Finalmente sexta-feira. Todos estavam animados, exceto Seiya, que havia passado uma noite de cão, na cabana de Shiryu e Ikki. Como só haviam duas camas no local, ele dividiu uma com o Dragão:
-Seiya... Cê me zoou ontem, mas hoje cê que tá horrível, véio... – caçoou Aiolia. – Cê tá com a maior cara de... Corno arrependido.
-REPETE! REPETE SE CÊ É HOMEM, AIOLIA!
-Caaaaaaaaaaaaaaaalma bichinho! – segurou-o Aldebaran. – Aiolia, melhor tu deixar o garoto quieto. Ele num tá legal...
-É... Foi mal Seiya, desculpa aê.
O Pégasus nada respondeu. Apenas se sentou, calado e afastado dos demais:
-Shiryu o que aconteceu com ele? – perguntou Shun.
-Segredo Shun. Jurei não falar nada a ninguém.
-Tá né...
-Hey, cadê a Sammyrah e a Kammy? – questionou Milo.
-Acordaram mais tarde. Daqui a pouco elas chegam – respondeu Danielle.
Foi a ruivinha fechar a boca que as duas entraram:
-Bom dia, rapazes – saudou Sammy – Como vocês est-...
-Credo! Que cara de fim de tubo de pasta de dente é essa, Seiya? –interrompeu Kammy. – É sexta-feira! Ânimo, cara!
-Nem se fosse o ultimo dia de aula eu estaria feliz.
-Ih... Não sei o que foi... Mas ele tá realmente down.
O Cavaleiro respirou fundo e perguntou:
-Quem é o professor hoje?
-Professor não... Professoras! São as mestras Shina e Marin. – respondeu Mireiya.
-Ah é? – o Cavaleiro abriu um sorriso. – Acho que é hoje que me dou bem!
O sino tocou e as duas amazonas entraram rapidamente na sala de aula, sem o uniforme tradicional. Usavam túnicas brancas, com mangas curtas e com a saia um pouco acima do joelho:
-Bom dia. Peguem seus livros de Biologia e abram na pagina 4.
-Biologia?! – exclamou Seiya – E eu achando que ia me dar bem...
-Deixe disso, Seiya! – falou Marin.
-E porque duas professoras? – interroga Shura – Alguém pode me explicar?
-Na verdade... Serei apenas eu que darei a matéria. – respondeu Shina. – A Marin é substituta quando eu estiver em missão... Entendeu, Shura?
-Sim, Psôra...
-Em nossa primeira aula estudaremos sobre a Primeira Lei de Mendel.
-Peraí... Não era aula de Biologia? – interrogou Aldebaran.
-É aula de Biologia...
-Oxi... Mas essa história de Lei num é coisa de Direito?
Todo mundo deu risada. Shina gritou, devolvendo o silencio a sala e começou a escrever a matéria na lousa, cruzamentos genéticos e aquela história toda de Aa x Aa, características dominantes e recessivas, etc.:
-Então... Suponhamos que a mãe possui genótipo Aa e o pai AA. Qual será o resultado desse cruzamento?
Todos ficam com cara de paisagem, sem entender nada. Shina então resolve o cruzamento:
-Teríamos 2 indivíduos AA e 2 indivíduos Aa. Perceberam como dois irmãos podem ser diferentes?
-Professora... É como eu e o Ikki que, apesar de sermos irmãos, não nos parecemos em nada... – falou, timidamente, Shun.
-Exatamente. Entenderam a matéria?
-Sim...
Seiya permaneceu calado a aula toda. Perto do final da aula, todos combinavam de irem fazer o trabalho de história. Milo foi até a frente da sala, e se ajoelhou na frente da carteira de Kammy:
-Eu falei com o Grande Mestre ontem. Ele nos deu autorização para irmos amanhã à biblioteca de Athenas. Tudo bem?
-Sem problemas...
-Mas o que você fará com essa máscara?
-Pensarei em um jeito. Relaxe.
O sino tocou. Todos pegaram suas coisas e deixaram à sala de aula, felizes, já que agora só teriam aula de novo na segunda-feira. Como no dia anterior, Seiya foi para o Coliseu, ver os treinos dos aspirantes a Cavaleiros. Ele já até dava risada, vendo Afrodite dando chilique com Alexandre, quando sentiu um perfume familiar no ar. Era Saori, acompanhada de Shô, que fora ver os treinos:
-O clima estava ótimo... Até agora... – resmungou o cavaleiro, pegando a bolsa de couro que carregava, retirando de dentro seu Walkman, onde havia uma fita K7 do Europe e uma revista, ignorando totalmente a presença dos dois.
-Ora... Boa tarde Seiya. – saudou Shô – Não esperava te ver aqui, ainda, no Santuário...
-Can't you see it in my eyes… This might be our last goodbye...
-Isso foi grosseiro de sua parte, Shô! – repreendeu Saori. – Como vai, Seiya?
-Carrie... Carrie... Things they change, my friend…
-SEIYA!
-Ah, perdoe-me, Athena… - respondeu ele, retirando os fones do ouvido e reverenciando a deusa – Veio ver como está o treinamento dos futuros cavaleiros?
-Vim apenas tomar um ar fresco. Bem... Até a vista...
-Até mais, Seiya – falou Shô.
-Carrie... Caaaaaaaaaaeeeeeerrieeeeee... – ignorou Seiya, recolocando os fones.
Assim foi o restante do dia. Seiya conseguiu outra cabana. Agora seria companheiro de Louise, que só aceitou dar hospedagem ao Cavaleiro de Bronze em troca de um selinho de Marin. Porém, naquela noite, o discípulo de Milo havia combinado de sair com Kammy, Sammyrah e Pierre, então pensava em um jeito mirabolante de driblar o Pégasus. Enquanto isso, o rapaz retirava suas coisas da cabana de Shiryu, como sempre, com seus fones no ouvido:
-Sin tu amor ya no puedo sentir mis recuerdos, ya no puedo borrarme tu nombre en ningún lugar del corazón...
-Seiya? O que você está ouvindo? – perguntou Shiryu.
-Sin tu amor, el silencio se queda en mis manos, ocupando tu nombre una eternidad como sombras en la habitación...
-SEIYA! CÊ TÁ ME OUVINDO?!
-Ah! Desculpa Shiryu! – falou o cavaleiro retirando os fones. – O que cê perguntou?
-Que raio de música é essa que você está ouvindo. AH... NÃO ME DIGA QUE VOCÊ ESTÁ OUVINDO...
-Pois é...
-Mas você não tinha trauma de Menudo?
-E tenho... Mas... Me deu vontade de escutar essa música. A letra tá falando tudo que eu sinto e-...
-Definitivamente... O amor deixa as pessoas idiotas!
-Quer calar a boca e me ajudar?
-Vai ficar aonde?
-Na cabana do Louise.
Shiryu ajudou Seiya a se mudar. Já eram mais de nove da noite. Pierre estava na cabana do grego, assistindo a novela e comendo pipoca:
-E aí Seiya? Decidiu de vez ficar com os pirralhos? – perguntou o discípulo de Camus, com a boca cheia de pipoca.
-Quieto, sua tangerina! – invocou-se o Pégasus – O Louise me deixou ficar aqui.
-Além de ter ganhado um selinho da Marin, só fiz isso porque não vou com a cara daquele Cavaleirinho de Aço!
-Você também não?
-Fala sério! A gente se mata treinando cinco, seis anos, comendo o pão que Hades amassou pra conseguir se sagrar Cavaleiro. Daí vem um playboyzinho de merda, treina menos de dois anos em um laboratório, cheio do requintes, veste uma armadura toda mecânica e se diz Cavaleiro de Athena! NINGUÉM MERECE!
-Cê tá com toda a razão, pirralho!
-Né não, Seiya! Tomei suas dores véio! Cavaleiro tem que ter Cosmo-energia, porra! Armadura mecânica? Isso é coisa dos Turboranger.
-Isso aê Louise! Já vi que vamos nos dar bem.
-Ai Ai... Cada uma viu... - resmunga Pierre – Vamo sentar e ver a novela? Valeu!
Seiya e Louise estavam se dando bem. Era exatamente isso que o jovem grego queria: conquistar a confiança do Pégasus para poder sair. Às 11 da noite, Sammy e Kammy jogaram uma pedrinha na janela dos rapazes. Era o sinal:
-Será que eles vão mesmo? – perguntou a loira, sussurrando.
-É claro. Você acha que eles vão perder uma festança a fantasia?
Dentro da casa:
-Louise, eu acho que tem alguém jogando pedrinhas na janela. – falou Seiya. – Ah mandrião! Tá de xaveco com alguma amazona é?
-Na verdade Seiya... – falou Louise, retirando a túnica comprida que usava, revelando uma fantasia de He-man – Nós vamos a uma festa a fantasia em Rodório.
-Caraca... As escapulidas até Rodório ainda rolam? Pensem que tinham parado depois que o Jabu e os outros reforçaram a segurança.
-Eles não ficam de olho – respondeu Pierre, apenas colocando uma coroa de folhas de louro na cabeça, completando sua fantasia de Romano. – Então subornamos o guarda com uma garrafa de rum.
-Ah! Bom saber... Vou agora mesmo a sala do Saga, relatar isso a ele.
-Cagueta! – exclamou o alaranjado.
-Você não faria isso Seiya... Faria?
-Não se me levarem junto.
-É uma festa a fantasia...
-Ah! Ainda bem que eu trouxe uma coisa na mala. Sabia que ia ser útil.
-O que? – perguntaram os dois, curiosos.
-Já irão ver.
Seiya entrou no banheiro carregando algo embalado em papeis brancos. Demorou cerca de cinco minutos e saiu usando um terno branco, camisa preta e com os cabelos penteados em forma de topete, cheio de gel:
-Gostaram da minha fantasia de Tony Manero?
-MAAAAAAAAASSA! – exclamou Louise – Agora vamos antes que as meninas fiquem com raiva.
Ao verem os garotos saírem da cabana junto com Seiya que as meninas ficaram com raiva:
-Se vocês não querem, não irei... Mas o Saga vai ficar sabendo de tudo.
-Grr! Tudo bem, você vai! – concordou Sammyrah, vestida de Fantasma da Ópera, porém em uma versão mais sexy, feminina, com os cabelos soltos, um a camisa de mangas compridas brancas com um corselet preto por cima e saia da mesma cor, além de uma máscara branca, que mostrava somente sua boca – Mas se tentar algo, nós matamos você.
-Ele não vai tentar nada, Sammyrah... – indagou Kammy, fantasiada de Don Juan, usando camisa de manga comprida branca, colete vermelho, saia preta, botas vermelhas, cabelo preso em forma de coque e uma máscara preta que também deixava a boca a mostra. – Ele está muito deprimido para fazer qualquer coisa. Seria bom para ele tomar um porre.
-Tem razão... Pode vir, Seiya. Mas faça silêncio.
Os cinco “subornam” o guarda e deixam o Santuário rapidamente. Na festa, como sempre, as duas futuras amazonas escapavam dos galanteios dos rapazes na festa:
-Ah, fala sério! – exclamou a ruiva, de mãos dadas com Louise – Tá difícil dançar em paz! Os caras bebem um pouco e já ficam assim...
-Calma Sammy! Ninguém mandou ser gostosa e... OPA! Falando em gostosa, tô vendo uma She-ha ali do outro lado que tá pra mim!
-GALINHA! – gritou a ruiva, indo para o canto onde estava Kammy e Pierre.
-Pierre... Você não tinha uma fantasia mais criativa não? – perguntou a loira. – Romano é tão clichê!
-Mas eu não sou um simples romano. Sou César! – explicou o discípulo de Camus, fazendo uma pose brega.
-Ai como você é brega, Pierre! – enfezou-se Sammyrah, dando um tapa na cabeça do alaranjado – Alguém viu o Seiya?
-Está ali... Encostado no canto, agarrado a uma garrafa de Vodka.
-Então vamos deixar ele na depressão dele e vamos dançar! – falou Sammy, puxando os dois franceses.
O trio estava dançando feliz, quando Sammyrah foi abordada por um moreno alto, vestido de mafioso, porem sem camisa. Rapidamente, seguiu o rapaz:
-É Pierre. Só restou você e eu.
-Só restou você! – surpreendeu-lhe o alaranjado, seguindo uma moça vestida de diabinha.
-Agora essa! – irrita-se a loira, indo pro lado de Seiya – Bora dançar Seiya! Sei que você é bom nisso.
-Me deixa... Tô maior down!
-ÓTIMO! EU NÃO PRECISO DE VOCÊS PARA ME DIVERTIR!
A loira parte sozinha para a pista e fica dançando sozinha, até que escuta uma voz familiar atrás dela:
-Isso não é hora de uma aspirante estar dançando em uma festa fora do Santuário.
Quando ela se vira, depara-se com Milo, fantasiado de Zorro:
-O que faz aqui? – pergunta ela, espantada.
-O mesmo que você. Escapei para me divertir. Jura não contar nada?
-E você vai contar algo?
-Nada!
-Então o segredo fica selado. Vamos dançar?
-Opa! Demorô!
Enquanto os dois dançavam, Seiya ainda se lamentava “namorando” a garrafa de vodka. Eis então que ele repara em uma moça de corpo super curvilíneo, fantasiada de Mulher Gato. Preocupado que a aparência da moça fosse efeito da bebida, chamou Pierre, que estava do seu lado:
-Qualé cara, eu tô tentando me dar bem. – implicou o alaranjado.
-Você bebeu alguma coisa?
-Eu sou menor de idade, criatura!
-Então me responda duas coisas: aquela mulher gato realmente é uma mulher?
-Sim... Ao que consta.
-Beleza... E ela é realmente gostosa.
-Gostosa é pouco! Vai fundo, mandrião!
-Valeu Pierre! Agora volta pra tua diabinha.
Seiya começou a trocar olhares com a moça, que finalmente se aproximou, nada falou, apenas o beijou. Apesar de estar gostando do beijo, ainda pensava em Saori. No fim do beijo, a garota sorriu. A voz conhecida lhe surpreendeu:
-SHINA?! Mas o que você faz aqui?
-O Milo me chamou para vir. E como aquela folgada da minha discípula anda escapando para essas festas, vim atrás dela, espionar.
-Por que você me...
-Bebi muito e estou um tanto quanto alegre. Apenas fiz o que tinha vontade. Algum problema com isso?
-Na verdade não... Foi bom. Mas... Ia te pedir para não repreender as garotas. Elas só vieram porque eu pedi.
-VOCÊ?
-É... Eu estava triste, o Pierre comentou da festa e eu falei que gostaria de vir.
-Entendi... Então... Não vai querer mais ficar comigo?
-Ah! Vem dançar!
A festa durou até altas horas, porém os Cavaleiros saíram de lá as 4 horas, antes que qualquer guarda ou cavaleiro de bronze acordasse para fazer a ronda e os pegasse no flagra. Como Shina também foi a festa, deixou um aviso para Marin e Helena, dando uma trégua no treino das garotas, e o mesmo foi feito por Milo, com os treinos de Pierre, Alexandre e Louise.