Por que?

Ellie Malone

11 de setembro

Eu sofro constantemente pelo esquecimento.

Sofro por não ser lembrada, por ser esquecida.

Sei que talvez você nem saiba da minha existência, não perceba que estou ali do seu lado, te observando quando deveria estar prestando atenção nos meus estudos, nos livros intermináveis de literatura e matemática. Sei que talvez tu não saibas do meu curto, porém desprezível nome. Um nome que pareça nem fazer sentido nesse exato momento.

Eu escrevi para você um dia, sabia?Depois de um ano apaixonada secretamente, finalmente tive coragem de colocar no minimo, meus sentimentos numa folha de sulfite. Um curto bilhete, com palavras riscadas numa letra quase ilegível, escrito com o auxilio de uma caneta feita de penas de ganso, um objeto simples e batido, mas que parecia o adequado para escrever e narrar meus sentimentos sufocados.

Não era uma carta exatamente. Se tratava apenas de uma frase, apenas uma declaração:

“Eu te amo”

Ele ainda está guardado, dobrado num canto dentro de uma caixa de madeira retangular, comprada numa quitanda qualquer há um preço acessível. Mesmo parecendo simples, ela tinha algo especial. Ela tinha coincidentemente sua inicial... Um grande e horroroso “D” que não fazia jus há um nome tão lindo quanto o seu.

Mas ainda assim... Me lembrava tanto de você!

Por que? Por que tudo me lembrava você? Até uma simples e detestável caixa!

Suspirei. Estou observando agora minhas letras enquanto escrevo. Estão trêmulas e frias. Deviam estar quentes com o calor do meu corpo, quentes com o meu toque... Mas não estão. Acho que meu calor já não era mais o suficiente. Minha vida não era mais suficiente.

Nada mais era...

Apenas você...

Mas você não estava aqui. Não estava aqui quando mais precisava... Não estava aqui enquanto chorava. Enquanto minhas lagrimas caiam manchando essas palavras...

Por que?

Por favor...

Me diga...Apenas... Por que?