LUNA

Tive medo quando eles falaram que queriam conversar, o que poderia ser? Algo bom? Certamente não, pois meu pai estava sério e minha mãe parecia alguém que já tinha um plano exato de tudo como ela queria.

—Sim, o que querem conversar? -falei forçando o sorriso.

—Como você sabe, você é nova, e tem muita coisa pra conquistar nessa vida, tem que acabar os estudos e tudo. Então eu e seu pai conversamos, e decidimos que você irá abortar esse bebê!- falou séria.

—Já conversamos com o médico, e dará tudo certo, não corre risco nenhum!- falou meu pai sorrindo- Vai ser o melhor pra você minha filha!

Estava surpresa! Não podia ser verdade. Meus pais novamente decidiram minha vida sem me falar. Mas isso eu não aceitaria. Nunca me perdoaria se fizesse isso.

— O QUE???? NÃO. CLARO QUE NÃO, ESSE FILHO É MEU. NÃO VOU TIRÁ-LO -falei alterada

—Minha filha, esse bebê vai atrapalhar sua carreira. Você não vai poder fazer mais nada- disse ela insistindo- E aliás, já está decidido!

—Não irá atrapalhar nada! Ele é meu bebê, e eu não vou tirar. Vou criar ele sim e ainda ter boas notas, e um futuro. -falei séria -Não vou e pronto! Se insistirem eu saio de casa.

Nunca faria isso com ele. Okay! Me assustei ao saber que ele existia, mas ele fazia parte de mim. Algo mudou quando conversamos, enquanto eu passava a mão na barriga, ele estava ali podia sentir, assim como agora eu podia sentir um leve desconforto com essa ideia ridícula dos meus pais. Ele merecia viver, não tinha culpa, e merecia todo amor e carinho que eu tinha a oferecer. Não iria abortar, apesar dos protestos mesquinhos dos meus pais.

—Você está cansada minha filha- falou ele segurando minha mão - Descanse um pouco, amanhã quando estiver melhor, verá que essa é a escolha certa!

—Não é não. Pai, eu amo essa criança! Vou criar ele. Vocês vão ver. -eu já estava chorando -nos deixe por favor, quero ficar só com ele um pouco -pedi e os dois saíram do quarto, eu procurei meu celular.

Só tinha uma pessoa que me ouviria agora. E que embora acho que não goste da ideia, iria me apoiar. Liguei pra ninguém mais ninguém menos que Alice, não me importava a discussão e a traição, me importava agora ter o apoio de alguém pela vida do meu bebê. Chamou várias vezes e ela não atendeu, estava tarde, ela poderia estar com o David. Liguei várias outras vezes, não importa, só queria ajuda e ela seria a única que eu poderia contar.

Liguei mais vezes até que por fim ela atendeu...

ALLY

A Luna estava grávida. E ao contrário do que ela pensava, eu estava muito feliz por ela. Aquela criaturinha a fazia bem, pelo o que escutei ela falando, quando estava conversando com a mãe dela. Os pais queriam que ela abortasse, claro que não concordei e prometi ficar calada, até pelo bem da Luna!

David já havia me ligando, eu disse que estava no hospital, mas não comentei nada. Ele me mandou varias mensagens depois dizendo que estava na porta, e quando entrei no carro ele perguntou se estava tudo bem!

—O que houve amor?

—Oi príncipe!- falei e dei um selinho- A Luna passou mal de novo, e está internada, mas nada demais!

—Tem certeza? Parece preocupada. –falou me olhando quando voltávamos para casa–O que ela tinha? Vocês conversaram bem?

—Tenho sim, é preocupação normal!- falei forçando um sorriso- Só os enjoos, e está com anemia! A conversa foi mais ou menos, ainda é difícil.

—Mas conversaram, isso é bom. Logo serão amigas de novo, tenho certeza.-sorriu- E realmente, ela não parecia bem esses dias, vamos jantar ou já quer ir pra casa? 

—Vamos pra casa, quero tomar um banho e depois faço algo para gente comer. E podemos assistir um filme, o que acha?- falei o olhando.

—O que mandar princesa!

Estava assistindo filme com o David e quando fui pegar um cobertor no quarto, vi que tinha umas cinquenta chamadas da Luna. Quando ela ligou novamente, tive que atender, já estava preocupada!

(ligação on)

Eu: Oi Luna, aconteceu alguma coisa?

Ela: Si...sim Ally... Me...meus pais querem... Ti... Tirar meu bebê de mim. Preciso da sua ajuda Ally

Eu: Eles te contaram... que bom! Claro, quer que eu vá pra ai? E conversamos melhor?

Ela: Não sei, estou te incomodando neh? Se quiser me encontrar em casa amanhã, vou ter alta cedo .Não quero perder meu bebê, meu bebê não. Que? Eles me contaram? Você sabia?

“_O que houve amor? Quem é? – perguntou David que se sentou ao meu lado”

Eu: Okay, assim que chegar irei a sua casa- disse- Sua mãe me pediu ajuda, pediu que viajasse com você após dizerem que seu organismo rejeitou o bebê! Não concordei claro, e falei que conversassem com você antes de tudo!

Ela: Não acredito que eles queriam isso. Tudo bem te ligo quando chegar e assim que voltar a escola eu vou... Vou contar pro David

Eu: Então amanhã conversamos. E fico feliz que tenha tomado a decisão de dizer a ele. Não vão tirar esse bebê de você, fica tranquila!

Ela: Está bom vou tentar. Obrigada Ally e desculpa incomodar. Boa noite!

Eu: Você não incomoda, ligue quando quiser! Boa Noite

(ligação off)

—Bebê?? QUE BEBÊ ALLY?? O que ela queria? –perguntou ele assustado.

—Que lindo você! Fica escutando conversa dos outros!- falei olhando sério pra ele- Vamos lá assistir o filme.

—Você não me respondeu... –falou me olhando.

—Você vai saber logo. - o abracei, não podia contar nada, não era minha obrigação- Confia em mim.- pisquei pra ele.

LUNA

No dia seguinte saí do hospital. Meus pais não perturbaram mais sobre aborto. Cheguei em casa, Ally apareceu à noite, conversamos muito, sentia falta daquilo.

—Porque não dorme aqui Ally? -falei enquanto comia as frutas da dieta.

—Acho melhor não, vou te incomodar, e você acabou de sair do hospital, tem que descansar melhor!- falou.

—Não, por favor, fica aqui Ally -falei sorrindo- ou você tem compromisso com o David?

—Está bom, eu fico!- disse sorrindo- Não tenho nada pra fazer com o David esses dias.

—Ebaaa!!! -falei sorrindo- vou contar pro David amanhã. Como acha que ele vai agir?-falei pegando e mostrando os sapatinhos brancos de bebê- Ah olha! Já tem os primeiros sapatinhos.

—Você sabe que vai ser difícil Lu. Mas espero que ele aceite rápido.-forcei um sorriso- Nossa que lindooos! Já estou ansiosa pra saber se é menina ou menino.

—Não sei por quê, mas acho que será um menino. -disse sorrindo- Sabe, não me importo, vou contar por que você insistiu e ele tem o direito de saber, mas não vamos precisar dele -falei deitando - É nós dois agora, apenas!