Please be mine escrita por DowneyEvans


Capítulo 2
Field trip goes college - Part I


Notas iniciais do capítulo

Quanto tempo, gente!
Eu havia pensado seriamente em parar de escrever... Esse segundo capítulo, por exemplo, sofreu tantas mudanças desde a sua versão inicial que custou muito a me agradar. Já não escrevia nada há meses e, sinceramente, minha vontade só vinha diminuindo cada vez mais... Mas eu espero que esse bloqueio tenha finalmente acabado, pois minhas ideias estão à mil e eu não estou afim de parar no auge de novo!
— O capítulo foi dividido em duas partes, devido ao seu tamanho, para não ficar tão cansativo para vocês. Espero muito que gostem ♥



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Please be mine

Capítulo 2 – Field trip goes college - Part I

No dia seguinte, Zoe gostaria de ter dito que sonhou com Kyle, mas ela não sonhou com nada. Há tempos que isso vinha acontecendo, no lugar dos sonhos ela apenas sentia uma vasta e infernal dor de cabeça, o que a fazia acordar mais cedo do que gostaria.

Eram 5:38 da manhã e ela simplesmente não conseguia voltar a dormir. Resolveu checar seus e-mails, estava morrendo de curiosidade para saber se algum de seus amigos a contatara, ou se seus pais haviam sentido sua falta, mas não encontrar mensagem alguma de ninguém fora extremamente decepcionante.

Rolou para a beirada da cama e encarou o chão. Sentia-se como um pedaço de bosta.

Era oficial. Sua vida antiga agora não passava de uma dolorosa lembrança. Uma lembrança da qual ela deveria obrigar-se a esquecer.

Sentou-se preguiçosamente de pernas cruzadas sobre o colchão. O que lhe restava fazer era pensar em como seria dali para frente. Como não possuía mais uma família e amigos, resolveu fazer uma lista das pessoas que conhecera desde que sua vida teve um recomeço. Quem sabe ela poderia encontrar alguém com quem contar no meio delas?

Em um bloquinho de notas que havia deixado sobre a cabeceira, ela os listou na ordem em que os conhecera:

*Dois seguranças albinos do conselho

* Myrtle Snow

* Madison Montgomery

* Queenie

* Nan

* Cordelia Foxx

* Spalding

* Kyle Spencer

Ok, a primeira coisa que fizera foi riscar os nomes de Spalding e os guardas medonhos. Spalding a fazia se sentir desconfortável e os outros dois a escoltaram friamente de sua casa. Certo. Parecia-lhe que Myrtle não morava na Academia junto às outras bruxas, riscou seu nome também. Queenie e Nan pareciam legais, apesar de a assustarem um pouco. Madison era completamente maluca, queria poder manter distância, mas ainda sentia um pouco de pena dela. Manteve o nome das três, com ressalvas. Cordelia era com certeza a melhor pessoa dentre elas, não teve dúvidas em mantê-la na lista e tentar investir nela. Kyle... Bom, e havia Kyle...

Aaahh, como ele era maravilhoso!

Zoe cobriu os olhos com as mãos e jogou a cabeça para trás com um suspiro profundo. Começou a sorrir, mas teve de se conter para não começar a chorar em seguida.

– Por quê eu tive de recusar um homem daqueles, Senhor??!! Eu odeio a minha vida!

Antes que pudesse se lamentar mais um pouco, batera a cabeça na parede de tanto se inclinar.

– Aiii!

Lastimaria em seguida por ser tão patética, porém distraiu-se pensando se poderia ainda cultuar ao deus cristão. Poderia? Achava que não. Bruxas eram wicca?

Sacodiu a cabeça a fim de voltar ao foco. Ai. Ao passar os dedos por entre os cabelos concluiu que aquilo daria um belo de um galo.

Uma tristeza súbita a atingira no peito. Lembrou-se de seu sorriso. Da maneira como seus olhos a fitaram com desejo. De seu jeito doce. Ela nunca teria alguém como Kyle para si. Era amaldiçoada. E o pior de tudo era que, mesmo sabendo disso, não conseguia parar de pensar em seu rosto bonito.

Ansiava vê-lo outra vez.

Então, teve a ideia que julgou ser a mais brilhante do dia, se comparada a bater a cabeça entusiasticamente na parede: stalkear¹.

Pegou às pressas o notebook deixado do outro lado da cama, o qual a tela mostrava sua desértica caixa de entrada, e já foi abrindo outra guia. ‘’Kyle Spencer’’. O Google mostrava mais de 27 milhões de resultados.

Entretanto, encontra-lo não fora uma tarefa difícil. O Kyle Spencer que procurava estava entre os 5 primeiros links. Suas páginas do twitter, facebook e instagram eram incrivelmente lotadas. Então ele é popular. Mas o que realmente surpreendia Zoe era um artigo sobre ele, dentre outros 9 alunos mais prestigiados do país.

Ele faz caridade, leu, sorrindo, e ganhou uma bolsa de estudos por excelência.

Ela não percebeu, mas a cada palavra que lia se sentia cada vez mais apaixonada. Abriu sites após sites; estudou matérias após matérias sobre ele e seu papel na faculdade; e derreteu vezes após vezes sempre que via dele uma foto. Seu coração chegou a doer ao ver algumas imagens do rapaz cuidando de crianças em algum lugar devastado pelo Katrina, quando mais novo. Como era possível que alguém como ele estivesse solteiro, ela não compreendia. Ficara atónita em pensar que ela fora de seu interesse uma vez. Esse garoto é incrível.

Não era muito fã de redes sociais, decidiu não chamá-lo em nenhuma delas. Pareceria uma desesperada stalker. Não que não fosse. Mas não estiveram juntos tempo suficiente para trocarem números de telefone, o que a frustrava. Gostaria tanto de lhe dar pelo menos um ‘’oi’’ por mensagem de texto…

Sem que notasse, já tinha planos para mais tarde. Daria um ‘’oi’’ pessoalmente. E para que não soasse demasiadamente boba, haveria uma desculpa consigo para adentrar a Universidade Tulane naquele dia: denunciaria os estupradores para as únicas autoridades que eles haviam de temer: a diretoria.

Zoe achou a ideia perfeita. Teria a chance de tornar a conversar com Kyle, subiria pontos com Madison em sua lista, e ainda destruiria a vida acadêmica dos caras. Além de fazer o que julgava certo.

Voltou ao Kyle da internet. Estava tão envolvida em sua pesquisa que levou um susto com o bater suave de alguém em sua porta, por volta das 8:30h. Era Cordelia.

– Zoe, querida? – ouviu sua voz calma do lado de fora do cômodo – Está acordada?

– S-sim. – ela prontamente fechou seu notebook e se pôs de pé. Abriu a porta em uma pequena fresta que permitia-lhe mostrar apenas o rosto – Mas não estou vestida, o que houve?

– É hora do café – disse-lhe Delia – as outras meninas já estão lá embaixo.

Zoe sentiu suas bochechas esquentarem. Ela não sabia que havia horário do café.

– Ah… Perdoe-me, eu já me apronto – esteve prestes a fechar a porta novamente quando a mão de Cordelia impediu que ela batesse.

– Espere! Preciso falar com você, temos algo a conversar.

Zoe abriu a porta rapidamente.

– Trago o que possa ser uma boa ou uma má notícia para você. É sobre seu quarto.

Ela não entendeu. Cordelia fechou a cara.

– Uma bruxa importante nos visita, e infelizmente não se sabe por quanto tempo ela irá permanecer. Espero que se dê bem com Madison.

***

Trocar de roupa estava sendo uma tarefa difícil com Madison a encarando sem parar. Zoe continha fortemente a vontade que tinha de pular da janela. Não conseguia conversar. Tentou se concentrar em seu vestido. Preto. Como por alguma razão aquela mulher as ordenara vestir. Era uma bruxa velha, loira e um tanto petulante. Ela pôde concluir isso a partir dos breves instantes em que ela aparecera (sem que a visse entrar por qualquer lugar), começando uma conversa louca de que as garotas fariam uma excursão sob sua liderança naquele dia.

Sentia-se frustrada. Não poderia mais fazer o que havia planejado e, além do mais, tivera de se mudar para o quarto de Madison, pois a tal mulher se acomodaria no seu. Ótimo, pensou ao ver com o canto do olho que Madison ainda a olhava sem nada dizer, não mais privacidade também.

Apesar da pequena sombra de um sentimento de revolta ter se desenvolvido dentro de si, não permitiria que essa crescesse. Pois, se de uma coisa Zoe poderia ter certeza, era de que aquela mulher seria a ultima pessoa com quem ela iria querer se encrencar.

Não precisava ser uma bruxa para concluir.

***

Aquela excursão fora uma tremenda chatice, em opinião unanime. Zoe não prestava muita atenção às coisas que – agora ela sabia que era – a Suprema dizia, estava mais focada no calor que fazia nas ruas de Nova Orleans naquele horário. Madison só sabia reclamar. Mas apesar disso, Zoe até que gostara das vestias negras.

Fiona continuava a falar, e a cada segundo que se passava, Zoe ficava mais entediada. Queria conversar com alguém. Lembrou-se de sua lista, mas lembrar-se do dia anterior pesou um pouco mais. Decidiu então finalmente perguntar à Madison o que ela pretendia fazer a respeito de todo aquele ‘’incidente’’ da festa.

Em resposta, ela soltou uma risada de deboche.

– É para eu fazer alguma coisa?

Zoe não conseguia assimilar o que estava ouvindo.

– Madison – ela a segurou pelos ombros – eles violentaram você, é lógico que nós devemos fazer alguma coisa!

– Nós? – Madison afastou-se de suas mãos, talvez tentando se lembrar de quando foi que incluíra Zoe em quaisquer ‘’nós’’ de sua vida.

– Sim, nós. Eu sou testemunha, eu estava lá – Zoe teve o ímpeto de mencionar que visitaria Kyle na Fraternidade dos estupradores assim que estivessem liberadas, por um breve instante, mas quando esteve prestes a dizer, resolveu ocultar essa parte – eu posso dar um jeito nisso para você, posso puni-los hoje mesmo se preferir, sei o que fazer.

Por algum motivo, ela decidiu que o certo seria mesmo encobrir a relação entre Kyle e sua vontade de ajudar. Nenhuma das bruxas precisava saber muito sobre suas relações pessoais com externos, ou sobre suas possíveis relações pessoais com externos.

– Sério? – debochou Madison – Faça-me o favor! Por que você me ajudaria, para início de conversa? O que quer em troca? Está pretendendo ganhar algo de mim?

– Não, eu só quero dar a eles o que eles merecem – ela abaixou o olhar – e acredite em mim, eu sei exatamente o que eles merecem.

– Oh, ela sabe – Zoe assustou-se ao perceber que Nan as escutava conversar. Nan a observava com um olhar cúmplice e um sorriso grande. Madison se irritou.

– Garota, você sabe o significado da palavra privacidade? Dá pra parar de ser enxerida? Porque além de ler a mente das pessoas sem permissão, agora a putinha escuta conversas alheias também! Ela estava falando comigo, retardada, então faça-me o favor e caia fora.

Nan resolveu a atacar também.

– Querida, guarde suas palavras de baixo calão para rogar mais pragas enquanto chora na banheira durante o seu próximo banho. Você acha que eu gosto de ouvir os seus pensamentos podres e perversos o tempo todo? Pois trate você de se lamentar um pouco mais baixo da próxima vez em que for estuprada.

– Sua vadia! – Madison a jogou contra a parede de uma das casas, usando telequinésia. Fiona se virou a tempo de vê-la surrando seu próprio rosto descontroladamente. Nan gargalhava.

– Meninas – somente o tom de sua voz fizera Zoe estremecer. Por alguma razão inexplicável sentira-se extremamente culpada. O olhar de Fiona fazia isso. Não conseguia se controlar.

Como num passe de mágica, todas as garotas formaram uma fila indiana, silenciosamente e sem interagir umas com as outras. Zoe se sentia confusa, mas continuava a caminhar calada. A reprovação nos olhos de Fiona a entristecia. Não desejava decepcioná-la.

Viu Nan aproximar-se da Suprema a medida em que elas adentravam a casa de Marie Delphine LaLaurie, ainda em uma fila silenciosa. A velha bruxa lhe perguntava alguma coisa.

Percebeu que Madison também tinha os olhos fixos na bruxinha vidente. Seu olhar era desgostoso.

– Vagabunda... – murmurou – odeio ela.

Zoe permaneceu calada. O tour pela casa estava prestes a começar.

***

Após o passeio, Fiona não estava mesmo prestando atenção no que as meninas faziam ou deixavam de fazer, portanto todas se dispersaram. Depois de persuadir a pobre doceira de uma padaria a lhes dar pedaços de torta de limão gratuitos, Queenie e Zoe retornaram ao ponto de onde as garotas se viram todas pela ultima vez. Mas não havia ninguém. A rua Royal Steet estava completamente deserta e Zoe se perguntou se o horário de exposição da casa de LaLaurie havia terminado.

– Pra onde foi todo mundo? – perguntou ela, com a boca cheia de glacê.

– Já devem ter ido embora – Queenie respondeu, observando-a se atrapalhar toda com 3 pedaços de torta na mão – não te disse que não há como resistir aos doces da Dona Rosa?

Zoe ainda estivera se perguntando como fora possível controlar Dona Rosa com tamanha facilidade. Talvez da mesma forma com a qual Fiona as controlara mais cedo.

Ela não sabia que podia fazer isso. Mas pode ser que tenha sido apenas Queenie.

– E você tinha razão, são incríveis – tentou comer duas colheradas de uma vez – mas preciso terminar com isso rápido, tenho algo a fazer.

– Vai a algum lugar? – Queenie tomou uma de suas tortas em mão, para ajuda-la a comer.

– Na verdade, vou sim – ela se desajeitou – só não sei bem como...

– Aonde?

– Universidade Tulane

Queenie não entendeu.

– Pra que?

Zoe precisava inventar uma resposta rápido.

– Cancelar minha matrícula.

O que???

– O que?? - ainda assim Queenie não parecia tão surpresa quanto ela mesma – Você estudaria lá? Você não é do outro lado do país?

Zoe sentiu que ia começar a suar frio.

– Sim, eu sou! – ideias diferentes subitamente começaram a pipocar em sua cabeça – acontece que como eu não suportava mais viver com meus pais, decidi me esforçar este ano para conseguir uma bolsa de estudos bem longe deles. Conseguinte, essa e algumas outras faculdades me aceitaram, e eu a escolhi. Mas por coincidência também fui ‘’aceita’’ na Academia Robichaux, o que invalida qualquer outra opção que eu queira escolher. Pena que já estava pronta para atender às aulas no próximo semestre.

Ela havia mandado muito bem. Quase ficara orgulhosa de si mesma por não ter conversado com Queenie o suficiente para revelar que o ultimo lugar no mundo que ela gostaria de estar era Nova Orleans, quando...

– E por que você não liga pra lá – Queenie perguntou como se Zoe fosse estúpida. Ela se sentia estúpida.

– Quero conhecer o local – foi a única coisa na qual conseguiu pensar. Mas de qualquer maneira Queenie deu de ombros.

– Você é quem sabe. Bem, não pretende ir andando, não é mesmo? Quero dizer, é bem longe daqui.

– Eu sei – Zoe encarou seus sapatos.

– Por que não pega um ônibus? – Queenie sugeriu – Eu sei um que passa aqui perto e para bem em frente à Universidade.

Não parecia má ideia.

– Mesmo? Pode me mostrar?

Queenie olhou com uma cara de tédio nem um pouco discreta para o seu relógio de pulso e fez que sim com a cabeça.

– Claro.

Depois de deixa-la no ponto, Queenie seguiu seu caminho de volta e o ônibus de Zoe não demorou mais que cinco minutos para passar.

Zoe subiu alguns pontos de Queenie na lista dos recentemente conhecidos.

***

– Com licença, moça – Zoe batucava os dedos ritmicamente sobre a superfície da escrivaninha de madeira – por favor, eu gostaria de ver um dos alunos, mas não conheço a instituição, poderia me informar onde eu encontro...

A mulher lhe ergueu um panfleto comprido, sem tirar os olhos de seu monitor. Zoe pegou o que parecia ser um mapa.

Muito informativo, pensou ela, irritada.

– Escute – algo na intensidade de sua voz inexplicavelmente fizera a mulher prestar-lhe atenção de forma quase hipnótica. Zoe se surpreendeu, mas gostou disso – eu preciso que me mostre o caminho até as casas de fraternidade.

A mulher prontamente se levantou.

– Ou melhor – Zoe continuou – me dê um tour pelo colégio. Gratuito.

***

Ela sentiu-se a própria suprema por alguns instantes.

Ver a mulher que a recepcionara muito mal sendo ágil e prestativa ao lhe mostrar toda a faculdade, sem que nada lhe custasse, lhe dava uma sensação de poder indescritível. O sentimento de superioridade a preenchia de forma surpreendentemente magnífica. Nunca imaginou o quão boa poderia ser a sensação. Era como se ela pudesse controlar a tudo que quisesse, quando bem entendesse, e não há de haver um ser que a contrariasse naquele exato momento.

Era fantástico.

Algum tempo depois, a movimentação por entre os corredores começou a se intensificar. Zoe sabia que aquilo significava o término das aulas.

Ela decidiu permanecer exatamente onde estava. Encontrava-se meio a um enorme e agradável gramado arborizado, onde algumas pessoas encontravam-se imersas nos conhecimentos que seus livros lhes traziam, mergulhadas nos estudos, sejam sentadas nos polidos bancos de mármore espalhados pelo local, ou em toalhinhas de piquenique estendidas sob as aconchegantes sombras que as árvores proporcionavam. Passarinhos cantavam em algum lugar não muito distante, e uma leve brisa de outono soprava o rosto de Zoe, que achava todo o ambiente em conjunto sereno e harmonioso.

Apesar de ter se tornado um alvoroço de jovens repletos de energia em questão de segundos, Zoe manteve-se na parte central do gramado, ainda observando o movimento que as folhas faziam ao serem induzidas pelo breve vento que as atingira. Todo aquele vigor e a tranquilidade que aquele ponto a trazia se esvaeceu tão rápido como o vento que passou. De repente ela se pegou tremendo. O nervosismo tomou conta de seu corpo.

Olhou em volta. Eram tantos rostos que sua cabeça chegou a latejar. Para onde iam todos? Estudantes saiam de todas as direções e se dirigiam para cantos diferentes. Zoe se sentiu um pouco perdida, mesmo após o longo tour, já não se sentia nem um pouco familiarizada com aquele lugar.

Voltou-se para a mulher que a acompanhava. Ela estava parada bem ao seu lado e sua cara era de paisagem.

– Que horas são? – perguntou-lhe.

A mulher checou seu relógio.

– Meio dia.

Zoe estava suando, e não era de calor.

– Droga – disse ela, mais para si mesma – perdi completamente o foco...

A mulher pousou a mão em seu ombro, reproduzindo um movimento confortante automático, o qual Zoe rejeitou de forma abrupta e irritada.

– Eu não vou encontra-lo! – tirou o chapéu e passou a mão nos cabelos. Sua testa estava molhada de suor e ela queria chorar – Qual o sentido em procurar encontrá-lo?? Nunca devia ter vindo aqui em primeiro lugar.

– A Kappa fica bem ali, senhora – disse-lhe a mulher apontando para alguma direção que Zoe não sentiu necessidade de olhar.

Sou mesmo uma imbecil.

O que lhe garantia que Kyle iria gostar de vê-la tanto quanto ela gostaria de vê-lo? O que lhe garantia que não seria um tremendo incômodo para ele, um pé no saco? Ainda mais depois dos ocorridos da noite passada. Ela realmente gostaria de chorar. Tampou o rosto com as mãos e sentiu seus olhos se umedecerem.

Fiona vai me matar, pensou. Deveria ter voltado direto para a academia, Delia deve estar tão desapontada. Não tinha certeza se era regra não poder sair sem autorização, ela e Madison haviam saído escondidas na noite anterior, mas não conseguia se recordar de nada do que foi discutido no seu primeiro dia na Robichaux, e não haviam se passado nem 24 horas desde então. Estou tão fodida...

Apesar de tais conclusões, ela sequer levantou o rosto, ficou onde estava. Gostava de pensar que podia desaparecer, ou algo assim. Mal sabia ela que a transmutação era um dom que corria em suas veias, coitada.

Já se preparava mentalmente para o que podia haver de encarar no provável castigo mais tarde, arrependendo-se amargamente das suas decisões equivocadas e precipitadas, quando uma voz distante dentre as outras na multidão fez com que um calafrio percorresse toda sua espinha.

Chamava pelo seu nome.

– Zoe!

Zoe levantou a cabeça e tirou as mãos dos olhos. Esticou o pescoço para localizá-lo e não viu sequer um rosto conhecido. Ele chamou novamente.

– Zoe!!

Seu coração disparou.

Ela o viu.

Os cabelos loiros e atrapalhados o destacavam do resto das pessoas ao seu redor. De fato, Zoe achava que seu semblante o fazia parecer a única pessoa presente em toda a universidade. E ela não conseguia notar mais ninguém.

Bom, exceto pela garota a qual o acompanhava.


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Notas finais do capítulo

Tan, tan, TAN! Quem será a garota com o Kyle?
Não se preocupem, vocês logo saberão. Não vou demorar quase um ano dessa vez, relaxem kkkkk
Mas e aí? O que vocês estão achando?



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