Capítulo 63 - Muito nova

POV Mel

Acabei cochilando no colo do Miguel que me subiu pro quarto, ele foi procurar um pijama pra mim e achou o saquinho.

– Mel? Acorda Mel!

– Oi? Que foi?

– O que é isso?

Ele falou jogando o saco na minha frente.

– Calma Miguel!

– Quer dizer que você não estava brincando hoje de manhã?

– Eu tava, mas depois eu percebi que tava atrasada e comprei o teste.

– Você não podia ter me escondido isso!

– Eu não escondi! Só que eu tô muito abalada, acha que é fácil pra mim? Cara não é seu corpo que vai mudar, não é você que vai cuidar e amamentar, não é você que vai ficar madrugadas sem dormir, não é você que vai criar sozinho uma criança, então eu tinha o direito de te contar isso no mínimo amanhã! - eu falei sem conter as lágrimas

– Mel..cara, eu jamais ia te deixar sozinha nessa barra! Se eu fui homem pra fazer, eu também serei homem pra assumir!

– Eu não sei se quero ter esse bebê.

– É o que?

– Isso mesmo, não sei se tô pronta.

– Você não vai tirar esse bebê!

– Não é você que decide minha vida!!

– Mas esse filho também é meu. Pensa bem, pode ser um modo de suprir seu sofrimento pela morte dos seus pais.

– Preciso pensar!

– É, só não esquece que você não é a única envolvida nessa decisão! Você tá carregando uma vida, e não pode simplesmente matá-la.

Ele estava certo, mas era duro pra mim assumir, mas eu tinha que ser responsável pelos meus atos.

– Vou te deixar pensando. Qualquer coisa chama.

– Nã..

Nem terminei de falar e ele fechou a porta do quarto, eu não podia e nem queria magoar meu namorado, mas ter um filho com 17 anos não estava no meu plano de vida. Deitei e tentei dormir, mas não consegui, eu estava sendo atormentada por um pesadelo, era uma criança gritando por socorro, ela estava se afogando..e atrás de mim estava eu mesma chorando e dizendo desculpa. Acordei assustada e gritei pelo Miguel.

– O que foi?

– Um pesadelo..não me deixa só.

– Tá, como foi o pesadelo? - ele falou enquanto se sentou por trás de mim e me deitou no seu colo

– Tinha uma criança gritando por socorro e eu gritava desculpa, algo assim.

– Viu ai, isso é um aviso. Você vai se sentir culpada.

– Eu vou ter esse bebê, mas por favor, não me deixa enfrentar isso sozinha - abracei ele forte.

– Jamais - ele deu um beijo na minha testa e nós dormimos.