Julia estava em seu quarto sentada em cima da sua cama digitando em seu notebook, um resumo da sua vida, como se fosse um diário pessoal. Eram quase onze horas da noite, chovia muito sem parar e aquele frio super gostoso inalava sobre ela.

POV. JULIA

Meu nome é Julia Lemos. Sou uma pessoa muito amigável, e de bem com a vida, mês que vem eu completo 17 anos e vou está cursando o último ano do ensino médio. Eu sou morena, olhos castanhos e meu cabelo é comprido. Tenho tantos projetos para minha vida, fazer vestibular e está numa faculdade, e se tornar alguém na vida. Meu maior sonho é ser estilista, espero que um dia eu consiga realizar meu objetivo, mas esse ano com certeza vou ter que ralar muito.

Eu moro na cidade de Guarulhos em São Paulo, no bairro São Tomé, eu moro com meus pais e meu irmão mais novo, o nome deles é Helena e Philipe e meu irmão se chama Vitor. Meus pais estão com o casamento em crise, sempre estão brigando, tem vezes que não suportam um ao outro e acabam dormindo em quarto separados, mas sempre tem um jeito de reatarem, embora isso me deixa muito arrasada e seria estranho se um deles tomasse um rumo diferente na vida. E meu irmão Vitor é um ano mais novo do que eu, é um garoto que não liga praticamente nada pra vida e muito menos pros estudos. É arrogante, rebelde e sarcástico com todo mundo e sempre tem um jeito de me irritar.

Minha melhor amiga se chama Letícia. Se conhecemos desde o primário, estamos sempre juntas, dividimos segredos e opiniões e também dormimos na casa da outra de vez em quando. Somos praticamente como irmãs e também ela tem um namorado, o nome dele é André, os dois se conheceram desde o 1º ano e só agora que decidiram namorar. Eu também tenho namorado lindo, maravilhoso e gentil. O nome dele é Miguel, estamos namorando há quase dois anos e ele é universitário de Direito, a gente se vê pouco, o que dificulta muito na relação. Ele tem a ideia fixa de me pedir em casamento, porém não estou preparada pra isso. Eu tenho que pensar em mim primeiro, conseguir uma carreira para depois me casar.

POV Off.

Julia tinha que dormir mais cedo amanhã começaria as suas aulas, mas ela estava tão concentrada digitando sobre sua vida que não percebia que já estava ficando muito tarde.

Ela bocejou de sono e desligou seu notebook, já que estava fazendo bastante frio por causa da noite chuvosa. Colocou o notebook em cima da sua cômoda e foi dormir bem aconchegante.

No dia seguinte, seu despertador tinha tocado, mas Julia não ouvia por causa do seu sono profundo e já estava na hora de ir pra escola. Sua mãe entrou no seu quarto e começou a gritar

– Acorda Júlia, já ta na hora de ir pra escola! – Sua mãe entrou no quarto gritando e abriu a janela. A luz do sol veio em direção ao rosto dela, o que fez acordar na hora.

– Que droga!– Disse Julia se espreguiçando e ouvia os estalos do seu corpo.

Ela levantou da cama e tirou seu pijama. Depois pegou a toalha e colocou em volta do seu corpo e foi ao banheiro, porém tinha gente lá, era seu irmão que cantava bem alto debaixo do chuveiro. Julia estava ficando impaciente e batia na porta várias vezes sem parar, mas ele fingia que não ouvia.

– Sai logo daí Vitor – Gritou Julia batendo na porta várias vezes com muita raiva.

Depois de cinco minutos ele saiu do banheiro e aquele vapor saia de dentro. Ele ficou bastante tempo tomando banho de água quente. Enquanto Julia ficava na porta esperando de braços cruzados

– Queria ter um banheiro só pra mim – Resmungou Julia entrando no banheiro.

– Seria muito mais fácil você se mudar daqui – Disse Vitor todo molhado com a tolha por baixo da cintura e encharcando o piso da casa.

– Eu tenho minhas prioridades nesta casa – Tocou na fechadura da porta encarando o Vitor.

– Ah propósito, eu usei seu shampoo e felizmente acabou – Disse Vitor dando um sorriso sarcástico só pra irritar sua irmã de propósito.

– Você é um idiota! – Ela estava prestes a dar umas tapas nele, mas Vitor correu indo diretamente para seu quarto e se trancou.

Julia fechou a porta do banheiro e tirou a toalha. Logo em seguida colocou-se rapidamente debaixo de um chuveiro. Ela estava tão ansiosa para o primeiro dia de aula, que queria poder matar as saudades de seus amigos.

Alguns minutos depois. Julia saiu do banheiro e foi para o seu quarto se arrumar. Foi ao seu closet escolher um tênis branco despojado com rosa, em seguida vestiu seu uniforme escolar e uma calça jeans feminina. Também fez make up em seu rosto para chamar bastante atenção. Pegou sua mochila e saiu do seu quarto descendo as escadas andando tranquilamente para a cozinha. Chegando lá, se deparou com seus pais e seu irmão sentando em volta de uma mesa redonda tomando café e comendo panquecas. Os pais estavam em silêncio por causa da briga feia que tiveram ontem a noite e mal se olhavam na cara. Não era comum vê-los assim daquele estado, mas Julia ficou logo preocupada vendo aquela situação, apesar de não ter ouvido nada naquela noite.

– Vocês vão querer uma carona pra escola? – Perguntou Philipe com uma cara muito triste.

– Sim, pai, nós vamos querer sim! – Disse Julia sorrindo sem graça.

Depois do café, Julia e Vitor foram até o carro e sentaram no banco de trás. Julia ficou teclando no seu celular, enquanto Vitor que olhava para rua escutando músicas com seu fone de ouvido. Vitor ouviu toda a discussão de ontem a noite e não estava preocupado com a situação que acontecia ao seu redor, para ele tudo estava indo tranquilamente.

O pai dos garotos levaram os seu filhos até o colégio “Lorenzo Royal” que finalmente depois de tantos anos passou por uma reforma geral, graças a prefeitura. Vitor e Julia Saíram do carro juntos.

– Até depois, crianças – Philipe se despediu de seus filhos.

– Tchau, pai! – Julia acenou toda sorridente.

Philipe foi embora com o carro. Os dois entraram no prédio e se deparam com a quantidade de gente que tinha no corredor. Eram todos alunos que estavam procurando suas salas, a maioria eram novatos. Julia estava louca para conhecer sua sala nova e reencontrar seus amigos.

– Beleza, Julia. Eu vou encontrar minha sala, vejo você depois – Vitor foi embora com muita pressa sem se despedir de sua irmã direito.

Enquanto Julia pegou as escadas e foi subindo até o segundo andar à procura de sua sala. O corredor do segundo andar não era tão movimentado como era no térreo, já que todo mundo do segundo andar eram veteranos.

Durante o trajeto Julia começou a sentir falta de alguma uma coisa, logo percebeu que não ainda não viu seus melhores amigos, Letícia e André. Ela não tinha certeza se os dois estavam na sala ou se ainda não chegaram.

Chegando na sala, encontrou a primeira carteira para sentar. Tinha bastantes alunos, no mínimo quarenta e cinco. Eram bastante do que o ano passado e faziam muito algazarra, com exceção de alguns que ficavam em silêncio.

Todas as salas passaram por reformas gerais. As paredes eram totalmente brancas, tinha dois ares-condicionados que ficavam presas no teto, um quadro branco e uma mesa do professor. As carteiras eram bem empilháveis e com gradil por baixo. Julia até se surpreendeu de como as coisas melhoraram bastante.

Logo depois um rapaz que Julia nunca tinha visto sentou-se ao seu lado enquanto escutava músicas com fone de ouvido. O rapaz parecia ser bem largadão igual ao seu irmão, Vitor, mas a beleza do rapaz chamou atenção de todas as garotas que estavam por perto, inclusive de Julia. Ele tinha cabelos negros-castanhos encaracolado. O rapaz estava bem sério e calado, parecia que estava ali contra sua vontade.

Julia não parava de olhar para ele, mas logo disfarçou seu rosto rapidamente, ela sabia que não podia paquerar outros rapazes porque já tinha um namorado. Ela pegou seu caderno da mochila e colocou em cima da carteira à espera de algum professor. Depois disso alguém abraça Julia por trás e se assusta quando alguém beija seu rosto.

– Ei Juh – Era Letícia sua melhor amiga. Uma garota loira de cabelo comprido e olhos azuis.

– Letícia! – Julia ficou feliz ao ver sua amiga.

– Saudades de você sua vaca, nunca mais me ligou desde o fim das férias, só vive colado com esse seu namoradinho, Miguel.

– Olha quem fala, você que vive pra cima e pra baixo com o André.

– Mas eu passei dias ligando pra você.

– Sua boba, meu celular foi roubado, tive que comprar um novo e recuperar meu número... Você sabe que sempre vai morar aqui no meu coração – As duas deram um abraço bem apertado – E por falar no André. Aonde ele está?

– Ele ta vindo, mandou uma mensagem no whatsapp avisando que vai se atrasar – Disse Letícia lendo sua mensagem no seu Smartphone.

– Só espero que aquele chato do porteiro deixe o entrar.

Letícia começou a olhar fixamente para o outro lado.

– Juh... É impressão minha ou essa escola inovou – Letícia sorriu de um jeito bem saliente

– Não é impressão sua, a escola passou por uma reforma no período das férias, já estava mais do que na hora.

– Não Julia, digo do carinha ali... Uau, que gato! – Ela apontou para o novato largadão

– Que isso menina, tanto você, quanto eu, temos... – Julia nem terminou a frase, quando viu André bem atrás de Letícia.

– Temos? – Perguntou André curioso.

– T-Temos, aula, né Letícia? – Gaguejou Julia dando um beliscão nela.

– Ai... Sim, claro – Letícia fez cara feia para Julia – Como vai meu fofucho? – Ela foi abraçar o André

– Melhor agora que eu te encontrei – Os dois deram um selinho bem na frente da Julia. Aquilo estava ficando meio constrangedor para ela.

– Não estou afim de ficar segurando vela – Reclamou Julia.

Finalmente depois de tanta espera, o professor de geografia havia acabado de chegar naquele exato momento.

– Bom dia, turma! – Disse o professor de Geografia, Marcos Antônio. Um professor de 35 anos disciplinado e muito rígido. É daqueles professores linha dura, sempre apertando as rédeas para intimidar os alunos.

– Bom dia, professor – Respondeu a turma.

– Droga! – Resmungou o novato em voz alta

– O que você disse meu rapaz? – Perguntou professor – Temos um novato corajoso na turma, diga-me seu nome para todo mundo ouvir – Professor Marcos Antônio estava bastante sério olhando para o novato, ele até ajeitava seu óculos de grau para observar direito o comportamento do rapaz.

O novato se levantou e ficou de braços cruzados encarando o professor.

– Meu nome é Kalebe, eu vim de outra escola... e bom dia professor – Falou o rapaz em um tom irônico.

– Alem de gato, ainda é valente! – Sussurrou Letícia perto do ouvido de Julia.

– O que vocês duas estão falando? – O professor se aproximou das duas para poder ouvir a conversa delas.

– Estamos falando o quanto nós sentimos falta das suas aulas, professor – Julia ficou amedrontada

– Olha só, mais uma engraçadinha, quero você e seu amiguinho Kalebe fora da minha sala – Disse professor sendo sarcástico.

– O quê? Mas eu não fiz nada... – Julia ficou desesperada

– Não quero ouvir suas desculpas, os dois, saíam daqui – Professor Marcos Antônio abriu a porta da sala e expulsou Kalebe e Julia.

Os dois estavam parados no corredor vazio encostado na parede sem pensarem no que fazer. Ela estava zangada por ser expulsa por algo que não fez, enquanto ele ficava de braços cruzados olhando para as paredes.

– Logo no primeiro dia de aula, eu sou expulsa de sala. Eu não mereço isso – Resmungou Julia

– Poderia ser pior – Disse Kalebe

– Ah, é? E porque? – perguntou Julia

– Pelo menos não está chovendo – Kalebe começou cair na risada.

– Nossa, como você é engraçadinho, um comediante, deveria fazer standy up sabia disso? – Ironizou Julia.

– E você deveria ter um pouco de senso de humor.

– Não estou no clima pra isso, eu nunca fui expulsa de sala em toda minha vida.

– Não me diga que você é daquelas garotinhas politicamente correta que sempre obedece seu papaizinho?! – Kalebe insinuou.

– Isso não é da sua conta.

– Sabe o que eu acho? Deveríamos dar uma lição naquele professor de meia tigela

– Uma lição? Que tipo?

– Você é lerda ou o quê? Tipo uma vingança, não posso deixar barato que aquele verme fez com a gente. Nós precisamos fazer alguma coisa.

– “Nós?” Estou fora.

Julia estava se afastando de Kalebe, mas ele segurou o braço dela.

– Você não adianta fugir, agora estamos juntos nessa – Kalebe sorriu ironicamente

– E posso saber como pretende fazer isso?

– Não vou encrencar nenhum de nós dois, vou ser cauteloso e discreto, ninguém precisa ficar sabendo de nada que aconteceu... Eu sei muito bem o que fazer para acabar com a reputação daquele professorzinho.

Julia estava ficando assustada com a atitude de Kalebe, ele parecia ser muito determinado em fazer aquilo de um jeito ou de outro. Percebeu-se logo que o rapaz não era flor que se cheire.

– Eu não sei se é uma boa ideia – Julia revirava os olhos de medo.

– Não se preocupe, você vai gostar de viver essa aventura, e aliás, eu sei que você sente o mesmo prazer em dar uma lição naquele professor.

– Você tem razão, aquele professor foi muito injusto comigo... M-Mas não quero que ele saia machucado... – Julia ficava preocupada

– Não se preocupe, ele não sairá machucado nessa história – Disse Kalebe sorrindo de um jeito maléfico.