Capitulo Único

Coffee

Sakura mordeu o lábio, enquanto mexia sua xícara de café. Mordia o lábio a espera de conseguir fazê-lo sangrar: queria que as pessoas do Café achassem que ela chorava por isso e não por um cara que simplesmente não se importava com ela.

Suspirou. Não havia motivos por estar ali. Nem estava com vontade de tomar café, na verdade. Chamou o garçom. Pediu a conta e ele estranhou ao notar que a xícara estava intacta. Mesmo assim, ela iria pagar, não era? E era isso que importava.

Sakura só queria sair dali. Queria ir para casa e chorar no seu travesseiro, vendo algum filme em preto e branco e tomar sorvete de chocolate. Fechou os olhos, massageando as têmporas. Quando tornou a abri-los, havia uma pessoa sentada na sua frente. “Sasuke?”, ela estranhou.

— Ele te magoou de novo — não era uma pergunta. Mesmo assim, Sakura assentiu. Ficaram em silêncio. O garçom chegou com a conta, Sakura olhou e preparava-se para tirar o dinheiro da carteira, quando Sasuke segurou sua mão. Ela o olhou, interrogativamente, mesmo que a sensação da mão fria de Sasuke sobre a sua fosse deliciosa. — Espere. — ele disse.

Sakura franziu as sobrancelhas e puxou a mão. — Eu quero ir embora, Sasuke. — ela disse em voz baixa. Sasuke levantou as sobrancelhas por um instante, como se pensasse em algo. Por fim, chamou o garçom novamente.

— Por favor, traga-me um sanduíche de queijo e um café quente. — ele disse. Sakura arregalou os olhos – era o lanche preferido dela.

— Estou falando sério, Sasuke, eu quero ir.

— Dê-me um tempo. — foi o que ele disse. Ela levantou uma sobrancelha. — Quinze minutos. — completou.

— Tudo bem. Quinze minutos. Comece.

— Ainda não. Deixe seu lanche chegar antes. Aí eu começarei. — Sasuke disse. Sakura abriu a boca para resmungar alguma coisa, mas sabia que de nada adiantaria.

Suspirou. Ela tinha plena consciência de que, enquanto Sasuke não falasse você pode ir agora, ela não iria.

Mais uma vez, ficaram em silêncio. Sakura encarava Sasuke, que olhava calmamente pela janela. Às vezes, ele conseguia ser bem irritante. Mesmo assim, a companhia dele lhe deixava mais leve. E ela sabia que Sasuke sabia muito mais dela do que Sasori jamais saberia. — Por que, Sasuke? — ela choramingou.

Ele não deixou de olhar pela janela. — Por que o quê, Sakura?

— Por que... você sabe! Por que o Sasori tem que fazer essas coisas comigo?

Sasuke deu um sorriso levemente malicioso. — Bem, você é namorada dele. Acho que é seu dever satisfazer os desejos deles.

Sakura ficou um instante tentando entender, então seus olhos começaram a se arregalar e ela corou. — Sasuke! Agora é que eu não fico aqui mesmo! — ela começou a se levantar, mas ele segurou de novo sua mão.

— Desculpe. — ele disse, mas o sorriso não sumira dos seus lábios. —Então, o que você dizia?

— Você é um chato. — ela revirou os olhos. — Eu estou querendo dizer que... o Sasori nunca me tratou bem. Eu só queria um pouco de carinho, sabe? Um pouco de... — ela abaixou os olhos, como se estivesse envergonhada do que iria dizer.

—Amor? — ele completou. — Entendo. É normal. Uma das necessidades do ser humano é a de se sentir amado. — Sasuke disse. Sakura ficou pensando nisso, até que uma pergunta saiu de supetão dos seus lábios, antes que ela pudesse controlá-la.

— Já amou alguém, Sasuke?

O olhar dele se perdeu por uns instantes e voltou a se focalizar nos olhos verdes de Sakura. Ela abaixou os olhos, constrangida. —Desculpe, não deveria ser tão indiscreta. É que... você sabe tudo de mim e eu não sei quase nada sobre você!

— Sakura, você sempre foi minha amiga e confiou em mim, certo? — ele perguntou. Ela assentiu. — Então... Pra que você lia livros de romance de princesas na infância, para ver a princesa ter um final feliz, não é?

— Sim... — ela respondeu, confusa.

— Você é uma princesa — foi o que ele disse, com simplicidade. Sakura corou. Pensou em algo para falar, mas logo o garçom chegou com sua comida.

— Certo, Sasuke. Pode começar. — ela ajustou o relógio de pulso. — Quinze minutos contados, ok? — Sakura completou. Logo em seguida começou a comer seu sanduíche e tomar o café quente. Estavam deliciosos e fora uma boa idéia ela ter ficado.

Sasuke se levantou e se sentou ao lado de Sakura. Ela virou o rosto para olhá-lo, estranhando. — Sasori não te merece. Ele não merece seu amor ou sua devoção, essa devoção que você dá a ele cegamente. Ele não se importa com você ou com seus sentimentos. Sasori não sabe o que é amar, Sakura. Você não deveria ficar para baixo por causa dele. Você é uma tola. Tola ao ponto de aceitar a ser sua namorada.

Sakura ficou em estado de choque diante das palavras. Eram reais, ela sabia. Mesmo assim, doía ter que ouvir aquilo daquele modo. Principalmente a última frase de Sasuke. As lágrimas vieram aos seus olhos. Ela começou a se levantar, querendo um colo agora, mas, mais uma vez, Sasuke a segurou. — Termine seu lanche.

— Não! Você me obriga a ficar aqui e... E começa a jogar isso na minha cara e... — ela começou a soluçar, mas Sasuke permaneceu sério.

— Termine o seu lanche, Sakura.

— Não, Sasuke, me deix-

— Por favor, Sakura. Eu preciso falar com você.

Ela tornou a se sentar e fungou. Limpou os olhos com as costas da mão e deu mais uma mordida no seu sanduíche, logo depois tomando um gole do chocolate quente.

— Como eu havia dito, você é uma princesa, Sakura. — ele falou. Sakura começara a prestar mais atenção no que ele dizia. — E como tal, merece ter um final feliz. E eu quero te dar esse final feliz, Sakura. — Sasuke finalizou.

Sakura arregalou os olhos. Ele... ele estava se declarando para ela? Sentiu algo em seu estômago e um sorriso se formou em seus lábios. — Sasuke... eu...

— Termine.

Ela franziu as sobrancelhas, e foi continuando a comer o sanduíche. Sabia que ele só deixaria que ela falasse se terminasse de comer. Só faltava mais um pedaço quando ela sentiu seu dente bater em algo duro. Seu coração se acelerou – já havia visto vários filmes clichês e sabia o que era. Quando cuspiu, não deu outra: um anel.

Era dourado e dentro estavam grafadas as palavras “Minha princesa”, Sakura sorriu. Olhou para Sasuke e entregou o anel para ele. O moreno a olhou surpreso. — Você não-

—É mais romântico se você colocar o anel no meu dedo, meu príncipe — ela riu. E Sasuke sorriu e colocou o anel no dedo dela. No exato instante em que ele terminou de colocá-lo, o relógio de Sakura apitou, avisando que os quinze minutos haviam acabado. Ela se levantou.

— Bem, Sasuke, seu tempo acabou. Agora eu vou para casa...

Ele a olhou, surpreso. Sakura deu um sorriso malicioso e o puxou, fazendo-o se levantar também. —... e você vai junto. Porque eu adoraria se você fizesse essas coisas que Sasori não faz comigo.