Ouvir-te dizer escrita por Jude Melody
Alemanha parou diante daquelas construções enormes e antigas e se sentou em um monte de pedras. Um gato enorme e gordo surgiu de repente e começou a esfregar a cabeça em sua mão.
– Um gato? Isso quer dizer que o Grécia está por perto...
– Ele está te marcando com o cheiro. – disse uma voz próxima.
Com um salto, Alemanha virou para trás. Encontrou os olhos verdes despreocupados de Grécia.
– Sabia que os gatos têm glândulas perto dos olhos que secretam uma substância que...?
– Eu não estou interessado em gatos. Gostaria de lhe fazer uma pergunta. É... – ele hesitou, procurando o adjetivo adequado – Importante.
– Então, vamos conversar. – Grécia abriu um sorriso tranquilo e se sentou ao lado do amigo.
– Eu... – com os cotovelos sobre os joelhos e os dedos da mão entrelaçados, Alemanha refletiu antes de continuar – Preciso perguntar... Como... Como você sabe que gosta de alguém?
As sobrancelhas do Grécia ergueram-se suavemente. O país virou o rosto na direção do horizonte e ficou um longo tempo calado.
Então, abriu a boca levemente. Alemanha aproximou-se.
– O amor é uma coisa complicada.
– AMOR? – o loiro sentiu o rubor dominar suas bochechas – Eu não falei nada sobre amor!
– Não precisou. Estava escrito em seus olhos.
– Não é de amor que estou falando! Não distorça as minhas palavras, senhor filósofo.
– Senhor filósofo? – Grécia abriu algo parecido com um sorriso divertido – Nunca me chamaram disso antes.
– Apenas responda, tudo bem? – Alemanha levou a mão ao rosto, constrangido – Como você sabe que gosta de alguém?
– Hum... – Grécia voltou a fitar o horizonte.
“Vai ser um longo dia...” pensou Alemanha.
– Os deuses... Suas histórias guardam a resposta que procura.
– Histórias sobre sexo, guerra e traição? Não é isso que quero...
– Não zombe dos deuses. – o olhar do país tornou-se sombrio.
– Não quis ofender. – Alemanha balançou as mãos na frente do rosto – Mas, diga-me, há alguma história que possa me ensinar sobre amor?
– Então, admite que é sobre amor que quer falar!
– Não! Não! Eu apenas... – o rosto do loiro ficou mais vermelho que os tomates que Espanha tanto apreciava.
– Bom... Há histórias muito belas... E também muito trágicas. Temos Orfeu e Eurídice, por exemplo. E Édipo Rei.
– O cara que matou o próprio pai e casou com a própria mãe?
– Não-chame-Édipo-de-“cara”. – por um instante, Alemanha imaginou que Grécia tinha a aura fria do rei dos mortos.
– Desculpe-me. Por que não me conta a história desses... Er... De Orfeu e Eurícide?
– Eurídice. – Grécia corrigiu, já com os olhos normais.
– Isso.
– Ah, não. Não quero fazer o grandão chorar.
– O que disse?
– Quem é?
– Quem é o que?
– A sua... Eurídice?
Alemanha sentiu o rosto esquentar aos poucos, engoliu em seco e fitou o horizonte. Alguma coisa áspera roçou seu pulso.
– Mas o que...?!
– É só o gato.
O felino ronronou e voltou a esfregar a cabeça no braço do Alemanha.
– Ah... Bem... É o Itália...
– Não, é Zeus.
– O quê?
– O nome do gato é Zeus. Ou será que esse é o Apolo?
– Não estou falando do gato! É... A minha “Eurídice” é o Itália. – assim que pronunciou essas palavras, Alemanha quis morrer.
Grécia balançou a cabeça, pensativo.
– Ele é um gato.
– O QUÊ?!
– A forma como ele age. É como se fosse um gato. Um gato preguiçoso e comilão. Certo, Dionísio?
– Maraaaau! – fez o gato.
“E qual gato não é preguiçoso e comilão?” indagou-se o loiro.
– Ajudei de alguma forma?
– Sim, sim. Claro...
– Devia conversar com o França. Ele entende muito de amor.
– O França. Certo. Obrigado.
Alemanha ficou de pé e começou a se afastar. Ouviu os miados tristes do gato atrás de si.
– Vamos, Aphrodite.
– O quê?
O loiro virou-se a tempo de ver Grécia pegar o gato no colo e desaparecer atrás das enormes construções antigas.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E, com vocês, o gato de mil nomes!