Caindo Em Tentação escrita por Bruna Trevisan


Capítulo 2
A Fuga




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CAPITULO I


"O primeiro senso é a fuga. Bom, na verdade é o medo, aí então a fuga."

Olhando para cada lado da rua pela décima vez, eu finalmente tomei coragem e corri porta a fora.

Era uma típica noite cinzenta e nublada quando eu tinha começado a colocar meu plano em prática. Cinco minutos antes de tomar coragem para fazer o que eu estava prestes a fazer uma chuva torrencial começou a cair lá fora, fazendo com que meu corpo inteiro se arrepiasse.

– Não será hoje que um ventinho de nada vai me atrapalhar - Resmunguei entre dentes, não acreditando em minhas próprias palavras.

Abrindo a porta do meu novo Porche, tentei inutilmente tirar a água que estava armazenada em meu cabelo, molhando todo o tecido caro do banco ao lado.
Coloquei a chave na ignição e me dirigi a parte mais pobre da cidade. Para a casa de Francis para ser mais exata.

Só em mencionar seu nome meu corpo inteiro fervia de raiva e angústia, lembrando da mensagem qual eu receberá mais cedo.

"Como pode ser tão imbecil? Será que essa sua linda cabecinha loira não consegue pensar nada além da roupa que vai usar amanhã? Enquanto pinta suas unhas seu namorado fode outra, vadia"

È claro que eu fiquei puta com essa mensagem, certamente sendo de alguém que estava gozando da minha cara neste exato momento. Mas a curiosidade e a insegurança duelavam entre elas para ver quem me destruiria primeiro, e é claro que eu não consegui resistir.

Aqui estou eu, Juliette, em um bairro pobre, pulando este portão enferrujado, de uma casa caindo aos pedaços, enquanto poderia estar tocando a campainha e ter a certeza de que ele estava em mais um de seus longos treinos de futebol.
Tudo dentro de mim gritava, que isso era redondamente errado, que eu era uma boba por dar ouvidos para uma mensagem anônima. Meu lado sensato achava isso. Mais é claro que o lado ingênuo e imbecil iria ganhar essa batalha.

Havia alguma coisa errada, eu pressentia isso, e não era de hoje que ela sentia isso. Primeiro a sua súbita mudança de humor, suas respostas grosseiras e hostis, e o modo frio como me tratava.

O nosso namoro sempre foi tão firme, e hoje, completando três anos de namoro, ele não pediu sequer para me ver!
Após rasgar toda a meia calça, quebrar o salto do meu Louboutin e sujar todo o meu elegante vestido preto, consegui entrar no quintal de sua casa. Francis sempre foi muito pobre, mais eu não me importava com isso, ele era a única pessoa que eu amava e que o sentimento fosse
recíproco.

Depois de tanto tempo tentando recuperar os pedaços do meu coração destroçado, eu conheci Francis.

Um rapaz novo, bolsista, que tinha entrado na nossa escola por puro mérito de sua inteligência. Ele era meigo, gentil, um perfeito cavalheiro, e aos poucos conseguiu ganhar meu coração. Era tão diferente de como estava agora.
Por isso, e outro motivos não acreditei que fosse o mesmo Francis, meigo e gentil que eu estava vendo agora pela janela de seu quarto.

Esse era o Francis que minha melhor amiga dizia que ele era. Minha ex melhor amiga. Por que era ela que meu namorado estava comendo
nesse exato momento.

Eu sentia que ia explodir, como se meu coração estivesse saindo da minha boca. Se eu não tivesse tão destruída naquele momento eu armaria um belo barraco e sairia porrado para todo for lado. Mas a única coisa que eu cogitei naquele momento era correr, correr para longe dali, longe daquela cena nojenta e confusa que eu tinha acabado de presenciar.

Antes que eu conseguisse me mover, um rosnado agudo surgiu a menos de dois metros atrás de mim. Momentos depois latidos fizeram todo o meu corpo estremecer, e olhando para o lado avistei o enorme Rottweiler me encarando com um olhar que me fez tremer dos pés a cabeça.

Eu definitivamente me esqueci de Peter quando pulei o portão.

Todos achariam que eu fui covarde, e bem, eu fui, quando eu olhei pela janela e encontrei o olhar de Francis, me encarando com a testa franzida, e a expressão confusa e chocada, quando a minha única reação foi correr.

Olhando para trás, notei que Peter continuava a correr atrás de mim. Merda! Como eu fui burra. Quando ele estava prestes a abocanhar minha perna, impulsionei meu corpo para frente e minhas mãos conseguiram alcançar a grade do portão. Agradeci a todos os anos de balé por minha flexibilidade naquele momento. Estando prestes a aterrissar do outro lado, percebi que estava presa, e lá embaixo estava ele, com as presas brancas e afiadas segurando a calda do meu longo vestido. E então eu fiz a única coisa que conseguiria me tirar dali naquele
momento, me preparei e pulei.

Mesmo com todas as aulas de balé eu nunca estaria preparada para isso.
Caí esticada no chão, com as mãos esparramadas sobre a minha cabeça. Ohh Deus. Mais tarde eu sentiria a dor por isso. Mais no momento eu estava anestesiada, minha cabeça rodava e a adrenalina se infiltrou pelo meu corpo. Em poucos segundos eu já estava correndo em direção
ao meu carro.

Fechando a porta eu finalmente comecei a pensar com mais clareza, e então a dor voltou. Ela ferroava meu coração, e pela primeira vez eu me arrependi de ter lido aquela mensagem, ou então dado a partida no meu carro por causa desse plano estúpido.

Era assim que você se sentia? Quando você perde todos que você ama e que você acha que podia confiar? Um vazio de merda que ninguém nunca poderia preencher!? Essa não foi a primeira vez que alguém me abandonou, mas agora, dessa vez eu estava completamente só. A dor que se instalava no meu peito era tão grande, que era como se chumbo estive presente no lugar do meu coração. Na verdade eu preferiria que fosse isso, doeria menos.

Então eu notei que estava sem gasolina, ótimo. Eu tinha certeza que quando saí de casa o tanque está cheio. Decidi passar a noite por ali mesmo, o lugar mais parecido com o meu coração que eu poderia encontrar.

Continuei chorando encolhida no canto do banco. Que tal Julie? Passar a noite inteira com a bunda espremida dentro de um carro?

È, a idéia realmente me parecia fenomenal.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem,



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