O plano real escrita por LennaAnna
– Não acho justo, Edward. – disse Dalila, a rainha de Estamporello.
– Nada nessa vida é justo para você? – o rei se irritou – Já lhe disse que é para o bem de Estamporello. Quando nós morrermos...
– Nós não vamos morrer tão cedo Edward! – Dalila elevou o tom de voz, que ecoou pelo salão principal do castelo.
Ambos desviaram o olhar para o lado direito e visualizaram uma silhueta escondendo-se atrás de uma enorme pilastra de mármore.
– Coralina... – Edward chamou – Você não tem mais idade para brincar de esconde-esconde.
– Perdoem-me. – a garota saiu de trás da pilastra e andou até os pais, com o rosto um pouco vermelho de vergonha e com a cabeça inclinada para baixo.
– Ouvindo nossas conversas agora? – a rainha indagou.
– Já pedi perdão mamãe.
– Não foi essa a educação que lhe demos – ralhou o rei.
– Eu só não quero me casar. – Coralina protestou.
– Se você ouviu nossa conversa, certamente deve ter ouvido também a parte em que disse que é para o bem de Estamporello.
– Chega papai! – a menina irritou-se – Tudo é para o bem de Estamporello, mas nada é para o meu bem.
E então ela virou as costas e saiu andando.
– Onde pensa que vai? – o rei a chamou, mas ela apenas ignorou-o. – Coralina volte já aqui!
Ela não obedeceu. Colocou sua capa com seu capuz e empurrou a grande porta de madeira de entrada do palácio, deixando para trás os protestos do pai e dois guardas do castelo sem saber o que fazer.
Ao longe ela conseguiu ouvir as ordens do pai: “– Andem logo seus incompetentes, vão logo atrás dela caso contrário cortarei a cabeça de cada um de vocês!”.
Mas Coralina já estava montada em Otto, seu cavalo e rumando para fora do castelo.
Ela sempre foi uma moça rebelde. Estava só à espera de um motivo para fazer uma loucura e sair cavalgando sem direção.
Sempre lhe disseram o que tinha que fazer; o que tinha que vestir; o que tinha que falar; o que deveria comer e com quem deveria falar... Tanto é que Cora tem apenas uma pessoa para chamar de amiga, mas mesmo assim, Rei Edward é contra. Agnes é filha de uma das cozinheiras e cresceu no castelo junto de Coralina.
A moça cavalgou por muitos minutos e quando olhou para trás, conseguia ver o castelo bem longe, já pequeno, em cima da montanha de Estamporello.
Então quando se deu conta, ela estava no vilarejo. Escondeu-se com Otto atrás do muro da venda, em um casebre velho de madeira. Parecia um estábulo abandonado. Um grupo de lenhadores passou perto de onde ela estava escondida e ela rezou para que Otto não fizesse nenhum barulho.
Depois do susto ela resolveu que era a hora de voltar para o castelo. Sua rebelião estava na hora de terminar. Até que Cora ouviu cornetas e trompetes. Era o toque de recolher.
Ninguém entra e ninguém sai do vilarejo. “E agora?”, pensou ela. Ficou ali, imóvel, até que os guardas passassem de um lado para o outro durante alguns minutos e logo foram embora.
Decidiu então amarrar Otto e procurar algum lugar para passara noite, já que se fosse para o castelo agora certamente ouviria muitas broncas e gritos do pai. Pela manhã ele dorme, então nem a veria chegar.
Coralina ainda com sua capa e seu capuz, camuflava-se nas sombras e caminhava lentamente, preocupando-se sempre em olhar para trás para certificar-se de que não estava sendo seguida. Até que entrou em uma parte residencial do vilarejo. Muitas choupanas tinham apenas um leve brilho de lampião e outras estavam em completo breu.
A moça encostou-se a uma árvore coberta de neve e quase cochilou. Foi acordada por um toque de um cidadão.
– A senhorita está bem? – era um rapaz bem apessoado, porém, com uma feição triste.
Coralina imediatamente ligou seus olhos nos olhos do rapaz e soltou um suspiro de alívio. Ajeitou sua capa, como se estivesse se aquecendo e assentiu.
– Sim, obrigada.
– Mas o que faz aqui? – ele indagou. – Você é Coralina, filha do rei.
– Shhh! – ela fez sinal para ele falar mais baixo. – Não quero que ninguém saiba que estou aqui.
– Por quê?
– Fugi do castelo – ela disse – Meu pai está furioso.
– Imagino. – ele concordou. – Bom, eu não quero ser preso por traição ao rei, mas também não posso deixar a princesa Coralina do lado de fora na neve.
Ele estendeu a mão para que Coralina se levantasse e ela retribuiu o gesto segurando com força a mão do rapaz.
– Entre, minha mãe irá nos preparar um chá ou talvez um leite quente. Eu arrumarei um lugar para que você possa passar a noite com conforto. É difícil ter conforto nessas condições – disse ele apontando para o vilarejo –, mas com jeito sempre conseguimos o mínimo de dignidade.
– Acho terrível o que meu pai faz com vocês. – ela disse – Quando eu assumir o trono de Estamporello, tudo será diferente.
– Então você pensa em assumir o trono? Mas seus pais são bem jovens ainda...
– Eu sei. – ela respondeu – Mas do jeito que meu pai anda procurando pretendentes para mim, acho que ele quer me casar de uma vez para que eu assuma logo o trono, pois acho que ele tem medo de morrer.
Alexander então teve uma brilhante ideia, mas preferiu ficar em silêncio, pois não sabia bem qual era a da princesa Coralina.
– Bem, seja feita a vontade do rei. Mas que seja feita sua vontade também, Vossa Alteza. – ele riu – Vamos entrar, está frio e você pode se resfriar. – Alex estendeu o braço e a moça o segurou.
– Eu lhe agradeço muito senhor...
– Alexander. – ele sorriu – Alexander Ride, muito prazer.
– Coralina de Estamporello, – ela sorriu de volta. – o prazer é todo meu.
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Espero que estejam gostando. Logo postarei o terceiro capítulo :3