Travei quando percebi que tínhamos sido flagrados ao sair de um...           bem você sabe; eu não posso narrar isso aqui no cross over, já disse.                    A Limoeiro é +16 só pode em Pitangueiras vou poder me libertar do jeito que eu quero.

              A Magali travou e não sabia onde enfiar a cara já eu... nem sei o que senti.

A pessoa a nossa frente olhou de cima a baixo para nos como se assim pudesse ver nossas almas, pois não parecia acreditar nos próprios olhos.

E então um sorriso estranho lhe subiu aos lábios e antes que o meu corpo voltasse a funcionar ela sacou seu aparelho celular e bateu uma foto de nós.

—--- Ei! ---- agi por puro reflexo e já agarrei o pulso frágil da moça. ---- Que merda você tem na cabeça? ---- eu não a reconheci. E na verdade nem tinha como. Estava muito diferente do que eu esperava que ela fosse nesse mundo, ou em qualquer um.

—--- Me solta agora. Se não quiser um mega processo. ---- ela fala seria e convicta me olhando no fundo dos olhos como se eu fosse a escoria da sociedade e não merecesse a tocar. E nessa hora eu a reconheço. Esse olhar... só podia ser de uma pessoa.

—--- Apaga essa bosta ou eu quebro teu pulso aqui e agora. ---- falei e logo senti um sorriso se formar em meu próprio rosto sem o meu controle.

                                                                   Eu queria muito que ela me peitasse mesmo.

Penha...

A temida.
Uma das filhas da puta que era uma dos nossos inimigos.

Eu podia ate tentar me fazer de trouxa e imaginar que nesse mundo ela era uma pessoa melhor... Mas não. Não com esse olhar dela. Ela era com toda certeza era o mesmo ser desprezível em qualquer lugar.

—--- Você só pode estar brincando? Depois do que a sua amiguinha fez...? Acha mesmo que algum dia eu vou perdoar? ---- a voz dela chega a tremer, seus olhos vibram de ódio e eu ate sinto os pelos do meu braço se arrepiar. Mas eu a puxo com tudo na minha direção. ---- Ei. Me solta agora! ---- ela faz o maior escândalo, mas isso não me impede de pegar o aparelho de suas mãos.

Já tinha aprendido algumas coisas e tirar o bloqueio desses aparelhos resetando; era fácil. Mas eu queria saber se ela tinha enviado aquilo para alguém. Então o guardei.

—--- Me devolve agora. Eu vou chamar a policia.

—--- Chama. Tem um ali. ---- apontei para o mesmo guardinha gordo que tinha me enchido o saco e perdido uma grana.

Eu realmente estava me divertindo nesse mundo.                       E eu não esperava por isso.

Era um mundo frágil.

Com pessoas inocentes e despreparadas.

Mas ai então resolvi parar de brincar como uma criança no parquinho e prestar um pouco mais de atenção nela.

Ela não parecia ferida, mas usava um grande chapéu que encobria parte de seu rosto não me deixando ver como ela estava. A maquiagem era pesada... parecia ate um reboco de parede, e ela nunca foi de errar assim...                                       Pelo menos imaginei que ela mais velha não faria isso. Então... o que ela estava escondendo ali?

Fiquei realmente curioso com isso e puxei o chapéu dela com tudo sem me importar em machucá-la. Ela ate tentou segurar ele e por de volta, mas era uma garotinha frágil.

—--- Puta que pariu... ---- o palavrão ate me escapou e a Magali cobriu a boca ao ver o que havia ocorrido com ela.

Os sempre longos e vistosos cabelos dela estavam curtos. Mas não apenas curtos, estava esmigalhados como se alguém tivesse cortado com um cortador de grama e outra pessoa tentou consertar... mas não deu não.

Uma área estava raspada.             Literalmente raspada e nessa parte estava escrito em uma letra grande e bem bonita ate, a palavra “vadia”. Foi um trabalho muito bonito mesmo... quem fez tinha uma boa mão e muita maldade na alma; cheguei ate a gostar da pessoa sem saber quem era. O “v” estava perto da sobrancelha e o ultimo “a” chegava a pegar atrás da orelha.

—--- Caralho. Alguém finalmente fez algo... Com quem você mexeu em? Você sempre se achou intocável desde pequena. Finalmente achou um limite. ---- eu não conseguia evitar olhar e rir muito. Ela tentava se cobrir e no fim saiu correndo, mas eu continuei rindo e muito.

—--- Nossa Cássio. O que será que ouve? ---- a Magali fala meio preocupada e curiosa ao pegar o celular dela do meu bolso e olhar o aparelho que estava novinho. Tinha ate o plástico ainda... ---- Melhor pedir ao Frankillin para desbloquear isso, antes que as fotos viralizem e de muito errado para os dois. Tudo que fizermos vai cair sobre eles.

—--- Verdade. ---- falei voltando o caminho. Mas não importava se eu me teleportasse ate o cara, a velocidade que aquelas fotos vazaram foi anormal... E quando cheguei para falar com ele sobre o assunto ele já sabia de tudo e tinha ate uma opinião formada.                     E só tomei bronca atrás de bronca.

—--- Vocês não sabem que tudo que fazem cai para nós? Vocês já vieram sabendo disso! Nosso plano de esconder vocês? Como podem sair vestidos assim? E ainda ir para um lugar desses?

Foi muita bronca mesmo.

Eu nem me lembro a ultima vez que tomei uma bronca.
Tinha saído de casa há tantos anos... e vivido com os caras, que já nem sabia mais o que era isso.

—--- Eu sinto muito mesmo... sei que nossas atitudes não tem explicação. Foi tudo tão... rápido. Agimos na emoção. ---- ela tenta se explicar e o loirinho apenas bufa, e caminha de um lado para o outro como se tentasse pensar algo para reverter à situação.

—--- Vocês só estavam parados na frente do lugar. Da pra desmentir. Não tem como provar que saíram de lá. ---- ele praticamente fala sozinho, mas meu foco volta ao estado da garota. O que será que ouve com ela?

Quem tinha conseguido fazer aquilo com ela? A temida Penha.

Deixo então eles em paz e vou ate o meu eu que a essa hora deveria estar em sua casa mesmo e lá o encontro a tentar se parecer mais comigo.

Foi estranho ver isso.

Primeiro o garotinho ruivo me acha maneiro e agora a minha versão boyzinho também pareceu aprovar... Olha. Eu fiquei bem feliz com isso sim.

—--- Pelo jeito... Eu tava certo. ---- falei de boas, mas ele me olhou espantado como se tivesse fazendo algo que não devia, mas logo se acalmou. E acabou que conversamos um pouco...

Acho que ele precisava desabafar com alguém, mas não queria falar disso com ninguém; então falar comigo foi a melhor das opções. Ele tinha acabado de terminar com a Gabriela e estava meio desnorteado, eu sei que tinha de dizer algo e ajudar, mas eu só queria rir e o parabenizar. Tinha pego raiva dela depois do que ouve então o contei a mina versão e um breve resumo da minha vida.

Acho que no fim das contas... eu não tinha tantos motivos para ter inveja dele.

Eu não odiava a minha vida tanto assim. Eu era bem mais livre que ele. Podia fazer o que eu quisesse e com quem.

Já ele...

Apesar de viver com os amigos e a família estava infeliz, preso em deveres e forçado a ser alguém que ele não era.

oOoOoOoOoOoOo         Separaçao de Ficks             oOoOoOoOoOoOo 

Aff. Que merda de vida.

Tudo bem vamos lá

Já nem lembro direito o que estava havendo aqui.

Deixa eu recapitular por que acho que ate você se perdeu.

—--- Eu não quero! ---- ela grita e depois tapa os lábios; e começa a chorar. ---- A verdade é que eu não quero... namorar o Cascão. Por que você não pode ser o Cassio?

—--- Por que eu... Eu sou o Cascão. E sempre serei o Cascão. E se você não gosta...

Eu não tinha condições de terminar essa frase.
 Acho que no fundo eu nunca falei o que realmente pensava; apenas remoia e aceitava as coisas, por que sabia que se abrisse a minha boca... no momento que eu falasse e nos realmente discutíssemos, nos não iríamos nos resolver.                                      Iríamos terminar.

Parei em frente ao espelho e fiquei me olhando...

Sei que era um costume feminino isso de querer radicalizar o visual. Mas me deu muita vontade de mudar do nada. Ou melhor de fazer tudo que eu sempre quis fazer e ela não deixou.

Eu tenho uma leve falha na sobrancelha e sempre achei legal essa moda de fazer um detalhe nela, mas a Gabriela achava que isso era coisa de maloqueiro e não deixava. Notei que o outro eu tinha esse cortinho, na verdade dois; bem na falha então já que a dele não iria crescer do nada para conseguir fingir ser eu e se disfarçar, aproveitei essa desculpa e fiz igual.

Ele também tinha as orelhas furadas, mas isso eu tinha um pouco de receio, mas queria fazer também. Desenterrei a minha jaqueta xadrez do armário e amarrei na cintura olhando no espelho e me senti muito mais eu mesmo. Isso me encheu de alegria de um jeito que você não imagina e corri ate o shopping.

Voltei de lá horas depois metade arrependido e a outra metade completamente realizado.

E voltei a me olhar no espelho.

—--- Pelo jeito... Eu tava certo. ---- é muito bizarro ouvir a voz dele assim. Por que ela é a minha, mas ele não fala como eu; tem um tom meio... Eu não sei te explicar.

Só sei que tomei um susto o vendo parado na porta do meu quarto assim.

—--- Posso te fazer uma pergunta; reto e direto? ---- acho que foi a primeira vez que vi um indicio de educação vindo dele, então acenei que sim com a cabeça; ate por que estava curioso, e ele entrou fechando a porta e se sentando sobre a cama. ---- Penha. O que ouve com essa piranha afinal? Acabei de ver ela e não entendi.

Ele fala tranqüilo, mas eu demoro alguns segundos para me tocar do que ele estava falando e acho que ele percebe isso na minha expressão. ---- É uma longa historia, mas tudo bem.

E assim eu o revelo sobre as trocas de corpos e também quem havia trocado com quem e o que havia ocorrido com cada troca. E estranhamente ele me ouve calado sem interromper em momento algum, ate mesmo quando eu me atrapalhava e tinha que voltar algum detalhe.

O único momento que ele pareceu querer esboçar alguma emoção foi quando citei esse amigo do Dc que eles pareciam odiar muito.

—--- Então foi ele... A Monica de vocês fez mesmo um acordo com ele? É por isso que ele não para de ser citado nesse cross over? Ele a ajudava a se vingar e aparecia mais na trama... ---- ele fala quase rosnando.

Eu entendia bem por que eles não gostavam do cara... No mundo deles o cara era um assassino que matou os nossos amigos.                                              Mas e aqui?

Eu não sabia o que pensar de tudo isso.

Nós e eles...

Ate onde éramos parecidos? E o que mudava ou fez mudar?
Essas coisas me deixavam curioso e muito preocupado. Bem mais preocupado que curioso. Eu olhava para ele e não conseguia pensar que algo me faria ficar assim.

—--- Acho. Que temos de conversar. ---- ele fala quase como se lesse a minha mente, mas nem me espanto. Seria estranho se ele não me entendesse. Afinal... ---- Vocês já estão sabendo muito bem o que enfrentamos do lado de lá. Mas eu quero saber o que acontece aqui.

—--- Mas eu acabei de te falar tudo cara. Tu é surdo? ---- falo meio indignado e ele apenas ri da minha cara.

—--- Não digo isso caralho. Digo entre mim e você... Você é feliz com a vida que leva? Não mudaria nada? ---- ele fala ao caminhar no meu quarto e o olhar por inteiro. ---- Sabe... Por muito tempo sonhei com essa sua vida. Crescer aqui. Nunca ter saído e ter essa vidinha e não vou esconder... Que tem um lado meu morrendo de inveja de você. Mas... Fazer o que? ---- ele finaliza ao me olhar nos olhos. ---- Você... Tem algo que gostaria de me perguntar? Que eu o ajudasse?

Eu não soube o que dizer...

Mas logo tudo fluiu.

Primeiro perguntei sobre Gabriela, depois foi a aparência e daí em diante todo tipo de coisa.

Aquilo foi melhor do que ir a uma consulta de psicólogo.

E espero que os outros tivessem tendo o mesmo proveito.