Um lugar calmo, sem movimentação, com poucos carros e quase nenhum humano. Um lugar perfeito... Para um velho de 80 anos!

Qualquer jovem pode achar a coisa mais normal do mundo sair com os amigos, voltar tarde e depois levar uma bela bronca dos pais, mas que pelo menos, valeu a pena, pois ele se divertiu e terá boas lembranças num futuro.

Agora olhem para mim, uma garota de 16 anos que só sai de casa para comprar pão e que só tem um amigo, o Ken, mas ele não tá no assunto agora.

Foca no raciocínio, Lenna

Então, uma garota de 16 anos que não sai, não festeja, nunca fez nada que se encaixe como fora da lei, nunca nem fez algo perto disso. Imaginem essa garota quase surtando, querendo uma vida normal com pessoas normais, porém só com velhos grossos e fofoqueiros ao seu redor.

Essa garota que vive na cidade de Cosaja, está cansada de todas essas coisas que a cidade oferece. E essa garota sou eu.

- Desce logo, Lenna! Não quer perder o voo, quer?

- Já vou, mãe!

Levantei em um pulo e peguei a minha mala. Olhei por todo quarto e tirei a conclusão que dali, só sentiria falta do computador.

- É, lindão, vamos nos separar... Juro que um dia volto para te pegar!

Apaguei a luz e saí correndo em direção ao carro, antes que a dona Jesse quisesse enfiar uma faca em um certo olho.

O meu esquerdo, é claro.

- Pensei que tinha desistido, lerdinha. - Sorriu e logo ajeitou-se no banco. - Uma pena seu pai não poder se despedir.

- Não tem problema, não vai fazer falta.

Não é que eu não gosto do meu pai, eu o amo, mas não como amo minha mãe. Acho que é porque ele nunca foi muito presente como pai.

Minha mãe ligou o carro e saímos dali. A cada casa que passava era minha alegria subindo e minha praga automática sendo jogada nesses vizinhos que tanto me infernizaram.

Como? Sendo tão calmos.

Velhotes.

[...]

- Sabe, filha, você tem tempo para desistir. - Forçou um sorriso. - Podemos voltar para casa e... E arrumar tudo, sabe, para fazer uma festa! - Agora estava chorando, céus...

- Mãe, você sabe que eu sempre quis essa viagem, por favor... Não me faça ficar mal por isso, eu já tenho tudo resolvido para ir!

- Eu digo que não vai mais usar o apartamento! Olha, ligarei agora para o Antônio para deixar o apartamento ser alugado novamente e...

- Mãe, não! - A interrompi. - Por favor, mãe, eu quero ir, você sabe disso... - Agora eu estava chorando, ótimo.

Passageiros do voo com destino a Sweet Amoris, embarcar no portão 25B.

- Tudo bem, me desculpe, querida. Acho que... Me descontrolei um pouco - Sorriu tímida.

- Não tem problema, mãe... Mas agora eu tenho mesmo que ir.

- Espere! - Me puxou. Droga! To vendo que ela vai conseguir me convencer! - Tome isso, querida. - Entregou-me uma caixinha azul.

- Que bonitinho, mãe! Vou abrir, espere.

- Não! Só abra quando chegar. É um presentinho para nunca se esquecer de mim.

- Que boba, dona Jesse! É minha mãe e minha melhor amiga, nunca a esqueceria.

- Que filha meiga! Nem parece aquela que fala palavrões perto da mãe. - Ironizou.

Ah, agora a loucona quer brincar... É uma bipolar mesmo, céus!

- A mamãe que me ensinou a fazer isso. - Retruquei sorrindo. Amava brincar assim com minha mãe.

- Ah, sua mal criada! - Rimos.

Última chamada para que os passageiros do voo para Sweet Amoris dirijam-se ao portão 25B.

- Vá, querida. E divirta-se!

- Pode deixar, mamãe, farei sim!

Dei um último aceno e ela lançou-me um beijo no ar. Ri com aquilo e virei, agora indo em direção ao portão 25B correndo.

Agora que já estou embarcada, posso relaxar e dormir um pouco. A partir de agora, só me resta esperar o melhor para minha vida!