Um mês se passou. Tudo mudou. E Zach também. O choque de saber que Glen havia pedido transferência para a outra escola foi cruel para seus ouvidos. Nunca mais ouviu falar dêle. Suas feições pareciam não se importar. Mas o coração estava sem fôrças p’rá bater. Era como se sua vida não tivesse mais sentido. Zach sempre se importou com a imagem que passaria para os outros. Sempre quis passar a idéia de um rapaz forte, bonito, desejado. Agora, parecia um simples aluno que não tinha vontade de fazer nada. Claro que ainda afirmava que gostava de mulheres. Mas o tom em sua vóz, deixava muito a desejar. Zach sentia-se sujo. E o que o interessava outrora, hoje já não o estimulava.

Grace chegava a ter pena do irmão. Ela, que sempre o via dominante e com opinião formada, o via apagado e mórbido. Será que Glen transformou tanto assim a vida de seu irmão? No comêço, ela achou que fôsse temporário. Mas do jeito que isso continuava, ela se preocupava.

Diane estava trabalhando mais do que nunca. O dinheiro que ganhava não estava sendo suficiente. Era uma advogada no centro de Nova York. Mas não tinha nome como os outros. No momento, ela estava no caso de um assassinato ocorrido no centro há poucos dias. Sony entrou na sala e disse:

- Temos uma testemunha. Mas está nervoso e não consegue falar. Quem sabe se você...

- Certo, eu falo com êle. Qual o nome? – perguntou Diane sem tirar os olhos dos documentos.

- Hum, Glen... Glen Andrews.

Diane ergueu os olhos. E quis confirmar o que tinha ouvido:

- Como? Glen Andrews é a testemunha do assassinato?

- Conhece êle?

Diane não respondeu. Foi até a sala das testemunhas. Glen estava olhando para a janela. Diane entrou e perguntou:

- Glen?

O menino virou seus olhos azuis na direção de Diane. Sua única reação foi abraçá-la e dizer:

- Ajuda-me. Tira-me dêsse lugar.

A juíza decretou que Diane era agora responsável por Glen Andrews. Teria que levá-lo para sua casa, e deixá-lo por lá até o dia do julgamento para não levantar suspeitas de onde êle estaria.

Por mais que isso fôsse uma ordem, Diane teria que controlar Zach em relação à estada de Glen em sua casa.

Quando foi de noite, Diane entrou em casa. Viu que Jackie estava na cozinha e Grace assistindo televisão. Zach, provavelmente estaria no seu quarto:

- Zach! Venha! Tenho um anúncio a fazer!

Zach chegou à sala com cara de quem não dava a mínima. Diane começou a falar:

- Eu sei que isso pode soar um pouco estranho. Mas a juíza assim determinou. Ê lê foi testemunha de um assassinato. Então, quero que se comportem. Pois êle ficará aqui até o dia do julgamento.

Diane se afastou até a porta da frente. Abriu-a. Glen estava da mesma forma. Não havia mudado em nada. Seu olhar se chocou com o de Zach. Jackie, ao perceber o clima não muito agradável, tentou mudar de assunto:

- Então você é Glen? Ouvi falar tanto de você. – Jackie o levou até a cozinha. – Por que não toma alguma coisa?

- Não, obrigado senhora.

- Mas está tão magrinho, não acha Zach?

Zach simplesmente respondeu:

- Quer saber? Que se dane!

Zach foi p’ro seu quarto. Glen voltou. E pode ficar por um bom tempo. Zach não esperava. Êle tinha no rôsto tanta aflição. Pensou como seria acordar tôdas as manhãs e ver aquela pessôa que mexe com êle. Glen continuava com aquela inocência provocante que Zach queria acabar.