O Coração Quer O Que Ele Quer escrita por MissAnnie


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Fala galera, como foi o domingo de vocês? O meu foi ótimo.
Bom eu não sou a Ca e nem a Mica/Annie, hoje quem vai postar o cap vai ser eu Lolis. Porque a Ca ta na estrada e a Mica/Annie ta meio insegura em postar esse cap em particular, então me ofereci. Vocês vão entender o porque da insegurança daqui a pouco.
Bom a Mica/Annie e a Ca tinham pedido sugestão de nomes e decidimos por Undestiny, pois significa muito pra gente por termos um grupo com esse nome mas em português. A Mica/Annie pediu pra dedicar esse cap pra todas vocês que comentaram e deram ideias de nomes pra nossa banda, principalmente a justperina que deu uma semi ajuda com o nome. Bom o cap de hoje tem algo que todas nos esperávamos a algum tempo, o que será?... Só lendo pra descobrir, então vou parar de falar e deixar vocês lerem o cap, então ate as notas finas, espero que gostem.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/592432/chapter/28

“Só pra você eu tenho os olhos e meu coração. Espero o teu sorriso e as tuas mãos. Não esquece, o sol renasce amanhã. A vida enfim vivida de manhã. Quando tenho você é, sempre você é meu sol.”

Meu Sol– Vanguart

POV PEDRO

Parece que fora ontem o dia em que, numa desses churrascos de turma, nossa banda fora criada. Eu, Vicky, Paula, Luiz Cláudio e Rominho, cinco universitários tocando numa banda por hobbie e que agora virara trabalho.

FLASHBACK ON

“Fê, não acredito que você esqueceu o som!” Aline estava possessa já que o namorado esquecera um item tanto quanto essencial para um churrasco: o som.

“Eu posso pegar meu violão no carro, fazemos um som e tal.” Ofereci-me já esperando pela reprovação dos demais que, felizmente, não veio.

“Amor, eu posso cantar!” Vicky, como sempre, escandalosa oferecera-se.

“Se precisarem de uma percussionista...” Paula, a garota dos dreads, aparecera e trazia os dois que formariam a banda à tira colo.

“Posso tirar um sonzinho no violão também, cara.” Luiz Claudio dissera.

“Opa, também ajudo!” Animou-se Rominho.

Confesso nunca ter trocado mais de duas ou três palavras com os três últimos na faculdade, mas tudo mudara depois desse churrasco.

FLASHBACK OFF

Todos têm sonhos, e por puro acaso do destino – ou do (in)destino -, juntamo-nos para tentar realizar um sonho em comum: levar nosso som por aí. Mas, durante nosso caminho até essa realização alguns obstáculos colocaram em prova o que realmente queríamos.

FLASHBACK ON

“O que?” Indaguei furioso.

“Isso mesmo que ouviram: eu, Victória, estou deixando a banda.”

“Você não pode deixar a gente assim na mão.” Paula dissera inconformada.

“É, Vicky. Temos algumas festas marcadas, você não pode deixar a gente na mão.” Rominho dizia como numa súplica para que ela não nos deixasse.

“Meu pai conseguiu um contrato numa gravadora pra mim, vou gravar um cd solo. So sorry, galera.”

“CD solo?” Perguntamos em uníssono.

“Eu mereço algo melhor do que uma bandinha de faculdade.”

FLASHBACK OFF

Enquanto um filme passava em minha cabeça, tornei-me alheio ao que se passava ao meu redor. Posso dizer que voltei à realidade quando notei que meus pais e minha irmã encaravam-me confusos.

“Pedro, meu filho, você tá me ouvindo?”

“Delma, o quê que deu nesse menino? Será que ele entrou em estado de choque?”

“Maninho, liga pra sua Esquentadinha. Só a Ka pra dar um jeito nesse moleque.”

Ligar para ela tornara-se uma tarefa árdua nos últimos dias. Não que eu estivesse sem crédito ou que ela não atendesse. Antes o problema fosse esse...

“A Karina tá ocupada esses dias, não tem como ela vir aqui dar um jeito em mim.” Afundei-me no sofá, abraçando uma almofada.

“Vocês brigaram?” Tomtom viera curiosa, sentando no braço do sofá.

“Não. Mas parece que ela tá me evitando.”

FLASHBACK ON

“Oi, Pê. Não tô podendo falar agora.” Ela já atendera com a intenção de desligar.

“O que você tá fazendo?”

“E-eu? Eu tô fazendo umas últimas compras antes da viagem.” Sua voz parecia tensa, o que aguçara a minha curiosidade ou desconfiança.

“E quem tá com você?”

“Eu tô sozinha.” Respondera ríspida.

FLASHBACK OFF

“O que ela diz quando você liga?”

“Que está ocupada com as últimas coisas pro intercâmbio.” Respondi com desdém.

“Você tá desconfiando de alguma coisa?”

FLASHBACK ON

Estávamos no meu quarto, aproveitando que todos haviam saído, para aproveitar um pouco o tempinho que tínhamos juntos. Mas mesmo naquele momento algo me preocupava, e com motivo.

“Ka, sobre aquele lance de estágio...” Iniciei cuidadosamente.

“Pê, eu decidi o que farei.” Disse decidida.

“E então?” Eu estava apreensivo por sua resposta.

“Uma experiência dessas contaria muito, mas eu prefiro não me envolver com isso agora.” Respirei aliviado e ela continuara. “E também, eu vou estar muito ocupada até o dia da viagem, então é melhor não.”

“Você sabe que eu te apoiaria caso decidisse por fazer o estágio, né Esquentadinha?” Ela assentira. “Mas tô mais de boa agora, sabendo que você não vai cuidar daquele babaca.” Beijei-a na testa. “Agora vem aqui, acho que tô com febre.” Disse-lhe manhoso.

“Tá com febre nada, Pê.” Disse após levar sua mão a minha testa.

“Ah não, Esquentadinha. Finge que eu tô e vem cuidar de mim.”

“Mas é bobo mesmo...”

FLASHBACK OFF

“Na-não. Ela disse que não faria aquilo e eu confio nela.” Pensei alto.

“Do que você tá falando, maninho?”

“Nada, Tomtom. Vou tentar ligar pra ela.”

A menor fora atrás dos nossos pais, eles iriam ao shopping e a menor faria companhia, e eu fui para meu quarto. Procurei pelo celular, apanhei-o e deite-me na cama. Procurei por seu nome na lista de contatos, toquei-o e a chamada fora iniciada. Não demorou muito para que ela atendesse.

“Oi, Pê!” Sua voz, diferente das outras vezes, era animada. “Tá ansioso pro lançamento?”

“Oi, minha Esquentadinha. Tô sim.”

“Que voz desanimada é essa, Pê? O que houve?”

“Nada, Ka. Tô ligando pra confirmar a hora que eu vou passar aí. Vamos juntos, certo?”

“Nada disso.”

“Que?”

“Hoje é o seu dia. Eu vou passar aí de carro pra irmos juntos. A estrela é você, moleque.” Riu e confesso que aquela risada, sumida nos últimos dias, mudara o meu desânimo.

“Você venceu, Esquentadinha. Eu tenho que chegar mais cedo, pra passar o som. Você pode vir mais cedo também, pra gente aproveitar um pouquinho...”

“Tem alguém em casa agora?”

“Não, meus pais e a Tomtom foram passear no shopping e só devem voltar mais tarde. Por quê?” Ela nada respondeu, ficara um silêncio do outro lado da linha. “Karina?”

A chamada fora encerrada. Quando iniciei o processo inicial de ligar para ela, a campainha soara. Caminhei até a porta, quem apareceria ali àquela hora? Girei a maçaneta e ao abrir a porta, não contive um sorriso, ela correra e abraçara-me, selando nossos lábios num beijo terno.

“Você tava aqui o tempo todo?” Puxei-a para dentro de casa.

“Acabei de chegar, Pê. Quando você me ligou, eu tava estacionando o carro.” Respondera risonha.

“O que foi, Esquentadinha? Você tá rindo demais pro meu gosto. Anda, fala o que tá acontecendo.”

“Você não acha estranho eu estar aqui a essa hora? São o que?” Olhara no celular. “Nove e quarenta e sete? Muito cedo pro lançamento, moleque.”

“O que você tá aprontando, hein?” Puxei-a para perto, abraçando-a.

“Nada de mais, Pê. Vim te buscar pra gente ir num outro lugar, mas você precisa levar a roupa que você vai usar a noite, porque vamos direto pra lá depois desse lugar.” Explicara, indo até meu quarto, procurando por algumas roupas.

“Você vai me levar num motel, Esquentadinha?” Olhei-a incrédulo, mas rindo a seguir.

“Sem mais perguntas, moleque. Pega suas coisas e vamos.” Obedeci-a.

~ * ~

Karina vendara-me dentro do carro, disse que era pra eu não estragar a surpresa. Após alguns minutos ela estacionara o carro, fora até a porta do passageiro, abrindo-a e pegando em minha mão, para ser a minha guia durante o caminho.

O clima mudara por conta do que eu acreditei ser o ar condicionado. Caminhamos até o que parecia uma escadaria, na qual gastamos pelo menos uns cinco minutos subindo.

“Isso é pra pagar os meus pecados, Esquentadinha?” Questionei cansado.

“Dez lances de escadas? Deixa de ser sedentário e reclamão, Pê. Mais dois degraus e...” Subimos os degraus que ela dissera. “Pronto, chegamos. Vem!” Puxou-me novamente.

Escutei um barulho e um sinal, logo uma porta fora destrancada.

“Preparado?” Sua voz era ansiosa e animada.

“A-acho que sim.” Respondi duvidoso.

Ela retirara a minha venda, e não pude não sorrir com o que eu acabara de ver.

“Esquentadinha, o que é isso tudo?” Fechei os olhos e senti o cheiro da maresia.

Algumas fotos nossas juntos estavam pendurada no teto do quarto, intercaladas por alguns balões. E notei que estávamos num quarto de hotel de frente para a praia de Copacabana. A sacada do quarto estava aberta, caminhei até lá e aquela sensação me fez ficar bem.

“Ka?” Olhei ao redor e ela havia sumido. Voltei para dentro e enquanto passeava pelo quarto, olhando cada detalhe, ela aparecera pela porta, com um violão em mãos. “Vai tocar, Esquentadinha?” Ri debochado, sentando na cama.

“Olha, Pê.” Ela olhava o chão, nitidamente envergonhada. “Eu vou fazer isso e espero que você não ria.” Abafei uma risada.

Ela sentou-se ao meu lado na cama, ajeitando-se com o violão no colo. Eu não estava acreditando que aquilo daria certo, mas observei-a atentamente. Todas as minhas dúvidas sumiram no momento em que ela começara a dedilhar o violão, com certa dificuldade, já que seus dedos eram pequenos.

“Como cortar pela raiz, se já deu flor?

Como inventar um adeus, se já é amor?

Como cortar pela raiz, se já deu flor?

Como inventar um adeus, se já é amor?

Não quero reescrever as nossas linhas,

Que se não fossem tortas não teriam se encontrado.

Não quero redescobrir a minha verdade,

Se ela me parece tão mais minha quando é nossa.

Como cortar pela raiz, se já deu flor?

Como inventar um adeus, se já é amor?

Como cortar pela raiz, se já deu flor?

Como inventar um adeus, se já é amor?

Não me deixe preencher com vazios

O espaço que é só teu.

Não se encante em outro canto,

Se aqui comigo você já fez morada.”

Morada– Sandy

Na última nota, eu já alucinado com aquilo tudo. Ela parecia um anjo, com seus cabelos loiros jogados de lado, segurando aquele violão que parecia ter o dobro de seu tamanho, e com a sua voz surpreendentemente bonita e suave.

Antes mesmo que eu pudesse dizer algo, ela deixara o violão recostado na cama, segurara minha mão e puxou-me até a sacada novamente. Paramos um de frente pro outro e finalmente encaramo-nos.

“Ka...”

“Não, Pê. Deixa eu falar primeiro.” Assenti com a cabeça. “Daqui a alguns dias, como você deve tá cansado de saber, eu vou viajar pra passar um ano fora. Se fosse há uns meses atrás, a minha partida não seria tão temida quanto ela tá sendo hoje.” Notei que alguns vestígios de tristeza em sua voz. “É bem difícil você ir embora e deixar pra trás tudo que ama: família, amigos...Mais difícil pra mim vai ser deixar você aqui.”

“Esquentadi-...”

“Eu não acabei, Pê.” Calei-me e ela prosseguira. “Todo mundo vive perguntando como eu vou fazer, mas eu realmente não sei. Isso não é algo que eu tenha que resolver sozinha, porque nós estamos juntos nessa, Pê.” Ela fungara e eu abracei-a, beijando o topo de sua cabeça. “E essa música, acho que transmitiu exatamente o que eu tô passando. Como vamos fazer, Pê?”

“Ô minha Esquentadinha, não fica assim.” Abracei-a mais forte. “Olha pra mim, Ka.” Ela levantara a cabeça, com os olhos marejados. “Não fica assim, ok? Vai dar tudo certo.”

Naquele momento eu entendi o que era o certo a se fazer. Nós estávamos enrolando demais o que era tão óbvio para todo mundo. Bolei um plano em minha cabeça, colocaria em prática no show de mais tarde.

“Agora coloca um sorriso aqui.” Dei-lhe um selinho. “E me conta como planejou isso tudo.”

“Ah, moleque. Tudo aqui tem um pouco de você.” Sorrira de lado e automaticamente fiz o mesmo. “Primeiro essa vista.” Apontara para a praia. “Você disse uma vez que esse era seu lugar preferido.” Isso trouxera algumas más lembranças que tratei de afastar da cabeça.

FLASHBACK ON

“E-eu...” Ela gaguejava, sua voz era tensa. “O Zé...” Ela estava enrolando muito, mas suspirou e eu entendi que a explicação praquilo tudo viria em seguida. “O Zé me pediu em namoro e eu aceitei.”

“Mas e nós?” Minha voz saíra num misto de decepção e raiva.

FLASHBACK OFF

“E bem...” Ela continuara e notei uma preocupação com o que seria dito. “Nessa mesma praia, nós colocamos um fim em algo que poderíamos ter. E é nela que eu quero começar algo, dessa vez algo bom.”

“O que você quer dizer com algo bom?”

“Depois do show vamos voltar para cá. A noite você terá uma outra surpresinha.”

“Tem certeza, Ka?”

“Você nem sabe o que é, Pê. Agora vem.” Empurrou-me para dentro do quarto novamente. “Vamos aproveitar esse sol lindo e o mar, anda logo!”

“Mas antes eu preciso saber de uma coisinha.”

“O que?”

“Desde quando você sabe tocar violão?” Cruzei os braços, forçando uma cara brava.

“Digamos que tive umas aulinhas esses dias...” Ria travessa.

“Com quem? Posso saber?” Fingi ciúmes.

“Segredinho, moleque.”

~*~

A noite chegara e a ansiedade tomara conta de mim. Mesmo todo mundo pedindo para que eu ficasse calmo, dizendo que tudo daria certo, parecia impossível fazer isso.

Eu já estava pronto e Karina estava terminando de se arrumar. Resolvi sentar-me numa cadeira que havia na sacada do quarto, observando a luz da lua refletida no mar e aquilo trouxera uma paz indescritível, e eu estava cada vez mais relaxado.

Analisando a vista, lembrei-me do que acontecera mais cedo, quando estávamos na praia. Entre uma brincadeira e outra, beijos e abraços, algo nela chamava minha atenção. Algo nela se fundia com aquilo tudo.

Sua pele molhada do mar, seus cabelos bagunçados, seus olhinhos semicerrados tentando proteger-se do brilho do sol. O sol, ela se mistura ao sol, era isso.

No sentido poético ou não, Karina poderia ser confundida com o sol, o meu sol. Era isso que ela era: o meu sol. Seus cabelos claros e brilhantes lembravam, claramente, aquela estrela, a maior de todas. Seus olhos, igualmente azuis como o céu, aquela imensidão que sustentava – seria essa a palavra? – aquele astro e toda sua grandeza.

Não só fisicamente, mas também sentimentalmente, Karina era o sol da minha vida. Ela, com seu jeitinho, iluminava os meus dias e, posso dizer convicto que ela trouxe-me de volta a vida. Após algumas frustrações, ela aparecera, e aquilo que antes era tristeza convertera-se em alegria.

“Meu sol, meu sol...” Repetia inconsciente ao que passava ali.

“Quem é o seu sol, Pê?”

Sua voz tirara-me do transe, virei-me para ela e contemplei sua beleza, boquiaberto. Ela estava com um vestido azul, um tom mais escuro que suas íris, e eu não consegui pensar em mais nada depois daquela visão.

“Hein, moleque? Do que você tava falando ai?”

“Vo-você tá-tá...” Eu gaguejava, não encontrando um adjetivo que se encaixasse perfeitamente nela. “Isso tudo é meu?” Levantei-me, indo até ela e depositando alguns beijos na extensão de sua face.

“Para com isso, Pê.” Ela disse envergonhada enquanto eu pegava sua mão, para que ela desse uma voltinha. “A Bi que escolheu o vestido. Passamos horas e horas no shopping e nada me agradava.”

“Ficou perfeito, Esquentadinha.”

“Gostou mesmo?” Assenti e pela risada dela eu poderia confirmar com todas as letras que eu estava com uma cara de bocó. “E Pê, agora fala que papo é esse de Sol?” Fingiu-se brava.

“Não é da Sol que eu tô falando, é de você, Esquentadinha.” Ela encarara-me risonha. “É, você é meu sol.” Ela agora me abraçava com ternura.

“Se eu sou o seu sol, você é minha lua.”

“Sou?”

“É sim, Pê. Sol e Lua, dia e noite. Duas coisas opostas, mas que se completam, assim como a gente. Você aparece nas horas difíceis, quando tudo é escuridão e trás consigo a luz. Tem suas inconstâncias, mas sempre está lá.”

“Que bonito, Esquentadinha.” Colei nossos lábios. “Desde quando você fala coisas poéticas assim?” Gargalhei e levei um tapa na cabeça em reprovação. “Tô brincando, meu amor. Foi bonito mesmo.”

“Agora chega desse mel todo, estamos atrasados, rockstar.” Disse pegando o molho de chaves no frigobar.

~*~

Apesar do trânsito, conseguimos chegar rápido. A galera da banda já estava toda lá, tão ansiosa quanto eu, fazendo os últimos ajustes antes da apresentação.

Alguns amigos e familiares já estavam lá, sentados na plateia, aguardando o início da apresentação. Havia também alguns fotógrafos e jornalistas, e dessa vez isso aumentara o meu nervosismo.

A última passagem de som e estávamos prontos. Karina fora ao encontro dos outros, sentando num lugar estratégico, no meu ponto de visão. Ela dissera que tudo daria certo, dera-me um último beijo e sentara-se.

O público já ocupava a maioria ocupando os lugares do Solar, a cortina fechara-se para que pudéssemos fazer os últimos ajustes nos instrumentos e microfone. Abaixei para ligar o amplificador da guitarra e percebi que alguém caminhara até mim. Um par de pés pequenos parou de frente pra mim, segui-os até encontrar aquele ser que eu não queria ter encontrado.

“O que você tá fazendo aqui, Vicky?” Levantei-me, encarando-a furioso.

“Pedrinho, esqueceu que eu farei uma participação especial no CD?” Respondera como algo óbvio.

“Puta que pariu!” Bradei.

“Sem esse, Pedro. Lembra o que combinamos né?” Disse vitoriosa. “Agora vou pra coxia, esperar para você anunciar nossa música.” Aquele projeto de mulher estava quase me tirando do sério.

“Pedroso, bora? Tá na hora.” Nando anunciara, enquanto a morena saia do palco. “Banda.” Chamara a atenção dos outros integrantes. “Merda pra vocês!”

Colocamo-nos a postos, enquanto Nando ia até o mestre de cerimônia, dando o aval para que começassem o show. Percebi que as luzes abaixaram e o homem iniciara seus dizeres.

“Boa noite, senhoras e senhores! Hoje estamos aqui para o lançamento dessa banda, que começou como uma brincadeira e que hoje está pronta pra levar suas músicas pelo mundo. Com vocês, a banda Undestiny!”

Ao final da apresentação do mestre, as luzes apagaram-se por completo, o público ovacionara-nos e as cortinas do palco foram abertas. Algumas luzes coloridas pairavam pelo palco, então Sol começara.

“Boa noite, Solar de Botafogo!” Gritos e aplausos faziam-me arrepiar cada vez mais. “Meu nome é Sol e, em meu nome e do outros integrantes da banda, queremos agradecer a presença de todos. Esperamos que gostem da nossa apresentação. Obrigada!”

Essa foi a deixa. Paula batia nas baquetas, contando até três e foi assim que começamos a realização de nosso sonho. E se não fosse Karina e meus amigos ali, passando-me ótimas vibrações, duvido ter conseguido chegar até o final da apresentação.

O público presente estava alvoroçado, a cada música mais gritos e aplausos. Tocamos todas as músicas do CD, até chegar naquela – que eu temia – mas que tive que tocar. Os outros integrantes foram para os bastidores, enquanto eu pegava o violão e ajeitava o microfone.

“Boa noite, galera!” O público respondera em coro animado. “Meu nome é Pedro e eu sou o guitarrista da banda. Mas hoje eu vou fazer algo diferente.” Encarei Karina, que me olhava curiosa. “Esta será uma das últimas músicas do show e que está no CD.” Agora os presentes fizeram um ahhhh triste. “Mas depois eu vou cantar mais um pouco, para o desespero de vocês.” Gargalhei e eles fizeram o mesmo. “Agora eu vou chamar uma pessoa pra fazer uma participação especial no show. Eu, como um poeta incompreendido, sempre gostei de fazer músicas pra quem eu gosto, e a próxima música é um exemplo.” Menti. “Vem pra cá, Vicky!” Sorri forçadamente enquanto o público aplaudia-a. Karina parecia não entender nada.

“Boa noite, público! Vou cantar uma música com o Pê e espero que vocês gostem.” Ela ajeitava o microfone. “Segredos.”

Ao final da música, o público em geral parecia animado, com ressalva de Karina, meus amigos e meus pais, que olhavam-me com reprovação.

Vicky saíra do palco, com um ar superior, já que o nosso acordo fora – finalmente – encerrado ali. Pedi a atenção dos demais, afinando o violão enquanto iniciei o que queria.

“Bom, essa música foi muito boa, né pessoal?” Todos gritaram em resposta. “Mas agora eu vou fazer um cover, e depois vou fazer algo que eu tô a um tempão querendo fazer.” Um último dedilhado, confirmando que a afinação fora feita corretamente. “Então, pessoal. Antes eu queria contar uma história pra vocês.” Procurei por aquele par de olhos azuis, que pareciam furiosos comigo. “Uma vez eu conheci uma garota...” Eu dedilhava, fazendo uma introdução. “Não é uma garota qualquer. Não, muito pelo contrário. Ela é beeeeem esquentadinha.” Ri e o público acompanhara-me. “Mas apesar de algumas coisas que aconteceram e que vão acontecer, porque ela vai viajar e passar um ano fora, eu queria falar algumas coisas pra ela e acho que ela vai entender a mensagem da música.”

“Você é louco!” Ela sibilava num tom inaudível.

“Karina, minha Esquentadinha. Essa música é pra você.”

“Eu vou guardar cada foto de nós dois,

Pra te levar pra onde eu for.

Vou desenhar cada linha em sua mão,

Pra te lembrar que eu sei que vou ser

Mais que Sol como fogo em sua pele.

Seja lá aonde for o nosso amor

Vai ser como o Sol derretendo toda a neve.

Dia e Noite igualam eu e você.

Vou desenhar cada linha em sua mão,

Pra te lembrar...

Mais que o Sol como fogo em sua pele.

Seja lá aonde for o nosso amor,

Vai ser como o Sol derretendo toda a neve.

Dia e noite igualam eu e você.

Vai ser como o Sol...

Como o Sol...”

Banda Malta – Mais Que O Sol

O público estava animado em resposta à minha declaração musical. Olhei para Karina que estava nitidamente envergonhada ao lado dos amigos.

“Então, pessoal. Vocês gostaram?” Ovacionaram em afirmação. “E vocês acham que a minha Esquentadinha também gostou?” Repetiram a ação anterior. “E vocês acham que se eu pedir ela namoro, aqui e agora, ela vai aceitar?”

“SIM!” Responderam em coro animadamente.

“Então...” Coloquei o violão no apoio. “Ka, sobe aqui.”

Relutante, a loira caminhou até o palco, sob os olhares de todos. Parou de frente pra mim e, sem pensar duas vezes, peguei um microfone e entreguei-o para ela, pegando o outro para mim. Ajoelhei-me, segurando sua mão e depositei ali um beijo.

“Karina, minha Esquentadinha, meu sol. Você aceita namorar comigo?”

“Aceita! Aceita! Aceita!” O público gritava em uníssono.

“Você é louco, Pê.” Ela disse tímida.

“Por você.”

“E-eu aceito.” Disse por fim.

Levantei-me, esquecendo tudo e todos, e a beijei. Um beijo cheio de amor e de tudo que há de bom e puro na vida.

~*~

Após o show, saímos para comemorar com todo mundo. Um combinado de sushi fora o que a maioria optou e ali mesmo em Botafogo encontramos um.

Já estava tarde, e não demorou muito para que todos, após o sushi, fossem para suas respectivas casas. E eu e minha Esquentadinha voltamos para o hotel em Copacabana.

Quando entrei no quarto, a surpresa viera. A tal surpresa que ela dissera mais cedo e meu coração batera descompensado. O quarto era iluminado apenas pela luz da lua e por algumas velas que estavam dispostas numa mesa com dois lugares.

Em cima do frigobar, um balde com gelo e com o que parecia ser uma garrafa. Na mesa, dois pratos e no centro um recipiente com algo que estava cheirando muito gostoso.

“Vem, Pê.” Trouxe-me para dentro do quarto, fechando a porta atrás de nós. “Gostou da surpresa?”

“Você não tem jeito, Esquentadinha. Sempre me surpreende!” Beijei-a.

Fomos até a mesa. Puxei uma cadeira para que ela sentasse, e assim que o fez, sentei-me na outra cadeira.

“O que é isso ai?” Questionei, apontando para onde vinha o cheiro. “Parece bom.”

“Minha especialidade, Pê.” Colocara a mão na tampa, fazendo menção em abri-la. “Miojo com requeijão.” Gargalhamos juntos. “E para beber...” Levantou-se, indo até o balde com gelo e tirando de lá a tal garrafa que eu logo reconheci. “Coca-cola.”

“Ka, você não existe!” Disse em meio a risos.

Tenho que confessar que o jantar romântico, ainda que às avessas, fora de longe o mais incrível que eu já tive. Não que eu tivesse tido algum jantar, ainda mais romântico, mas é que aquele estava sendo tão especial que duvido algum outro superá-lo.

Terminamos o jantar e resolvemos ir para a cama por um tempo, recostei-me na cabeceira e ela ajeitara-se ao meu lado. Em meio a carinhos e ao som das ondas quebrando no mar, o clima estava perfeito e, foi então que ela começara.

“Pê, sobre o pedido.”

“Você não gostou?”

“É claro que não!” Olhei-a incrédulo. “Eu amei!” Respirei aliviado. “É que eu não esperava por aquilo tudo, você foi incrível.”

“Depois das nossas conversar de hoje, resolvi que era o certo a ser feito. Você é especial pra mim, eu gosto muito de ficar com você e é isso que eu quero fazer pelo resto dos meus dias.”

“Pê...” Olhei-a. Seus olhos estavam marejados. “Eu-eu te amo!”

“Eu te amo muito, meu amor!” Sorri e dessa vez foi ela quem iniciara o beijo.

Nossos lábios tocaram-se e senti um arrepio percorrer toda a extensão do meu corpo. Ela ia deitando na cama e eu segui seus movimentos.

Cada vez mais intenso o que começou com um beijo terno e delicado, agora era ansioso e profundo. O momento e tudo o que nos levou à ele; um filme passava em minha cabeça e meu coração parecia querer sair do meu peito, de tanto sentimento junto.

Hoje fora o dia em que concretizamos algo que há muito sabíamos: o nosso amor.

Ela afastara-se cuidadosamente do beijo, levantando da cama e parando a seu lado. Segui seus movimentos, parando atrás dela. Ela olhara-me de lado, e eu entendi o que ela pedia. Com cuidado, afastei seus cabelos para o lado, beijando sua nuca, enquanto desabotoava seu vestido nas costas.

No último botão, o vestido caíra, deixando seu dorso a mostra. Ela virou-se para mim, fazendo alguns carinhos em meu rosto. Suas mãos delicadas desceram pelo meu peitoral, parando na barra de blusa que eu vestia. Então, ela começou a retira-la com cuidado e com a minha ajuda.

Após a camisa, suas mãos foram até o botão de minha calça – animei com o toque tão próximo -, abrindo-o e descendo o zíper, fazendo com que a calça caísse no chão. Retirei-a, permanecendo apenas de cueca.

Ela aproximara nossos corpos, seus seios ao tocarem o meu peito, arrepiaram-me de uma forma deliciosa. Segurei-a pela cintura, beijando o seu pescoço e busto, fazendo-a contorcer-se de prazer. Num movimento rápido e preciso, deitamos novamente – ela por baixo e eu por cima – e encaramo-nos.

Seu rosto era iluminado pela luz de lua lá fora, pude notar um brilho novo em seu olhar, e isso me fizera abrir um sorriso. Eu estava realmente feliz com aquilo. Ela acariciava meu cabelo, passando a mão em meu rosto em seguida. Parecia analisar cada parte de mim. Por fim, nossos olhos encontraram-se e eles ficaram fechadinhos, como toda vez que ela sorria de lado.

“Você tem certeza disso, meu amor?” Indaguei cuidadosamente.

“Nunca tive tanta certeza, amor.” Sua voz saiu como num sussurro. “Eu te amo, Pedro Ramos.”

“Eu te amo, Karina Duarte.” Sussurrei de volta e aprofundei num beijo quente e cheio de prazer.

E naquele momento, se tínhamos alguma dúvida do que sentíamos, todas nossas perguntas parecem terem sido respondidas. Se havia algo que eu e Karina sentíamos um pelo outro, isso era, sem qualquer questionamento posterior, amor. E ele fora selado ali, naquele dia. Ali aprendemos junto o que não sabíamos. Fomos um o professor do outro. Cuidadosos e carinhosos, atentos a qualquer insegurança do outro.

Adormecemos abraçados, envoltos no lençol da cama. Aquilo fora algo tão bom e especial, que nem percebemos que o tempo passara e já amanhecia. Os primeiros raios de sol atravessavam a sacada, iluminando a pele dela, centímetro por centímetro, e eu fiquei ali, admirando-a.

Ela movimentara-se dormindo, e quando percebi, ela aninhava-se em meu peito. Aquilo fizera com que eu ficasse cada vez mais feliz, uma felicidade daquelas que parecem não ter mais fim. Abracei-a cuidadosamente, afagando seus cabelos e em pouco tempo adormeci novamente.

“Eu já me preparei demais e declaro, agora é a hora. O amor profundo, o amor que salva. Vem depressa, não demora. Oh, meu sol. Saiba você é meu sol...”

Meu Sol - Vanguart


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai galera, o que acharam do cap? Tem de tudo hoje né, VV, supresa da Ka pro Pê, Ka cantado, perina/santovitti, pedido de namoro, e eu confesso que não intendi essa parte de 'Fomos um o professor do outro. Cuidadosos e carinhosos, atentos a qualquer insegurança do outro.', que que eles aprenderam? Eu não sei, porque eu e o João só dormimos mesmo, o que mais poderíamos fazer?(cuidado com a resposta galera). Bom comentem o que acharam sobre o cap, pois apesar de não ter entendido a ultima parte amei o cap, mesmo sem ter eu.
Bom gente queria já esclarecer aqui uma coisa a gente sabe que se tratando de Santovitti é mais provável que a Bella seja a Lua e o rafa o Sol, mas lembrem que a fic é Perina e por conta disso fizemos adaptações. E essa Mica/Annie confundindo tudo e colocando na fic coisas de santovitti tipo o miojo com requeijão e coca, chato isso hein galera~ Bella voices. kkk
A Mica/Annie pediu pra avisar que como esse cap ta grande o próximo deve demorar um pouco. Bom é isso comentem, falem o que acharam da primeira vez, porque mesmo com eu e a Ca falando que tava ótimo a primeira vez ela ficou meio insegura, fazer o que né.


Bom gente lembra que eu falei que meu domingo foi ótimo? então é porque hoje de manhã fui com uma amiga ver o jogo de vôlei do meu time e ele foi campeão, depois a Bella ganhou o troféu imprensa, essa menina é um orgulho pra gente mesmo né, e também pra fechar a noite a Mari foi no show da Malu e conseguiu gravar o Gui mandando um beijo pra gente do grupo.(Lorena acorda ninguém aqui quer saber da sua vida não) Bom eu to feliz e é isso ai.
Obs: Desculpem pela nota, sei que vocês tão acostumados com as notas maravilhosas da Ca mas vou tentar melhora depois, acho que é isso. Um beijo e até o futuro.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Coração Quer O Que Ele Quer" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.