— Esse é de quem? — Indagou Thalia, com um pacote pequenino colorido em suas mãos.

— Meu. — Pronunciou-se Reyna.

Sem demorar mais, a garota estraçalhou o bonito embrulho. Pegou na mão o seu presente e ergueu-o.

— Um cartão presente para usar em minha loja preferida. Muito útil!

Reyna assentiu com a cabeça, porém Thalia continuou a agradecê-la.

— Ande logo com isso. — Bufou Jason — Não é divertido.

— Paciência, irmãozinho. — Zombou Thalia. Entretanto, pegou o pacote mais próximo. — E de quem é esse?

— Da pessoa mais legal, inteligente e bonita dessa sala, claro. — Percy falou.

— Não me lembro de ter comprado um presente para mim mesma. — A aniversariante riu. — Mas, a julgar por seu entusiasmo, diria que é o presente de Annabeth. Aliás, esse é o presente pelo qual mais estava ansiosa. Sua querida namorada foi fazer propaganda dele enquanto eu estava de mau humor no quarto.

— Abra logo, então. — Falou Annabeth, apressando-a. — Aposto que irá gostar.

Sua amiga, delicada como sempre, se livrou de todos em empecilhos que a impediam de descobrir o presente em apenas um segundo e, suas mãos antes vazias, agora sustentavam um belo par de tênis com a estampa do Green Day.

— Ai. Meu. Pai. Amado. — Ela falou, pausadamente. — Tem certeza de que não é uma ilusão de ótica?

— Certeza absoluta. — Afirmou a Chase. Em um piscar de olhos, Annabeth sentiu o abraço apertado de Thalia.

— Thal, está me machucando. — Falou, em um misto de gemido e riso.

— Ah, desculpe-me. — A amiga a soltou. — Mas esse é o melhor presente ever.

— Modéstia a parte. — Interveio Jason. — O meu é bem melhor.

— E o que você comprou? — Indagou a garota.

— Pegue o presente embrulhado em papel vermelho e saberá.

Thalia saltitou até o local do presente e, assim como fizera com o de Annabeth, estraçalhou todo e qualquer empecilho. Era um álbum de capa em veludo azul, uma elegante letra dourada trazia a inscrição “Thalia Grace”. A dona do presente abriu-o, vasculhando as folhas repletas de fotos em estilo linha do tempo. Na última folha, havia uma longa dedicatória de Jason para a irmã, e apesar de estar longe demais para enxergar o que estava escrito , Annabeth tinha a certeza de que fora algo lindo e sensível, caso contrário Thalia não estaria contendo as lágrimas. Sim, todos leram bem: Thalia Grace, a garota de ferro, estava emocionada.

— Gostou? — Indagou o loiro.

Como resposta, a irmã o abraçou fortemente e manteve-os assim por um longo tempo

— Rápido, continue a abrir os presentes. — Apressou Connor Stoll.

Se afastando de Jason, Thalia continuou a rasgar os papéis de presente em alta velocidade. Quando chegou ao último, que estava embrulhado em um belo papel quadriculado, ela hesitou.

— Um presente dos Stoll, segundo o cartãozinho aqui de cima. É seguro abrir?

— Com certeza. — Travis disse, sorrindo. — Foi meu pai quem comprou, eu apenas embrulhei e Connor... Bom, ele não fez nada.

— Tem certeza de que foi Hermes que comprou? — Perguntou a garota de olhos azuis elétricos, arqueando as sobrancelhas.

— Abra, juro que nada irá te acontecer.

Com cuidado, ela desembrulhou o presente. Era um kit de canetas coloridas em tons diferentes de cor de rosa, algo que se daria de presente para uma criança de oito ou nove anos.

— Tinha que ser tão rosa? — Reclamou Thalia.

— Dê uma chance a elas, são legais e têm uma bela cor. — Travis se manifestou.

— Como sabe disso? Sua prima de sete anos te contou?

— Ok, esse não é seu presente, é brincadeira. Connor, vá pegar o presente dela.

O outro Stoll saiu da sala de estar e, quando retornou, carregava uma grande caixa.

— Toda sua. — Disse, colocando-a na frente de Thalia.

— É bom isso não ser mais uma brincadeira, Stolls. Hera tem um conjunto de facas que ficariam lindas cravadas em suas cabeças.

Thalia abriu a caixa, se deparando com uma outra de papelão enrolada com bastante fita larga.

— Stolls...

— Pode abrir, vai levar um tempo, mas compensará. — Connor falou.

Após um bom tempo tirando a fita, ela finalmente conseguiu abrir a caixa. Então, para sua surpresa, lá estava mais uma caixa com o dobro de fita ao seu redor. Todos, inclusive Annabeth, a incentivavam a continuar e conforme ela avançava, menor as caixas ficavam. Esgotada e suada, a aniversariante finalmente chegou à ultima.

—Essa coisa tem o que uns cinco centímetros. — Reclamou Thalia. — Espero que seja um perfume francês.

—Quem sabe? — Travis disse, deixando dúvida no ar. Estava realmente difícil encarar os irmãos Stoll sem rir das fantasias de palhaços que usavam. Segundo Connor, ambos gostariam de morrer divertindo as outras pessoas.

Com raiva, Thalia abriu a última caixa. Dentro dela, havia um papelzinho dobrado em muitas partes,que ela abriu e leu em voz alta.

— “Cara amiga Grace.”— Começou. — “Esquecemo-nos de comprar seu presente, então considere esse papelzinho como sendo qualquer coisa que você desejasse. Com carinho, irmãos Stoll”.

Thalia arremessou o papelzinho na cabeça de Travis, que comentava sobre o quanto ela estava vermelha.

— Mas que droga de presente é esse? — Gritou — Será que não podem agir seriamente por, sei lá, um dia de suas vidas?

— E perder uma crise de raiva de Thalia Grace? — Provocou Connor. — Jamais!

Em um segundo, Thalia atravessou a sala e derrubou Connor no chão.

— Thalia! — Gritou Jason. — Não mate nossos convidados.

Travis ria no sofá, colocando a mão sobre barriga como se estivesse doendo pelo esforço.

— Seu desgraçado! — Ela disse soltando Connor e se jogando sobre Travis.

— Largue-o! — Gritou Katie Gardner, que era filha da floricultora Deméter. — Por tudo o que é mais sagrado, largue-o.

Mesmo por baixo de Thalia, era possível escutar as risadas de Travis. Katie se colocou entre os dois, forçando Thalia a parar. Seus cabelos castanhos estavam desarrumados e os olhos verdes extremamente arregalados.

Todos os presentes ficaram em silêncio. Por que Katie, que sempre era quieta e tímida, havia se infiltrado no meio da “briga”?

— Alguém aqui assiste Doctor Who— Indagou Leo Valdez, tentando quebrar o silêncio.

Os demais fingiram estar interessados no assunto improvisado de Leo, mas nada poderia distraí-los da cena que se seguiu entre Travis e Katie. Uma breve troca de palavras e Katie Gardner corada, vermelha feito um tomate, enquanto Travis a envolvia a abraçava.

* * *

Grover cantarolava desafinadamente no meio da sala, com um hot- dog caseiro em suas mãos. Os demais colegas transitavam pelo cômodo, conversando, fazendo gracinhas ou, como era o caso de Nico e Rachel, se entediando.

Pedindo licença para Percy, Annabeth foi conversar com a amiga.

— Bela festa, não? Não me divertia assim desde que saí de Boston.

— Realmente está sendo bem divertida. Com licença. — Disse, saindo. Mas, antes que pudesse fazê-lo, Annabeth a pegou pelo braço.

— O que está acontecendo? Por que faz isso comigo? Eu não fiz mal algum à você, Rachel.

— Pergunte ao seu namorado.

— Tudo isso é por Percy?

— Sim, é. Antes de você chegar, erámos só nós dois. Então, você chega roubando a cena, afastando-o de mim e tudo o mais.

— Ninguém escolhe quem ama, Rachel. Além disso, eu não cheguei roubando a cena, ele me conhecia, por isso se aproximou depressa. Pergunte sobre o milk-shake azul à ele.

— Não me importo com o romance de vocês, de verdade. Mas não venha querer ser minha amiga, porque jamais será. Agora eu sairei, não ouse em me segurar novamente. — Disse a ruiva, saindo.

Annabeth não entendia, como Rachel poderia ser tão infantil?

A campainha tocou e Jason foi abri-la. Então, ficou branco como um fantasma.

— Thalia? — Chamou. — Tem alguém querendo te ver.

— E quem é? — A irmã indagou, tomando um gole de seu suco.

Jason suspirou, abriu e fechou a boca duas vezes antes de falar.

— É Luke. Luke Castellan.