New old things escrita por blairrw


Capítulo 1
Prólogo.




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Prólogo.

Ando desnorteada entre os corpos bêbados, procurando por Luke. Já não sou mais eu falando, o álcool faz isso com as pessoas. Grito por Calipso procurando ajuda. Sinto que vou vomitar, o sufoco preso na minha garganta. Ando pelo corredor da casa a procura de um banheiro. Abro a porta que julgo parecer dar a um banheiro e entro. Não é um banheiro, parece um quarto. De repente as imagens mudam, vejo Luke jogado no chão da escada com sangue na cabeça, uma multidão em volta apontando para as minhas roupas ensopadas de sangue. Começo a gritar perguntando o que está acontecendo, quando Calipso chega e me acusa de assassina e psicopata. Saio correndo até o quintal, até sentir uma mão me puxar e eu apagar por completo.

~*

1 ano depois.

Acordo com um sobressalto, olho para minhas mãos que pareciam cheirar a álcool e sangue, as imagens de Luke apavorado tentando estancar o sangue da cabeça me assombram, sinto as palavras de Calipso ecoarem na minha cabeça: “Psicopata” a única coisa que me lembro. Observo o meu redor. Ainda estou no dormitório do internato aqui na Inglaterra, o meu refúgio a um ano. Depois do incidente da festa, acordei com sangue por todo o meu vestido e mãos, jogada no jardim da casa e com várias perguntas na cabeça: “O que aconteceu noite passada?”, “Onde estou?” e a principal, “Por que estou coberta de sangue?” Lembro-me de pegar minha bolsa e tentar ligar para Luke, e quem atendeu foi Reyna, me chamando de assassina. A partir daí tudo piorou. Tive que pedir para minha mãe vir me buscar já que nenhum taxi iria carregar uma passageira ensaboada de sangue. Minha mãe me xingou á beça, meu pai ficou decepcionado comigo, fui linchada por todos na escola no dia seguinte. Eles me odiavam. Me xingavam de psicopata e nomes bem piores, e Luke com a cabeça enfaixada só observava, Calipso ria da minha cara, e eu continuava a perguntar a mim até hoje. O que realmente aconteceu naquela noite?

Ouço murmúrios de reclamações dos colegas de quarto. Olho para o relógio e marco três horas da manhã, minhas mãos estão suadas. Tento voltar a dormir, entretanto só consigo apagar quando o sol já está no ápice.

1 semana depois.

Pela primeira vez em um ano, me sinto leve e feliz. Estou acostumada com esse internato, já peguei o sotaque daqui e consegui fazer bons amigos. Ando pelos corredores esperando o almoço. Aqui é como a minha casa, o internato é a minha casa agora. Mesmo sentindo falta de Nova Iorque, agora aqui é o meu lar.

- Ta de bom humor hoje, Ana?

Christian se encosta no armário me perguntando. Christian é um cara baixinho e educadinho. Mas não se engane, sua história antes do internato é bem pior e mais dura que a minha, então o que eu aprendi é nunca mexer com ele.

- Sim. – sorrio – Acredito que nada vai estragar meu dia.

- Não sei não. Vim aqui te avisar que você tem telefone lá sala da Célia.

- Mas, não é permitido ligar antes de sexta-feira. Vou ir lá ver.

~*

Chego na sala da Célia que me olha cética. Essa mulher nunca gostou de mim. Ela aponta para o telefone no pino. Aperto a tecla “espera” novamente e escuta minha mãe suspirar do outro lado.

- Annabeth, querida.

- Oi mãe. – Estranho ela em chamar de querida.

- Vou ser rápida, depois de amanhã você vai pegar um avião de volta a Nova Iorque e voltará a morar conosco.

- Mas o que?! – Tento não gritar. – Como assim? Todos me odeiam ai, eu não posso pisar os meus pés na Barons de novo!

- Não a discussão. Esteja no aeroporto as nove da manhã.

Ouço o tututu... do telefone anunciar o fim de chamada. Fico congelada olhando para Célia que tem um sorrisinho no rosto. Raiva me preenche. Como minha mãe pode fazer isso comigo? Depois de tanto tempo.

~*

Me despido dos meus amigos mais uma vez. Dou de costas e sigo meu caminho até o taxi. Escuto o choro de Diana e isso me corta o coração. Eu não quero levar essa dor comigo novamente. O que eu aprendi, vivi, convivi, senti aqui vai ficar aqui. Os meus amigos não.

~*

Depois de seis horas de voo, chego a Nova Iorque e já sinto a diferença de ambiente. Nuvens carregadas se formam acima do aeroporto. Os voos são cancelados e eu agradeço a mínima sorte de já estar no meu destino. Espero minha carona por 30 minutos, e nessa altura já assisto a chuva cair e ir ficando mais densa. Finalmente, minha mãe atende minha ligação e entre cortes fala: “Não tem como sair da empresa agora, estamos em reunião, querida tem como você pegar um taxi e ir pra casa da sua tia?”

Reviro os olhos e xingo-a pelo pensamento, pego um taxi embaixo da chuva e aviso aonde ele teria que me levar.

Depois de alguns minutos, chego na casa da minha tia e sou recebida por abraços e minha prima, Katy que foi a única a ficar do meu lado na noite da festa.

- Annie querida. – Me abraça tia Demeter.

Katy dá um sorriso e pede para segui-la, subo até seu quarto e ela me põe a par sobre tudo que atualizou na Barons. Novos alunos, novas piranhas, velhos professores e Calipso. A nova abelha-rainha da escola e sua empregada Drew.

- Ela tomou seu posto e até hoje espalha boatos sobre você. – Contou triste.

- E vai continuar com ele. Digo, não os boatos, mas o posto. Eu mudei, já não sou a mesma Ana de sempre.

- Ana? Seus amigos britânicos te chamavam assim?

- Sim, mas particularmente, sinto saudades do Annie. Eu gostava de lá, minha vida era diferente.

- Então Annie, você sabe que vai voltar para a Barons né? Voltar p-a-r-a a B-a-r-o-n-s. – Disse Katy quase soletrando.

- Sim. E nunca pensei que iria se fácil.

- Vai causar um muvuco e tanto! Já estou até vendo a nova notícia da manhã, a primeira logo após á saudação.

Não pude deixar de sorrir com Katy. Katy era a radialista da escola, e sempre estava a par de todas as novidades.

- E sobre Lu...

- Não, por favor Katy. Não me fale dele.

- Tudo bem. Sobre os alunos novos. – Katy pareceu brilhar.

- Algum gatinho?

- O se tem. Pena que está comprometido com a ariranha ruiva.

- Ariranha ruiva? – Pergunto.

- Você vai conhece-lá. Uma das ratas da Calipso.

- Deixa eu adivinhar. Todas já sabem de mim, e todos os novos me odeiam?

Katy apenas assentiu com a cabeça.

- Então eu sou tipo uma lenda sobre uma vaca medíocre que só pensava em sí mesma e quase matou o namorado?

Katy afirmou novamente.

É, parece que vai ser um ano e tanto.

Minha mãe finalmente vem me buscar com meu pai, e depois de um ano sem nos ver, nada mudou. Ela continua grossa e ele, triste comigo. Chegando em casa sinto um clima tenso. Era uma casa modesta planejada pela a arquiteta da cidade, Atena Chase, vulgo minha mãe. Sinto aquele cheiro de orvalho que só a minha casa tem. Ela, sem dizer uma palavra, sobe as escadas indo para seu escritório e ai eu me lembro do que terei que enfrentar segunda. A raiva toma conta de mim.

- Porque você não me matriculou em outra escola. Quer que eu me mate?

Ela para de andar mas não se vira.

- Você deve aprender a enfrentar seus problemas.

- Me matando talvez. – Respondo irônica.

Ouço um suspiro vindo dela.

- Você é muito criança para entender o porquê.

- Tenta fazer eu entender! Por favor, não me faça estudar lá, todos me odeiam!

- Não Annabeth Chase!

Me calo por completo. Sinto lagrimas quentes querendo descer. Só eu sei o que passei por todo esse tempo. Entretanto não vou me permitir chorar na sua frente. Eu prometi isso a mim. Nunca mais demonstrarei fraqueza, nunca mais.


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Notas finais do capítulo

Três comentários eu continuo. Lembre-se, seu comentário é sempre necessário, ñ importe em que época você esteja lendo a fic.



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