Com os Anos escrita por Lena D


Capítulo 2
Rachel e Quinn aos 5 anos


Notas iniciais do capítulo

em itálico são os pensamentos de Quinn, como eu havia comentado no capitulo anterior a fic toda praticamente é contada pela visão dela. desculpem qualquer erro.



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Quinn passou os olhos pela classe do segundo ano infantil. Conhecia a maioria de seus colegas do ano anterior tinham frequentado juntos a creche. Para um olhar inexperiente a pequena Quinn apenas desenhava, mas na realidade se encontrava pensando de quem roubaria o almoço aquele dia. Sua mãe mandou novamente uma maçã. Uma maçã! Sério mamãe?

Localizou Kurt a esquerda , tentando construir com legos a torre mais alta que tinha visto aquela classe de infantil. Hummm.... a mamãe de Kurt costumava fazer uns lanches gostosos... Mas já tinha roubado seu almoço no dia anterior e não queria que o pobre menino ficasse raquítico por sua culpa. Era tão bondosa!

Passou sua vista e viu Sugar que brincava com uma enorme quantidade de massinha de modelar multicolor. Sugar , Sugar... quantas vezes a professora te disse que não se misturam as cores de massinha ? Quinn sacudiu a cabeça desaprovando o gesto de sua companheira , ia ficar outro recreio de castigo olhando a parede. Aquela menina não aprendia nunca. Uma vez a própria Quinn tinha misturado as massinhas e logo colocou a culpa em Sugar, como ela fazia sempre a professora havia acreditado e a menina ficou sem sair no pátio. Humm... a mamãe de Sugar costumava fazer uma mescla deliciosa de biscoitos. Lambeu os lábios só de pensar nelas, era uma possibilidade.

Junto a Sugar também jogando com as massinhas estava Rory, os bolinhos com recheio de creme eram um manjar e...

A voz da professora a tirou de seus pensamentos de rouba almoços. Levantou a vista só para ver como uma senhora desconhecida entrava na classe com uma menininha morena pela mão, que caminhava timidamente ao seu lado. A pequena escondeu seu rosto na perna de sua mãe, em quanto a voz da professora atraia todos os olhares das crianças sobre ela. Oh, outra sonsa para que Quinn roubasse o almoço. Genial !

A professora apresentou a moreninha como Rachel e todos repetiram em coro “Olá Rachel” como haviam ensinado a responder aos novos alunos. A tal Rachel ficou vermelha antes de responder com um tímido gesto de mão. Um pouco de conversa entre a professora e a senhora Berry e a mulher agachou diante da pequena para se despedir antes de deixar a classe. Nossa que drama! Rachel se aferrava a seu pescoço como se sua vida dependesse disso. Vamos criança ! É só uma classe de infantil e quero saber o que você trouxe de almoço.

Por fim a senhora Berry se foi e Rachel deu a mão a professora olhando nervosamente pela sala. Se deixou levar até o lugar onde Sugar e Rory jogavam com a massinha . Ai Sugar ! foi pega sua tonta... Quinn sorriu ao ver como a professora começou a brigar com a pobre menina porque “ A massinha não se mistura “. Claro que não , mas mesmo assim não castigou ela sem recreio. Por que não ? Que injusta a vida.

Viu a tal Rachel se sentar junto a Rory e Sugar disposta a jogar um pouco com a massinha. A morena disse algo que Quinn não conseguiu escutar pela distância que os separava , mas logo ao abrir a boca Sugar e Rory começaram a rir apontando o dedo e tirando sarro dela por alguma razão desconhecida. Depois haviam levantado a toda velocidade deixando a nova sozinha olhando a massinha. Oh oh... ia começar a chorar com certeza.

Já sabe como são as classes de infantil , ali as noticias correm como pólvora , e em questão de segundos todos olhavam a Rachel pelo canto do olho e soltavam risinhos falando coisas ao ouvido. Quinn olhava as crianças cruéis e a Rachel. A Rachel e as crianças cruéis. De que podiam estar rindo? Não podia ser de quatro olhos, já que não levava óculos. Não podia ser de seu aspecto físico, era uma menina bonitinha. Hum... mistério. Até que Kurt o fofoqueiro chegou até seu lado onde estava “pintando” e disse rindo:

“A novata fala esquisito”

E como suspeitava, Rachel estava chorando ainda sentada junto com as massinhas. Quinn jamais havia visto lágrimas daquele tamanho saindo dos olhos de ninguém, e isso porque ela tinha feito chorar a quase todas as crianças daquela classe. Mudou a cor da pintura que levava entre os dedos. Acabariam suspeitando que levasse muito tempo com uma mesma cor. Escolheu a verde em quanto seus olhos seguiam observando “a nova que fala esquisito”.

Por fim a senhorita Holliday se deu conta do drama que estava acontecendo em sua aula e foi ao encontro de Rachel, aquela morena precisava ingerir algum liquido ou acabaria se desidratando. Ela e a senhorita Holliday conversaram por um tempo. A senhorita não ria da forma que ela falava... Ou não falava esquisito, ou sua professora sabia agüentar o riso como uma profissional. Uma das duas.

Bom, ao menos Rachel já não chorava. Só esfregava o nariz e soluçava um pouco.

Quinn gostaria de dizer que lhe dava pena, mas tinha que ser sincera com ela mesma seguia se perguntando o que tinha preparado sua mãe de almoço. Descobriria na hora do recreio.

Uh... a senhorita estava batendo palmas para captar a atenção de todos ali presentes. Vinte pares de olhos se pousaram na professora e “Na nova que fala esquisito”.

– Não quero um riso mais! – exigiu a professora em um tom que fez a classe ficar em completo silencio. Só se podia ouvir o soluço da novata.

– Rachel não fala esquisito. – começou a explicar.

– Sim, fala esquisito! Parece que tem a língua de trapo1 – apontou Sugar ganhando o riso de quase todos seus companheiros.

– Não é verdade! – exclamou de repente Rachel – Eu sou de Nova York tonta!

Wow...Era verdade a nova fala esquisito. Quinn não pode evitar soltar um risinho diante daquele acento tão estranho. Mas em seguida ficou seria de novo. O que colocariam as mães de Nova York para o almoço?

Umas risadinhas, a bronca da professora e tudo ficou resolvido. Bom solucionado não. Eram crianças de cinco anos estariam se burlando da forma de falar de Rachel para sempre. De forma silenciosa, sem chamar a atenção da senhorita Holliday.

Rachel se sentou sozinha e de vez em quando se corpo estremecia em razão do soluço. Quinn sorria divertida cada vez que isso acontecia. Aquele ano no primeiro infantil não ia ser nada entediante.

Por fim a hora do recreio. As crianças saíram correndo para um pátio enorme, em segundos todos os balanços estavam ocupados, risos e gritos enchendo todo e cada canto. Seus companheiros comendo seus respectivos almoços a velocidade da luz. Sabiam que Quinn estava perto e não queriam voltar para classe com a barriga vazia.

A pequena loira caminhou tranquilamente por entre seus colegas, olhando divertida como metiam seus lanches rapidamente por suas pequenas bocas. Bah... não tinha pressa. Tentava localizar Rachel, queria saber o que era seu almoço, um almoço de Nova York. Não tinha ideia de onde era Nova York, mas se a comida dali era tão estranha quanto o modo de falar da morena, valia a pena provar. Só por curiosidade !

Oh... ali estava, sozinha, sentada em uma das mesas que ninguém usava durante o recreio, em um canto do pátio. Quinn ficou com água na boca quando localizou a bolsa que estava na mão da novata. Ali devia estar seu misterioso almoço. Mas que demônios! uhh David... se sabe o que te é bom deixa essa bolsa em paz... Pensou ao ver seu inimigo se acercar da morena. Se David pensava que podia roubar o almoço de seus companheiros sem mais nem menos... Que falasse para sua mãe colocar um almoço decente, esse pátio é de Quinn Fabray !

Rachel viu quando um menino se acercava e olhou para ele desconfiada. Ia rir dela outra vez.

– o que tem na sua bolsa? – interrogou aquele menino e Rachel baixou a vista para a bolsa que sua mãe tinha preparado aquela manhã.

– Eh... meu almoço. Acho que minha mãe colocou biscoitos – admitiu.

– Você não tem almoço? – estranhou ao ver que ele tinha as mãos vazias.

– Se você quiser eu posso dividir – ofereceu já tirando seu pacote de biscoitos.

Em um rápido movimento David tirou o pacote de suas mãos.

– Ei – protestou Rachel olhando feio, tentando recuperar, mas David a empurrou e ela acabou no chão com as palmas das mãos doloridas pela queda.

Não tinha visto ela chegar, mas uma menina loira tinha saído do nada e jogou seu agressor no solo e estava com o pé no peito dele o impedindo de se levantar e fugir.

– David...foi tudo que necessitou dizer em um tom pouco amigável. Estendeu sua mão e o pequeno ladrãozinho lhe entregou o pacote com o almoço sem reclamar. Rachel olhava a cena de boca aberta.

– Saia – disse a menina loira liberando o ladrão com seu pé. E o menino saiu correndo como se o diabo estivesse atrás.

A menina loira se voltou para ela e lhe estendeu a bolsa sem dizer uma palavra. Rachel se levantou do solo recuperando seu almoço e sorrindo para sua salvadora.

– Obrigada – disse educadamente – São biscoitos se quiser podemos dividir...

– Me dê – ordenou com a mesma voz que tinha falado com o tal David. Rachel franziu o cenho.

– Me dê, tenho fome – exigiu novamente.

– Mas é meu almoço...- protestou a morena – te dou alguns biscoitos e podemos ser amigas – sugeriu.

– Não quero ser sua amiga... Quero seu almoço – contestou Quinn.

– E porque não pede aos seus amigos – franziu o cenho a morena se aferrando a seu almoço. Aquela menina loira não tinha o direito de comer seus biscoitos ainda menos se não queria ser sua amiga.

– Não quero ter amigos, só almoço – explicou a loira.

Quinn olhou ao redor verificando senão tinha ninguém por perto para ver ela socializando com “a nova que fala esquisito”, e se sentou junto a ela na mesinha. Viu como desembrulhou seus biscoitos, humm... de chocolate e creme por dentro, seus favoritos.

Rachel riu alegremente ao ver sua cara, possivelmente babando por aqueles deliciosos biscoitos.

– Quer ser minha amiga? Te darei meus biscoitos todos os recreios – provou a sorte novamente a pequena morena.

Quinn olhou os biscoitos e a Rachel. A Rachel e os biscoitos. Diria que sim depois fingia que não se lembrava. Que mente mais brilhante Fabray !

– Tudo bem – enganou a Rachel e se sentiu um pouco culpada ao ver como aqueles olhinhos marrons se iluminavam porque tinha uma melhor amiga.No fim não devia ser tão ruim.

– Tudo bem – exclamou a morena colocando seus biscoitos no meio da mesa para que ambas pudessem alcançar – Pegue uma e veja como elas são deliciosas – a animou em quanto metia uma inteira em sua pequena boca e sorria.

Quinn a olhou e não pode deixar de rir ao ver alguns de seus dentinhos com chocolate quando ela sorria amplamente. Pegou um biscoito e deu uma mordida. Santa Mãe ! Estavam deliciosas.

–Agora que somos melhores amigas... posso me sentar com você na classe? – perguntou a morena em quanto olhava como sua nova amiga degustava seus biscoitos.

– Bom...- encolheu os ombros a loira – Que mais fazem as melhores amigas? – Quis saber exatamente em que estava se metendo, para conseguir continuar comendo aqueles biscoitos estava disposta a quase tudo.

– Não sei... se sentam juntas na classe, jogam juntas e se contam segredos – Enumerou a morena.

– Ah...tudo bem então – concordou Quinn, não parecia tão difícil afinal.

Haviam voltado do recreio a quase uma hora e as crianças já tinham se cansado de tirar sarro de Quinn por ser amiga da “nova que fala esquisito”. A pequena loira olhava de vez em quando para Rachel que estava totalmente concentrada em terminar um desenho.Não quis lhe dizer o que era, já que era uma surpresa. Sorriu um pouco quando viu a morena com o cenho franzido e com a língua de fora em quanto realizava o que parecia ser a parte mais difícil de sua obra de arte. Os gestos daquela menina eram muito divertidos e seus biscoitos deliciosos. Talvez gostasse de ser amiga de Rachel Berry.

– Pronto ! – exclamou a morena deixando de lado o lápis amarelo – Está terminado... – informou a Quinn – E você terminou o seu?– Quis saber.

Esse tinha sido o trato, fazer um desenho cada uma. Quinn só tinha aceitado porque fazer um desenho de verdade era mas interessante do que fingir estar desenhando. Rachel havia dito que ao terminar dariam de presente uma para outra, isso era outra coisa que faziam as melhores amigas pelo visto. Que estranha era a amizade!

– Sim, eu também terminei –admitiu Quinn. Fazia séculos que ela tinha terminado.

– Eu te dou o meu primeiro – Disse a morena estendendo seu desenho com os olhos brilhantes pela excitação.

Quinn o pegou e olhou... Wow Rachel havia colocado muito empenho naquele trabalho.Tinha uma casa no fundo,arvores , um sol gigante e logo ao lado um boneco um tanto desfigurado com as pernas muito curtas e os braços muito grandes, pontos verdes como olhos e um borrão amarelo... O cabelo? Ao seu lado outro boneco igualmente feio, mas com pontos marrons por olhos e um borrão café como cabelo.

– Gostou? Somos eu e você na minha casa. Podemos brincar sempre que quiser.

Quinn a olhou em silencio pensando em lhe dizer que de forma alguma aquele espantalho era ela, mas viu o brilho de esperança nos olhos de Rachel e se obrigou a sorrir.

– Sim..é... muito bonito – Mentiu

– Você pode colocar no seu quarto – sugeriu a morena extremamente contente que sua melhor amiga Quinn houvesse gostado.

Sim,fique esperando.

– Toma... esse é o que eu fiz – Ofereceu sua folha meio branca.

Rachel pegou com um sorriso de orelha a orelha. Riscos pretos.

– O que é? – teve que perguntar a morena.

– Eh... riscos pretos – apontou Quinn se sentindo incomoda. Rachel se havia esforçado muito mais que ela. Estava claro.

– Eu gostei dos seus riscos pretos Quinn – sorriu novamente a pequena morena – Vou colocar na parede do meu quarto! – anunciou com orgulho.

Wow... Que menina mais esquisita. Mas desde aquele momento mesmo que Rachel deixasse de levar biscoitos para o recreio não se importava de ser amiga dela.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado, até a próxima !