Limoeiro escrita por Dyryet


Capítulo 3
Diferenças ou conseqüências


Notas iniciais do capítulo

(Para que esta confuso pelo que disse inicialmente nas notas e o que estou fazendo com a trama. Se acalme. Apesar de shippar muito DC com a Mônica a minha ideia é dar umas reviravoltas e deixar vocês confusos e curiosos.)



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Bem... Por onde começar?

Sim fomos forçados a sairmos do limoeiro, mas agora estamos de volta. Mas nada esta como eu imaginava...

Antes de voltar eu já sabia tudo o que havia ocorrido por lá. Por isso liguei para minha melhor amiga Mônica para lê contar; mas ela estava tão feliz que eu não consegui.

Na escola pude ver com os meus próprios olhos o horror que minha tenra cidadezinha havia se tornado. Uma jovem bem animada usando marias-chiquinhas e roupas da moda vem ate nós com desdém. Mas ela não era má. Apenas nos prontifica sobre os últimos ocorridos como se quisesse fofocar conosco.

Acompanhada de uma bela jovem de longos e dourados cabelos ondulados, elas nos relatam com medo tudo o que sabiam sobre o bairro do limoeiro. Revelam sobre os lideres das gangues seus pontos e rivalidades.

Mônica ouvia a tudo de um modo estranho. Parecia ate que ela prestava atenção de mais em cada minuciosa palavra da moça com marias-chiquinhas a deixando relatar o máximo de detalhes que poderia.

E ela revela, revela ate mesmo as vestimentas de cada gangue. Seus símbolos. Cada um pior que o outro. Ela revela sobre uma gangue em especial. Parecia ate que eram os seus prediletos... me dava repulsa.

O intervalo não parecia ter fim. E elas não paravam de falar. E Mônica ainda dava corda. A moça loira chamava muita a atenção. No começo eu achava bom. Tirava a atenção de cima de mim. Mas depois... comecei a temer por ela.

Os rapazes não paravam de xavecá-la. Se é que posso chamar disso... Chamavam ela diretamente com todas as intenções e palavras. Ela apenas os ignorava. Ate que.....

–--- Eu sua gostosa! Para de bancar a puta cara; sua vadia. ---- um homem se aproxima. Ele usava as roupas do avesso e eu achei que estivesse drogado. Parecia mais velho que nós, por conta da barba e tatuagens. Ele me assustou muito.

–--- Tira as mãos de mim!!! ---- ela ordena, mas é inútil. O homem tatuado a arrasta para longe de nós enquanto o restante de seu grupo fecha em cima da gente como um cerco.

A moça de marias-chiquinhas entra em pânico e grita o nome da amiga. Carmem ela diz.

Já a Mônica se põe a querer resgata-la. Mas antes que ela pudesse fazer algo eu posso ver o homem tatuado e seus amigos caírem um por um no chão. Podia reconhecer fácil o grupo pôs todos usavam roupas do avesso. Era tão ridículo!

Tenho que me esforçar para poder ver o que ocorria. Todos queriam ver.

Um rapaz que usava um longo casaco negro, havia batido com um bastão no homem tatuado. Bastão? Não era um guarda-chuva. Enorme que mais parecia uma marreta. Mas era apenas um guarda-chuva.

Ele não era forte. Mas era tão rápido que consegue derrubar todos antes que consigam acerta-lo. Fico admirada com aquilo.

Só depois que todos estão no chão é que ele se vira e estende a mão para Carmem. Usava luvas também negras com um tom de marrom. Ela pondera em aceitar e depois se levanta, voltando em silencio ate onde nós estávamos. E ele vai embora.

–--- Nossa que tudo! Você foi tipo salva por um cara! ---- a moça de marias-chiquinhas comenta ao receber a moça loira.

–--- Isso não foi nada de mais. Ao julgar pela cara de mal encarado dele e este modo dele lutar deve ser de uma gangue também e vai querer algo em troca depois. ---- ela se senta na mesa desanimada. ---- Não acredito que voltei para este fim de mundo por cauda de uma idiotice...

–--- Voltou? ---- a Mônica questiona animada. Parecia que esperava alguma resposta em especial. ---- Seria por uma promessa?

–---- Claro que não! ---- a loira indaga quebrando o sorriso da Mônica. ---- Eu vim para ser modelo. Me chamaram para fazer uma serie que será filmada aqui. Mas eu tenho que continuar estudando.

–--- Unf... ---- a Mônica volta a se desanimar e encara o corredor como se quisesse ir atrás do jovem que havia salvo Carmem. Mas a julgar pelo seu modo de se portar ela estava certa. Ele seria problema.

O intervalo acaba e as aulas começam novamente. Aquele ambiente era terrível. Eu podia ver as pessoas “fazendo” pela janela. Aquilo não era mais o meu querido bairro de infância. Não era assim que eu me lembrava.

Eu só queria chorar o tempo todo. Mas a Mônica estava comigo. Sempre me apoiando e me protegendo.

Nunca senti tanto medo em uma escola. Mas eu não podia ir embora, aquele era o meu lar.

Sentia constantemente que tinha posto a roupa errada naquele dia. Estava chamando muito a atenção. Eu queria sumir. Não queria ser notada por nenhum daqueles vândalos.

~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~

Mas agora já era. Estava cercada... e na melhor das hipóteses iria ser estuprada. Por que fui voltar? Por uma promessa boba de infância?

Sinto alguém pegar o meu braço e me puxar. Meu estomago embrulha e aperta. Minha fome eterna aumenta e eu tampo o meu rosto com o intuito de me segurar.

O rapaz que me puxa estava distraído com os nossos perseguidores. Ele não percebia o perigo que eu poderia ser... quando estou nervosa.

A Mônica também não esta me dando atenção agora. Ela esta parada; estatizada o vendo derrubar os marginais com um ursinho de pelúcia.

Eu estava mais concentrada na minha fome. Minha barriga roncava... tudo parecia tão cheiroso. Sai correndo e abandonei a Mônica com aquele cara e os marginais. Ela sempre soube se virar.

Eu não podia pagar este mico na frente dela. Ela não poderia saber. Mesmo sendo minha melhor amiga, eu não queria que ninguém soube-se. O que ela iria pensar de mim?

Quando vi já estava em casa.

Abro armários e a geladeira. Me sirvo de tudo o que esta em casa. Literalmente.

–--- Magali... --- minha mãe vem por traz de mim e pega o que sobrara do prato que estava o bolo. Ela me encara; não com raiva ou triste, mas preocupada. Joga a peça de louça entre uns jornais e depois no lixo. Suspira e senta ao meu lado. Não diz nada por alguns minutos. ---- Como você esta? ---- ela só me diz isso e me ponho a chorar em seus braços. Conto tudo. O que sentia e o que passei.

Eu odiava aquilo. Morria de vergonha. A fome...

Quando eu era pequena todos me chamavam de esganada. Eu comia tudo. Bem... comia apenas comida. Mas não tinha frescura. Hoje minha fome não tem fim.

Olho para o saco de lixo enquanto choro nos braços da minha mãe. Me envergonho em ver que mais um prato de louça estava indo para o lixo com marcas de mordidas.

=~^~ ºº~^~=

Desligo o telefone menos preocupada. Eu confio na Mônica e sei que ela vai conseguir nos unir novamente. Mesmo que demore. Nós só precisávamos voltar. Não era algo tão difícil assim.

Minha avó dorme cedo e naquele dia eu estava muito nervosa. Não conseguia dormir...

Desço ate a cozinha movida por uma fome lancinante. E ataco a geladeira.

De manha meus pais se surpreendem com o que eu havia feito ali e me repreendem. Eu havia zerado a geladeira, armários e o estoque, mas ainda estava com fome.

E dai em diante foi sempre assim. Eu tinha fome. Constantemente. E nada me saciava. Eu crescia e minha fome junto. Ate que um dia passei muito mais muito nervoso, pois me zombaram na escola pelo volume da minha merenda. Cheguei em casa e ataquei a geladeira novamente.

Quando minha mãe chegou eu não entendi o horror em seus olhos. Eu só estava com fome. Olhei para baixo e me toquei que havia comido não apenas os alimentos, mas também seus recipientes, assim como talheres.

Passei por vários médicos após este incidente. Apenas para me dizerem que eu não tinha nada de errado. Mas a minha mandíbula partia concreto e meus dentes podiam rasgar o aço. E a cada dia que passava isso aumentava.

Me sentia como os monstros dos contos de terror ou filmes de teve. Aqueles que não podiam se conter. Que matavam e comiam tudo e todos.

Um dia tive um ataque. Meu namorado terminou comigo e fiquei muito triste. Neste dia... dou graças a deus por Mingal ser um gato e não um cão. Ele conseguiu escapar de mim. Mas não o sofá.

~~ºº~~

Passada a minha crise volto ao meu quarto. Ligo para a Mônica varias e varias vezes. Mas ela não me atende. Me culpo por não tela ajudado e entro em desespero. Apenas para vê-la pular minha janela e parar a minha frente, ainda estagnada.

–--- Mônica o que ouve? ---- pergunto eufórica. Mas ela não me responde. Ainda estava em choque.

Faço um chá e a entrego. Só depois da segunda xícara ela começa a falar. E não para mais...

–--- Era ele Magali eu tenho certeza tenho! Plena certeza disso! Era o Cebolinha! Só podia ser! ---- ela falava andando de um lado a outro do meu quarto e me deixava tonta. ---- Aquele era o sansão que eu dei ao Cebolinha!

–--- Poderia ser um coelho igual... ---- tentei explicar inutilmente.

–--- E por que diabos um garoto estaria com um coelhinho de pelúcia na mochila?! Magali! Olha o foco. E ainda por cima chamar de amuleto da sorte. ---- ela então se calou e voltou a devanear. ---- Amuleto da sorte... Ele chamou o sansão de amuleto da sorte...

–--- Calma Mônica. E se for mesmo ele? Está na cara que ele fez isso para nos proteger. ---- fui ate ela e a fiz se sentar na minha cama. ---- Se for mesmo ele... ele nos reconheceu. E por isso tirou o sansão daquele jeito. Já estava esperando por nós. ---- ela não me responde. Esta tão distante. ---- Como foi lá? Ele conseguiu te proteger não foi? Ele te devolveu o sansão? Foi pra isso que ele o levou.

Ela então se pôs a chorar. E eu não entendi.


Magali Noëlle Guiffray


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Notas finais do capítulo

(Gente linda! Quem shippa ai? E com quem? )