Tinha alguma coisa nos olhos dela (verdes, grandes, ternos e brilhantes) que lhe dava uma sensação de segurança.
Alguma coisa que o faria sentir-se melhor toda vez que os visse, não importando o quanto o dia havia sido complicado.
Quando ela sorria para ele, aquele sentimento só crescia mais e mais.

Queria poder protegê-la (muito embora soubesse que ela era até mais forte que ele mesmo), e guardar aquela visão para sempre.

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Tinha alguma coisa na maneira como ele tocava o piano (rápida e suave, mas ao mesmo tempo forte) que tornava o som da melodia ainda mais belo.
Não importava qual fosse a razão pela qual ele estava tocando, era ali onde ele se expressava melhor.
As notas límpidas que ecoavam pelo casarão eram muitíssimo bem-vindas aos ouvidos dela, cada uma soando mais carregada de sentimentos que a outra.

Fosse Bach, Mozart, Chopin (e ela tinha certeza de que aquele era o seu favorito) ou Beethoven, ela sempre pararia tudo o que estivesse fazendo apenas para poder ouvi-lo tocar com mais clareza.

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Tinha alguma coisa nas mãos dela (pequenas e delicadas, embora um pouco ásperas devido ao trabalho) que o fazia querer segurá-las fortemente, como se ela fosse escapar por entre seus dedos a qualquer instante.
E quando conseguia ter aquelas palmas quentes entre as suas, geladas, não conseguia concentrar-se em outra coisa.
Prometia, mentalmente, que não as soltaria por nada naquele mundo, e deixava-se levar docemente quando as mãos dela soltavam-se das suas e tocavam seu rosto.

Também às vezes (só às vezes, sabe como é) tinha vontade de tomar a leve mão dela e colocar-lhe um anel naquele dedo. Só às vezes, é lógico.

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Tinha alguma coisa nos lábios dele (quentes, inexperientes e levemente ressecados) que não a deixava tirá-los dos seus, a não ser que fosse para tomar um pouco de fôlego.
Ela era incapaz de impedir um suspiro mais profundo quando sentia aquele hálito quente tão rente ao pescoço, seguido daquela voz que, entre alguma ou outra besteira romântica, deixava escapulir seu nome, sussurrado.
Como se não bastasse, ainda sentia o toque frio das mãos dele por entre o pano da roupa, o que lhe causava um certo calafrio.

Talvez fosse exatamente por isso que ela retribuísse os beijos dele tão entusiasticamente (ao ponto em que podia assemelhar-se a uma garotinha apaixonada).

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Tinha alguma coisa na pele dela (pálida e macia, sobre a qual ele distribuía alguns beijos ansiosos) que o tirava um pouco do sério.
Aquela pele que, por tanto tempo, quisera sentir contra a sua, mas conseguia apenas recuar após tocá-la levemente.
E mesmo depois de tudo, ainda era possível ouvir silenciosamente as palavras de amor que há pouco haviam sido ditas, e que agora pairavam acima do amontoado de cabelos embaraçados que dividia um travesseiro.

Com um sorriso discreto no rosto, ele não pôde evitar pensar em como era bom tê-la ao seu lado (e continuou a pentear os longos cabelos dela com a ponta dos dedos).

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Por fim, tinha alguma coisa no coração dele (que ela sabia muito bem que ele tinha, em algum lugar lá dentro, e devia ser grande) que ela sabia ser seu, assim como o dela pertencia a ele.