborto.

–Quanto tempo acha que ela tem? –Perguntei apreensivo.

–Se continuar assim eu diria três dias no máximo.

–E quando posso vê-la?

–Quando ela apresentar alguma melhora. –Sério que ele vai me deixar sem vê-la até lá?! –Bom, está na hora de mais uma dose da poção, volto assim que tiver um novo resultado.

Encostei-me a parede e fechei os olhos. Três dias... Tudo o que eu tenho são três dias!

–Malfoy? –O Potter chamou e eu apenas o olhei. –Vai contar á Annia?

–Não vou falar pra ela que aquele médico estúpido disse que Hermione e Scorpius vão morrer em três dias. Eles não vão morrer! Não vamos perder nenhum dos dois!

–Sei que não vão morrer, eu acredito que vão ficar bem.

–Posso pedir um favor? –Ele assentiu. –Ainda tem sua capa de invisibilidade?

–Tenho, por quê?

–Pode me emprestar?

–Não está pensando em entrar no quarto dela, está?

–É exatamente o que eu estou pensando. Por favor, Potter! Eu preciso vê-la! Tenho que deixar uma coisa com ela!

–Que seria? –Tirei a pulseira do bolso e mostrei a ele.

–Por favor, se quiser eu imploro, visto o uniforme da Grifinória, tanto faz, você escolhe. Eu só preciso vê-la por um minuto, não vou demorar.

–Se pegarem você no quarto...

–Não vão! Por favor! –Insisti.

–Vou buscar pra você, mas é bom ser rápido.

–Obrigado.

O Potter saiu com a desculpa de visitar Alvo e James e Annia voltou com Luna, que mesmo estando triste com o que está acontecendo com a Hermione não perdeu a maneira sonhadora como observa as coisas.

–Aquele médico do nariz estranho disse mais o quê? –A pequena me perguntou comendo feijõezinhos de todos os sabores.

–Disse que vai fazer o possível pra sua mãe e Scorp ficarem bem. –Foi quando Annia começou a fazer careta.

–Eca, eca, eca, credo!

–O que foi?

–Que gosto ruim! Parece... –Ela continuou fazendo caretas. –Cera de ouvido. –Eu ri. –Credo! Tia Luna, pode me dar uma Varinha de Alcaçuz? –Luna deu á pequena, que colocou o pacote de feijõezinhos na minha mão e pegou a varinha pra tirar o gosto. –Pega um papai. Vamos ver se você tem sorte.

–Caramelo. –Falei sorrindo após comer e ela cruzou os braços, me fazendo rir.

–Por que só eu tiro os ruins?

–Quer tentar de novo? –Perguntei estendendo o saquinho

–Não, eu desisto dos feijõezinhos, eles têm algo contra mim.