OUTUBRO

Eu me sinto entorpecida. Algo dentro de mim foi arrancado, deixando um enorme buraco no meu peito. Encontro-me num inverno eterno, tudo ao meu redor tão cinza, frio, sem vida. Em cada canto há um pedaço de você. Não sei quanto tempo faz que estou debaixo do chuveiro, encarando a parede em minha frente. Sinto como se o tempo não passasse.

Pego-me olhando pela janela, na esperança de que você apareça, como o fez tantas outras vezes. Fico aqui sentada, vendo um filme passar na minha cabeça... A primeira vez que vi você, a cor dos seus olhos quando entrei na aula de Biologia, nossos momentos na campina, nossos beijos, seu corpo frio junto ao meu... Agora só me restam as lembranças. Você fez questão de cumprir com o prometido: "Vai ser como se eu nunca tivesse existido".

Por onde você anda? Será que você ainda pensa em mim? Eu penso em você. O tempo todo. A toda hora. Eu preciso de você.

NOVEMBRO

De: Bella Swan

Para: Alice Cullen

Alice, gostaria de saber seu email verdadeiro. Gostaria de ter com quem conversar. Sinto como se a minha vida tivesse chegado ao fim, como se nada mais fizesse sentido. Perdi completamente o meu orgulho. Imagino o que você diria se contasse quantos e-mails já mandei, ou quantas vezes telefonei, em vão, na tentativa de falar com ELE. Na tentativa de trazê-lo de volta. A vida não é mais a mesma sem vocês.

Charlie está muito preocupado. Sempre o pego me olhando pelo canto do olho, com aquela expressão de pena e aflição. Penso que se ELE aparecesse em nossa porta, Charlie não hesitaria em pegar a arma e apontar direto em sua cabeça. Ainda bem que vocês são a prova de bala. Não consigo imaginar o mundo sem ELE, Alice. Não consigo imaginar meu mundo sem ELE. Não sei o que fazer.

Gostaria que você estivesse lendo esses e-mails. Eu sinto saudades.

DEZEMBRO

Não vejo o tempo passar. No colégio tudo continua a mesma. Sento-me sozinha à mesa que antes pertencia a você e sua família, em mais uma tentativa de manter você por perto. Não tenho motivos para continuar. Não sei o que fazer.

Nos últimos dias criei diversos cenários em minha cabeça sobre todas as coisas que gostaria de ter dito a você. Gostaria de ter uma segunda chance para dizer adeus, mas não sei o que diria. Embora eu tenha pensando em muitas coisas a dizer, sinto que palavras seriam insuficientes para expressar qualquer sentimento de dor que eu estou sentindo.

Será que isso nunca vai passar? Será que esse buraco nunca irá sarar? Fico me perguntando se vou ficar assim para sempre... Pela metade, defeituosa, como um brinquedo mal fabricado. Tentei sorrir hoje, mas cheguei a conclusão que não há motivos para isso. Sinto como se o inverno dentro de mim aumentasse a cada dia. Não sei mais quanto tempo devo aguentar.

JANEIRO

Gostaria de ouvir sua voz. Acredito que só isso seria suficiente. Não consigo parar de pensar, imaginar, criar... Um novo cenário onde eu pudesse dizer adeus, de um jeito diferente. Quem sabe eu não teria feito você mudar de ideia?

Mas seria tudo em vão. Você disse com todas as letras que nós somos de mundos diferentes. Que eu nunca me encaixaria em sua vida. Não sei o que dói mais: sua sinceridade ou sua indiferença. Fico procurando você em todos os cantos da cidade, na esperança de pegar um vislumbro dos seus olhos, me vigiando de longe.

Tudo em vão.

O que devo fazer agora que não tenho você para cantar minha canção antes de dormir? Minhas noites têm sido atormentadas por pesadelos, todos eles me lembrando que você se foi e levou um pedaço de mim, me deixando metade vazia de mim.

Não quero mais viver assim. Quero que essas quatro paredes me engulam, me levem para longe daqui, me adormeçam, me façam esquecer de você. Quero fugir. Fugir de mim mesma, dos meus pensamentos, dessa dor, desse inverno... Por onde você anda? Eu sinto sua falta. Eu ainda amo você.