Puxei Jane para o lado e disse que queria ir embora. Depois de muito insistir ela aceitou ir embora da festa.

Chegando em casa, sentei-me no sofá da sala de estar e enterrei meu rosto nas minhas mãos.

–Onde estava com a cabeça? O que eu fiz? Poxa, nunca fiz esse tipo de besteira! Nem conhecia direito ele! Que ridículo! – disse séria para Jane.

–Calma Kate. Não foi nada. Vocês só se beijaram. Para de fazer drama! Ele é um ótimo garoto. Ele vai te ligar, vocês conversam, se conhecem melhor e quem sabe não rola algo? – falou com tom de malícia.

–Jane, você não está entendendo! Achei que iria me entender, mas pelo jeito não. Eu não faço essas coisas! Ele pode não ser quem diz ser.

–Para de besteira Kate. Ele é o Bil! – disse rindo.

–E daí? Você por um acaso conhece ele?!

–Sim, eu e o Jack queríamos que você se divertisse na festa, então falamos com ele... – falou com uma voz estranha, um pouco nervosa.

–Como assim?! Vocês... Vocês pediram para ele fazer isso?! – falei incrédula.

–Não Kate! Não é isso! – disse com medo na voz.

–Então o que é?! Pois é o que parece. – já estava muito brava, imaginando que todas aquelas palavras que ele disse, eram apenas mentiras.

–Kate... Não sei nem o que dizer. Desculpe-me! Realmente, não queria que você se sentisse assim. Só queria que se divertisse, saísse de casa...

–Jane! Eu não consigo acreditar que fez isso comigo. Sério! Sempre confiei em você. Estou muito decepcionada com você. – falei em meio às lágrimas.

–Não fala assim... – Jane começou a chorar.

–Por favor, vá embora.

–Mas...

–Jane, por favor. Quero ficar sozinha. – disse me sentindo traída pela minha própria amiga.

Ela se levantou e seguiu até a porta principal com a cabeça abaixada. Sua maquiagem estava borrada ao redor dos olhos e escorria pelas bochechas com as lágrimas.

–Te ligo amanhã? – disse olhando para baixo.

–Veremos.

Saiu e fechei a porta atrás dela. Encostei-me na porta, escorreguei até o chão e permaneci ali por alguns minutos.

Tomei um banho e fui para a cama deitar-me, mas não consegui dormir, não depois de ter sido traída por minha melhor amiga e ter sido enganada dessa forma.

“Será que teve alguma coisa do que ele falou que era verdade? Ele gostou de mim? Ou só queria usar-me?”. Fiquei a noite toda pensando nessas coisas e acabei não dormindo.

Estava terminando de limpar a casa e o telefone tocou. Era Jane.

–Posso falar? – ela perguntou.

–Fala.

–Kate, por favor, me perdoa! Não gosto de ficar assim com você amiga. Posso ir aí para conversarmos? – a ouvi com uma voz chorosa.

–Não sei.

–Tudo bem, você querendo ou não minha presença, eu estou indo aí. – falou determinada e desligou.

A campainha tocou e era óbvio quem estava atrás da porta. Jane entrou e me deu um abraço apertado implorando perdão.

–Kate, sério, temos que resolver isso. Não quero esse clima entre nós.

–Me explica o que houve, mas fale toda a verdade.

–Foi o que disse ontem, queríamos que você saísse dessa casa, se divertisse.

–Tá, mas por que usar o Billy? – pedi.

–Bil queria se divertir também. Não fez por mal. Nós pedimos para ele te entreter.

–Ele me usou! Disse que gostou de mim e tal.

–É, isso nós não tínhamos falado para ele.

–Verdade? – fiquei com certa esperança de que não fosse tudo mentira.

–Kate, sério, eu não falei nada para ele te iludir, mas assim... Bil tem um jeito romântico, para seduzir as garotas e poder fazer elas se apaixonarem por ele. Mas ignorei esse fato, pois achei que isso iria da sua cabeça, caso gostasse dele. Entende-me?

–Agora entendi, mas ainda estou magoada com você.

–Eu imagino, mas estou realmente arrependida.

–Está bem, te perdoo, porém tens que me prometer nunca mais fazer isso.

–Prometo. – disse e me deu um abraço.

Ficamos assistindo seriados e filmes pelo resto do dia. Então acabamos cochilando no sofá, acordamos com o despertador do celular de Jane na manhã seguinte.

–Ai! Eu não acredito! Tenho um compromisso daqui uma hora e meia. – Jane falou assustada.

–Quer ajuda em algo? Faço algo para nós comermos.

–Pode ser. Vou lá em casa me arrumar e já volto.

Ela voltou rápido, então deu tempo para termos uma conversa antes de ela sair.

Pedi o que era o compromisso e se ela precisaria de companhia para algo mais tarde. Disse-me que era uma entrevista para trabalhar em outra empresa onde iria ter um salário melhor.

–Eu estou tentando guardar dinheiro para comprar um apartamento, não quero ser dependente de meus pais. Orgulho isso em você.

–Mas é complicado morar sozinha. Claro que se não fosse o dinheiro que eu tinha guardado e que meus pais tinham.

–Entendo. Você não vai trabalhar mais?

–Vou. Irei procurar daqui um tempo já.

–Entendi.

–Ao invés de você pegar um apartamento, por que não vem morar comigo? Entendo que seja do lado da casa dos seus pais, mas pelo menos não vai gastar tanto, só ajudaria nas despesas da casa.

–Olha, é uma ótima ideia. Podemos discutir isso mais tarde? Tenho que ir agora.

–Tudo bem, boa sorte.

Nos despedimos e ela foi para seu compromisso. Quando ela saiu fui ao mercado.

Estava no caixa para pagar as compras já feitas, quando avistei entrando na porta principal, ninguém mais nem menos que Billy.