Anjo De Cristal escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 19
O Martírio Da Bela Princesa


Notas iniciais do capítulo

Depois de tomar chá de sumiço, eu voltei com esse capitulo.
Gente, a Amara está doente(Nossa, grande novidade). Eu vou falar mais nas notas finais...
Agora aproveitem!



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POV Fabiana

A noite anterior me rendeu muita dor de cabeça. Eu estava nas mãos de Francisco e Ana Rita. É a primeira vez que me vejo encurralada e em um beco sem saída. Eu preciso arranjar uma maneira de me livrar deles para que meu segredo não seja revelado, ninguém pode saber o que eu fiz com Amara e Leandro. Maldição! Meu sobrinho permaneceu com o mesmo nome! Ele não mudou nada
desde pequeno. Tem os olhos de Lorenzo e a mesma cor de cabelo que Maite e Letícia. Ele é um homem feito, não deve ser fácil manipula-lo. E isso dificulta o meu plano de me livrar de Ana Rita e Francisco. Mas agora eu só preciso me preocupar em esperar Lúcia Helena neste restaurante. Preciso entregar as chaves do meu apartamento para ela.

—Fabiana?—Escuto uma voz feminina e me levanto. Era Lúcia com. Rafael!—Sou Lúcia, e este é meu amigo. Rafael. —Lúcia nos apresenta e Rafael fica me encarando.

—Como vai, Fabiana? Ouvi muitas coisas a seu respeito. —Rafael fala e eu o encaro. —Como Letícia está?

—Não quero ser grossa com você. Mas não irei falar nada da minha
sobrinha para você. —Falo e Lúcia fica envergonhada. —De onde você o conhece?

—Acabei de conhecê-lo. —Lúcia fala sorrindo.

—Lúcia, você não sabe a espécie de homem que ele é. —Falo.

—Por que esta falando tudo isso? Eu não fiz nada para ser tratado assim. —Rafael rebate com raiva.

—Se você soubesse a desgraça em qual deixou minha... —Paro de falar por causa do parentesco que iria chamar Letícia. —Sobrinha. Não estaria nem na minha frente. —Falo. —Lúcia, aqui esta as chaves. Espero que se sinta em casa. —Falo ficando mais calma.

—Claro que sim. —Lúcia fala e damos um breve aperto de mãos. —E também espero que sejamos boas amigas. —Fala amolecendo meu coração. Minhas dúvidas sobre Lúcia estavam aniquiladas agora.

POV Francisco

A guerra esta declarada. Fabiana é minha inimiga, estou correndo o risco de perder tudo por causa dela. Meus filhos, minha família e minha paz. Não posso permitir também que Fabiana fique impune, que não leve nenhum castigo. Eu terei que ser injusto com Estevão e Lorenzo, mas esta é a única forma de forçar Fabiana a confessar tudo o que já fez. Se bem que desta forma irei perder Regina e Leandro. Preciso arranjar uma forma de não perde-los ao afetar Fabiana. Preciso fazer justiça, custe o que custar.


—Já vai?—Ana Rita me pergunta assustada. Eu nunca fui me acordar tão cedo, mas hoje meu plano começa. —Não é muito cedo?—Pergunta me ajudando com a gravata.

—Tenho muitos planos, querida. —Falo beijando duas mãos. Ana Rita é o que mais amo, e preciso demonstrar isso para ela todos os dias.

Eu não vi isso em Estevão e Maria. Não demonstraram amor, companheirismo e nem afeto. Parecem distantes separados e em mundos diferentes. São um casal, pais e pilares de uma família. Não devem ser frios como aparentam ser. Mas eu não posso culpa-los, a culpa é de
Fabiana. Tudo culpa dela por sequestrar Leandro e Amar... —Me alto corrijo. —Regina. Minha filha na verdade se chama Amara...

—Tantos que parece distante de mim. —Ana Rita fala com um brilho nos olhos, um brilho bem diferente. Eu estou distante de Ana Rita assim como Estevão esta de Maria. —Por que não me conta o que esta acontecendo?—Pergunta procurando uma resposta nos meus olhos.

—Agora não é um momento propício, cachinhos dourados. —Falo tentando disfarçar meu incomodo. Não gosto de esconder nada de Ana Rita.

Eu aprendi com minha mãe que não se deve manipular ou esconder algo por muito tempo para uma mulher. Minha mãe era assim! Manipuladora, malfeitora, amarga, má e mentirosa. Se ela não tivesse acabado com a própria vida talvez hoje estivesse comigo.

—Agora, eu irei tomar conta de nossa empresa. —Falo arregalando os olhos. Ana Rita sorri e parece esquecer-se do assunto anterior.

—Nossa?—Pergunta ainda risonha.

—Ainda não é nossa oficialmente, meu amor.—Falo alegre.—Saia hoje, divirta-se com nossos filhos...

—Sem você? Não é a mesma coisa.—Fala e eu tento mudar de assunto novamente.—Vou aproveitar e levar Regina ao médico qualquer dia desses.

—Procurou saber se Eles tem algum problema de saúde?—Pergunto com ânsia e ele entende a quem me refiro.—Para saber se Regina herdou deles...—Se ela herdou algum problema de saúde de Estevão e Maria.

—Não procurei saber de nada. Apenas soube que Maria sofreu muitas complicações na gestação.—Fala ao se sentar na poltrona.—E Fabiana?

—Irá morrer se falar algo para nossos filhos.—Falo colocando meus braços na poltrona onde minha esposa esta sentada. Fico bem na sua frente com uma expressão séria.—Você sabe do que sou capaz.—Falo com tom de ameaça.—Ela não durará muito.—Falo imaginando a forma como ela ira desaparecer do mapa.

POV Regina (Amara)

—Minha filha! Alguém salve a minha filha!—Escuto uma mulher gritar a metros de distância.—Minha filha!—Era uma voz familiar, um doce na voz que eu conhecia mas estava esquecida.

—Amara.—Escuto Estevão falar o nome da filha perdida. Falava com um tom doce e revelador.—Amara.—Agora é uma lembrança do jantar da noite passada.—Regina...—Estevão me chama.

—Sim?—Respondo e ele segura as minhas mãos.—Você voltou.—Fala me olhando da cabeça aos pés.—Me ajude com Amara, Regina.—Estevão pede desesperado.—Preciso saber dela, Regina. Me ajude!—Exclama e se ajoelha diante de mim. Ele abaixa a cabeça e começa a chorar.

—Estevão, levante-se.—Peço colocando uma das minhas mãos em seu ombro.—Não se ajoelhe diante de mim. Não sou digna de tal ato...—Falo chorando ao ver suas lágrimas caírem no chão.—Levante-se, Estevão.—Peço mais uma vez. Então o ergo na minha frente ele permanece de cabeça baixa.

—Estevão?—Maria o chama ao entrar no cômodo da...da... Oh Deus! Não é minha casa, nem a casa de Maria e Estevão. É a minha antiga casa...—Maldita seja!—Maria exclama e me empurra. Eu fico chocada sem entender absolutamente nada.—Conseguiu tudo o que queria e ainda por cima faz dele seu escravo!—Maria exclama brava e Estevão fica perplexo com a forma em que ela me trata.

—Não sei do que esta falando, Maria.—Falo sendo calma. Mas na verdade eu estou assustada. Se acalme.

—Me acalmar? Como ousa pedir em me acalmar?—Pergunta fazendo um escândalo.—Eu pensei que você queria usurpar o lugar de Amara. Todos falavam isso eu tentava te afastar de Estevão e mim! Mas na verdade você só queria usurpar o meu lugar! Na minha casa e na minha família!—Maria fala elevando seu tom de voz. Não,não,não... Eu não sou uma intrusa e não quero usurpar o lugar de ninguém!

—Maria!—Estevão exclama enquanto eu perco as minhas forças e tudo fica negro. Assim eu desperto e percebo que tudo era um pesadelo.

—Não,não,não...—Repito várias vezes e me levanto da cama atordoada. Que loucura é essa? Meu Deus... Por que deste pesadelo justo hoje?

Permaneço de pé sentindo uma fraqueza enorme em minhas pernas. Este pesadelo me deixou muito abalada, foi horrível. Por que Estevão estava daquela forma? E Maria? Por que estava tão perturbada?

—Regina?—Leandro me chama ao entrar no quarto. Assim que me viro para olha-lo sinto seus lábios nos meus.—Dormiu bem?—Pergunta segurando meus braços.

—Dormi bem, Leo.—Falo segurando seu rosto com minhas mãos e o beijo novamente.—Pensei em você toda a noite.

—E eu em você.—Fala me olhando por alguns segundos.—Você é tão bela...—Fala.—Por que?

—Por que?—Pergunto sem entender o que Leandro quer dizer.—Leandro você esta me deixando confusa.—Falo e ele sorri.

—É essa minha intenção.—Fala me enchendo de beijos.—Já marcou seu médico?—Pergunta preocupado.

—Sim. Semana que vem eu irei.—Minto para ele. Ele começa a questionar mas eu o beijo para interrompe-lo.—Não se preocupe, Leandro. Vai ser um mal estar bobo.—Falo e o beijo de novo.

—Não me subestime, Gina.—Fala me provocando. Eu odeio este meu apelido.—Tudo bem, Regininha...—Ele me provoca mais ainda e eu dou um tapa de leve nele.—Mas você precisa se cuidar.

—Eu ficarei bem, sempre fico bem.—Falo o olhando nos olhos.—Não importa o que aconteça, Leandro. Eu sempre me saio bem.—Falo um pouco pensativa.

Pensativa por que um pensamento estranho se formulou em minha mente. Meu pesadelo foi por causa da troca de olhares de Estevão comigo no jantar, a forma em que ele me tratou. Senti que Maria ficou desapontada, com ciúmes. E isso significa que eu em breve serei um
obstáculo entre eles. Ou será que estou pensando demais?

—Regina?—Leandro me tira dos meus pensamentos e parece se preocupar comigo.—Você ficou tão distante.

—Só me desliguei um pouco.—Falo tentando esconder minha insanidade.—Vamos passear?

—Conhecer a cidade? Não posso, Regina. Hoje terei que fazer uma lista de possíveis presentes para Daniela...—Fala me fazendo lembrar do aniversário de minha irmã.—Se esqueceu? É daqui a um mês.

—Não me lembrava. Estava ocupada com outras coisas.—Falo.—Eu irei sair com ela hoje para conhecer a cidade.

—Tome bastante cuidado, Regina. Não se acidente de novo como da outra vez. —Leandro fala irônico.

—Os arranhões estão sendo disfarçados com minhas roupas de mangas compridas.—Falo e dou uma piscadela com os olhos.—Acredite, aquele meu vestido foi um risco.—Falo me lembrando do vestido que vesti na noite passada.

—Estevão não parava de olhar para você.—Leandro fala com um pouco de ciúmes.—Como será daqui para frente, Regina?—Pergunta sobre nós dois. Somos irmãos, e anunciarmos o nosso... Namoro, seria uma catástrofe.

—Não estou entendo.—Falo me fingindo de desentendia.

—Se Estevão se interessar por você, ou qualquer outro homem. O que você vai fazer?—Leandro me pergunta querendo rapidamente uma resposta.

—Não sei o que irei fazer, Leandro. Mas darei um jeito em tudo.—Falo.

POV Maria

Acordei no mesmo instante que Estevão acordou. Eu preciso ajudar Estevão e Heitor dentro daquela empresa, Francisco é um perigo. Bom, de certa forma ele é. Ele nos ajudou e pretende ajudar ainda mais, pelo menos é o que fala. Mas se ele por acaso quiser a empresa para ele, ele terá. Estevão esta por um fio junto com aquela empresa. Preciso aconselhar bem meu marido e meu filho para que eles não cometam nenhum erro.

—Tem certeza de que vai hoje?—Estevão pergunta curioso.—Eu não consigo acreditar.

—Por favor, Estevão. Eu sempre fui trabalhar lá. Só não fui mais desde que descobri que estava grávida, lembra?—Pergunto com uma enorme nostalgia. O resultado dos exames, quando eu entreguei eles para Estevão e nossos filhos souberam que eu estava grávida.

—Vamos logo, Maria.—Estevão fala amargurado ao se lembrar de Amara. Eu notei o quanto ele estava mal, e eu só fiz piorar tudo. Ele saiu do nosso quarto sem se despedir e eu me apressei.

(...)



Eu e Estevão estávamos sentados lado a lado, mas não falávamos nada, não conversávamos. O restava entre nós era o puro silêncio, sem nenhuma risada ou conversa. E isso me incomoda bastante, há muito tempo não sei ao certo como me comportar com ele. Estamos tão distantes que parecemos ser dois desconhecidos.

—Maria, me desculpe se estou ficando distante...—Estevão fala mas nossas atenções são interrompidas pelo enorme freio dado pelo motorista do nosso carro.—Oh meu Deus...—Fala e olhamos para a nossa frente. Era Daniela e Regina, as duas estavam assustadas.

—Elas atravessaram sem olhar o semáforo.—Falo tranquilamente e desço do carro para falar com as duas. Regina estava perplexa, parecia estar prestes a nos desmoralizar.—Vocês duas estão bem?—Pergunto me aproximando delas. Olho para o semáforo e percebo que o maldito estava quebrado, que absurdo!

—Eu estou bem. Vai passar...—Daniela fala acariciando Regina.—Regina, você esta bem?— Pergunta preocupada.

—Ela não parece bem.—Estevão fala fazendo-me lembrar de sua presença.—Regina?

—Estou bem, não se preocupe.—Regina responde recobrando sua cor normal.—Foi apenas um susto.—Fala enquanto Daniela se afasta. Ela pensa em ir embora, mas se aproxima de nós misteriosa e fala.—Meus pais não precisam saber do que aconteceu aqui, certo?—Ela pergunta segura.

—Não se preocupe. Não contaremos nada.—Estevão fala e eu o olho. Ele estava risonhos, e isso fazia com que os olhos de Regina brilhassem mais que as estrelas. Um brilho que escondia algo de ingênuo nela, algo de ingênuo... Ingênuo como o olhar de Amara.

Estou comparando Amara com Regina, estou louca. Este é o caso, estou completamente louca e angustiada. Não posso permitir que Regina usurpe o lugar de Amara em minha mente, não posso. Um dia minha filha vai voltar e vai saber que Regina usurpou seu lugar.

E então sinto esperança em meus pensamentos. Com a preocupação de Regina usurpar Amara em minha vida, acabei fazendo com que uma esperança nascesse dentro de mim. A esperança de que Amara voltará para casa e ficará comigo para sempre.

Mas Regina também pode querer usurpar o meu lugar, ser uma intrusa na família San Román. Pode estar envenenando Estevão com sua beleza e sua inteligência. Meu marido parece estar intrigado com essa moça, parece desejar saber o que ela é de verdade. Ele procura algo em Regina. Algo que ele não tem e eu não sei o que é.

Meu Deus... Será que Estevão esta apaixonado por Regina? Será que ele esta casado comigo apenas por obrigação? Não... Estevão não poderia faltar com a sua palavra, não depois de tudo o que passamos e prometemos. Não sei o que faço, não posso ter ciúmes neste momento. Quando me dei conta Regina e Daniela estavam do outro lado da rua, e Estevão olhava para as duas, até desaparecerem no meio da multidão. Ele abaixou o olhar, lembrou-se de sua rotina e voltou para o carro.

POV Regina (Amara)

Eu não me aguentei, tive que fazer algo para que Estevão e Maria não falassem nada para meus pais. Ultimamente eu venho me metido em muitas encrencas, e isso não é bom. Não sei mais esconder, não sei mais como me comportar perto de Estevão e Maria. Existe uma energia muito forte dentro deles que faz perder o controle.

É como se eu estivesse em um lado da ponte e eles em outra, como se tivéssemos que nos ligar, nos unir. Mas a única coisa que consigo pensar é que estou louca, eles não são nada para mim. Maria finge uma simpatia que não tem, uma simpatia que eu queria muito. Dentro de mim algo grita para chamar a sua atenção, o que é bem diferente de Estevão. Com Estevão eu não preciso chamar a atenção, ele sabe me ver e me escutar.

—Você parece que tem sete vidas, Regina. Primeiro o acidente de moto, e agora quase foi atropelada.—Daniela fala enquanto paramos na frente do salão.

—Espero que também tenha sete vidas.—Falo olhando para as pontas dos meus cabelos.—Vou mudar a cor dele.—Falo em relação ao eu cabelo.

—Vai tirar o loiro?—Daniela pergunta assustada.—Você não sabe o que quer.

—Na verdade eu sei sim. Eu acho que já passou na época de esconder a
cor do meu cabelo.—Falo seria. Meus cabelos na verdade são negros,
assim como os de Maria.

—Tudo bem...—Daniela fala e me olha curiosa. Ela fica confusa com minha decisão de mudar a cor do cabelo.—Só queria te entender.

—Não queira.—Falo de uma vez e sorrio para quebrar o clima entre nós duas.—Quem sabe um dia eu te conte tudo o que se passa...—Falo e ela sorri ingenuamente. Quem sabe um dia eu não conte para ela que estou namorando o nosso irmão...

POV Estevão

Meus pensamentos sobre o que aconteceu no caminho para a empresa foram interrompidos quando as portas do elevador se abriram no sétimo andar. Maria me acompanhava em silencio, sem me dirigir se quer um olhar. Não estou com tempo para dar atenção a ninguém, preciso me focar em
Francisco.

—Vou para a sala de Heitor.—Maria fala sem me olhar e entra no corredor.

Entro na minha sala rapidamente e me deparo com Francisco sentado na minha cadeira. Ele parecia estar esperando-me a algum tempo, e justo na minha cadeira, na minha mesa, na minha sala... Ele estava com ar de que havia tomado o meu lugar, isso ninguém pode negar.

—Estava te esperando.—Francisco fala se levantando e me oferecendo a cadeira.—Como não sei onde fica minha nova sala resolvi esperar por você. Na sua sala.—Fala sentando-se na minha frente.

—Eu havia me esquecido por completo deste detalhe...—Falo surpreso comigo mesmo. Francisco esta se hospedado muito bem na minha empresa.—Eu lhe mostrarei sua nova sala.

—Lorenzo virá?—Francisco pergunta como um ótimo supervisor sabe perguntar, ou melhor dizendo, interrogar.

—Mais tarde.—Respondo simpático, mas na verdade estou absurdamente irritado. A ocasião me faz estar assim...

—Espero que ele venha. Temos muito trabalho a fazer.—Fala enquanto mostro o caminho para a nova sala dele.—E Maria?

—Veio comigo.—Respondo sem ânimo. Ao contrário de Ana Rita, Maria tinha pulso firme no trabalho.

POV Fernando

Resolvi passear pela cidade enquanto Lúcia e Rafael não voltavam do encontro com Fabiana. Preciso conhecer muito bem a nova cidade em que estou trabalhando, preciso saber de cada rua, cada esquina e avenida. Preciso conhecer o terreno do inimigo, para que assim que a guerra
desencadear eu estar preparado. Fabiana não perde por esperar... Eu preciso de aliados. Talvez Rafael me ajude com este plano de colocar Fabiana na cadeia, talvez. Letícia não ajudará em nada, vai gritar aos quatro ventos que o que falo sobre Fabiana é mentira. Rafael foi namorado de Letícia, não corro risco de que ele fale algo para ela.

Com meus pensamentos tortuosos tomando conta de minhas atenções, acabo de esbarrar fortemente com uma garota e caímos no chão. Seguro a garota fortemente em meus braços enquanto a mesma estava sobre mim, faço o possível para não machuca-la. Ela não é tão garota, é quase uma mulher...

Seus olhos negros se prenderam aos meus e em frações de segundos meu coração ganhava uma nova dona. Ela é perfeita, faltando apenas uma coroa em sua cabeça para ser uma rainha.

—Me desculpe, eu estava muito distraído.—Falo e a levantando junto comigo.—Eu sou novo na cidade e não estou me sentindo em casa.—Falo simpático.

—Eu também sou nova por aqui. E você é quem deve me desculpar. Eu estava igual a uma louca com a minha irmã mais nova...—Fala e no final da fala é irônica. Ela olha repreendendo uma outra garota também muito bonita que estava do seu lado.—Regina...—Fala um nome e sorri simpática.

—O que?—Pergunto um pouco desligado de tudo. Ela sorri ao me ver um pouco desentendido e eu fico envergonhado.

—Meu nome é Regina.—Fala e eu sorrio. Minhas aulas de latim nunca foram tão bem agradecidas como agora ao descobrir o nome dela.

—Fernando.—Falo e damos um breve acerto de mãos.—Já que somos todos novos nesta grande e deslumbrante cidade... Podemos conhecê-la juntos?—Pergunto e as duas se entreolham.

—Claro.—A irmã de Regina responde. Regina me olha curiosa e sorri.

—Não tente nada contra mim, entendeu?—Regina perguntas e eu sorrio.

—Esta me achando com cara de sequestrador?—Pergunto com humor e rapidamente sorrio com ironia.—Confiem em mim.—Falo estendendo minhas mãos para elas. Elas aceitam a minha companhia e eu as puxo para corrermos.

—Na verdade eu te achei com cara de louco, Fernando.—Regina fala risonha. Regina é uma mulher com jeito de menina. Provavelmente ela tem a mesma idade que Amara San Román, a filha de Maria e Estevão.

POV Lúcia Helena

Rafael tinha razão sobre o temperamento de um Santisteban. Fabiana se mostrou muito arrogante e rude ao ver Rafael comigo, então eu resolvi abrir o jogo com ele de uma vez por todas. Rafael irá me ajudar e ajudar Fernando a prender Fabiana.

Mas o meu maior obstáculo é recuperar Leandro e Amara, e as outras crianças que Fabiana traficou. Se bem que eu já sei em qual pais Leandro e Amara foram levados. Por muita coincidência eles estão no mesmo pais:Itália. E isso me conforta um pouco, mas me perturba em outro. Tenho que procurar primeiro por um e depois por outro, o que vai dificultar ainda mais. Preciso me comunicar com minha prima Eliza. Ela também está participando desta investigação e , por ironia do destino, está na Itália.

—Você esta bem pensativa, Lúcia.—Rafael fala interrompendo meus pensamentos.—Não se preocupe, não falarei para ninguém tudo o que me falou aqui.—Fala segurando as minhas mãos. Eu fico sem jeito e tento esconder minha vergonha.—Lúcia preciso te confessar uma coisa.—Fala
com uma voz doce, e neste momento, meu coração dispara.—Você é muito bonita, e... Eu estou gostando de você.—Fala de uma vez e eu puxo as minhas mãos rapidamente.—Desculpa-me se estou sendo apressado, tosco ou qualquer outra coisa...—Ele fala se desculpando e eu abafo a minha risada.—Não ria da minha idiotice, Lúcia.—Ele fala me repreendendo e eu solto uma gargalhada estridente. Ele fica sem entender, mas no final acaba rindo comigo.

—Eu que sou idiota. Imagine só! Você se declarando para mim e eu rindo igual a uma louca! Exclamo ainda rindo.—Você esta sendo muito apressado...

—Eu sei, Lúcia. Eu sei.—Rafael fala segurando minhas mãos novamente.—Me desculpe. É que você é a primeira mulher a qual revelo meus sentimentos.—Ele fala tocando meu coração.

—Vamos com calma, Rafael. Precisamos nos conhecer bem melhor, tudo bem?—Pergunto paciente.

—Tudo bem, Lúcia.—Ele responde com esperança.

POV Regina (Amara)

No final do dia Fernando havia me deixado com Daniela na nossa casa. Ele prometeu que nos veríamos de novo, em uma ocasião bem melhor. A forma em como nos conhecemos foi estranha,louca e sem sentido. É como se eu fosse um anjo que tivesse acabado de cair do céu em direção aos braços de Fernando. Me senti segura com ele, ele me transmitiu muita paz.

—Regina, meu amor. Passou o dia todo fora.—Minha mãe fala entrando em meu quarto. Ela para bem na minha frente e me olha curiosa.—Vejo que passou em um salão de beleza.—Fala admirada com meus cachos.Agora eu estava muito "parecida” com um anjo. Dizem que os anjos tem cabelos
perfeitamente cacheados, parecendo ser coisa de outro mundo.

—Eu aceitei o meu destino, mãe. Não pude nascer loira como a senhora, infelizmente.—Falo sendo irônica e ela sorri.

—Você tinha cachos lindos, o cabelo era mais negro que a noite sem luar...—Fala alisando uma mecha de meu cabelo.—E quando cresceu resolveu acabar com os cachos e pintar as pontas levemente de loiro.—Ela fala fazendo caras e bocas.

—Eu sempre soube desse seu orgulho pela minha beleza.—Falo sendo um pouco orgulhosa.—Mas essa beleza eu herdei de você.—Falo e ela fica um pouco pensativa.

—Eu deveria ir nessa sua moda, Regina Maria.—Minha mãe fala e sorrimos.—Gostou da cidade?—Pergunta enquanto nos sentamos no sofá do meu quarto.

—Foi ótima. Foi ótima sim...—Respondo e ela se olha no enorme espelho do meu quarto.—Olhe só para nós duas.—Fala e me olho nos olho no espelho.—Juntas.

—Unidas.—Falo e ela me olha surpresa.—Já deu boa noite para Daniela?

—Sua irmã gosta mais da companhia do seu pai do que a minha.—Minha mãe fala com um pouco de ciúmes.

—Mãe, a senhora precisa cuidar mais dela do que de mim.—Falo seria e ela parece não entender.—Por que se um dia eu for embora Daniela será a única filha que vai restar.

—Isso só vai acontecer quando você se casar.—Minha mãe fala sorrindo ingenuamente.

—Existem várias formas de uma filha se separar da mãe.—Falo e beijo suas mãos.—Agora vá cuidar de Daniela.—Falo e ela sorri. Ela sai do meu quarto me deixando a vontade.

Olho para a minha confortável cama com lençóis cor vinho e suspiro. Estou sem sono, estou tentado assimilar tudo o que aconteceu hoje. Não consigo sentir sono sem saber como Estevão e Maria estão. E também sem saber como Fernando esta.

—Oh...—Reclamo de uma enorme dor em minha cabeça.—Meu corpo esta pedindo descanso,mas eu não me sinto cansada. Que sensação estranha! Nunca que isso me aconteceu.—Preciso me consultar com um médico.—Falo aproximando-me de minha cama.—Esse meu mal-estar é algo muito grave.

Não suporto o meu próprio peso e caio sobre a minha cama com leveza. Logo escuto trovões tomarem conta do céu e uma chuva muito violenta cair sobre a terra. Um trovão rasgou o céu assim que senti meu coração acelerar. Minha visão estava turva e isso me fazia temer a morte. Aos poucos fui respirando mais devagar e finalmente perdi os sentidos por completo.


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Notas finais do capítulo

Bom, como eu falei nas notas lá de cima... A misteriosa e atormentadora doença de Amara não será revelada agora. Está bomba irá estourar quando menos vocês esperarem, quando vocês menos esperarem mesmo!
Alguém gostando de L. Helena e Rafael?



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