Aqui é o KwangJi.
Você acreditaria em alguém que chega na sua vida de repente, e já vai tomando posse e dizendo que você pertence a ele, sem ao menos ouvir o que você tem a dizer sobre isso?
ChungHo era assim.
Pode-se dizer que tínhamos uma relação estranha. Ele me perseguia e adorava me estressar. E eu continuava na dele, nem para me afastar eu servia. Acho que esse excesso de bondade para com ChungHo era demais. Ele nem se importava em me dar apelidos. Ele bagunçava meu quarto, me tirava do sério, e no fim, fazia uma expressão fofa e, voilá! Escapava da bronca.
Eu era tão coração mole que me dava enjoo só de pensar em quanto era imbecil.
Nesses meus dezessete anos de vida nunca pensei que teria que ir para um internato de garotos para ser mais "homem". Mas nããão, meu pai machista e estúpido queria que eu fosse forte e autoritário para poder herdar aquela empresa tosca dele.
Isso é tão clichê que chega dói.
Mas o fato é que não sou forte, não sou maneiro, não tenho SWAG e não passo a imagem de uma cara "machão".
Na verdade, pareço uma garota. E odeio.
E SunHee não parecia entender isso, porque adorava pintar meu cabelo de louro superclaro e dizer que eu estava divando. Eu já tinha olhos grandes e amendoados, boca grossa e cílios enormes, e ela tinha a coragem de me passar maquiagem e dizer que estava passando a tarde com uma amiga para o namorado. Ainda duvido que ela possua ou venha a desenvolver algum pouco de oligofrenia, obrigado.
Mark diz que eu sou neurótico e insensível, devia calar a boca e aceitar ser daquele jeito, além disso, apostava sua caminhonete nova que muitos homens dariam tudo o que tinham para ficarem parecidos comigo. Eu o xingava de mentecapto ignóbil em resposta.
Minha mãe também não cooperava. Lindinho e fofura eram seus adjetivos favoritos para me descrever. E foi com essas palavras que meu pai me tirou da Coreia para morar na China. Ela disse que seria divertido e que teria chance de conhecer YiBo, aquele cantor do grupo UNIQ. Retruquei que não queria conhecer YiBo, só porque estava na moda eu não precisava gostar do grupo!
Mas eu gostava.
E aí chegamos ao começo do texto.
Você acreditaria em alguém que chega na sua vida de repente, e já vai tomando posse e dizendo que você pertence a ele, sem ao menos ouvir o que você tem a dizer sobre isso?
É, foi mais ou menos assim a recepção de ChungHo.
Começou com um "oi", animado ao descobrir que meu colega de quarto era coreano também.
Alguns dias depois, eu era como propriedade dele, e ele tinha ciúmes de mim, mesmo sem lembrar meu nome na maioria das vezes.
"Kungji"
"Hwangjin"
"Geonji"
Até sair um "Kwangji" embolado foram ao menos um mês de nomes não correspondentes ao meu.
E em quem eu descontava minhas frustações?
Mark e SunHee.
Não posso fazer nada.
Afinal, Park ChungHo era um idiota.
Um idiota muito idiota.