November Rain escrita por BlueTravel


Capítulo 1
Acorda Bela Adormecida


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por ler.

BOA LEITURA!



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Sempre e para sempre.

Essa era a ultima frase estupida que escutei dos meus três irmãos mais velhos antes de sair fugindo o mais longe possível deles. Elijah, Niklaus e Rebekah sempre foram os três mais unidos. Kol e Finn se juntavam em sua imensa solidão e só sobrava eu... Já que Niklaus se encarregou de roubar aquele que eu mais amava. Na hora certa escapei com sorte ou senão teria uma adaga enfiada no meu corpo por tempo indefinido nas mãos do meu irmão mais velho, Niklaus. Um ser desprezível em minha opinião. Escondi-me por anos, com medo de um dia ele me encontrar e me adicionar em sua coleção de Mikaelson’s Adormecidos.

Até que ele me encontrou, ou bem, decidi me entregar. Para o azar dele.

― Você me caçou por mais anos dos que posso contar para me jogar dentro de um caixão nojento, Nik? Amor de irmãos que é bom, nada. ― sorri sarcástica e tentei me debater entre os dois campangas do meu irmão. Marcell e Kol. ― Surpreende-me Kol estar te ajudando. ― soltei e virei o rosto para meu outro irmão. ― Você gosta de receber ordens, não é, irmãozinho?

Irritado, Kol bateu seu joelho contra uma das minhas costelas direitas. Rugi de dor.

― Opa. Opa. Kol, não seja mau com a nossa irmã mais nova. ― revirei os olhos mentalmente com a falsa simpatia de Niklaus. ― Temos que receber ela como se merece, sentem-na naquela cadeira.

Delicados que nem dois javalis Marcell e Kol me jogaram sobre uma cadeira velha. Marcel amarrou minhas mãos atrás das minhas costas e em tom grosseiro ergueu meu queixo para eu olhar diretamente ao meu irmão mais velho.

― Gosto que me olhem nos olhos. ― Nik falou calmamente ficando bem na minha frente, Kol pegou outra cadeira para ele e se sentou, colocou o cotovelo em cima do joelho e me examinou dos pés a cabeça. ― É incrível seu parecido com o nosso querido irmão Henrik.

― Sou a irmã gêmea dele, não é. Acho que era de se esperar. Alias, que bom que se lembre dele. Não, não, melhor. Deve ser difícil esquecer, não é Nik? Já que você o matou! Claro que não espero que você lembre quantos já matou, afinal é uma longa lista. Mas seu irmão, consegue esquecer seu irmão? ― grunhi com raiva. Debati-me novamente tentando soltar as correntes das minhas mãos, mas não conseguia quebra-las.

― Você não foi a única que lamentou a morte dele. ― Klaus soltou em um sussurro.

― Mas fui a que mais sentiu! ― alcei o tom da minha voz, grossa. Fechei a mandíbula reprimindo algumas lembranças antigas de quando eu era criança, de quando Henrik era vivo.

― Effie, ficar discutindo sobre o Henrik com você só vai levar a uma longa e tediosa manifestação do seu ódio a mim. ― Nik se levantou da sua cadeira com uma expressão que nem eu consegui entender. Ao seu lado Kol estava impaciente, conhecendo meu irmãozinho já estava ansioso para enfiar uma adaga em meu coração ou simplesmente me matar do jeito mais tortuoso que conseguir. Bem no fundo da sala encarei um lugar vazio, Elijah tinha preenchido esse lugar horas antes, bem a cara dele não aprovar os comportamentos do Niklaus, mas deixá-lo realiza-los.

― Então acaba logo com isso! Acaba logo com isso por que já não bastava te aguentar anos depois de ter matado meu irmão, ainda mais tinha que fugir de você! Acaba logo com isso! ― consegui quebrar as malditas correntes dos meus pulsos e de um pulo estava do bem na frente de Niklaus. Marcell e Kol já teriam me segurado novamente se não fosse pela ordem de ficarem quietos.

Sempre gostei de encarar meus problemas de frente, claro que sem contar meus anos fugindo do bastardo da minha família. Mas quando menos esperamos sentimos quando é o momento de nos deter um pouco, analisar e ver que a vida que estamos levando não é a certa. Prefiro viver adormecida em um caixão, calma e serena. Do que ter uma vida conturbada e exaustiva emocionalmente fugindo do meu pior inimigo. Pode ser contraditório ao que eu pensava anos atrás, mas depois de viver décadas desse jeito, não temos saída.

― Como você quiser irmãzinha querida. ― Niklaus segurou meu braço direito e com a outra mão enfiou a adaga bem ao lado do meu coração.

Já podia sentir meu corpo ficando rígido como mármore e gelado que nem neve. Meu ultimo suspiro saiu em umas simples palavras dirigidas ao bastardo que eu mais odiava: “― Saiba querido irmão, que se eu não quisesse você não teria me encontrado jamais”.

***

Não sei ao certo quanto tempo se passou desde que me entreguei às garras do lobo mau. Décadas ou talvez centenas de anos. O que mais incomodava minha cabeça era essa enorme sede que árida em minha garganta. Sede de sangue. Perdi a conta de quantas vezes tentei me mexer, me debater mesmo sabendo que era impossível mexer algum musculo enquanto tivesse essa maldita coisa plantada no meu peito. Oh, quanto maldigo Niklaus Mikaelson. Quando me entreguei a ele achei que estar aqui me daria a paz que tanto procurava, meu descanso, mas não passou de ser o mais puro e cruel inferno. Longos sonhos preenchiam minha mente em minha mais pura solidão e obscuridade. Sonhos sobre minha antiga vida em “família”, a qual deixei décadas atrás sem nenhum remorso ou saudade. Saudade. Sim, eu sinto saudade, mas só de uma pessoa que sei que nunca mais voltarei a ver. Henrik. Meu querido irmão gêmeo. Foi arrancado de mim pela ignorância de Niklaus. Nem mesmo Esther sofreu a morte de Henrik tanto quanto eu. Esther... Ela sempre amou qualquer dos seus filhos mais do que a mim, disso eu tenho certeza. Só não sei o porquê, já que Nik era seu filho bastardo, não eu. Kol sempre me atormentava dizendo que ela me odiava por eu ser o retrato vivo de Henrik. Bom, nunca me importei com isso. Por isso ela deu seu colar para a Rebekah, sua filhinha adorada. Alias, Rebekah sempre foi a adorada de todos. A garotinha certinha, princesinha da casa. Blargh. Não passava de uma ignorante convencida.

Escutei alguns sussurros fracos. Com a minha debilidade eu não escutaria alguém gritar mesmo se essa pessoa estivesse a um metro de mim. As únicas coisas que “funcionavam” do meu corpo eram meus olhos e meus ouvidos, mas os dois estavam que nem de humanos. Não sei se as vozes foram embora, ou se ainda estão aí.

Até que minha pergunta teve resposta.

A adaga que estava cravada em meu peito foi retirada e consegui escutar a voz do ser que menos queria encontrar. Niklaus.

― Vê se é mais rápida que nossa querida irmã e levanta logo daí, Effie. ― tal parece que tantos anos depois sua educação e cortesia foram diminuídas drasticamente. Quanto tempo terá passado? Décadas? Séculos? Quem sabe ele tenha sido tão bom irmão e tenha me deixado apodrecer aqui por um milênio.

A rigidez que envolvia meu corpo tinha sumido e sai daquele maldito caixão em um pulo, tive que me concentrar para manter o equilíbrio. Meu corpo estava totalmente mole, era uma sensação que não tinha sentido jamais. Santíssimo, quanto tempo Niklaus teria me deixado aqui? Abri meus olhos tentando me acostumar com a claridade e encarei tudo ao meu redor, era um lugar estranho, estavam rodeados de pedras totalmente bem feitas. Ao lado do meu caixão tinha outro e estava aberto. Soltei um riso irônico e vi Rebekah deitada nele sem a adaga no peito. Sempre tão dramática.

― É bom te ter de novo comigo, irmã. ― Klaus soltou sem alguma empolgação ao rastro de emoção na voz. Encarei-o, estava diferente. Cabelos curtos, loiros em um tom sem graça. Olhos completamente profundos como o mais puro inferno e umas roupas estranhas. Sempre tão esquisito.

― Vejo que a falsidade não abandonou sua voz em todo esse tempo, Niklaus. ― falei áspera.

― E o sarcasmo não abandonou a sua. ― ela respondeu. ― Vamos, preciso de você e como nossa querida irmã não acordou ainda vou ir adiantando um pouco. Stefan venha comigo, Effie, se conseguir, me segue. ― ele soltou uma risadinha irônica e saiu andando. Não tive tempo para ver o rosto do homem que acompanhava ele já que se virou rapidamente.

Um ardor se expandiu pela minha garganta relembrando-me o que passei dentro daquele caixão e segui-os andando um pouco bamba. ― Esse é pra você, quando acabar encontre-nos no Bar da Gloria.

Ele falou e segui seu caminho junto com seu campanga. Encarei um dos homens que estavam parados sem ação, hipnotizados. Não esperei bandeira e ataquei o pescoço dele sem piedade. Não podia descrever a maravilhosa sensação de sentir a sangue correr pela minha garganta e encher-me novamente. A quentura que ela emanava ao entrar era a sensação mais espetacular que senti. Não deixei nada, o humano estava totalmente seco e eu saciada por agora. Senti meu corpo tomar vida novamente, não tenho nem a menor ideia de quando tempo Klaus me deixou trancada naquele caixão, mas isso ficou atrás e eu estou viva novamente, e mais poderosa do que nunca.

Será mesmo que ele achou que eu iria seguir alguma ordem dele? Se quiser, pode vir tirar satisfações comigo depois, claro, se me encontrar.

Sai daquele lugar sem graça e estranho. O mundo estava completamente diferente, cavalos, roupas, pessoas, comportamentos, tudo era algo inimaginável. Vi uma garota morena passar pela minha frente e não pensei duas vezes. ― Desculpe senhorita. Poderia me disser em que ano estamos com gentileza?

Sua face entrou em uma careta de extrema confusão ao me olhar. Até posso entender, essa humana vem de uma era completamente diferente a minha. Sem contar que as minhas roupas me vendem. A garota me falou o ano com certo receio na voz. Só pensei uma coisa: Eu vou matar o Klaus. Um milênio?! Serio mesmo?!

― Não grite. ― hipnotizei a garota morena e sem pensar muito segurei seu pulso esquerdo firmemente e bebi todo o seu sangue. Afinal, um milênio adormecido te deixa com muita fome.

Arrastrei o corpo para um lugar beco escuro e sem nenhuma alma por perto. Se eu quero me infiltrar nesse novo mundo o menos que posso fazer é vestir como uma garota normal. Peguei as roupas de Melanie (esse era o nome que coloquei na garota morena para não ficar tão feio) e as vesti. Como pensei, ficaram muito bem em mim. Melanie tinha algo no lado esquerdo das suas calças femininas, parecia uma bolsinha forrada de couro. Nela tinha escrito “Claire”. Blargh! Melanie é muito mais bonito. Abri a carteirinha de couro e vi uns bilhetes verdes. ― O novo pagamento desse milênio. Que coisa pacata. ― guardei os bilhetes e como não tinha nada mais interessante na carteirinha de couro joguei-a fora.

Repensei o porquê de Nik me acordar. Ele sempre preferiu Elijah ou Kol, falando neles? Será que também estão trancados em um caixão. Wow, isso que é uma família. Como a curiosidade sempre foi maior que meu juízo decidi que seria melhor me colocar entre as garras do lobo mau novamente. Se algo der errado, bom... O ultimo que quero é voltar à escuridão daquele caixão. Niklaus que me espere. Bar da Gloria é aí que tenho que ir.

Não foi muito difícil de encontrar, confesso que esse novo milênio é um tanto confuso. Carruagens viraram quadros grandes metálicos. Tenho que aprender bastante sobre todo esse mundo novo. Entrei no lugar onde Klaus e seu campanga estavam, não foi difícil distinguir dois seres loiros e fajutos entre a multidão de humanos.

―... Era a hora da Rebekah e eu seguirmos adiante. ― Niklaus terminou uma fala melancólica e idiota.

― Wow, que historia linda. Tocou meu coração. ― cheguei e sentei ao lado do campanga do meu irmão, ergui o dedo pedindo o que seja que essa mulher servisse nisso e me virei para encarar os dois seres ao meu lado.

Mero erro meu, dei de cara com dois olhos castanhos brilhantes. Não sei quanto tempo me perdi neles, mas pareciam ser os olhos mais profundos que um dia já vi. O homem ao meu lado era de uma beleza parecida com os deuses. Encarava-me curioso. Poderia ficar olhando para ele a minha eternidade toda... Se não fosse pelo troglodita grosseiro do Klaus. Ele soltou um pigarreio evidente fazendo-me encarar ele e ignorar o homem desconhecido do meu lado.

― Vejo que já encontrou novas roupas, querida. ― soltou um sorriso grande preenchido com a mais pura ironia.

― Quando se está sozinha no mundo desde sempre, se aprende a sobreviver de qualquer jeito. ― e senhora negra trouxe um copo de vidro enchido até o topo com um liquido que notei ser parecido ao licor. Peguei-o e dei um gole pequeno para experimentar pela primeira vez.

― Se chama Uísque, Effie. ― Klaus soltou e o vi engolir todo o Uísque do seu copo. ― Vai gostar bastante. Aproveito e apresento você ao Stefan. Stefan essa é a minha irmã mais nova e que me odeia mais que tudo: Effie. Effie esse é o Stefan.

― Um prazer Effie. ― Stefan deu um aceno em minha direção. Dei um leve sorriso e virei meu rosto para o outro lado do lugar, ignorando os dois. Klaus tinha deixado claro que não falaria para o que me acordou até sua adorada Rebekah acordar e ter a maldita vontade de dar as caras por aqui.

Senti que Stefan se levantou de perto de nos e aproveitei a oportunidade para conversar um pouco com o meu querido irmão como não fazia há tempos. ― Onde estão os outros?

― Temo que essa informação é algo que não chegara aos seus ouvidos, querida. ― ele se serviu com a garrafa de vidro ao nosso lado.

Bufei e joguei o copo de vidro contra o chão, insatisfeita. Isso pareceu divertir Klaus que riu. Ficamos uns dois minutos em silencio e então apareceu outro homem, de cabelos pretos e olhos azuis. Ele deu um sorriso galanteador em minha direção e eu não duvidei em retribuir, ele veio e se sentou no mesmo lugar que Stefan tinha se sentado.

― Irmãzinha, por que não vai dar uma volta, hm? ― Niklaus sugeriu e nem pensei direito. Sai dai e fui em direção oposta a eles.

Sentia uma imensa vontade de sair correndo para longe, aproveitando que já estava quase com todas as minhas forças. Agora a pergunta que não quer calar: Essa maldita família não se cansa de encher a minha paciência?

― Olá, querida irmã. ― virei meu corpo em direção ao oeste e tentei sorrir forçadamente, alias, tentei não, eu sorri forçadamente. ― Parece que já se alimentou.

― Onde está o Nik? ― ela saiu dentre as sombras e se deixou ver.

― Um milênio sem me ver e é só isso o que me pergunta? Estou bem, obrigada. ― revirei os olhos, entediada com a normal falta de interesse da adorada da família. Joguei os meus cabelos longos e soltos para trás, deixando-os cair sobre minhas costas e ai em direção ao lugar de onde sai. ― Se você quiser abraçar o seu irmãozinho ele está lá dentro, mas se quiser cravar a mesma adaga que ele usou em você nele, sugiro que volte de onde saiu e dê a ele uma surpresinha.

Sorri inocentemente e sai em direção onde estava indo. A santa ignorância pareceu se interessar no que eu tinha proposto e começou a me seguir. Como sempre nem ela nem eu tentávamos manter uma conversa entre nós, o silencio sempre foi companheiro nosso.

Assim que chegamos não demorou muito para que o que eu disse virasse realidade. Niklaus voltou à procura de sua amada irmãzinha Rebekah e só encontrou o caixão vazio e o corpo morto daquele homem esparramado no chão. Dei um sinal e Rebekah partiu para cima de nosso irmão cravando a adaga no peitoral dele. Rebekah... Sempre tão temperamental.

― Sem biquinho, você sabe que não iria me matar. ― Klaus arrancou a adaga do seu peitoral em meros segundos e jogou ao chão.

― Sei, mas queria que machucasse mais. ― tal parece que a minha “querida” irmã sofre de um serio distúrbio bipolar. Ninguém em sã consciência desiste de matar Niklaus Mikaelson tão rapidamente.

― Reuniões familiares, sempre tão emocionantes. ― me aproximei dos meus dois últimos familiares acordados.

― Claro minha querida Effie. Aliás, eu sei que as duas devem estar chateadas comigo. Mas é por uma boa causa que as acordei. ― ele passou cada braço pelos ombros de Rebekah e pelos meus, arrastando-nos até o lugar mais iluminado daqui. ― E para amenizar as coisas eu trouxe algo que Rebekah realmente ama. Perdão Effie, mas você é tão crua que é incapaz de amar alguém.

― Faço de suas palavras as minhas, irmão. ― sai debaixo dos ombros de Nik e cruzei meus braços encarnado tudo.

Pelo canto mais iluminado vi Stefan aparecer. Soltei um suspiro silencioso e só vi a face da minha irmã se encher em uma mistura de alegria e burrice. Klaus se aproximou dele e de repente tudo ficou claro para mim. Nik tinha hipnotizado Stefan para se esquecer de e agora o fez lembrar se algo, pelo que estou notando seguramente de algum relacionamento com a minha irmã, pobre coitado, o enfiaram em um buraco negro. Revirei os olhos, entediada com o reencontro do novo casal da cidade. Soltei um bufo e pelo canto do olho vi Niklaus. Acho que estou sobrando nesse lindo reencontro, não sei para o que o bastardo Mikaelson me acordou e nem vou estar aqui para saber. Corri o mais rápido que consegui e notei que ele não me seguiu. Estranho.

Não sei para que meu irmão mais velho decidiu me tirar daquela paralisia longa, mas uma coisa eu sei, eu não voltarei jamais. Nem que eu tenha que matar ele... Tomara que eu tenha que matar ele.


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Notas finais do capítulo

✖ Plágio é crime!

✖ COMENTEM E OBRIGADO DE NOVO POR LER!