Aquilo foi estranho.

Um garoto entrou na nossa classe e começo a dar a aula. E a Monica ficou ali parada a seu lado e logo começou a rir.

Mas tarde eles começaram a conversar e ele revelou ser o próprio franjinha. Fiquei muito feliz por ele estar tão bem sucedido.

Ele explicou que estava fazendo vários estágios para conseguir seu objetivo, e que esta escola era a que dava o salário mais alto para lecionar. Claro! Ninguém iria querer trabalhar ali se não fosse assim.

Também disse que Titi e Jeremias estavam em outra sala. Lógico já que também eram mais velhos; ele ate pediu que fossem busca -los, lá em suas classes para conversamos todos.

Não iria reconhecer mesmo. O Titi estava tão alto e forte. Um clássico membro dos Bercerkers. Ele ate tinha a tatuagem deles. Disse que tinha se unido no final do ano passado. E levou uma bronca da Monica, junto de Jeremias. Ela os ordenou que se unissem a ela.

Acabou que o Franjinha não conseguiu dar aula nenhuma, e começamos a papiar e por todo o papo em dia. Tenho certeza que ele continua apaixonado pela Marina! Ririri. Sempre que ela se aproximava ou dizia algo ele se embananava todinho e enrolava as palavras.

Foi um dia muito divertido.

Mas...na hora de ir embora, o Cebolinha surgiu com o Cássio. Nós tínhamos nos tornado amigos depois que ele ajudou a Carmem; e estava ate rolando um clima. Ele parecia meio tímido, não sei...

Mas o que o Cebolinha disse me chocou muito.

Ele o apresentou como o Cascão. O próprio Cascão! Como assim ? Não pode ser...

Mas o meu pânico não poderia ser descoberto. Muito menos nossa relação. Aquilo tinha que acabar.

Por sorte a Monica voltou a falar, e contou ao Cas..Cascão sobre o plano dela de tomar a cidade de volta. Titi que pertencia a uma das gangues mais poderosas, afirma que ela poderia se desculpar em uma praça; lá era zona neutra e ela poderia ir ate lá e convocar os lideres para se explicar dos motivos de sua ausência.

Aconselhou ela mentir e falar algo mais serio do eu achar um amigo.

A Monica é fogo. Ele mal estava dando a "idéia de migué" e ela já estava enviando os recados para encontrar todos na tal praça.

=~^~ ºº~^~=

Eu me lembro que estávamos cercados, e não tinha o que fazer. Aquelas pessoas más queriam e ririam nos machucar, quando alguém interviu por nós.

Me lembro de correr junto de Monica, Cebolinha e Cascão; lembro que ele ainda estava machucado e sangrando, tinha cabos saindo dele como se estivesse fugido de um hospital. Mas nós corríamos mesmo assim.

Mas aquele garoto loiro... de olhos azuis e cabelo cacheado não sai da minha cabeça.

Não consigo descobrir quem ele era.

~~ºº~~

A idéia era bem simples na verdade; como era zona neutra ninguém podia atacar ninguém. Ate por que o primeiro que atacasse seria derrubado pelos demais.

Mas quando chegamos no local... estavam todos abatidos.

Mortos no chão.

O nervoso fazia minha fome aumentar. Isso não era nada bom.

Cássio... Cascão não parava de me observar a distancia. Como eu queria saber o que ele estava pensando. Mas não era hora pra isso.

Devia ter umas vinte ou trinta gangues ali. Era muita gente morta.

E de pé estavam apenas os homens estranhos com roupas do avesso. Eles nos olhavam e sorriam de forma muito assustadora; pareciam ate predadores olhando suas próximas vitimas. Aquilo estava errado, muito errado. Nós tínhamos que fugir dali!

Todos nós corremos com um bando de crianças. E eles começaram a atirar; e rir, gargalhar.

Aquilo foi fantástico. Me assustei, mas foi um susto bom.

A Monica simplesmente quebrou uma parede e pôs na nossa frente e nos mandou correr de lá. Ela tinha poderes como eu! Eu podia contar a ela!

Mas não era a hora para alegrias, estávamos sendo caçados.

Nunca senti tanto medo e alegria ao mesmo tempo. O som dos tiros não paravam, e nós não tínhamos como nos defender. Derrepente a Marina saca um lápis e implora para que nós não contemos a ninguém. E desenha um monstro no chão.

Eu não sei como, mas o monstro sai do desenho e se torna real. Nos protegendo e atacando os homens que atiravam.

Fico em choque enquanto ela e a Monica nos defendem.

Eu me lembro que ela fazia isso. Desenhava e se tornava real. Mas pensei que era coisa da imaginação de uma criança.

–--- Vem cá gatinha! Ta na hora de se divertir um pouco! --- Um cara vem por traz de nós e me captura.

Ele me arrasta ate longe de todos e o Cascão é o único que tem coragem de vir me ajudar. Ele consegue derruba -lo com o guarda-chuva mas estávamos longe de todos e bem no centro dos inimigos. Aquilo estava muito perigoso.

–--- Magali... Corre. Corre pra bem longe. ---- Ele retira o casaco e põe sobre mim, com calma enquanto fala. O casaco negro se torna branco quando ele tira e o transfere pra mim. Aquilo foi estranho. ---- Corre agora!

Ele grita, eu me assusto e corro o mais rápido que posso.

A fome aperta começo a ver todos como se fossem petiscos. Eu tinha que sair de lá ou me tornaria um perigo para meus próprios amigos.

Olho para traz uma ultima vez. Preocupada com o Cascão. Eu não queria abandona- lo, mas se eu ficasse. Iria devora -lo também.

O prédio abandonado a onde estávamos, começa a ruir. O limo aumenta e o ferro começa a se tornar pura ferrugem, e ele desaba!

Em segundos tudo começa a ficar poder e velho.

–--- Cascão!!! ---- Eu paro de corre no mesmo instante e grito chamando por ele, mas não ouço resposta. Minha fome da lugar ao desespero em ver meu amigo desaparecer em um mar de escombros.

Com os inimigos derrubados, os outros conseguem chegar ate mim e me escondo nos braços do Cebolinha. Conto o que ocorreu e todos começam a dividir o mesmo desespero que o meu. O Cebolinha ate vai ate lá tentando tira ele dos escombros.

–--- Saiam daqui! ---- Ouço a voz do Cascão vinda dos entulhos, uma ultima vez antes de toda a podridão começar a se alastrar e vir em nossa direção.

Um dos capangas inimigos, estava caído ferido pelos escombros, e não nos importamos. Estávamos preocupados com o Cascão. Quando a podridão começou a se aproximar a Monica puxou o Cebolinha de volta. Ele estava tentando entrar nos entulhos para tirar o amigo.

O homem caído foi pego pela sujeira e começou a apodrecer também. Ele gritou e implorou por socorro. mas não podíamos fazer nada.

Foi horrível.

Ass: Magali Noëlle Guiffray