Para Sempre escrita por Lady Bendinelli


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Tomara que gostem, boa leitura ♥



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"Querida, Scarlet

Hoje me peguei fitando a paisagem da grande e bela tarde de Nova York, mas eu não prestava a mínima atenção sequer nesta. Meus pensamentos estavam em você. Me lembrei de quando te conheci, éramos só duas crianças. Uns onze anos. Você apareceu na sala com a Senhorita Harris com mais uns quatro outros alunos novos. Ela mandou cada um se apresentar e eu sequer prestei atenção nos outros, estava ocupado demais olhando você. Sua voz era baixa e você estava envergonhada. Eu já te disse o quanto você estava linda? Você sentou num canto mais vazio, mas não completamente pois nossa sala era bem cheia. Vi você conversando timidamente com algumas poucas garotas e sorrir pela primeira vez. Naquele momento eu invejei aquelas meninas, tanto por estarem ali, falando com você quanto por fazer você sorrir. Eu demorei um ano, um ano para enfim tomar coragem de puxar assunto, e só realmente o puxei quando nos esbarramos acidentalmente pelos corredores do colégio.

— Ai!

— Desculpa. Eu estava distraído e... - Comecei, mas perdi a fala ao olhar em seus olhos. Clichê, eu sei, mas eles me hipnotizavam. - Foi mal.

— Tudo bem - Você disse sorrindo sem dentes.

— Er... Meu nome... - Eu corei, e me amaldiçoei por isso, mas você riu de leve. - Luke. Sou Luke.

— Scarlet.

— Eu sei. - Soltei sem querer fitando o chão com um sorriso bobo. Você me olhou confusa, mas deu de ombros.

Ah, e desculpe por nunca te contar isso mas, aquele esbarrão não teve absolutamente nada de acidental. Eu só queria uma desculpa conveniente para dizer oi. Mas ele deu certo. Começamos a nos falar mais, nos aproximar mais. Viramos melhores amigos em pouquíssimas semanas. Eu fui descobrindo as suas qualidades, suas manias, e seus defeitos. Você era extremamente dramática e manhosa, e eu não conseguia não ceder quando você fazia bico e me olhava nos olhos. Eu te abraçava toda vez que o fazia e você ria por eu estar fazendo suas vontades. Eu revirava os olhos e tentava não sorrir, sempre sem sucesso. Mal sabia você a minha vontade de te beijar.

Quando nós tínhamos treze anos, mais da metade da nossa turma já havia perdido o BV, menos eu. E era por você, porque eu não conseguia suportar falar cinco minutos com as outras garotas tentando me paquerar assim como todos os outros, mas você não era assim, era tão desligada que pouco se importava se suas amigas já namoravam, eu gostava disso. Estava a caminho de casa, os meninos da nossa e da outra turma começaram a zoar por nunca ter beijado, eles pararam e mudaram até de calçada quando você me alcançou pelo olhar assustador que direcionou a eles. Eu estranhei, sua casa não era por aquele caminho, mas eu percebi o motivo daquilo tudo, era para me proteger. Eu sorri de canto com aquilo. Mesmo de longe, eu percebia olhares e os murmúrios baixo dos garotos que você havia "assustado".

— Lukito?

— Oi... - Respondi fitando o chão, você parou segurando meu braço fazendo-me parar também.

— Não liga pra eles.

— Não ligo...

Você virou a cabeça e viu os meninos do outro lado rindo e cochichando entre si, você os olhou com raiva, mas dessa vez eles não ligaram e continuaram. Foi ai que aconteceu, eu nunca vou esquecer deste dia, mesmo que eu tente ele sempre estará ecoando em minha mente. Você me beijou. Simplesmente me puxou pela blusa e colou seus lábios no meu. O formigamento em meus lábios e seus dedos puxando de leve meus cabelos nuca me fez arrepiar por completo. Eu retribui, e mesmo não sabendo o que fazer, meus olhos se fecharam lentamente e minhas mãos pousaram em sua cintura. Nos separamos com um último selinho. Meu coração disparava a mil e eu queria puxar-lhe para outro beijo, porém mal conseguia me mexer. Os meninos que antes me zoavam não estavam mais lá. Você sorriu vitoriosa.

— Eles não vão mais te zoar agora. - Prometeu. Você revirou os olhos rindo, provavelmente da minha cara de idiota - Vem, vamos.

— Por que fez isso?

— Porque você é meu melhor amigo e eu não ia deixar aqueles idiotas te perturbarem! - Explicou dando de ombros.

Você não sabe o quanto doeu ouvir aquilo. Que droga Scarlet! Você me beija e depois diz que eu sou só o seu melhor amigo?!

Depois disso as coisas aconteciam normalmente. Já tínhamos um quinze anos quando nos beijamos pela segunda vez. Numa tarde qualquer, depois de fazermos um trabalho de História, estávamos em seu quarto, vendo um filme aleatório. Você estava com sua cabeça deitada em meu ombro e eu acariciava seus cabelos. Sua mãe estava na cozinha, ela fazia os famosos Biscoitos Caseiros da Família Howe. Ao olhar para você percebi que me fitava. Imediato e involuntariamente meu olhar se prendeu em seus olhos e logo depois em sua boca, nos aproximamos lentamente e trocamos selinhos, até que, impaciente e por busca de mais, te beijei. Só paramos para respirar quando sua mãe abriu a porta com uma travessa de biscoitos quentinhos. Você se lembra disso Scar? Se lembra o quanto nós rimos quando sua mãe com aquele sorrisinho de eu sempre soube nos deixou "comer os biscoitos em paz"?

Desde aquele dia nós nos beijávamos todo dia, o que fazia com que toda noite eu fosse dormir nas nuvens.

Lembra quando aceitou namorar comigo? Nós dividíamos o fone, tocava "Truly, Madly, Deeply" do One Direction, que era sua banda favorita. Eu cantei o refrão da música no seu ouvido.

— Quer ser minha namorada? - Sussurrei ao terminar. Você me olhou com os olhos arregalados e eu me preparei para ouvir um belo e direto "não", mas você sorriu e me beijou.

Até hoje eu me pergunto quando você começou a gostar de mim, quando começou a reparar em mim.

Éramos tão diferentes, brigávamos por qualquer coisa, mas a cada briga você me beijava com seus lábios quentes de raiva. Sempre era a sua iniciativa, você tinha atitude quando devia ter, eu amava isso.

Aos treze eu achava que o melhor dia da minha vida foi quando finalmente me beijara pela primeira vez. Aos quinze quando começamos a ficar e depois namorar. Aos dezoito quando seu pai finalmente, depois de dois anos, aceitou nosso relacionamento. Aos vinte quando te pedi em casamento e ficamos noivos. Aos vinte e dois quando finalmente nos casamos. E aos vinte e seis quando tivemos um lindo filho, o nosso pequeno Adam.

E há tantos outros. Todos os momentos realmente bons da minha vida foram ao seu lado, Scarlet. Desde o começo foi você, mais ninguém, sempre foi você.

E tanto tempo passou Scar... Eu não me arrependo de nada.

Nós vimos o nosso pequenininho crescer, virar um grande homem, se apaixonar, namorar, errar e acertar enquanto o aconselhávamos, casar, ter filhos.

Cassidy e Anne, nossas netas. Os cabelos loiros bem claros puxados da mãe e os olhos escuros puxados de Adam. Elas são tão lindas, meu amor. Lembro-me de quando as observávamos brincando e correndo pelo quintal. E de como eu ficava feliz ao vê-la sorrir para a bagunça que as irmãs faziam.

— Ei. - Te chamei vendo você me fitar. Com o tempo seus cabelos estavam ficando levemente brancos, os meus não estavam diferentes. Você sorriu.

— Elas são lindas não são?

— Sim. - Respondo olhando novamente as pequenas garotas de dez e doze anos para logo voltar a olhar para você.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

As nossas garotinhas também cresceram. Aos poucos foram envelhecendo, se tornando reais adultas responsáveis, inteligentes e lindas.

Foi aos oitenta e sete anos que a vida te tirou de mim. Aos oitenta e sete que você me olhou com o mesmo olhar despreocupado de anos atrás, e me disse "eu te amo" pela última vez.

Mesmo partindo, você ainda está aqui. Eu te vejo, não só nas fotografias, mas também em cada lugar que passo. Eu amei você, e eu ainda te amo. Aguentei tudo, não por mim, mas por você. A garota tímida que eu me apaixonei quando menor; a garota dramática que eu aprendi a lidar; a garota dos beijos, filmes e biscoitos caseiros; a garota que, depois de anos, eu finalmente pude chamar de minha.

Há muito tempo eu fiz uma promessa a mim mesmo: se um dia eu finalmente conseguisse que você fosse a minha princesa, eu nunca, nunca, nunca te abandonaria ou te esqueceria. E eu vou cumprir essa promessa até o meu último suspiro.

Eu sempre pensei que seria você deixando flores em meu tumulo, que seria você a primeira a chorar quando meu coração parasse de bater. Mas não foi. E você nunca lerá essa carta, infelizmente.

Mas alguém lerá, talvez nosso filho encontre no bolso de meu casaco quando eu vir a falecer, o que sei que está próximo. Eu não aguento mais, não sem você. Mas quando Adam estiver lendo essa carta eu estarei finalmente com você novamente.

Aonde quer que esteja, me espere.

Eu te amo.

Para sempre seu, Luke."

Ao acabar coloco as folhas da carta no bolso de meu velho casaco. Fechei meus olhos sentindo a brisa tranquila daquela tarde de outono, lembrando-me de cada palavra daquela carta, de cada momento junto dela. - Eu te amo, Scarlet... Sempre...


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Notas finais do capítulo

Ficou legal ou uma droga? Espero comentários! Byes ♥



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