Felizes para sempre? Alternativo escrita por Zangada


Capítulo 5
Capitulo 5 - Londres!


Notas iniciais do capítulo

Sobrenome do traficante famoso em homenagem ao meu querido leitor PandaBoo *-*



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DENISE VAI VIAJAR para Londres esta noite. Ao menos uma vez na vida, está pronta e com as malas feitas. Tem o dia todo livre. Senta-se no parapeito com sua xícara de café e assiste à caótica rua abaixo de sua janela.

De novo, tem vontade de cancelar a viagem a Londres e ficar em Milão, onde pode continuar sua vida, despreocupada. Será que não poderiam expor seu trabalho sem que ela estivesse presente no vernissage? No mundo ideal, ela gostaria de participar da curadoria, mas isso não é absolutamente necessário.

Denise morde os lábios, pensativa. Claro, tem que ir. Não pode deixar que o medo do desconhecido que ela está sentindo atrapalhe sua carreira. É uma boa oportunidade e, a menos que ligue para Marilia, ela sequer vai vê-la. Londres é enorme.

Mas é exatamente isso que ela teme: sua própria curiosidade, o desejo de ouvir a voz dela mais uma vez, descobrir o que ela anda fazendo. Será que ela já a esqueceu? Ela disse que a amava, e não foi só uma vez.

Porém, a decisão de ir para Londres — decisão que ela tomou num piscar de olhos — não se deve apenas à oportunidade de expor seu trabalho, mas a Marilia. Tem que admitir isso para si mesma. Por alguma razão inexplicável, a esperança bate em seu peito como um pássaro frenético. Tem uma sensação louca de que vai ficar tudo bem.

Denise dá um gole em seu café. O líquido quente a acalma. Envolve a xícara morna com as mãos e cheira a bebida. Conseguiria reconquistar Marilia? Pela primeira vez, se permite considerar essa possibilidade. Ela se sacode, lembrando-se de seu mantra: nada dura para sempre.

É só olhar para seus pais, por exemplo: a união deles não durou, não é? Seu pai deixou sua mãe quando Denise ainda era uma menina e ela nunca mais o viu. Então, Denise nunca pensou muito em seu pai e resolveu esquecer esses pensamentos de vez.

****

Denise bate levemente o salto no chão do Bar Magenta enquanto espera. Alisa seu vestido listrado preto e branco com as mãos, sorrindo internamente pela escolha do visual. Será impossível para Anitta não a encontrar no aeroporto. Está usando um par de botas pretas com salto de plataforma Carl Scarpa e jaquetinha de couro estilo motociclista. Estava em tão bom estado que parecia novo. Passa a mão na testa nervosamente e dá um gole em seu Martini. Mas, quando está terminando de beber seu drink e juntando suas coisas para ir embora, Garelli – Inspetor de policia que investigou Marilia no passado por roubo e falsificação de obras de arte - entra no bar. Seus olhos se iluminam ao vê-la e ele abre um sorriso largo, como se fossem velhos amigos.

— Denise — ele diz, abaixando-se e cumprimentando-a com dois beijos. — Você está linda como uma pintura, como sempre. Deixe-me oferecer uma bebida a você.

— Não, obrigada. Estou bem. – Respondeu ríspida.

— Mas você acabou de terminar o seu… Eu insisto.

Denise toma um bom gole. Agora que Garelli está de frente para ela, olhando-a ansiosamente, ela não sabe muito bem o que fazer. Confusa, com a ideia de também ser acusada de participação no crime por ter transportado obras de arte de Milão ate Veneza.

— Bom, Denise — Garelli diz, enfim, obviamente impaciente. — Que surpresa encontra-la. Ela olha para ele, tentando resumir as palavras. Por algum motivo, fica sem jeito, quase envergonhada, de perguntar a esse homem, como ficou a investigação.

— Talvez você tenha mais informações sobre a senhora Marilia Drummond? — diz, levantando as sobrancelhas. — Apesar de que acredito que ela não esteja mais em Milão… Ou seja, para ser direto, não é mais nosso problema — diz com um olhar complacente. Denise se sente incomodada.

— Não, não quero falar sobre Marilia — diz.

— Hum!

Ela levanta a cabeça e vê Garelli olhando pra ela.

— A investigação foi arquivada por falta de provas — diz finalmente.

— Bom, me conte, por favor, que tipo de investigação vocês faziam afinal. Porque eu não tenho a menor ideia. – Denise retruca. Ela toma um enorme gole de sua bebida e quase se engasga.

— Philip PandaBoo é um traficante de artes, achamos que Marilia estivesse falsificando e traficando os quadros para ele. — Garelli diz simplesmente, balançando a cabeça.

— Mas de onde você tirou essa ideia?

— Pela grande quantidade de quadros que Marilia restaura ultimamente, pra uma pessoa que esta na Itália á pouco tempo, ganhou fama muito de repente. — Garelli continua.

— Entendo. – Denise diz, tentando cortar a conversa.

— No ano passado, estava apenas de olho em você..… não tinha certeza se era cumplice da senhora Drummond. Mas como te disse, tudo esta arquivado agora.

— Não acho que tenha sido bem o caso. – Ela responde.

Denise examina Garelli. Tem a impressão de que ele está escondendo algo, mas sua expressão é impassível. Termina sua bebida. Sente-se exposta, estranha. Deveria esquecer esse assunto. A razão a diz para deixar isso de lado, pois, certamente, agora tudo parecia resolvido e Marilia estava a salvo de ser presa.

— Tenho que ir — Denise diz, apontando para as malas e se levantando. — Vou para Londres.

— Claro, mas você sabe que ainda não desistir, não é? – Garelli fala num tom ameaçador.Ela congela.

— Como assim?

Imaginou que Garelli não parecia um cara que desiste tão fácil e apesar do tempo, ele ainda tinha suspeitas sobre nós, sobre mim e Marilia.

— Ainda estou de olho na senhora Drummond. – Fala, finalmente se levantando e saindo pela porta do bar. Denise esta confusa, mas não teme por Marilia, pois sabe que a vivencia dos acontecimentos no Brasil a deixaram esperta.

****

O TÁXI CORTA as ruas congestionadas de Londres e a cidade parece um enorme monstro metropolitano, com vapores de escapamento fumegando sob a chuva. O ritmo da cidade ainda mais frenético do que o de Milão.

— Mike quer que eu vá pra Rússia com ele — Anitta vai dizendo, sentada ao seu lado no banco traseiro do tradicional táxi preto.

— O que ele quer com você afinal? — Denise responde, olhando-a parcialmente, pois a outra parte dela está voltada para o lado de fora da janela, observando a chuva cair sobre os londrinos que seguem apressados pelas ruas.

Apesar do aspecto frio da cidade, seu coração bate forte de emoção. Ela está em Londres. E Marília também. Ela poderia estar na próxima esquina. Ela a imagina andando na chuva, segurando um charmoso guarda-chuva, levando um jornal inglês embaixo do braço. Sabe que o pensamento é ridículo. Milhões de pessoas vivem em Londres, ainda assim, ela espera ver a figura dela emergindo das cortinas de chuva e neblina a cada nova esquina.

— Não sei... — Anitta continua. — Ele diz querer tirar fotos de mim na Rússia. Nua.

— Por que ele não pode fazer isso em Milão? — volta-se para Anitta, finalmente dando mais atenção a ela. — Além disso, nunca soube que Mike é fotógrafo.

— É uma nova frente de trabalho. Ele diz que está entediado com a pintura — Anitta bufa — Acho que é por sua causa e de suas fotos. Acho que você o inspirou.

É inevitável que Denise se sinta lisonjeada, apesar de sua amante estar irritada. Olha para ela, admirada com o seu visual arrebatador. Anitta se produziu toda para a viagem. Leva o cabelo preto lustroso preso no alto da cabeça, com mechas caindo em todas as direções, olhos esfumaçados e batom carmim. Está vestindo uma jaqueta preta estilo militar, sem botões, com o abundante colo destacado por uma camisa de seda vermelha. Suas unhas, pintadas de vermelho bem escuro, quase preto, não estão mais longas.

— OK!—Denise diz. — Mas por que na Rússia? E por que você?

— A ideia dele é que eu esteja nua na natureza, próxima do lugar de onde ele veio — coça a cabeça. — Onde mesmo? Não muito longe de São Petersburgo, acho. Ele me disse que tem um monte de floresta e também uma pequena cabana de madeira no meio do nada. Quer que eu pose do lado de fora da cabana segurando um machado — dá um riso malicioso.

— Ele tem muitas ideias. Quer que eu monte em um cavalete de serrador, mostrando a bunda pronta pra cavalgar! — ri.

— Parece sexy.

— Também parece frio. Parece que ainda está nevando em alguns pontos da Rússia —Anitta suspira. — Mas ele é só um querido. Ainda estou pensando na ideia de aceitar.

Denise olha para ela, pensativa. Será que realmente pensava naquilo que dizia? Ou falava isso para provocar ciúmes nela?

O táxi para em um pequeno parque protegido por portões. Denise analisa as mansões neoclássicas ao redor do parque. A tia de Anitta com certeza não morava em um desses imóveis, certo? Parecem embaixadas e não casas de particulares.

— Chegamos, Denise — diz, apertando o braço dela. — Bem-vinda a South Kensington.

— Meus Deus! Sua tia é milionária ou algo do tipo?

— Não, nada disso! Titia é rica em propriedades, mas pobre de grana. Não sei direito como conseguiu essa casa, nem mesmo se é dela de fato. Acho que pertenceu a um dos amantes dela.

Denise sai do carro, desorientada. Só esteve em Londres uma vez, quando tinha onze anos de idade. Lembra-se de ter andado de metrô e que tinha muita gente — muito mais do que em Milão. Também se lembra de ter passado uma tarde maravilhosa no Museu Britânico, vendo todas as múmias egípcias. Adoraria voltar lá.

— Ei, vamos ao Museu Britânico durante nossa estadia? — Denise sugere enquanto sobem com as malas até o grande pórtico de entrada da casa da tia de Anitta. Anitta torce o nariz de desgosto.

— Não, obrigada! Não vim até Londres pra visitar museus fedorentos… O que eu quero fazer é ir ao Torture Garden com você. – E pisca um dos olhos.

— Posso imaginar muito bem que tipo de lugar é esse — Denise resmunga, fingindo não perceber a malicia.

— Ah, Denise, foi você quem me estimulou a deixar meu lado dominatrix aflorar. Estamos em Londres! Temos que ir lá.

— Pode ser, mas odeio aquelas fantasias de látex. Seria bom se pudéssemos usar nossas próprias coisas. Na verdade, gostaria mesmo de ir nua, apenas com uma capa vermelha, como ‘Chapeuzinho’.

— Como quem?

— Como Chapeuzinho Vermelho. É um conto erótico que virou conto infantil feito pela Disney. Vai me dizer que nunca leu? Ou viu o filme?

— Você sabe que não gosto de livros — Anitta confessa. — De qualquer forma, o bacana de ir a um lugar como o Torture Garden é justamente poder usar borracha — Anitta dá um tapinha no bumbum de Denise.

— Vamos lá! Mexa esse corpinho submisso e gostoso até o elevador que eu estou doida para chegar no quarto.


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Notas finais do capítulo

Para quem ainda se iludia sobre os contos de fadas,acessem esse link e tenham sua infância destruida....rsrs.
Link: http://misteriosfantasticos.blogspot.com.br/p/contos-de-fada-originais.html