"Você é uma amiga verdadeira

Você vai estar aqui até o fim

Você me põe em cima

Quando algo não está certo

Fala comigo até o varar da noite

Até tudo ficar bem de novo

Você é uma amiga verdadeira."

– True Friend.

Fiquei algumas horas sozinha, olhando as paredes brancas daquele quarto, no maior tédio do mundo, sem ter nada, literalmente nada para fazer, até a porta abrir.

– AMIGAAAA! - Anne gritou e correu até a cama, agarrando meu pescoço.

– Anne eu...Não consigo...Respirar... - fingi estar sufocada e ela me soltou assustada.

– Ai meu Deus, quer que eu chame alguém?Esse botão é pra chamar alguém né? - falou rápido e começou a andar de um lado para o outro, inclinando a mão sobre o botão que a enfermeira havia me mostrado mais cedo.Eu segurei a mão dela enquanto ria descontroladamente. - Do que você tá rindo sua idiota?Você não estava sufocada?Argh, eu acreditei. - cruzou os braços.

– Percebi. - continuei rindo da cara dela e logo ela estava rindo também.

– Então... - ela começou, quando nos recuperamos da crise de risos. - León me contou o que aconteceu. - se sentou do meu lado na cama.

– Contou tudo? - arregalei os olhos.

– Só que você se cortou, isso é tudo?

– Não sei.

– Por que se cortou?

– Porque estava com raiva.

– Com raiva de quem?

– De mim.

– Por que?

– Isso tá parecendo um interrogatório.

– Eu só quero saber tudo que aconteceu.

– Acho que um interrogatório é isso mesmo. - nós rimos.

– Me conta vai.

– O.k. - suspirei. - Depois que você foi embora León me fez algumas perguntas e tentou me beijar, mas eu não deixei, aí... - ela me interrompeu com um grito:

– EU FUI EMBORA DE PIJAMA PARA VOCÊS CONVERSAREM E VOCÊ NÃO BEIJOU ELE? - gritou.

– Exatamente.Pera, você foi embora de pijama? - ela assentiu. - O.k., continuando...Aí ele foi para fora do quarto e eu fui me cortar, aí ele fio me chamar para jantar e eu fui tomar um banho, só que quando eu sai do banheiro ele me agarrou e tentou me beijar de novo...

– E você não deixou? - ela perguntou indignada.

– A minha mãe chegou e eu desmaiei.

– Se fosse eu tinha agarrado ele na primeira tentativa. - a olhei incrédula. - O que foi?Ele é um gatão!

– Nisso eu tenho que concordar, mas enfim, eu chorei aqui no hospital e ele me consolou, disse que me ama, então eu o beijei e disse que também o amo...

– UHUL, FINALMENTE! - gritou. - Pera, ele te ama e você o ama?

– Sim, amor de irmãos ué.

– Sei, continua a história.

– Aí nós dormimos juntos...

– DORMIRAM JUNTOS? - gritou.

– Só dormimos.

– Vou fingir que acredito.

– É sério, mas aí hoje o encanto acabou.

– Como assim?

– Ele disse que falou que me ama da boca pra fora e que me beijou por impulso. - senti meus olhos marejarem e antes que pudesse perceber estava me afogando em lágrimas no colo de Anne.