Infame escrita por Apiolho


Capítulo 28
Capítulo 28 - É tempo de se entregar


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos! *-*

Ia postar domingo, mas ocorreram tanto que só hoje deu de terminar o capitulo. Ainda bem que deu certo! É isso ai, faltam mais dois capítulos para terminar.

Quero muito agradecer a Alethea por comentar no anterior, de coração. Muito me deixou feliz. Aos que favoritaram e acompanham também, de coração, dão cor a mais a minha fic e fizeram meu dia.

Espero que gostem, pois faço para vocês.



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Capítulo vinte e oito

É tempo de se entregar

 

“Aí é que está. Precisa ser fria para ser rainha. Anna Bolena só pensava com seu coração e foi decapitada, então sua filha, Elizabeth, prometeu nunca se casar. Casou com seu país. Esqueça os garotos. Mantenha seu olho no prêmio. Não pode fazer as pessoas te amarem, mas pode fazê-las temê-la.”

(Gossip Girl)

 

Aquela festa foi repleta de emoções, revelações e momentos de romance. Eu sei, corri como uma covarde do amor que poderia me proporcionar, dos beijos, abraços, o arrepio na pele, toques demorados e olhares apaixonados.  No entanto tinha acabado de terminar com a Valerie, encontrado com a sua ex que o fez sofrer e não estava em condições de se declarar sinceramente.

— Vamos ficar juntas no intervalo, tenho bastante a te contar. — o tom animado enquanto me abraçava pela cintura, não desgrudando de mim, acompanhando meus passos até o terraço.

Desde que nos encontramos naquela noite em que dançamos juntas, Charlotte resolveu esquecer todas as intrigas e nunca mais me deixou em paz. Transformou-me em sua ursa de pelúcia, apertando-me quando tinha chance.

Chegamos no local combinado e o antigo casal mal se fitavam, como se ainda estivessem brabos um com o outro, porém no dia da comemoração pela partida se divertiam tanto que até um beijo tinha rolado. Depois houve discussão, caras fechadas e novamente o afastamento. Soube disso ao voltar para a quadra e terminar a noite sem pensar no que vivi com Joshua, que apareceu no local por poucos instantes.

— Nate me procurou e pediu desculpa. — lançou a bomba a fofa do grupo.

— E você o dispensou a vassouradas? — questionei em seguida, apenas por me lembrar de tudo que fez. Aquela proposta de fazer sexo com ele, seu jeito e tudo o que tive de me submeter para que não contasse a verdade antes de mim. E no final o que recebi foi o pessoal me ignorando, muito melhor do que esperava.

— Não, joguei chá nele mesmo. Depois que soube da ameaça e toda a história, ele merece sofrer muito ainda. — a maldade em cada palavra dita.

Jordan e Anabelle riram da sua frase e gesto, no entanto sentia-me orgulhosa do que tinha realizado. Se fosse a Florewce de antes, despedir-se-ia dele com um sorriso envergonhado e uma promessa de que pensaria sobre o caso. Mesmo que soubesse de todo o horror que provocou.

— Tome cuidado, está passando muito tempo com a Amie para o meu gosto. Daqui a pouco se verá distribuindo socos por aí. — declarou a Stuart, dando tapas fracos na cabeça dela. Tratando-a como se fosse uma boneca de porcelana.

— Vocês não sabem de nada. Adora uma chantagem. — revidei, percebendo o semblante da Charlie se tornar mais carrancudo. Poderia receber um tapa dela agora mesmo apenas por parecer me queimar com um simples olhar.

Um toque foi ouvido e li no celular, da xará da protagonista do filme de terror, que estavam a convidando para visitar a Molly. Além da minha vingança pelo outro momento estar cumprido, senti que deveria contar umas coisas para ela.

— Aceita, vou te acompanhar. — sussurrei, vendo-a vacilar com minha fala.

— A minha tia não vai curtir se souber. — avisou-me, mas quem disse que sou de concordar calada?

— É importante. — disse, recebendo uma mirada demorada por parte dela, não obstante antes que confirmasse positivamente fomos interrompidas.

— Se você for, também quero. — foi a ruiva que pronunciou, estragando as minhas chances de convencê-la. Suspirei e tentei mentalizar para ser o mais seca possível ao responde-la.

— Porém nem sabe onde é.

Shopping? Cinema? — opinou com alegria. Desculpe, contudo terei de estragar esse ótimo clima. A minha antiga eu vibrou por isso, sentindo um prazer enorme apenas de imaginar.

— Que tal cemitério? — perguntei, vendo-a abrir a boca em descrença.

— É verdade o que ela acabou de dizer? — para a Belle.

— Sim, iremos ver a minha prima.

A dor dela não era semelhante a nossa, por não termos convivido desde a criança com a pessoa que morreu, porém sentia que deveria comparecer. O sorriso confortante que deu foi o bastante para reconhecer que nos acompanharia. Jordan resolveu visitar também.

Quando o domingo chegou apenas coloquei um vestido de manga comprida, por conta do frio, e passei uma maquiagem leve. Já nos meus pés continha um all star, até porque não queria demonstrar que estava nervosa ou parecer que quero impressionar.

Era dia dos pais, o que significa que a pessoa que me abandonou acabou ligando para mim. Não sei o que desejava, todavia desliguei. Ele tinha morrido para mim desde o instante que nem sequer se despediu ou tentou se explicar antes de sair por aquela porta.

— Boa tarde, Molly Stuart. Eu quero primeiramente me desculpar por deitar em cima de ti no velório. Na verdade tenho de dizer que agora te entendo, tudo o que sentiu e a sua dor por amar tanto o James. Porque também estou apaixonada. — suspirei antes de continuar, escutando a Charlie dando um grito abafado. — Sua morte não foi em vão, entendi que não posso me entregar tanto ou se cortar por conta disso. Muito obrigada. — Anabelle me deu um tapa nas costas pelo que eu segredei, todavia um sorriso seguiu em minha direção quando me levantei. Peguei o buquê de flores que comprei e coloquei em cima do túmulo, afastando-me para que os outros tivessem sua chance de conversar com ela.

A Florewce agarrou-me e não soltou mais. O Sales ficou ao lado da ex, consolando-a em silêncio. E nenhum murmúrio continuou quando a enfermeira do colégio chegou, fitando-me de baixo para cima. Tentei fugir, esconder-me por respeito, todavia me parou.

— Fique, era o que ela ia pedir. — sussurrou, fazendo sinal da cruz e derramando algumas lágrimas enquanto segurava a minha mão com força. Rezamos de maneira baixa, todavia quando ia embora deu-me um papel ao tirá-lo do bolso do casaco. Desabafou também, explicando o quanto ansiaria aproveitar mais tempo com ela, sem protege-la demasiadamente.

— É alguma macumba? — sim, eu não calo a boca e faço besteira sempre. A maneira como rolou os olhos dizia isso, ressaltando com o apertão que levei da colega que me abraçava.

— Não, é uma carta. Espero que leia. — foi apenas o que comentou, liberando-me para que saíssemos do cemitério.

Fui convidada para ver um filme, que era uma ótima proposta, contudo tinha algo a fazer. Depois de tudo que escutei e passei nessa tarde não poderia passar esse momento em branco. Quem sabe amanhã tudo mudaria, e talvez não haveria mais volta e apenas sobraria o rancor.

— Filha, é você? — começou, o tom surpreso e assustado.

Por um tempo meu coração parou e a voz sumiu, mas engoli tudo isso ao respirar fundo. A minha coragem ainda deveria restar, apesar de estar mudando aos poucos.

— Feliz dia dos pais. — pronunciei com ironia.

— Temos de conversar, poderia me encontrar hoje? — desculpe, jamais aguentaria falar e revê-lo.

— Estou ocupada, por isso não ache que com poucas palavras pode reconquistar o tempo perdido! — gritei pelo celular o desabafo entalado há alguns anos na garganta.

— Eu sei, me desculpa. Quem sabe um outro dia possamos falar mais. Foi bom ouvir sua voz. Te amo, tchau. — parecia sofrer por conta disso. O que ele esperava? Que o recebesse com doces e carinhos?

Pouco se expressava como eu, por isso quase não ouvira que sentia algo tão grande por mim. Tudo era gesto, ações, mesmo que minimas. Por isso a alegria era maior quando algo deste gênero saia de sua boca.

— Apenas queria uma explicação. — disse antes que terminasse a chamada.

— Sua mãe descobriu a traição e me pediu para ir embora, nem me deixou te ver. Jogou na minha cara que não mereceria a família que tinha, mas eu nunca te esqueci ou abandonei. Mesmo que tenha outra mulher agora, você é o meu bem mais precioso. — lembrei de seu jeito verdadeiro com que me tratava, igual agora.

Só que saber que teria uma madrasta e o término fez-me entrar em choque, me segurava para não chorar ou simplesmente deixa-lo sem alguma resposta. Pensei simplesmente que saiu de casa sem motivo, já que nunca me contaram o porquê. Vi algumas pessoas me olhando com pena na frente do portão onde a Mole fora enterrada, dentre elas o tal cara que estraçalhou os sentimentos da falecida.

— Tenho de ir agora. — todo o ódio que tinha não fora transmitido por lembrar do que passamos, do amor que sentia por ele, por saber que o deixei com esperança de que nos veríamos novamente.

Desliguei e segui em direção ao James, que se escondeu e conseguiu escapar de mim. Todavia notei seu rosto inchado e vermelho antes de que sumisse da minha vista, talvez estivesse realmente arrependido do que fez. Mas sabia que ele não tinha culpa de não amá-la, apesar de rejeitá-la de maneiras cruéis. Como eu sempre fiz com os outros.

Li cada parte tantas vezes que praticamente decorei. Minha mente se enchia com suas frases, tão lindas e profundas. Uma mensagem que não deveria apenas ser passada para mim.

— Roxye Honey, preciso de sua ajuda. — disse a parceira, que era tão maluca ao ponto de aceitar o meu pedido. E foi o seu “sim” que fez-me dar um sorriso sincero e maior do que o habitual.

Antes da apresentação convenceu o meu professor de filosofia para que usássemos a sala de rádio para mostrarmos o nosso trabalho, pois precisávamos dos equipamentos de lá. Na realidade era a desculpa do data show, que era para mostrarmos os depoimentos dos que se auto mutilavam. Depois disso peguei o microfone e liguei de surpresa, começando a falar antes que fosse detida pela autoridade.

 — “Sou Molly Stuart, que se está lendo essa carta é porque devo estar descansando em um caixão qualquer, a garota que foi alvo de falatórios no corredor por ter se matado por motivos banais. — respirei um pouco antes de continuar. — Não, amar demais não é algo fútil, ou querer viver cada momento com intensidade. Divirta-se, saia, corra, não tenha medo de dizer o que quer, tenha em mente que amanhã poderá ser tarde demais. E você ou quem gosta pode estar embaixo da terra. Seja também vendo um filme com sua familia e amigos, rindo alto quando desejar. É tempo de se entregar. Faça o bem. Não ouse realizar algo para agradar os outros, se for para se arrepender, custar sua liberdade ou vida. Mas pare de se cortar que nem eu, por conta de uma atenção que não tinha da mãe (não é culpa dela!) ou outro motivo, não vale a pena. Pode me usar de exemplo e seja como é e se aceite. Vamos, tenha certeza que sempre terá alguém para te apoiar em meio aos outros, então aja.” — fiz de uma maneira para todos, contudo era um recado para ela mesma, o que queria e não dava mais tempo. Dizia que isso me simboliza, mas estava errada. Na verdade essas palavras me ajudaram também.

Ao terminar escutei os aplausos, o professor fungava e alguns estavam choramingando e soluçando alto. Observei Joshua entre a multidão dos alunos da nossa classe, que me fitava como se eu fosse um ser superior, mas que levantou tão rápido que assustou-me. Então ele me pegou pela mão, pouco se importa do com os que estavam ao redor ou se estava em plena aula, e saiu pelo corredor. Estava tudo deserto.

Comecei a ver as paredes, arvores, murais, folhas e, por fim, deparei-me com uma tenda, banco e um jardim belíssimo. Era justo o lugar em que ficamos na festa da semana retrasada, apesar de nunca mais termos nos falado desde que aquela conversa aconteceu. Ele não me deixou pronunciar.

— Não me importa mais nada, se namorei com a Valerie faz pouco tempo, a minha antiga desilusão ou se estou indeciso. Eu quero me entregar por amor também, contigo. — declarou, abraçando-me com força e desespero.

Deixei-me ser acariciada, desejada, amada, e, também, beijada. Era tão diferente do que senti com James ou Nate, quem sabe por descobrir a paixão com o Deboni. Se aquelas letras tinham o abalado como eu, então poderíamos viver aquilo sem interrupções, nem precisando que mais fosse dito. Rimos ao nos soltarmos e ele deu um selo demorado em minha testa, tocando em meu cabelo com delicadeza. Ficamos um bom tempo enlaçados, sem falar, apenas sentindo e nos mirando.

— Josh? — escutamos, aquela voz era-me desconhecida. Todavia pela sua expressão de perplexidade notei que com ele era diferente.

— Amy, essa é a Valentina, minha ex namorada. Desculpe desde já, mas preciso tirar isso a limpo antes de decidirmos a nossa história. Posso? — questionou como se a nossa relação dependesse do final daquela conversa, e dela. Parecendo que era obcecado pela sua algoz ainda.

Fiquei com uma expressão de taxo, sentindo-me uma tola por ter mudado tanto ao ponto de achar que poderia permitir que se relacionasse comigo. Contudo aceitei com um gesto de cabeça, por entender que isso era necessário. Vi-os se afastar e irem até a saída da instituição. Eles realmente tinham muito a se explicar. Estou empurrando-o para ficar com ela? Sim, no entanto não daria uma de Anabelle e fazer um escândalo por conta de algo assim. Precisava esperar ou seguir em frente, porém não ia me entregar tão fácil como hoje.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Sempre tem alguém para atrapalhar né?

Quero muito, muito mesmo, saber a opinião de vocês. Se quiseram comentar com o que pensaram do capitulo, o que querem ver, se é mais da relação com as amigas, do pai, Amie e Joshua. A conversa, palpites sobre a conversa, tudo isso!

A imagem não é minha. Se tiver erros podem avisar.

Comentar me ajuda muito. Assim como quem quiser recomendar que nem as outras três divas me deixaria mega contente. Um presente e tanto, se acharem que mereço. Uma motivação com toda a certeza.

Até a próxima. Beijos.



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