Os Nicolaus escrita por Gabe Nick


Capítulo 1
Familia Nicolau


Notas iniciais do capítulo

Essa história foi difícil escrever por que eu nunca escrevi algo tão pesado e tão serio, mas vamos lá.



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A luz do sol brilhava pela fresta entre as duas cortinas do quarto. Jean piscou algumas vezes e observou a janela de seu quarto que estava coberta pelas cortinas. Ele estava totalmente acordado, mas não tinha vontade nenhuma de levantar, então ficou deitado, com seu peso em seu lado esquerdo, seu braço servindo de travesseiro e seu braço direito em cima de sua barriga, ele continuou observando a luz que entrava em seu quarto entre as cortinas e então se mexeu um pouco para olhar para o seu despertador em cima de seu criado mudo e ficou encarando o numero 7:59 até que ele se transformou em 8:00 e o despertador começou a apitar.

Agora ele sabia que precisava acordar, então pressionou o botão em cima do despertador parando o barulho. Jean se virou ficando de costas e encarando o teto ele cobriu o rosto com as mãos e ficou assim por algum tempo, pode ter se passado 2 minutos ou talvez até 10, ele não sabia. Ele suspirou fundo e finalmente jogou as cobertas para longe de seu corpo e saindo da cama indo em direção a seu banheiro.

Ele lavou o rosto e escovou os dentes, estava vestindo uma calça preta de moletom que ele usava para dormir e não havia motivo para trocar, então apenas colocou um tênis também preto e tirou de seu armário uma camisa branca, e saiu de seu quarto, ele passou pelo corredor e foi descendo as escadas quando estava chegando perto do fim dos degraus, ele colocou a camisa por cima de sua cabeça deslizando ela por seus braços e assim que chegou no chão já estava completamente vestido, mas não passou despercebido pelo seu irmão Matteo.

- Show de nudismo - Ele falou passando por Jean

- Cala a boca Matteo - Jean sorriu e empurrou seu irmão de brincadeira

- Mama, Matteo e Jean estão brigando - A menina de 4 anos gritou da sala

- Meninos se comportem ou coloco os dois de castigo

Matteo e Jean se empurraram por mais alguns segundos antes de se separarem e irem em direção a cozinha, Jean entrou direto e Matteo ficou um pouco para trás e caminhou até sua irmãzinha Pietra lhe dando um abraço apertado e perguntando como foi sua noite, Pietra, que estava brincando de boneca, contou tudo com sua voz fina e doce, Matteo sorriu e quando ela terminou ele a pegou no colo e levou correndo até a cozinha, eles encontraram sua mãe e sua irmã mais velha preparando o café da manha para todo mundo.

Jean foi imediatamente para sua mãe e lhe deu um longo beijo no rosto, Giovanna e assim que ele se afastou levantando os ombros durante o beijo e contraindo os músculos, ela queria sentir cada segundo aquele toque e assim que ele se afastou ela lhe entregou pratos e alguns copos Jean sorriu levantando as sobrancelhas, mas foi ajudar sua mãe, enquanto isso, Matteo ajudava Pietra a fazer um suco de laranja e despejá-lo numa jarra, ele entregou para ela e deixou que ela leva-se até a mesa na sala de estar.

- Então Andreá, como está indo a faculdade? - Jean perguntou quando voltou

- Ótima, começamos Filosofia II esse semestre - A irmã mais velha falou

- Não sei o que faz uma pessoa fazer a faculdade - Matteo Junior falou pegando Pietra no colo outra vez - Eu não vejo a hora de acabar meus estudos

- Você ainda é muito jovem Matteo

Andreá disse e jogou para ele alguns guardanapos ele pegou antes de bateu em seu rosto colocou Pietra sentada na bancada e os levou até a sua mesa enquanto a família terminava de arrumar a mesa. A três moças fizeram sua parte em um silencio confortável enquanto Jean observava todas com um sorriso tímido um pouco de longe. Depois que todos arrumaram o que era necessário para a mesa, eles se sentaram e deram as mãos fazendo uma prece agradecendo a comida então eles começaram a comer.

A mesa grande estava repleta de pães de todos os tipos, com vários frios, torradas, café, chá, leite, achocolatados, sucos e frutas, tudo do bom e do melhor, as melhores marcas e qualidade da cidade. Quem morava na casa estava acostumado com esse tipo de vida, o local não era chamado de Mansão à-toa. A sala de estar era grande e dividia espaço com a mesa de jantar onde eles estavam tomando café. A mobília era considerada vintage e tudo se fechava com chave de ouro com a antiga lareira que no momento já estava acesa.

A porta, grande e marrom com detalhes pretos que encaixava perfeitamente com a casa, se mexeu e por ela passou um homem na faixa dos 40 anos, vestindo um terno com um sorriso de 1 milhão de dólares dos lábios e nas mãos um buque de rosas brancas ele se aproximou do grupo dando bom dia e recebendo um "Buongiorno, papa" de todos os seus filhos, ele foi por de trás de Giovanna que estava de costas para a porta e por conseqüência para ele, e lhe mostrou o buque, Giovanna sorriu e se levantou um pouco para beijar seu esposo.

Matteo passou por cada um de seus filhos perguntando como eles estavam e se sentou na ponta da mesa na frente de Giovanna, ao seu lado esquerdo estava Matteo Junior e ao lado de Junior estava Jean, a frente de Jean estava Andreá e do lado de Andreá perto de Matteo estava a pequena Pietra, Matteo apertou de leve a bochecha de sua caçula e arrumou seu prato com algumas frutas e torradas e pegou um copo de suco.

- Do que estavam falando? - Matteo perguntou comendo

- Da faculdade de Andreá - Matteo Junior respondeu imediatamente

Matteo soltou uma risada sem graça o que fez com que Pietra lhe mandasse um olhar de confusão, Jean fechasse os olhos e suspirasse cansado, Junior o olhasse com curiosidade, Andreá lhe jogasse um olhar irritado e Giovanna de repreensão, ele parou de rir e observou como a maior parte de sua família olhando para ele.

Era um dos motivos de Jean não querer levantar, ele queria passar um dia sequer, sem ter que lidar com todo o drama que corre em volta dessa casa

- Alguma coisa engraçada? - Andreá perguntou a seu pai

- Eu só acho um desperdício de dinheiro, já que você vai seguir os negócios da família

- O que há de errado em ter opções? - Andreá pediu sorrindo de leve

- Nada, se você tiver consciência de que de nada vale essas opções

Ele continuou a comer sem olhar para ela , Andreá não moveu o seu olhar Jean sabia que ela iria continuar a falar, Andreá era a mais velha e a única que tinha a coragem, ou talvez a audácia, de discutir com Matteo, ela nunca foi assim sempre foi a mais quieta e mais reservada, mas depois de começar a faculdade e das brigas começarem ela mudou. Andreá não consegue mais segurar a língua perto de Matteo e nem sempre isso é uma coisa boa. Quase nunca isso é uma coisa boa.

- Talvez valha alguma coisa - Ela diz olhando para ele

- Nem brinque com isso - Matteo começou a ficar irritado

- Não, por que? Por que toda a vez que começamos a conversar você -

- E eu já cansei de falar sobre isso, deixei você brincar de universitária por 3 anos, deixei você adiar os seus deveres como primogênita até o fim de seus estudos, mas é isso assim que acabar você volta e vai trabalhar comigo.

- E eu não tenho nada a dizer? - Andreá levantou seu tom de voz

- Não - Matteo gritou

- Matteo - Giovanna lhe chamou a atenção - Na mesa não

Matteo e Andreá estavam praticamente gritando um com outro, já dava para ver que Pietra estava prestes a começar a chorar, Jean encarava a mesa enquanto Matteo Junior olhava para seu pai e para sua irmã, Giovanna olhava firmemente para seu esposo que ainda não tinha parado de olhar para Andreá.

Matteo parou de olhar para sua filha e voltou a comer, como sempre ele fingia que nada tinha acontecido depois de cada briga ou discussão ele geralmente volta a fazer o que estava fazendo como se um botão tivesse sido pressionado e ele tivesse esquecido tudo, entretanto ainda estava lá a palavra final, o decreto final que sempre era dele. Passado alguns segundos Andreá limpou a boca com um guardanapo e se virou na cadeira para enfrentar a sua mãe que ainda olhava para Matteo incrédula.

- Eu terminei posso me retirar, Mama?

- Claro que sim filha

Andreá se levantou e saiu pela porta, Jean ouviu o barulho de alguém subindo as escadas e sabia que ela foi para o andar de cima provavelmente para seu quarto. A sala foi preenchida com o som de copos sendo enchidos com líquidos, comida mastigada, ou engolida, era comum depois de uma discussão que o lugar ficasse em silencio, era como se todo mundo tivesse medo de falar algo errado e recomeçar a discussão.

Jean, estava mergulhado em seus pensamentos, olhava com o canto dos olhos seu pai e se lembrava do que ele quis dizer quando falou dos "negócios da família". No momento Jean tinha 15 anos, três anos antes quando ele tinha apenas 12 sue pai revelou o segredo da família, ele revelou o que realmente significava ser um Nicolau, a verdade era que a família estava inserida em uma organização criminosa cujas atividades estão submetidas a uma direção colegial oculta, ou como mundo ridiculamente chamaria de Máfia.

Eles além de comandarem grande parte da cidade de Messina, onde Jean nasceu e foi criado, também contrabandeavam, armas, ou até drogas. Jean sempre quis saber de onde todo o dinheiro de sua família vinha, e ele descobriu, também descobriu que sem perceber estava sendo treinado para seguir os caminhos de seu pai e mais tarde se juntar a ele, e aos irmãos nos negócios da família, para herdar Messina e controlar a cidade, e as pessoas.

Jean sempre teve contato direto com violência, tanta corporal quanto armada, mas não foi até seus 13 anos que seu pai o fez matar um homem, tudo por que ele lhe devia 300 dólares, dinheiro que ele poderia facilmente puxado de sua carteira, mas por medo de seu pai e da nova descoberta de sua família manteve para si mesmo. Por um momento ele se odiou por isso uma vez lhe decidiram que o dia em que matar uma pessoa não lhe afetar é o dia que deveria começar a se preocupar, então ele fazia questão de se lembrar toda a manhã do rosto, lagrimas e suplicas do homem que ele matou, ele não quer acabar como seu pai.

Andreá é a primogênita, isso significa que ela deveria ser a mais interessada em se envolver nos assuntos da família, e assim que completasse 18 anos deveria começar a trabalhar com seu pai e eventualmente tomar seu lugar, entre tanto ela decidiu fazer sua faculdade e Matteo depois de muita insistência permitiu, agora com 21 anos Andreá começou a ter segundos pensamentos sobre seu futuro, na verdade esses pensamos já estavam inundando sua mente a 2 anos, o que gerou muitas brigas e discussões nesse período.

Assim como sua irmã mais velha, Jean acredita que existem coisas a mais lá fora, e Matteo percebe isso, ele vê o sorriso no rosto de Jean toda a vez que sua irmã volta para casa e conta como foram suas aulas, ele vê um brilho em seus olhos que ele nunca viu quando lhe explicava os trabalhos a serem feitos. Matteo acredita que errou com seus mais velhos, mas esses erros não iriam se repetir com os mais novos. Matteo Junior no momento apenas 14 anos, começou a treinar antes do que deveria, e Matteo fez o que ele queria ter feito com Jean o moldou de sua maneira, Junior mal vê a hora de deixar seus estudos e se focar só nos negócios da família.

E então tinha Pietra a menininha de apenas quatro aninhos, que ainda não entendia o mundo e que ainda não sabia de nada que sua família, tudo o que ela sabia era que algo não estava certo e que eles não eram um grupo normal, mas sinceramente ela nem sabia qual era a definição de normal. Em breve ela saberia de tudo Matteo Pai contaria a verdade e então sua família estaria completamente dentro das regras, seguindo aquilo que eles foram colocados a seguir.

- Preciso de um favor - Matteo pediu a seu filho Jean

- Sim Papa - Jean respondeu educadamente

- Preciso que pegue uma mercadoria nesse endereço

Matteo entregou um papel para Matteo Junior e esse entregou o papel para Jean, de fato ali tinha um endereço e também um horário naquele mesmo dia às 16 horas da tarde, ele dobrou o bilhete e o guardou em seu bolso. Ele olhou para o lado por um segundo e viu como Giovanna olhou para Matteo irritada, ele sabia que ela não gostava que ele discutisse trabalho na mesa, mas depois de toda a ceninha com Andreá ela tem medo que falar algo só piore as coisas.

- Que tipo de mercadoria? - Jean pediu

- Você vai ver, só tenha cuidado ao trazer para casa.

Ele continuou a comer, depois que todos haviam terminados suas refeições os meninos foram designados para tirar e lavar a louça, ambos adolescentes tiraram a mesa e levaram para a cozinha enquanto Giovanna e Matteo iam para o quarto deles e Pietra voltava a brincar com suas bonecas na frente da lareira. Enquanto lavavam a louça Jean observou como Junior lavava os pratos e praticamente jogava para ele secar, ele parecia estar irritado.

Matteo Junior sempre pareceu ser o preferido de seu pai, mas quando se tratava de assuntos da família Jean sempre era o primeiro que ele chamava, o que era bizarro já que era claro que Junior queria muito mais se envolver com os assuntos familiares do que Jean, mas ele desconfia que seja exatamente isso que Matteo esteja fazendo empurrando o trabalho para dentro de Jean esperando que talvez assim ele pegue gosto pela coisa.

Não daria certo.

Quando chegou a hora, Jean tomou um banho e trocou sua roupa por uma camisa pólo azul escuro e jeans também escuros junto com sapa-tenis preto, ele sabia que quando se tratava de seu emprego esse era o modo certo de se vestir. Jogou um casaco por cima dos seus ombros e foi rumo ao endereço que lhe foi entregue, era um antigo armazém que no momento era utilizado para fazer trocas de mercadorias com outras famílias importantes da cidade. Jean nunca tinha vindo para aquele lado da cidade, mas sabe que aqui é o ponto de encontro de muitas famílias, famílias e grupos mais perigosos e mesmo assim, sua família era a mais temida, o sobrenome Nicolau está espalhado por todo o mundo, África, America e principalmente na Europa e pelo mundo inteiro era temida.

Ele saiu do carro e mandou que seu motorista o esperasse, ele entrou no armazém, andou por varias portas o cheiro de álcool, drogas e sujeira encheu suas narinas, ele sentiu seu estomago dar uma cambalhota e se sentiu enojado, mas caminhou firme e rumo ao seu ponto de encontro, chegando lá encontrou um homem digitando alguma coisa em um notebook ele parecia muito focado, mas moveu a sua atenção para Jean quando o mesmo limpou a garganta.

- Nicolau – Ele disse fechando o computador – Seu pai te mandou?

- É, ele não pode vir – Jean respondeu seriamente

- Ta certo – Ele então clicou em algo em seu ouvido – Podem trazer.

Jean esperava uma sacola preta cheia de armas, esperava um novo lote de drogas novas, talvez um pouco dos dois, mas ele não esperava que pelo pano que servia de porta ao lado do homem, passasse um rapaz segurando pelo braço uma menina pequena, ela estava vestindo um vestido branco que ia até o meio de suas coxas um branco muito transparente e era possível ver o corpo dela por de baixo do tecido, seus braços estavam presos com uma corda na frente do corpo e ela estava respirando rapidamente. Ela era ruiva, tinha pele bastante pálida e em seus olhos azulados podia-se ver que ela estava chorando.


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Notas finais do capítulo

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