Lucy

Me despedi de minhas amigas, e quando estava indo em bora vi o carro da minha mãe estacionado na frente da escola. Ela falou que iriamos almoçar com uma velha amiga de infância dela, e sua filha. O que me surpreendeu foi o fato dela dizer que essa garota estuda na minha escola, e eu nem consegui reconhece-la. No caminho, mamãe me falou sobre ela, e me “subornou” para trata-la bem.

Quando chegamos no restaurante, a mesa reservada para quatro pessoas já estava ocupada por elas. A mulher sentada lá era elegante, usava um belo vestido vermelho, e maquiagem, a deixando poucos anos mais nova, seu cabelo era liso e um pouco encaracolado nas pontas. Já sua filha, usava uma blusa preta, e jeans – também preto – rasgado. Seus cabelos eram pretos e lisos, ela usava pouca maquiagem. A garota parecia meio nervosa por estar ali, olhava para todos os lados e se mexia toda hora na cadeira, parecendo desconfortável.

Minha mãe, simpática como sempre, logo se apressou em cumprimenta-las.

– Patricia! A quanto tempo, minha amiga. – Patricia se levantou, e minha mãe a beijou no rosto. – Esta é minha filha, Lucy.

– Olá. – Respondi sorridente.

– Olá Lucy – Ela me beijou no rosto – Esta é minha filha, Beatrice, ela estuda na mesma escola que você. Beatrice, não seja mau educada, cumprimente Lucy.

– Oi... – Beatrice disse, mal me olhando no rosto.

– Oi – Respondi um pouco desconfortável.

– Vamos almoçar então? – Patricia disse, voltando a se sentar na mesa.

Sentei próxima a minha mãe, nós fizemos o pedido, que não demorou muito para chegar. Nós comemos e minha mãe ficou conversando com Patricia, vez ou outra eu fazia algum comentário, já Beatrice só falou um “oi” desde quando chegamos. Como minha mãe havia mandado trata-la bem, resolvi a convidar para a festa de Richiori, hoje à noite, apenas por educação, já que tinha quase certeza que ela não aceitaria, e eu achava ela um pouco estranha de mais.

– Ei... Beatrice, o namorado de minha amiga vai dar uma festa hoje à noite, gostaria de vir com a gente? – Perguntei, torcendo para que ela não aceitasse.

– Ah... não obrigada. – Ela respondeu, para minha alegria.

– Ah... que pena... – Fingi estar decepcionada.

– Beatrice, aproveite, você nunca sai de casa. – Patricia disse.

– Não quero... – Ela ficou encarando seu prato, já sem comida.

– Pode nos dar licença um instante? – Perguntou Patricia, toda sorridente, puxando Beatrice para o banheiro feminino.

Não muito tempo depois, elas voltaram, Beatrice parecia um pouco assustada, e Patricia logo começou a falar.

– Que hora vai ser a festa? Beatrice pode passar na sua casa antes? – Ela perguntou olhando para mim.

– Ah... nós vamos as nove. – Respondi.

Droga! Não acredito que vou ter que ir com essa garota estranha para a festa. O lado bom, é que eu não preciso ficar grudada com ela, chego na festa e vou direto para perto da Isa e a Taty. Terminado o almoço, nós voltamos para casa, e minha mãe ficou falando – quase o caminho todo – de como estava orgulhosa de minha atitude. Cheguei em casa e fiquei tocando um pouco de violão em meu quarto.

O tempo passou mais rápido, e quando me dei conta, já estava quase na hora da festa. Comecei me arrumar cedo, fiquei um bom tempo escolhendo um vestido, até que finalmente resolvi colocar um vestido azul, meu favorito. Passei maquiagem, arrumei meu cabelo. Minha mãe bateu na porta do meu quarto, avisando que Beatrice já havia chegado.

Desci as escadas e vi Beatrice sentada, ela usava uma blusa frio – preta, obviamente – com uma caveira estampada, jeans preto, e um tênis all-star. Dessa vez ela não parecia estar usando maquiagem, a cumprimentei e nós fomos para a festa, chegando na hora. Antes de entrar na casa de Richiori, que aliás era enorme, procurei por Isa e Taty, que disseram que me esperariam aqui fora.

– Lucy! – Ouvi o que parecia ser a voz de Isa.

Isa veio em minha direção e me abraçou. Ela usava um vestido vermelho, que realmente ficava bom nela. Isa olhou confusa para Beatrice, e depois a cumprimentou. Nós entramos, já que Isa falou que Richiori precisava conversar com Taty, e ela então já havia entrado. A música era boa, e bem alta, havia praticamente todo mundo da escola lá. Fiquei conversando com umas garotas da escola, e acabei perdendo Beatrice de vista. Quando pensei em procura-la, um garoto, alto, com cabelos pretos, me chamou para dançar, peguei em sua mão e nós começamos a dançar.

Tatiana

Notei que quando Lucy entrou na casa ela estava com uma garota que eu não me lembrava de ter visto. Fiquei esperando Richiori voltar, ele havia ido buscar algo para beber. Richiori disse que havia algo importante que precisava me falar, mas ele estava demorando, então, impaciente sai a procura dele. Vi Isa beijando um garoto, provavelmente o amigo que Richiori havia mencionado, e Lucy dançava com um garoto, ela estava tão entretida que nem notou minha presença quando passei por perto dela. Um pouco mais afastada, encostada na parede, vi aquela garota que estava com Lucy, me aproximei dela, tentando ser amigável.

– Ei... qual seu nome? – Ela me olhou, mas não respondeu. – Ah... seu nome? – Perguntei um pouco mais alto, achando que era por causa da música.

– Não te interessa. – Ela me olhou com desgosto e saiu indo em direção ao lugar onde estavam as bebidas.

Irritada, eu a segui, colocando minha mão sobre seu ombro.

– Ei, quem você pensa que é para falar desse jeito? – Perguntei um pouco irritada, mas ela me ignorou. – Ei! Eu estou falando com você!

– Não basta essa música, ruim e alta, eu ainda vou ter que aguentar você? Ah me poupe. – Ela saiu, esbarrando de proposito em mim, e se sentou em um dos sofás.

Imaginei porque aquela garota precisava ser tão arrogante. Fui em direção a ela para esclarecer as coisas, mas senti alguém tampar meus olhos, adivinhei logo, falando que era Richiori. Ele me abraçou com um sorriso malicioso no rosto e me entregou um copo com tequila. Logo percebi que ele estava bêbado, o afastei com um leve empurrão no peito, o que o deixou meio chateado, mas não era um beijo que ele queria, e sim me deixar como ele. Saí de perto dele e disse que precisava resolver um problema.

Procurei pela garota arrogante, que era para estar no sofá, mas ela havia saído. Fui a procura dela, como não estava achando, fui perguntar para Isa, que estava sentada em uma banqueta, ela ria descontroladamente com o garoto que estava pegando há cinco minutos atrás.

– Ei, Isa, por acaso você viu a garota que estava com a Lucy?

– A última vez que eu a vi ela estava conversando com a Lucy, ali. – Ela apontou para a copa da casa – Mas depois não a vi mais.

– Ah, obrigada. – Saí e fui em direção a Lucy.

Com certa dificuldade, atravessei a sala para chegar até Lucy, esbarrei em algumas garotas por causa do caminho estreito em relação a quantidade de pessoas ali. Quando finalmente reconheci a minha amiga, que dançava sozinha dessa vez, a chamei com um gesto com a mão. Ela se aproximou e perguntei sobre a garota, tive que repetir a pergunta umas três vezes, já que a música estava muito alta. Ela disse que que a menina estava lá fora, ligando para a mãe. Peguei no braço de Lucy e a arrastei para fora da festa.

– Qual é o problema dessa garota? – Perguntei um pouco irritada.

– Gostaria de saber também. – Ela respondeu dando um leve sorriso – Tô vendo que já conseguiu ver o quanto ela pode ser chatinha.

– Ela foi arrogante comigo lá dentro – Respondi séria.

– Isso porque não foi você que precisou ficar mais de uma hora com ela. Mas cadê ela agora?

Lucy começou a olhar para os lados a procura da garota, como não estávamos achando, pensamos que ela talvez teria voltado para dentro da casa. Assim que entramos, vimos o que parecia ser a garota, estava indo em direção a ela, mas Lucy me puxou.

– Ah... acho que você não vai gostar disso, mas olha ali... – Ela apontou para o lugar onde Richiori estava beijando uma garota qualquer.

– Aquele idiota bêbado... – Respondi irritada.

Lucy disse algo, tentando me consolar, mas eu não precisava de consolo. Puxei a primeira pessoa que passou do meu lado, e a beijei. Depois do beijo me afastei do o que parecia ser garoto meio afeminado, que me olhava confuso. Lucy me olhou confusa, antes que ela fizesse alguma pergunta fui em direção ao lugar onde a garota estava.

– Ei! – A chamei enquanto colocava a mão em seu ombro.

– O que foi? – Ela perguntou com cara de tedio.

– Acho que temos que resolver alguns assuntos. – Disse séria, enquanto a puxava para fora da casa.

Nós fomos até uma parte da casa, onde não havia ninguém, e estava bem quieto por lá. Um pouco afastado da casa era possível ver um campo cheio de árvores, apesar que parecia um pouco assustador à noite.

– Não vai me dizer que a princesinha ficou irritada com o que houve lá dentro? – Ela disse, debochando, mas eu não respondi nada. – Ah, qual é! Vai pegar alguém e me deixa em paz.

– Bom, ao menos eu pego alguém. – Respondi no mesmo tom de deboche que ela usava.

– Ah... gente... – Lucy tentava falar, mas nós a ignoramos.

– Pelo menos eu não tenho fama de vadia por aí! – Ela aumentou o tom comigo.

– Ah... agora chega! – Não pensei duas vezes antes de ir bater nela.

Essa garota estúpida não tinha o direito de falar assim comigo! Mas antes que eu conseguisse alcançar meu objetivo, Lucy entrou no meio. Nós ouvimos um barulho vindo do campo, que estava totalmente escuro, não me preocupei de cara, já que pensei ser apenas algum animal, era até comum nessa região, apesar que não posso afirmar com certeza, já que não morava por perto, e só ouvia falar.