Izvor - Interativa escrita por N Spar


Capítulo 13
Capítulo 13




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Luna andava lado a lado com Lex em direção ao portão do Aquário de Hacoshi, na parte sul da cidade. Antes, na fila do Starbucks, explicara ao garoto sua paixão por animais. A sugestão da visita ao oceanário veio do próprio rapaz depois, agradando completamente a ruiva. Parecia que ela também havia dado sorte nessa missão, apesar de imaginar ter visto, por um instante, deboche no sorriso masculino.

Ao passarem as catracas, encontraram poucas pessoas andando pelo local. Talvez não fosse todo mundo capaz de se divertir observando peixes às nove da manhã.

– Vamos descer? O tanque principal do andar subaquático é o mais bonito, na minha opinião – Lex contou com voz tranquila.

– Tudo bem. E o que tem lá? – perguntou, animada.

– Peixes ósseos, tubarões, quimeras... – sorriu.

Encarou o rapaz com olhar sarcástico. Tantas espécies bonitas, como os castores dando as mãos para dormirem juntos, e ele a estava levando para ver animais que deviam ter saído da lua.

A cada andar que percorriam, encontravam menos pessoas. No último, o que desejavam, encontraram-se sozinhos. O ambiente estava iluminado, praticamente, apenas com o brilho que vinha de dentro do enorme tanque.

– Uau, tem uns realmente feios aí – Luna se aproximou do vidro, junto com Lex.

– Sério? – o jovem encarou com seriedade os peixes. – Não vejo nada de feio aí – respondeu friamente.

“Esse cara está bem?”, Luna se questionou internamente. Até o momento anterior, o jovem transmitira a ideia de que era descontraído e divertido. “Deve ter se tocado de que ESSA”, enfatizou a palavra mentalmente, “não é a melhor ala”. Suspirou.

– E aquele ali? – ignorou a mudança de humor de Lex e tentou continuar a conversa, apontando para dentro do aquário.

– Ah, é uma raia. Se chama “raia-viola” ou “viola-pintada” – retornou ao estado inicial, falando com naturalidade.

– Uma raia? Parece um tubarão que tentou engolir uma raia, que acabou ficando presa na boca – observava o animal de cabeça triangular com ironia.

Nesse momento uma figura cinza, grande e redonda apareceu em um dos cantos do aquário. Lentamente, nadava até o lado oposto, passando pelos olhos da dupla. Não apresentava escamas e possuía uma extensa barbatana dorsal. Para a ruiva, sua forma lembrava um personagem mal modelado de ficção científica com mais de três metros.

– Peixe-lua – Lex surpreendeu Luna, fazendo-a desviar o olhar para o mesmo. – Parece um tubarão, né? – fitou o animal com os olhos brilhando. – Mas é um peixe, uma presa, apesar do tamanho. Meu preferido – sorriu estranhamente.

– Bem, posso dizer que usaria esse cara como modelo para o Halloween – arqueou a sobrancelha em ar de desaprovação e sorriu.

Lex se aproximou inesperadamente de Luna até estarem poucos centímetros separados, conseguindo enxergar claramente seus olhos azuis.

– As pessoas se levam pela aparência, não é? – curvou o pescoço para encarar Luna, já que esta era uns dez centímetros mais baixa.

– É, acho que é quase sempre assim – seu rosto ficou sério, porém deu de ombros.

“Ou ele é muito ousado, ou maluco”, pensou. De qualquer forma, não gostava de rapazes que já tentavam algo logo no primeiro encontro. Não que estivessem em um.

– É por isso que elas não têm um bom final.

Lex levantou seu braço esquerdo e pousou a mão lentamente no pescoço de Luna, que se afastou na mesma velocidade.

– Olha, eu não...

Interrompeu a fala da garota segurando-a novamente, agora de forma rápida e brusca. A mão esquerda apertava a garganta da ruiva, e logo levantou a direita para agarrar o espaço restante. Luna, assustada, tentava se soltar. O garoto se movimentou, jogando as costas dela contra o vidro grosso do tanque e pressionando o corpo indefeso contra o seu rígido, evitando que recebesse chutes.

– Você não parece forte. O que faz? – perguntou com indiferença. - Mostre-me.

Luna não conseguia se movimentar e sua respiração piorava. Se não ouvisse Lex, sabia que um mau final realmente a aguardava.

(...)

– “Pirates for fun”? Ah, que criativos! – Phenice, animada, exclamou enquanto mirava a entrada do parque.

– Cara, concordo com você! – Python sorriu enquanto recebia bilhetes do funcionário da bilheteria. – Toma, pega – estendeu um dos papéis.

– Valeu, valeu!

Os dois retornaram a andar, saindo da fila em direção aos portões da entrada. O local que haviam escolhido para o primeiro dia de missão era um parque de diversões temático, localizado a duas horas do ponto de encontro. Python, mostrando seu lado prático – ou rico -, sugerira o táxi como transporte, tudo em sua conta.

Depois das catracas, um cômodo decorado como uma cabine de capitão era a primeira parte do parque. Lá, toparam com pessoas fantasiadas de piratas recebendo os visitantes novatos.

– Também nunca veio aqui, Python? – a ruiva questionou.

– Não - movimentou a cabeça negativamente. - Eu não sabia o que estava perdendo!

Um dos piratas alcançou a dupla e a informou sobre os prêmios que poderiam ganhar caso recolhessem algo como “certificados” em cada atração que fossem. Após mais dicas, receberam, cada um, uma bolsinha marrom e foram liberados para continuar a exploração do local. Fora do aposento, suas visões mudaram para algo parecido com uma larga ilha.

– Wow, olha aquilo! – a ruiva apontava energeticamente para um castelo de pedra no fundo do cenário.

– E esse lago? – fitou a água tranquila do píer à direita. – De onde vem, cara? É muito maneiro!

No meio da extensão líquida, a uma distância considerável, uma rocha com formato de caveira chamava a atenção de quem passava pela avenida circundada por diversas atrações, como tiro ao alvo e jogos de sorte.

Caminharam todo o comprimento da rua, chegando a uma perpendicular. Consultaram o mapa, que encontraram dentro da bolsa recebida, e pegaram a direção para a “Cabana da Grams, atração destinada para aqueles que querem conhecer seu futuro através dos olhos da cigana”.

– Olha! É ali, né?! – Phenice se agitou ao avistar uma estrutura baixa de madeira e palha.

– Tenho certeza que sim. Vamos!

Não havia fila, fazendo os dois subirem rapidamente a pequena escada na frente da construção, que apresentava galhos secos, cestas de vime e animais voadores desconhecidos de plástico. A entrada era estreita e a iluminação não passava de uma lâmpada, impossibilitando ter boa compreensão do interior do lugar. Embaixo da única fonte de luz, uma mulher jovem de tecido nos cabelos e colares dourados os chamou para a cadeira em frente.

– Qual dos piratas será o primeiro? – perguntou lentamente.

Python olhou para Phenice e fez um gesto, passando sua vez.

– Eu! – a garota balançou a cabeça positivamente.

– Tudo bem. Qual seu nome? Estenda sua mão e a verificarei – a mulher fez a mesma coisa como um convite.

– Phenice – pousou a mão na da cigana e aguardou ansiosamente enquanto a última colocava uma ampulheta em sua palma.

– Ah, sim, você estará a bordo de uma grande aventura em pouco tempo.

– E vai ser boa? – indagou com expectativa.

– Dependerá de você, pirata – piscou um dos olhos e largou a mão, retirando a ampulheta. – Próximo cliente.

Python se sentou no lugar da ruiva e esticou o braço, aguardando que a mulher refizesse as ações.

– Você terá sucesso se olhar para as outras pessoas. Seja atento, pirata.

– Valeu – sorriu e se levantou.

– Tenham uma boa viagem – a cigana juntou as mãos e sorriu.

Fora da cabana, Phenice se espreguiçou e riu.

– “Grande aventura”, é? É isso que eu queria ouvir!

O garoto platinado lançou um olhar rápido de esguelha para a ruiva e sorriu, embora não sentisse felicidade naquele momento. Ao contrário da adversária, sua sorte não pareceu vantajosa, pois, afinal, olhar para outras pessoas é o que evitava.


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Notas finais do capítulo

Preciso dizer que senti muita vontade de visitar um parque de diversões enquanto escrevia o capítulo. Que injusto, D: aeauhe.
Até a próxima, galera (:



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