No dia seguinte, acordei sentindo-me exageradamente cansada, e com mais frio que o normal. Vesti uma roupa de inverno e tomei um chá, pensando estar pronta para o trabalho. Logo que desci, encontrei Anna andando animada pelos corredores, e ela logo me cumprimentou.

– Elsa! Bom dia! Como está? - abraçou-me com força.

– Oi, Anna. Estou... Bem, como sempre. - decidi não contá-la como realmente me sentia, para não preocupá-la.

– Está mais séria do que o comum.

– Ah, não é nada, estou bem! De verdade! - forcei um sorriso para convencê-la.

– Que bom! Estou tão feliz hoje, Elsa! Acho que vai ser um dia e tanto!

– Assim espero!

De certa forma, a animação de Anna me contagiou. Comecei o trabalho decidida, Hans já tinha feito uma parcela, então havia bem menos para mim. Mas depois de algum tempo, aquilo foi ficando torturante, cada letra doía em minha cabeça e a folha começava a congelar. Gerda me salvou daquela sina ao me chamar para o almoço.

– Obrigada, Gerda, você não sabe o bem que me fez. - agradeci.

Ela não entendeu o que eu quis dizer, mas sorriu gentilmente. Juntei-me a Anna, Kristoff e Hans para a refeição.

– ... Então ele achou que podia simplesmente furtar meu trenó porque eu não estava ali! - contou Kristoff.

– Que horror! Arendelle está ficando mesmo perigosa! - disse Anna, apavorada.

– São esses desocupados da capital que tem se espalhado como uma praga para todos os reinos! Acham que podem chegar em qualquer lugar e roubar qualquer coisa sem que haja punição! - falou Hans, indignado.

– Ladrões em Arendelle? Mas nunca houve criminalidade aqui antes!

– Os tempos mudaram, Elsa. As coisas já não são mais como antigamente.

– Não fale assim, me faz sentir velha!

– Bem, de qualquer forma, o importante agora é que eles sejam capturados e devidamente punidos. Se o Hans não tivesse aparecido, o meu trenó já era! - eu olhei para Hans, confusa.

– Eu achei o indivíduo em atitude suspeita, então mandei que ele desse o fora.

– Foi só o tempo de comprar cenouras para o Sven e já aparece um vagabundo querendo roubá-lo! Quando ouvi Hans gritando com o homem, virei para trás ainda a tempo de vê-lo empurrando o trenó.

– Você só o mandou embora? - perguntei.

– Sim, não valia a pena prendê-lo, não haviam provas e eu ainda poderia ser acusado de abusar do poder.

– Está certo. - suspirei e massagiei os olhos - Estou tão cansada, e são tantos problemas! Parece que a cada dia aparece um novo.

– Você deveria dar uma pausa, descansar... Tem trabalhado demais! - disse Anna.

– Eu não posso, Anna. Sou a rainha, não posso largar tudo e deixar para você e Hans resolverem.

– Você é tão teimosa.

– Olha quem fala! - eu ri.

– Não quer que eu te ajude? - Hans ofereceu-se.

– Já fez mais do que devia. - eu dei um sorriso suave e voltei a trabalhar.

E a partir daquele dia, o que eu achava ser apenas cansaço e estresse mostrou-se bem mais que isso, incluía tontura, enxaqueca e a perda do controle sobre os meus poderes. Mas nem por isso eu aceitei que chamassem um médico, não admitiria que estava doente. Talvez Anna tivesse razão, eu era mesmo bem teimosa.

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