Violet Hill escrita por abyssiniana


Capítulo 1
Capítulo Único - Violet Hill


Notas iniciais do capítulo

Niisan, parabéns ♥ Espero que gostes de sentimentos!



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It was a long and dark December,
From the rooftops I remember,
There was snow…
White snow…

- Killua, por favor! – Gon gritou com todo o ar que conseguia conter nos pequenos pulmões. Fechou os olhos, como se isso o impedisse de ouvir a secretária do seu quarto a virar uns 90º, o espelho interior do guarda-fatos a escacar no chão de madeira clara ou os livros a serem brutalmente atirados contra o wallpaper esverdeado. – Pára com isto...

- PORQUE RAIO DIRIAS ALGO ASSIM?! – O adolescente de cabelos cinza respirava ofegante, o seu peito subia e descia a um ritmo acelerado, com as inspirações e expirações furiosas. O olhar gelado, frustrado, cortou a distância entre os dois rapazes.

- Qu-que te amo? – O moreno soluçou a cada sílaba, lágrimas no canto dos olhos ameaçando percorrer as bochechas coradas. – Porque é verdade, seu idiota, eu amo-te!

- ARGH! – Killua levou ambas as mãos trémulas às temporas, esmurraçando-as violentamente. – CALA-TE, CALA-TE, CALA-TE! – Sucumbiu à gravidade, os joelhos cairam no tapete de fibra sintética. Perdeu a força nos braços, que cairam inertes ao lado do seu corpo, e os seus olhos enevoavam-se, as pálpebras recusando permanecer abertas mas, simultaneamente, sem coragem para se fecharem completamente. Talvez com receio de nunca mais abrirem.

- K-Killua... – Gon suspirou, sendo apenas capaz de imaginar o que as malvadas vozes intermitentes sussurravam dentro da cabeça do colega, os fantasmas tiranos que sempre o afastavam da sanidade.

Fazia quase oito anos desde que o conhecera. Desde que brincava sozinho na neve de Violet Hill, a colina em frente a sua casa. Killua tinha apenas 11 anos, na altura, um pequeno e frágil rapaz com olheiras a marcar-lhe a face demasiado jovem para aparentar cansaço. Não proferira palavra alguma, apenas se sentara ao lado do moreno, preparando uma bola de neve nas mãos enluvadas.

Gon depois descobriu que se tratava de um novo paciente para o psiquiatra de renome na cidade, o seu pai – um doente mental, com indícios de esquizofrenia. As consultas do rapaz dos cabelos cinza eram semanais, pelo que o mais velho se encontrava com o outro regularmente. Uma amizade logo cresceu e Gon nunca mais teve a necessidade de brincar sozinho na neve.

Mas a adolescência suscita curiosidades. E todas as noites, o Freecss experienciava sonhos comprometedores, em que investia em Killua e se unia com ele, em que lhe saboreava os lábios e quando quebrava o beijo, um fio de saliva ligava as línguas.

E a ansiedade até à consulta seguinte apenas aumentava.

Enquanto Killua aguardava na sala de estar pelo retorno do seu médico, Gon convidou-o para o seu quarto. Planeara dizer-lhe que se tinha apaixonado, e numa secreta fantasia, ele poderia até beijá-lo...

Mas as vozes na cabeça do mais novo pareciam falar mais alto.

- Gon, eu estou doente… Tu sabes disso, e sabes que eu te posso magoar! Porque me estás a fazer isto?! Eu... - o Zoldyck socou a tapeçaria em baixo de si, incapaz de olhar o moreno. – Quero que... Quero que te afastes de mim... Sei que a minha situação pode não parecer tão má assim, mas isto piora, eu sei que sim! Por isso, por fav-...

- Não.

If you love me...
Won’t you let me know?

- Não quero saber! Não me vou sujeitar mais a isto, não quero estar longe de ti! – O jovem insistiu, ajoelhando-se em frente ao amigo. Hesitou antes de lhe tocar as mãos, não queria invadir a guerra que sabia que se desenrolava dentro do cérebro do outro. Apenas queria abanar uma bandeira branca, queria ser uma salvação...

Se Killua admitisse que o amor de Gon era recíproco... Duas palavrinhas apenas, mas tão fortes e resistentes que se poderiam transformar numa armadura para o rapaz lutar.

- G-on...

- Eu não tenho medo de ti, nem do monstro que tens aí! – O indicador do moreno pousou sobre a testa pálida de Killua - Os nossos caminhos cruzaram-se em Violet Hill, e foi o destino que te trouxe até mim. NADA se vai meter entre nós, e tu não vais combater nesta guerra sozinho! Eu estou disposto a recuperar a tua felicidade, a felicidade que tu tanto mereces... Se me deixares... Se me deixares amar-te.

If you love me...
Won’t you let me know?

O beijo foi algo repentino e inesperado, e tal investida fez com que Gon cambaleasse para trás e caísse no chão. Killua gatinhou para cima do moreno, tão pouco se importando. Sentou-se no colo de Gon e sentiu as tão familiares mãos a tocar-lhe a cintura. Foi acariciado, abraçado, beijado uma vez mais.

Sentiu a sua camisola a deslizar pelo magro corpo, e apressou-se a dedicar o mesmo destino à roupa do mais velho. Sentia olhos de âmber postos em cada centímetro do seu torso exposto, e gostava disso.

- Gon... – Sentiu uma atrevida língua de veludo a requerir entrada na sua boca e uma mão curiosa a esfregar-lhe prontamente o cós das calças. A sua erecção era notável, e enquanto os peitos nus dos rapazes se tocavam, não pode evitar soltar um curto gemido.

Era isso. Gon era o botão de pausa para a interminável música que martelava na cabeça do mais novo, a solução para calar as malditas vozes.

A sua salvação...

Tudo o que teria de dizer era...

Amo-te. Amo-te, Gon...

A porta abriu-se abruptamente.

-x-

Martelos. Nas têmporas. Dor no peito.

O que... aconteceu...?

“Tens sangue nas tuas mãos, amigo, HAHAHA”

“Eu disse-te que não serias capaz de nos resistir... Assassino...”

“A única pessoa que realmente gostava um POUCO de ti, e tu MATASTE-O.”

“És uma desgraça. Killua...”

“És um naufrágio à espera de acontecer, e o teu navio acabou de bater nas rochas!”

O quarto estaria envolto na penumbra, se não fosse pela escassa luz do dia, que fugia a cada segundo da janela. As vozes na sua cabeça haviam regressado e a realização esbofeteou-o quando viu o corpo de Gon deitado no chão. Olhou as suas mãos, e o sangue que delas escorria brilhava com o pouco sol que as atingia.

- G-Gon...

If you loved me...
Why did you let me go?

-x-

- Vês, Killua? A neve é a mesma… Tal como no dia em que nos conhecemos, aqui em Violet Hill.

I took my love down to violet hill

Gon sorriu, observando a vasta extensão da colina deserta. Neve cobria toda a extensão do campo, como fofo algodão. Puxou o seu amigo mais para si, contra o seu peito, perfeitamente ciente de que eram observados pelos seus curiosos vizinhos.

There we sat in the snow

Não se surpreendeu com a audiência, na verdade. Afinal, a grossa trilha de sangue carmesim que seguia do alpendre de sua casa até à colina facilmente contrastava com o branco puro da neve, o que chamava consideravelmente a atenção em conjunto com os sons de soluços choramingosos.

All the time he was silent and still

- Eu… Perdoa-me… Petrifiquei, não consegui fazer nada para te ajudar… Até perdi os sentidos a um ponto, não conseguia acreditar no que estava a acontecer...

O ferimento de bala no peito pálido de Killua continuava a sangrar, tingindo as mãos do moreno. As lágrimas na face do mais novo já haviam secado, mas Gon não conseguia lutar contra a dor no seu peito, deixando as suas próprias lágrimas derramarem na face sem vida do seu amor.

- Gon. – O seu pai falou, a caçadeira apoiada no seu ombro. – Deixa-o. Vem para casa.

O jovem ignorou-o.

Nee... Killua... Diz-me... Só uma vez... – aproximou os lábios arroxeados de Killua ao seu ouvido, em vão esperando ouvir aquelas palavras ansiosas. - E eu posso-te salvar...

If you love me...
Won’t you let me know?


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Notas finais do capítulo

A música é "Violet Hill", dos Coldplay~



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