Ouvir-te dizer escrita por Jude Melody


Capítulo 2
Não falei nada sobre amor!




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Alemanha parou diante daquelas construções enormes e antigas e se sentou em um monte de pedras. Um gato enorme e gordo surgiu de repente e começou a esfregar a cabeça em sua mão.

– Um gato? Isso quer dizer que o Grécia está por perto...

– Ele está te marcando com o cheiro. – disse uma voz próxima.

Com um salto, Alemanha virou para trás. Encontrou os olhos verdes despreocupados de Grécia.

– Sabia que os gatos têm glândulas perto dos olhos que secretam uma substância que...?

– Eu não estou interessado em gatos. Gostaria de lhe fazer uma pergunta. É... – ele hesitou, procurando o adjetivo adequado – Importante.

– Então, vamos conversar. – Grécia abriu um sorriso tranquilo e se sentou ao lado do amigo.

– Eu... – com os cotovelos sobre os joelhos e os dedos da mão entrelaçados, Alemanha refletiu antes de continuar – Preciso perguntar... Como... Como você sabe que gosta de alguém?

As sobrancelhas do Grécia ergueram-se suavemente. O país virou o rosto na direção do horizonte e ficou um longo tempo calado.

Então, abriu a boca levemente. Alemanha aproximou-se.

– O amor é uma coisa complicada.

– AMOR? – o loiro sentiu o rubor dominar suas bochechas – Eu não falei nada sobre amor!

– Não precisou. Estava escrito em seus olhos.

– Não é de amor que estou falando! Não distorça as minhas palavras, senhor filósofo.

– Senhor filósofo? – Grécia abriu algo parecido com um sorriso divertido – Nunca me chamaram disso antes.

– Apenas responda, tudo bem? – Alemanha levou a mão ao rosto, constrangido – Como você sabe que gosta de alguém?

– Hum... – Grécia voltou a fitar o horizonte.

“Vai ser um longo dia...” pensou Alemanha.

– Os deuses... Suas histórias guardam a resposta que procura.

– Histórias sobre sexo, guerra e traição? Não é isso que quero...

– Não zombe dos deuses. – o olhar do país tornou-se sombrio.

– Não quis ofender. – Alemanha balançou as mãos na frente do rosto – Mas, diga-me, há alguma história que possa me ensinar sobre amor?

– Então, admite que é sobre amor que quer falar!

– Não! Não! Eu apenas... – o rosto do loiro ficou mais vermelho que os tomates que Espanha tanto apreciava.

– Bom... Há histórias muito belas... E também muito trágicas. Temos Orfeu e Eurídice, por exemplo. E Édipo Rei.

– O cara que matou o próprio pai e casou com a própria mãe?

– Não-chame-Édipo-de-“cara”. – por um instante, Alemanha imaginou que Grécia tinha a aura fria do rei dos mortos.

– Desculpe-me. Por que não me conta a história desses... Er... De Orfeu e Eurícide?

– Eurídice. – Grécia corrigiu, já com os olhos normais.

– Isso.

– Ah, não. Não quero fazer o grandão chorar.

– O que disse?

– Quem é?

– Quem é o que?

– A sua... Eurídice?

Alemanha sentiu o rosto esquentar aos poucos, engoliu em seco e fitou o horizonte. Alguma coisa áspera roçou seu pulso.

– Mas o que...?!

– É só o gato.

O felino ronronou e voltou a esfregar a cabeça no braço do Alemanha.

– Ah... Bem... É o Itália...

– Não, é Zeus.

– O quê?

– O nome do gato é Zeus. Ou será que esse é o Apolo?

– Não estou falando do gato! É... A minha “Eurídice” é o Itália. – assim que pronunciou essas palavras, Alemanha quis morrer.

Grécia balançou a cabeça, pensativo.

– Ele é um gato.

– O QUÊ?!

– A forma como ele age. É como se fosse um gato. Um gato preguiçoso e comilão. Certo, Dionísio?

– Maraaaau! – fez o gato.

“E qual gato não é preguiçoso e comilão?” indagou-se o loiro.

– Ajudei de alguma forma?

– Sim, sim. Claro...

– Devia conversar com o França. Ele entende muito de amor.

– O França. Certo. Obrigado.

Alemanha ficou de pé e começou a se afastar. Ouviu os miados tristes do gato atrás de si.

– Vamos, Aphrodite.

– O quê?

O loiro virou-se a tempo de ver Grécia pegar o gato no colo e desaparecer atrás das enormes construções antigas.


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Notas finais do capítulo

E, com vocês, o gato de mil nomes!



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