HOOK havia estranhado a forma como Kate o tratou anteriormente, porém, não iria se manifestar a respeito disso. Ele havia feito sua parte ajudando. Se a garota não reconheceu, bem, problema dela.

Mas no fundo acabava pensando sobre o assunto. Por um breve momento sua expressão pareceu ter mudado... Algo no brilho de seu olhar...  Mas o quê? Talvez tivesse sido apenas imaginação do pirata.

KATE estava se sentindo péssima. Após Hook tê-la ajudado, ela disse aquilo. É claro que não havia sido realmente ela. Quando percebeu, a garota já estava saindo de perto do pirata. A única coisa que não conseguia entender era o porquê de Cora estar fazendo isso. Brincando com os sentimentos das pessoas. Como uma pessoa consegue ter prazer com algo assim?

Como se não bastasse, ainda tinha que seguir uma folha de papel. Estava encantado e iria leva-la até Lisa. Ok. Mas a situação era no mínimo ridícula.

Todos andavam em silêncio.

David, Emma e Henry andavam juntos, os dois primeiros pareciam concentrados, porém ambos com semblantes preocupados. Provavelmente com o pensamento longe.

Killian andava em seu tempo, às vezes na frente de todos, outras por ultimo. Quase como se nem estivesse com eles.

E Mary...

— Ei, Kate. — Branca a chama.

— Sim. — A garota a olha.

— Eu estava observando você... E o Hook... — Ela começa — E... é... Enfim, eu ouvi sua conversa agora há pouco. — Diz rápido.

Kate suspira e olha pra baixo

— Só que eu... Não entendi o que aconteceu... — Mary continua, ao ver que a garota não ia falar nada — Por que você disse aquelas coisas?

Seria o certo contar? Talvez sim. Pelo menos se Cora a obrigasse a fazer algo novamente, alguém saberia e não a culparia tanto.

— Eu não tive a intenção de dizer aquilo... Eu... Estava confusa.

Ou talvez não. Cora ainda tinha Lisa. E se a bruxa se enfurecesse e resolvesse descontar na menina?

— Kate, você pode confiar em nós. — Mary diz, docemente — Você pode não acreditar nisso, mas juntos sempre vencemos. Qualquer coisa que esteja te incomodando, nós vamos fazer de tudo pra resolver.

Kate hesita e olha para os lados, para garantir que ninguém estava perto o suficiente para ouvir, antes de começar a falar:

— Lembra-se do dia em que teve o terremoto? E a ponte?

— Sim.

— Cora apareceu pra mim depois disso. Ela estava enfurecida por eu não ter feito o que ela queria... Então ela... — A garota olha pra baixo.

— Ela...? — Mary a incentiva a continuar

— Ela tirou meu coração. Disse que precisava de algo que desse mais certeza.

— Ela o quê? — Mary pergunta, um pouco alto

— Mary, por favor, fala baixo. — Kate pede

— Mas, Kate isso é sério, nós temos que...

— Mary... Escuta. Não temos o que fazer. Eu não contei antes porque não queria causar uma preocupação desnecessária. Minha prioridade no momento é encontrar minha irmã e a de vocês é resgatar Regina. O resto nós vemos depois.

— Mas é seu coração...

— Eu sei... Mas apesar de não fazer sentido, eu posso viver sem ele. — A garota da de ombros — Mas eu não posso viver sabendo que estou atrás de outras coisas enquanto minha irmã está sendo feita refém por uma bruxa. Por favor, Mary, não conte pra ninguém.

Mary suspira.

— Se essa é sua escolha, não vou interferir. Mas você podia falar com o Hook. Ele estranhou sua reação.

Kate se sentiu pior ainda ao saber que não foi só ela que percebeu.

— Eu não vou correr o risco. Cora está se divertindo com a situação. Não posso deixar isso acontecer de novo.

— Você quem sabe... — Mary a olha e continua andando.

— Obrigada por entender, Mary. — Kate a olha e sorri.

EMMA não conseguia parar de pensar no que estava acontecendo com Regina naquele momento. Ela tinha confiança de que a morena não cederia, mas com Cora a persuadindo, a tarefa não deveria ser fácil. Regina gostava das trevas quando a tinha. E não seria tão difícil voltar a gostar.

Seus pensamentos estavam tão longe, que Emma demorou alguns instantes até perceber que o grupo havia feito uma curva.

Já estava cansada de ter que ficar seguindo o desenho para encontrar uma criança que nem conhece. Ainda mais, sendo irmã de quem estava lá para mata-los. Porém, até entendia o lado de Kate. Se fosse ela no lugar, e Henry correndo perigo, Emma faria o mesmo. E apesar da preocupação com Regina, seria egoísmo não ajudar a garota.

“Patético” , podia até imaginar Regina falando, um pequeno sorriso acabou saindo. “Ei, Miss Swan! Pare de rir e preste atenção em mim!”

Aquilo realmente parecia ser a voz de Regina.

A loira olhou em volta, mas não havia nem sinal da Regina.

“Vamos, Swan, eu não tenho muito tempo!” — Após isso, sentiu algo mexendo em seu bolso, e um espelhinho caindo de lá.

— Mãe, vamos! — Henry chamou de lá frente com David.

— Estou bem atrás de vocês, só vou sentar pra descansar um pouquinho. — Emma responde

— Podemos dar uma pausa se quiser. — David diz

— Não precisa, podem indo.

Os dois sorriem e continuam a andar.

Emma pegou o espelho no chão, ao mesmo tempo em que o ouviu bufar.

— Regina? — Perguntou surpresa ao abrir o espelho.

“Surpresa!”, diz com ironia, fazendo Emma revirar os olhos. “Não tenho muito tempo. Cora pode aparecer aqui a qualquer momento. Eu só queria avisar que... Bem, ainda sou eu mesma.”, Sorri fraco. “E perguntar sobre Henry. Ela o soltou mesmo, certo?”

— Sim. Ele está bem. Mas assim como todos nós, está preocupado com você.

“Hum...” Regina olha pro lado “Cora está vindo. Vê se cuida bem do meu filho!”. Dito isso, a imagem de Regina desapareceu do espelho e Emma viu apenas seu reflexo.

Não pôde conter um sorriso. 

Regina estava bem.

Regina ainda era ela mesma.

E mais uma coisa, que por menor que seja, deixou Emma feliz:

Regina a escolheu para dar o recado...

Emma já estava se achando uma boba-alegre, quando finalmente parou de ficar agindo como uma adolescente e voltou a se juntar ao grupo.

— Onde estava? — Mary pergunta.

— Parei para descansar.

— Você parece mais animada. — Snow observa.

— Roubei um pouco de rum no navio do Hook. — Emma da de ombros e o pirata a olha indignado, fazendo todos rirem.

REGINA se sentia mais aliviada por saber que Henry que estava bem. Não só Henry, os outros também. Emma também...

Ficar naquele castelo era no mínimo perturbador. A cada corredor que percorria, Regina lembrava-se de coisas de seu passado. Certamente as paredes estavam encantadas. Chegando no ultimo corredor, Regina lembrou-se das várias vezes que esmagou um coração.

De início a lembrança a assustou, porém, com ela veio a sensação que aquilo a proporcionava. Ela gostava. Ter o controle de uma vida em suas mãos era um dos momentos em que mais se sentia poderosa.

Mas aquilo era passado.

Regina balançou a cabeça, numa tentativa falha de afastar os pensamentos e continuou andando.

Passando por uma sala, viu Cora de costas para a porta. Parecia estar mexendo em algo em cima de uma mesa.

— Humm, temos o pirata, mas esse já foi... A loira ainda não... O garoto e o príncipe são inúteis... — Seu tom de voz era pensativo — Só sobra a Snow. — Cora suspira.

Regina se aproximou um pouco da porta e fez o máximo para ser silenciosa enquanto entrava na sala. Ainda não conseguia distinguir o que a mãe estava fazendo, porém ao ir um pouco para o lado, percebeu que havia um coração encantado em sua mão.

— De quem é isso? — Regina pergunta, já imaginando a resposta.

Cora não pareceu se assustar com a presença da filha e virou de frente para ela, sorrindo.

— Minha filha, por que não avisou que estava vindo? Poderíamos ter nos divertido juntas.

— De quem é? — Regina pergunta novamente, ignorando a falsa cordialidade da bruxa.

 — Kate. — Cora suspira, pegando o coração e apertando levemente.

Regina arregala os olhos.

— Por que está fazendo isso? Você já não está causando sofrimento demais para essa garota, mantendo a irmã dela presa? — Regina foi até Cora e tirou o coração de sua mão.

— Você não se importa com ela, Regina. Pare de fingir. E do mesmo jeito, não deveria se importar mais com nenhum deles.

— E por que acha isso?

— Há uma armadilha para eles assim que encontrarem a menina.

— Que armadilha? — Regina tenta conter o nervosismo que começou a aparecer.

— Algo... Simples. Mas não tenha medo. Tudo que fazemos é por uma boa causa. — Cora olha para mão de Regina, sorrindo. Só então a morena percebeu que estava apertando o coração — Não é tão difícil, não?

Regina estremece e coloca o coração em cima da mesa. Aquilo ainda a enlouqueceria. Respirou fundo e saiu da sala, sem se importar com o que Cora iria dizer. No momento, a única coisa que passava por sua cabeça, era avisar Emma sobre a armadilha.

Regina entrou em seu antigo quarto e fechou a porta. Pegou o espelho e lançou o feitiço.

Nada...

Tentou novamente e não obteve resultados.

— Você não deveria trair sua mãe dessa forma. — A voz de Cora surgiu atrás dela.

— E você deveria deixa-los em paz. Eu já estou aqui, do que mais precisa? — Regina se vira para encarar a bruxa.

— Eu tenho planos maiores para você, minha filha. Eu tive muito trabalho para conseguir fazer todas essas coisas, mas no momento estamos ficando sem tempo. Eu poderia esperar e te deixar se convencer sozinha de que esse é o seu lugar, porém nosso tempo é curto. Você precisa de um inventivo.

— Como assim? Que incentivo?

— Algo para fazer a Evil Queen acordar de vez dentro de você.

— Eu não quero isso!

— Mas logo vai querer. — Dito isso, Cora não estava mais lá.

Regina correu inutilmente para a porta, procurando conseguir sair, mas estava trancada com magia. Ela não poderia deixar que a Evil Queen acordasse. Não podia deixar a vida de quem ama em perigo.

EMMA não entendia a razão, mas repentinamente, começou a sentir algo estranho. Uma pontada de angustia passando por ela. Deveria ser o cansaço, ou a preocupação, mas aquilo era muito estranho. Há poucos instantes estava bem, e agora...

— Mãe! — Henry a chamou, indo até ela.

Emma sorri para ele.

— Você está bem? — Ele pergunta — Parece meio pálida.

— Estou bem sim. Só um pouco cansada. — Força um sorriso.

— Hum... Será que minha outra mãe está bem?

A angústia voltou.

— Está sim, meu amor. Regina é uma mulher forte. Ela consegue se cuidar até chegarmos.

Emma não sabia se aquilo era para convencer o garoto, ou a si mesma.

— Vocês combinam... — Henry diz, olhando pro chão enquanto anda.

— Oi?

— É... Combinam... Tipo, ficar juntas. Eu sei que vocês se odeiam, mas eu iria gostar de ver minhas mães juntas...

— Henry, você sabe que é complicado, né?

— Sei... Mas também sei que no fundo, vocês se gostam.

— E o que acha que as pessoas falariam disso?

— Vocês nunca se importaram com o que as pessoas iriam falar. — Henry da de ombros.

Emma balança a cabeça negativamente e sorri.

— Eu só acho que se for pra vocês serem felizes e menos orgulhosas, eu apoio. — Henry completa, a olhando.

— Tem certeza que esses assuntos são pra sua idade? — Emma tenta fugir do assunto.

— Claro que são. — Henry bufa, rindo.

— Depois conversamos sobre isso, garoto. Senão vamos nos perder do bando. — Emma brinca apontando o resto do grupo que já estava bem mais a frente.

Henry revira os olhos e anda mais rápido para alcança-los.

Emma sorriu o olhando. E mesmo tentando não deixar que o pensamento passasse por sua mente, Emma pensou em como seria se os três vivessem juntos. Pensou que aquilo seria um choque para Henry, pela sua idade, não achou que poderia ser diferente. Mas o garoto foi bem maduro a respeito, principalmente por ser ele a começar o assunto.

Regina iria gostar de saber disso...

E mais um pensamento passou por sua cabeça.

A morena ainda estava bem?