Zé Alfredo ainda não havia feito nada, estava em choque em ver o avião naquele estado. Ele só voltou ao real, quando viu uma enorme tempestade se aproximando, junto com muito vento, o suficiente para ajudar aquele helicóptero a se desequilibrar e cair de cima do Monte Roraima.

— Marta! - Ele tenta acordar a mulher que estava desmaiada. Por alguns minutos ele não contém resposta, mas depois a Imperatriz vai voltando em si.

— Zé? Onde eu estou? - Marta vê tudo levemente embaçado, suas pernas estavam bambas e provavelmente não conseguiria levantar dali

— Depois eu te explico, agora temos que sair daqui. Se não quisermos morrer - O Comendador percebe o estado da mulher e a ajuda a levantar, segurando levemente em sua cintura para que ela não caísse.

O homem de preto apoia Marta no banco e tenta abrir a porta. Infelizmente a porta não se abriu facilmente, foi preciso alguns chutes. O vento cada vez mais forte, fez o avião se desequilibrar e cair... Porém o Comendador foi mais rápido, abriu a porta e conseguiu puxar Marta para fora do helicóptero, antes que ele despencasse com o pobre piloto dentro.

A Imperatriz estava praticamente sendo carregada pelo Imperador, qualquer um percebia que ela não estava bem. Pela forte batida em sua cabeça falava coisas sem sentido. Ou nem tanto sem sentidos assim!

— Helicóptero, cair, combustível, vazamento, terminou, Ísis, vingança... - Disse a mulher dos olhos verdes, sendo carregada por Zé Alfredo para algum lugar. Ela não sabia ao certo onde estava, apenas conseguia ver o rosto de seu marido meio embaçado. Marta viu sua visão escurecer novamente, até não conseguir enxergar mais nada, nem sentir.

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A Imperatriz sentia o calor aquecer seu corpo, sua visão estava voltando ao normal. Conseguia enxergar uma pequena fogueira com um homem sentado ao seu lado. E claro aquele homem era seu marido.

— Zé! Como eu vim parar aqui? - Exclamou Marta sentando mais perto da fogueira. O Imperador ficou feliz em vê-la acordada novamente.

— Na verdade o helicóptero pousou, porém o embalo foi bem grande e você deve ter batido a cabeça, assim como o piloto. Tivemos o azar de metade do helicóptero ficar em cima do Monte e a outra no ar. Então eu te acordei e te trouxe para cá, mas você veio falando algumas coisas meio sem sentido. Você não se lembra?

— Me lembro do avião caindo do nosso desespero, mas depois disso não lembro mais nada. E o que eu falei de sem noção?

— Hum, deixo eu me lembrar... Helicóptero,Combustível, Vingança, Vazamento, Ísis, Terminou. E mais um monte de palavras

— Eu não falei nada sem sentido, Zé... Pense comigo: O combustível do helicóptero acabou rápido demais, isso só pode ser vazamento. Talvez um descuido da companhia que nos trouxe até aqui, ou talvez alguém sabotou o helicóptero

— Maurílio. Com certeza foi o desgraçado do Maurílio, mas o que a Ísis tem a ver com isso?

— Se isso foi mesmo sabotagem, a Ísis é uma forte suspeita. Afinal você terminou com ela. Aquela franguinha burra jamais seria capaz de armar um plano, mas se ela se unisse com o Maurílio... Depois de ser largada por você, ela até planejaria alguma vingança

"Você vai se arrepender de ter me deixado" Essa frase ecoou pela mente de Zé Alfredo, ele viu que Marta poderia ter razão. Alias a garota havia falado isso com tanta certeza que ela seria bem capaz de se unir ao Maurílio.

— E então Zé, o que você acha?

— De primeiro momento eu pensei que você estava louca, mas então comecei a pensar em tudo que Ísis me falou depois que terminamos. Estou começando a achar que foi ela quem sabotou o helicóptero, junto do Maurílio. E se eles resolverem fazer mal aos nossos filhos em quanto não estivermos lá? - Zé estava preocupado.

— Temos que avisar eles, antes que seja tarde demais. Meu celular estava na bolsa que caiu junto com o helicóptero, mas o seu? Esta aí?

— Eu já tentei ligar meu celular, mas está sem bateria...

— Merda! Então quer dizer que vamos ficar nesse morro por tempo indeterminado? - Perguntou a Imperatriz, ainda mais preocupada

— Não é morro Marta, é monte! E sim, nós não vamos sair daqui tão cedo. Mas pense pelo lado bom, você terá a minha incrível companhia

— Ual que maravilhoso termos que ficar nesse Monte para o resto da vida! Não tem internet, não tem roupas, não tem lojas, não tem comida... Estou muito feliz, isto é incrível! - Ironizou Marta

— Que bom que você está feliz. Parece que parou de chover, porém é melhor não sair lá fora. Já é noite, hora de dormir e sonhar com os anjos... ou melhor comigo!

— Nossa que divertido, dormir nesse chão molhado e duro. Estou adorando a aventura, se eu sonhar com você mais ainda - Falou Marta irônica, se deitando e observando aquela fogueira, que os aquecia e fornecia luz, o suficiente para ver o rosto de Zé do seu lado, também admirando o fogo.

— Marta... - Falou o Comendador quebrando o silencio e fazendo a Imperatriz desviar seu olhar para ele - Porque você não gosta daqui?

— Porque foi nesse monte, que eu quase te perdi... Quando você levou aquele tiro eu percebi que você não era apenas mais um homem em minha vida, você era o meu amor e eu precisava de você. Será que o todo poderoso tem noção do quanto eu sofri, em pensar que poderia te perder para sempre?