‘’A linha entre o amor é ódio é minúscula. Quem diz que um dia não odiara quem ama, não sabe o que diz. Se odeia porque um dia se amou, e não existe o contrario disso’’ —A autora

POV Estevão

Eu esperava junto com meus filhos na sala de espera daquele hospital tedioso. Por horas conversei com eles sobre o estado depressivo em que Maria se encontrava, chegava a ser irritante ver minha esposa quase morta. Mas por outro lado eu entedia Maria, foi o desespero que a consumiu com as lembranças de Amara. Maria não parecia mais ser a Maria que eu conhecia. Estava frágil, vulnerável e sem nenhuma esperança de que pudesse viver sem nossa filha mais nova. Maria por outro lado errou, e errou feio. Ela pensou somente em Amara e se esqueceu de mim e dos nossos outros dois filhos. Eu tinha que conversar seriamente com ela, isso não pode acontecer novamente. Maria precisa ser forte por ela e por nossos filhos!

—Senhor San Román, já pode ver sua esposa.—A enfermeira me avisa enquanto olho para meus filhos. Eles me olharam com a permissão de ver Maria primeiro que eles.

Fui até o quarto em que a enfermeira me mostrou. Assim que entrei vi Maria consciente, consciente o bastante para me ouvir. Ela abriu a boca para falar , mas eu a interrompi de forma brusca.

—Antes de falar qualquer coisa, preciso te falar muitas coisas Maria.—Falo tentando ter calma.—Sei que foi um momento de desespero enorme...—Falo e ela me ouve com bastante atenção.—Mas precisa se lembrar nestes momentos que eu , Heitor e Estrella estamos precisando de você.—Falo sentindo raiva.—Vamos encontrar Amara, Maria...

—Diga isso por você, com a sua esperança. Eu não acredito mais na possibilidade de encontrar Amara,Estevão.—Fala com profunda tristeza na voz.

—Precisa ser forte o bastante, Maria. Assim como estou sendo pelos nossos filhos. Não pode me deixar sozinho com eles. Não é a mesma coisa.—Falo.

POV Heitor

Eu alisava o ombro da minha irmã enquanto ela tentava se acalmar. Estrella foi quem mais se assustou ao saber que nossa mãe tentou suicídio por causa de tanta tristeza. Fiquei apavorado com o que minha mãe fez. Ela sempre disse , muitas vezes, que não era uma assassina. E agora ela quer tirar a própria vida sem ao menos se lembrar de mim e de Estrella. Sei que a dor por ela ter tido Amara arrancada dos seus braços é muito grande. Mas maior seria se ela tivesse morrido, muito pior.

—Não sei o que se passou na cabeça dela.—Falo puxando conversa com Estrella.

—Ninguém nunca vai saber, Heitor.—Estrella fala e me olha.—Ela se desesperou.—Fala.—As autoridades falam que quem seqüestrou Amara e Leandro pode estar entre nós.—Fala e fico pensativo.—Quem poderia ser?

—Não tenho a mínima idéia.—Falo.—Mas seja lá quem for , essa pessoa só esta esperando a oportunidade certa para ir embora.

—Heitor, acabei de ter uma idéia...

POV Maria

Estevão passou horas e horas falando comigo, Depois que ele terminou tudo o que tinha para dizer eu segurei o choro, não poderia chorar, não agora. Ele pedia para que eu me controla-se porque as coisas estavam sendo difíceis para todos. E eu me dei conta de que eu realmente estava louca! Não pensei direito sobre Estrella e Heitor. Não pensei direito sobre os meus filhos.

—Estevão?—O chamo e quebro o silêncio do quarto.Ele se vira e fica de frente para mim.—Pode me perdoar?

—Não tenho o que perdoar, Maria.—Estevão fala e sai do quarto me deixando sozinha. Ele ainda estava bravo comigo, extremamente bravo.

—Já chega, Maria. Você não é uma menina, pare de pensar como uma!—Eu exclamo brava comigo mesma. Estrella e Heitor entram no quarto e rapidamente me abraçam aliviados.

—Mamãe, não sabe o quanto me assustou!—Estrella fala totalmente nervosa.

—Isso mesmo. Nunca mais faça isso, por favor.—Heitor fala alisando meus cabelos.

—Não farei isso nunca mais, filhos. Prometo ser forte.—Falo e os dois me abraçam.—Sabe onde o pai de vocês está?—Pergunto e os dois se olham.

—Ele saiu daqui e disse que precisava pensar.—Estrella fala.

—Eu preciso conversar com ele...—Falo e Heitor nega.

—Mamãe, dê um tempo para o papai pensar.—Heitor pede e eu concordo.

POV Fabiana

Entrei sozinha no quarto de Maite , me sentei perto da sem sal e comecei a sorrir ao ver que ela estava sendo inutilizável. Era ótimo ver a desgraça sobre Maite, me sentia nas nuvens ao ver que ela não abria os olhos, não falava e nem andava. Ela também não pode escutar, está quase morta. A minha vingança foi concluída com sucesso, a morte seria pouco para ela.

—Se lembra quando você foi atropelada?—Pergunto rindo.—Você estava grávida de um menino.

Maite havia engravidado quinze anos depois de ter Letícia. Ela perdeu o bebê porque foi atropelada por um carro em alta velocidade. Ela ficou entre a vida e a morte.

—Quem estava dirigindo o carro fui eu.—Falo e sorrio diabolicamente.—Eu matei seu outro filho...—Falo e sorrio.—E a partir de hoje irei planejar como afastar Letícia desta casa. Já me livrei de dois dos seus filhos, Maite, Agora darei conta da sua filha mais velha.

Anos depois...

Ouvir : Perdón – Camila

POV Regina (Amara)

Eu fui diretamente para a minha janela ver o sol nascer. Quase todos os dias me dava vontade de ver o dia começar. Hoje eu me sentia ótima, me sentia a pessoa mais feliz do mundo. Mas, ao mesmo tempo algo me falava que o que eu mais tinha de precioso estava longe demais para ser alcançado. Pare com essa bobagem, Regina! Você tem seus pais e seus irmãos hoje, e amanhã. Falo para mim mesma.

—Estou lendo muitos livros onde a mocinha descobre que sua vida não é tão perfeita como parece...—Falo olhando para os livros deixados em minha mesa.—O qual a protagonista volta da Suíça para sua casa e descobre que sua...

—Falando sozinha, Regina?—Daniela pergunta entrando em meu quarto. Minha irmã mais nova tinha o péssimo habito de ouvir atrás da porta e entrar sem pedir licença.

—Estou falando sobre os livros que andei lendo.—Falo e saio de perto da janela.—Por que acordada tão cedo?

—Tive um sonho ruim e não consegui dormir.—Daniela fala um pouco triste.—Foi uma mulher muito bonita entrando em nossa casa e falando que você tinha ido embora, sem dar satisfação a ninguém.—Daniela fala com um pouco de medo.—Já é a terceira vez que sonho isso.

—Um dia eu terei que ir, Daniela. Todos tem que fazer suas vidas.—Falo.

—Mas, ir embora sem dar satisfação?—Pergunta triste.—Não se sente feliz aqui?

—A maioria das vezes sim, e tem outras vezes que não.—Falo.—As vezes sinto que o que é meu está longe.—Falo olhando além da minha janela.—E que um dia vou ter que ir arás.

POV Maria

Me dirige até o quarto de Amara. Assim que entrei no quarto da minha filha segurei o choro. Tudo lembrava a minha pequena princesa. A dor ainda era grande e devastava tudo dentro de mim. Mas eu não poderia desistir, mesmo depois de tantos anos. Quase desisti e isso ia me custando a minha família.

—Eu estou aqui, Amara. Eu sou o que você esta pensando que perdeu.—Falo com o anjo de cristal em minhas mãos.—Você precisa voar de volta á casa, anjo.—Falo indo até a janela.

‘’ Prometí quererte para siempre,
Y era cierto,
No había dudas en mi mente,
Si el destino tuvo planes diferentes,
Y te herí por accidente,
Perdón... ‘’