Os Nicolaus escrita por Gabe Nick


Capítulo 4
Consegue ouvir minha voz...




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Já tinham se passado 2 semanas, 15 dias se for mais literal, em media 360 horas desde que ela conheceu Jean, desde que ela foi trazida a força para dentro da mansão Nicolau. Vitória observa o relógio ao lado da cama que eles chamavam de dela a cada hora que passava ela pensava, é isso eu vou morrer agora. 2 semanas, 15 dias se for mais literal, em media 360 horas que ela esta esperando a morte, e ela parecia estar se movendo numa velocidade baixíssima, que pena, ela pensava, quão mais rápido melhor.

Era um lindo sábado de manha e Jean andava pela sua casa com uma bandeja de prata em suas mãos, em cima dela descansava, algumas panquecas doces com cobertura de chocolate, uma xicara de café, uma pequena jarra de leite do lado e um pote pequeno com açúcar e uma colher. Do lado esquerdo do prato estava um vasinho de cristal com uma rosa amarela, ainda se desabrochando dentro.

O adolescente estava indo em direção ao seu destino quando passou pelo quarto de seus pais, a porta estava fechada, mas era possível ouvir os dois discutindo, depois de deixar Vitória na casa, Matteo viajou por semanas só voltando naquele dia, apenas para pegar algumas coisas e sair numa reunião outra vez, Giovanna manteve a boca calada durante esses dias, mas quando teve a chance de falar com seu esposo em particular ela teve a oportunidade de descontar toda a raiva que estava dentro dela. Dentro do quarto, Matteo estava sentado na cama colocando o seu sapato e trocando de camisa enquanto Giovanna ficava andando do lado dele com os braços cruzados e expressão irritada.

– Você podia ter avisado que traria essa garota aqui, só uma ligação bastava

– Nem eu sabia ta legal? – Ele ficou de pé – Paolo me ligou e me disse pra busca-la

– Tá, e quanto a nossos filhos? Só por que Jean e Andreá não fizeram perguntas, não significa que Matteo e Pietra não vão

– Giovanna eu não posso lidar com isso agora eu to atrasado

– É isso que você faz não é? Não consegue se safar de algo então ignora

– Eu tenho que ir

Jean ouviu isso como uma deixa para sair do local, se seu pai saísse e encontrasse ele bisbilhotando ele seria punido com certeza. O adolescente acelerou o passo e chegou até o quarto ao lado do seu, nos dias que Vitória tem morado junto aos Nicolaus ele mal a viu, ela nunca saia do seu quarto, tomava banho e trocava de roupa só quando era extremamente necessário e nunca saia para comer, Jean ou Giovanna ou até Andreá levava comida para ela, mas eles nunca a viram tocar na comida. Parte dele teme que ela esteja tentando se matar de alguma forma, ou pelo menos cogitando a ideia, então faz questão de sempre que puder estar de olho nela, por algum motivo ele se preocupa com Vitória ela é o mais próximo que ele chegou de algo normal a muito tempo.

Ele bateu na porta e entrou, e lá estava ela outra vez, sentada no banco do lado da janela olhando o gramado bonito da casa deles, de longe ele podia ver seus olhos inchados e dando uma olhada em seu corpo coberto por um vestido azul claro que a dias atrás lhe servia perfeitamente, foi que ele percebeu o quanto ela tinha emagrecido, seus braços, cintura e pernas estão muito mais finas do que a uma semana atrás. Jean entrou com um meio sorriso, não querendo assusta-la, mas ela nem olhou para ele, o garoto colocou a bandeja de café da manhã em cima do criado mudo ao lado da cama desarrumada dela e colocou as mãos nos bolsos esperando. Vitória olhou para Jean esperando sua reação, mas ele continuou ali quieto parado esperando um movimento dela

– O que foi? –Ela perguntou, Jean percebeu que até sua voz estava diferente

– Você precisa comer - Jean respondeu

– Deixa ai eu como mais tarde – Ela disse e se virou para a janela

– Ta bem – Jean falou e começou a se afastar

Vitória esperou um pouco para escutar o barulho da porta e quando não ouviu virou o pescoço para encontrar Jean encostando na parede ao lado da porta de braços cruzados olhando para ela com as sobrancelhas levantadas, ela ficou imóvel por alguns segundos esperando que ele disse-se alguma coisa e quando ele não disse nada ela decidiu se manifestar.

– Que foi? – Ela perguntou

– Só esperando ficar mais tarde

Vitória revirou os olhos, mas jogou suas pernas para fora do banco e ficou de pé, sua cabeça girou e ela deu um passo para se encostar na janela para não cair, ela começou a ver umas manchas pretas e seus braços começaram a tremer, ela não percebeu o quanto estava fraca, ela começou a andar, a perna direita depois a esquerda, direita, esquerda, direita, esquerda até chegar ao criado mudo, o seu estomago fez um barulho tão alto quando ela olhou para as panquecas que ela teme que Jean tenha ouvido. A menina levantou o garfo com a mão tremula e pegou um pedaço da montanha de panqueca e levou até a boca.

Ela fechou os olhos para apreciar o sabor delicioso, claro que ela estava com tanta fome que qualquer coisa teria um gosto maravilhoso, mas ela sabia que Jean cozinhava bem, ela comeu o mais devagar que ela podia, parando de vez em quanto para tomar um gole de café, mas Jean via além disso ele sabia o quanto ela estava com fome por que ela tentava comer devagar, mas era notado uma urgência enquanto comia. Em menos de 5 minutos ela já tinha limpado o prato, e Jean sabia que ela ainda estava com fome.

– Pronto – Ela disse e empurrou o prato

– Você ainda está com fome, se for lá embaixo comigo eu te faço mais comida

Vitória olhou para o garoto a sua frente, cabelos e olhos castanho escuro, pele branca, alto, interessantemente forte para a sua idade, parecia sábio, ele estava tentando convence-la a sair do quarto e se ela seguisse o seu estomago implorando para ela segui-lo ela iria até a cozinha e comeria, mas ela não podia se dar ao luxo de confiar nele. Ela não confiava nele

– Não obrigada – Ela ficou de pé e foi até a janela outra vez

– Ta bem – Ele disse baixinho e começou a sair – Só mais uma coisa

– O que? – Ela perguntou um pouco irritada

– A porta – Ele abriu – Nunca foi trancada, você não é prisioneira Vitória

Ele saiu e fechou a porta atrás dele, de fato ela não ouviu um clique de fechadura nem uma, ela estava livre para perambular pela casa o quanto ela quisesse, e mesmo assim ela não consegue confiar nessas pessoas o suficiente para sair do quarto que eles chamavam dela. Ela se levantou e foi usar o banheiro, já fazia 2 dias que ela não tomava banho ou trocava de roupa já estava na hora, ela entrou no chuveiro tão desconfiada quanto na primeira vez que o fez.

Ela usou o shampoo, o condicionador e o sabão deles, e quanto mais se limpava mais suja se sentia. Ela se secou com a branca e macia toalha DELES, e se vestiu com um vestido que eles compraram para ela, ela escovou os dentes, penteou o cabelo, com os produtos deles, tudo parecia impuro, tudo parecia contaminado. Essas pessoas se faziam de boazinhas, eles a tratavam como se quisessem se esquecer que a sequestraram eles pareciam tão envergonhados por tye-la ali quanto ela se sentiu ao se permitir ser sequestrada, a culpa era dela, ela era muito idiota e mesmo assim ela não se impressionou ao sair do banheiro e encontrar outra bandeja no mesmo lugar que a primeira com uma montanha maior ainda de panquecas com calda de chocolate.

***

Puxar o gatilho nunca é fácil, o olhar de seu alvo, as lagrimas acumuladas, a rosto vermelho e as mãos tremendo, eles sabem que algo de ruim vai acontecer, e por um milésimo de segundo, do momento que a bala sai do disparo até o baleado parece que a pessoa sabe que vai morrer, por um milésimo de segundo eles sabem que suas esperanças acabaram, e que ali era a pagina final de sua história. A ideia de acabar com uma vida nunca lhe foi apetitosa, então ele empurra para o outro lado, toda a vergonha, ele empurra para longe de sua mente a imagem da família ele imagina um alvo no lugar da cabeça e esquece do barulho do choro, ele ignora as suplicas e puxa o gatilho, ele esquece quem ele é, ele esquece quem sua família é, é isso deixa tudo um pouquinho mais fácil.

Jean e Matteo Filho foram designados por seu pai para ir tirar satisfação com um meliante que lhes devia dinheiro. Apesar de Matteo Pai ter uma regra de não matar quem te deve dinheiro por que você só vai conseguir problemas e menos dinheiro, outras famílias das cidades vizinhas ouviram a história e começaram a questiona-lo, e se outros drogados, ou traficante de armas acharem que podem se safar ele pode acabar no prejuízo, então ele tomou a decisão. A regra só havia sido quebrada 2 vezes naquela noite e uma vez não muito tempo atrás quando Jean matou um homem, entretanto na primeira vez Matteo só estava tentando ensinar uma lição para Jean, da pior maneira possível.

O homem foi arrastado até um beco, ele tinha apanhado de dois adolescentes e não foi bonito, ele mal consegue enxergar do olho esquerdo e seu nariz estava espirrando o sangue, provavelmente quebrado, ele sabe que fraturou a costela e seu tornozelo doía, todos os membros de seu corpo gritavam de dor, todas aquelas fraturas e tudo feito por meninos que tem quase a metade de sua idade, claro que a abstinência de drogas o deixou bastante fraco, depois de dever dinheiro para os Nicolaus ninguém mais lhe confia os produtos, a histórias viajam muito rápido naquela cidade.

– Eu só preciso de mais tempo – O homem que Jean não sabia o nome falou

– Você teve tempo o suficiente – Jean disse se aproximando dele

– Por favor só passem essa mensagem pro pai de vocês – Ele suplicou

– Desculpa, parecemos garotos de recados para você? – Matteo disse e puxou a arma

Antes que o tal homem pudesse suplicar mais a bala foi disparada, mas não da arma de Matteo e sim da de Jean, o adolescente abaixou arma lentamente e olhou para seu irmão que estava lhe encarando de um jeito muito pouco amigável, diferente de Jean Matteo quer matar, ele quer puxar o gatilho pela primeira vez sentir a adrenalina no corpo a mergulhar na emoção, ele vê a parte que chame de divertida de matar, mas Jean conseguia ver além disso que queria proteger seu irmão por mais tempo que pudesse. Mas o Matteo não estava feliz por seu irmão tomando as rédeas da situação, como se estivesse o insultando.

– O que? – Jean perguntou irritado

– Ele estava na minha mira – Matteo falou erguendo a voz

– Pode não parecer Matt – Jean falou – Mas um dia você vai me agradecer por isso

– Tanto faz – Matteo disse depois de soltar uma gargalhada

Matteo se aproximou do corpo deitado no chão, o sangue que escorria de sua cabeça já tinha formado uma grande possa escura no chão, o garoto virou o corpo para o olhar para o rosto do morto, como se quisesse memoriza-lo e então fez algo que trouxe arrepios para Jean, algo que fez seu estomago girar e lhe deu vontade de fugir, ele sorriu, puxou os cantos da boca de uma forma quase sádica e sorriu, Jean fez uma anotação mental de fazer todo o possível para salvar seu irmão, e se certificar de que Pietra não acabe como eles.

Os dois ouviram passos e das sombras aparecer um homem loiro, uns 1,80 metros, olhos verdes, forte, eles o conheciam desde que eram crianças Enzo Gabriel, o xerife local, ele e o pai dos meninos tinham um acordo de que ele deixava que a família comandasse a cidade de sua própria maneira, vendesse o que quiserem para quem quiserem, mas eles garantiriam a segurança contra outras cidades que também tentam ataca-los, ele nem sempre foi assim por um tempo quando ele alcançou o cargo ele tentou levar as coisas de forma honesta, mas no fim das contas não podia-se ser honesto naquela cidade, ela te corrompia de dentro pra fora tão lentamente que nem podemos distinguir a diferença nós mesmos.

Gabriel chegou perto do morto e soltou uma risada sem graça, não era como a de Matteo era mais um suspiro, como se ele disse-se “Não acredito que isso está realmente acontecendo”

– Ele precisava dele vivo – Ele disse

– Desculpa, mas Matteo não jogava com as suas regras – Matteo Filho falou

– Precisamos conversar – Enzo falou olhando para Jean

Olhando para o xerife, ele sabia que era algo importante.

– Matteo ligue pra Mama e diga que precisamos de uma equipe de limpeza

Matteo olhou para ele um pouco incrédulo e com uma pitada de raiva, e Jean sabia que pagaria mais tarde por não permitir que ele entre na conversa, ele realmente espera que uma dia Matteo compreenda o que ele teve que fazer e por que. Mas o garoto obedeceu, tirou seu celular de seu bolso da jaqueta e ligou para sua mãe saindo de perto do corpo e da dupla.

– Vamos – O xerife apontou o caminho


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Notas finais do capítulo

Eu separei o capitulo em dois, em breve virá o resto
Kisses
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