Quando o Amor Chega escrita por Miss Viegas


Capítulo 21
Tomando fôlego


Notas iniciais do capítulo

É uma questão de honra terminar essa história, obrigada por estarem comigo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/59150/chapter/21

Wulcan saiu apressada de sua sala, pronta para adentrar na outra aula após aquela. Já faziam alguns meses que ela estava na mansão. O tempo passara rápido, mais do que ela podia esperar. Talvez o bom tratamento que recebia na mansão e o carinho dos colegas e poder ser ela mesma ajudou bastante.

No colégio, ela tirava boas notas e tinha boa conduta, sabia que por ser mutante os olhares de desconfiança sempre estavam em predomínio, logo ela precisava se comportar duas vezes melhor. Além de não querer causar problemas para o professor Charles, pensava em seus colegas, em como seria ruim para todos e isso seria o pretexto perfeito para expulsá-los. Fora as notas boas, quando ninguém estava olhando, ela arrumava os canteiros da escola, revitalizava a grama, consertava as árvores. Dava até um certo orgulho quando ela via alguém pegando uma flor de alguns de seus arbustos, sabia em seu íntimo que esta jamais murcharia, não enquanto ela estivesse viva pelo menos.

Ao adentrar na sala, percebeu que nenhum de seus colegas estava lá, mas dirigiu-se a um lugar e permaneceu lá até que a aula começasse. Notou que alguém sentou ao seu lado, era uma menina loira de cabelos curtos, não pôde evitar apertar os olhos com um sentimento de leve insatisfação.

—Wulcan! E aí?

— Ah, oi Boom Boom. – respondeu ela de forma meio evasiva

— Como estão as coisas lá na mansão dos esquisitões?

— Bem... como devem sempre estar. – Wulcan evitava olhá-la e tentava sempre cortar a conversa sempre.

Ela sabia bem da história de Tabitha na mansão. Certo dia, em uma aula junto com Kitty e Vampira, Tabitha se aproximou falando com seu jeito extrovertido, tentando se aproximar. Óbvio que as meninas foram evasivas, coisa que Wulcan não entendeu de início, pois a menina parecia legal de início. Depois que foram explicar que ela era uma ex-aluna e fazia parte da irmandade. Wulcan tinha ouvido falar da Irmandade de Bayville e de como estavam do lado meio errado na causa mutante, todavia, ao menos naquele momento Tabitha pareceu de todos a menos pior. Até claro, Wulcan saber que ela abandonara a mansão depois de múltiplas confusões, nesse momento, por mais que ela fosse benevolente e entendesse que Boom Boom não era propriamente má, mas infantil e inconsequente, o respeito pelo professor e o instinto de proteção aos seus colegas e equipe falou mais alto. Então desde esse dia, Wulcan podia até se encontrar com Tabitha, mas sempre escapava o mais rápido possível. Principalmente porque ela com aquele jeitinho risonho sempre tentava puxar assunto perguntando dos amigos da mansão ou dos poderes de Wulcan.

Os treinos demonstravam avanço em sua força e astúcia, as sessões com o professor Charles também vinham melhorando gradativamente, não era fácil ainda para ela abrir certas caixas de pandora, entretanto já conseguia lembrar disso sem fazer coisas esquentarem ou derreterem. Era mais um motivo para manter certa discrição, Boom Boom ainda era da irmandade afinal e por alto Wulcan tinha ouvido que havia um mutante maior por trás dela, que era composta por um bando de garotos bobos em sua percepção.

— É, Boom Boom, a aula já vai começar e eu preciso tirar uma boa nota nessa matéria, então é melhor prestarmos atenção. – disse Wulcan com um sorrisinho sem graça.

Para seu alívio, logo o professor adentrou e começou a escrever no quadro negro. Wulcan passou pela aula e assim que terminou tratou de sair logo apressada. Sentindo que Tabitha a seguia, apressou o passo procurando uma saída e acabou esbarrando em Kurt.

— Ei! Wulcan, por que está apressada?

— Kurt! Graças a Deus! Me tira daqui, vamos embora agora, por favor. – ele não fez muitas perguntas, teleportou rapidamente para a área de fora, num local discreto perto da grama e dos canteiros.

— O que houve Wulcan? Está tudo bem?

— Agora está. – disse ela sorrindo. – Desculpa se eu assustei você. Era a Tabitha, ás vezes quando nos esbarramos ela sempre quer saber de mim e de todos na mansão, e bem, óbvio que eu não me sinto a vontade pra contar nada. A Já é complicado com a escola nos odiando, não quero dar munição pra irmandade.

— Ah, essa Tabitha! Se não fosse o fato dela andar com aqueles idiotas, até que seria bem engraçada a situação. – disse Kurt deitando na grama.

— Como assim? – Wulcan se sentara ao lado dele.

— Tabitha pode-se dizer que é a melhor de lá. Ela não tem muito interesse em usar os poderes dela pro mal, talvez pra uma arruaça ou pra se divertir pregando peças, mas não propriamente trapaça. Até porque ela teve uma vida difícil nesse sentido. O pai dela usava os poderes dela pra praticar furtos, acho que ela se envergonhava disso. Quando ela saiu da mansão, o pai dela veio roubar aqui em Bayville e ela teve certa participação, creio que ficou constrangida por nossa causa e decidiu ir embora, ficar com a irmandade. Eu senti falta dela.

— Sentiu... falta dela? – Wulcan teve um certo incômodo ao ouvir isso.

— Sim, ela vinha sendo minha dupla na época. Embora fosse sempre uma atrapalhada e levasse os treinos na brincadeira, ainda era divertido e terminava em risada.

— Ah... espero não estar sendo uma dupla chata – disse Wulcan olhando pro lado com tom meio sério.

Kurt olhou para ela, os cabelos mechados de vermelho estavam soltos e uma mecha crescera sobre seus olhos, ás vezes ele se pegava olhando para ela feito bobo, permanecendo assim do nada. A amizade de Wulcan se tornara importante pra ele naqueles meses, a depressão se fora definitivamente e ele sentia cada vez mais vontade de retomar o que ele era, bom aluno, bom mutante, empenhado nos treinos. Ao longo do tempo, Wulcan se tornou sua dupla oficial e eles funcionavam bem juntos, o que rendeu um elogio de Logan, não queria ser precipitado, mas era fato que desde que chegara a Bayville a vida dele nunca esteve melhor do que depois que Wulcan chegou. Inquietava-o pensar que nem quando estava com Amanda era assim. Por mais que ele e a ex-namorada tivessem tido momentos incríveis juntos, no fundo sempre havia um medo, um receio, uma ponta solta de que algo fosse dar errado ou entristece-lo, era uma sombra que pairava sobre eles. Sabia que tinham se gostado muito, mas havia incompatibilidade. Ele pegou na mão de Wulcan e levou-a ao seu rosto dando um leve beijo, ela virou-se imediatamente sentindo as bochechas corarem.

— Você é a melhor dupla que eu já tive, Wulcan. E sei que vamos arrasar hoje no treino de vôo.

Ela ficou sem jeito, Kurt ás vezes tinha esses gestos carinhosos com ela, era um bom amigo mas ela queria não corar tanto quando ele os fazia.

— Kurt, eu tenho que te confessar uma coisa.

— O que? – disse ele colocando a mão dela em seu peito.

— Eu nunca voei. Nunca andei de avião, minha mãe e meu irmão viajaram uma vez pra casa de uns parentes e eu fiquei em casa. Então, vai ser totalmente novo pra mim, pode ser que eu tenha medo.

— Não se preocupa Wulcan, eu protejo você. – Disse Kurt se levantando e abraçando ela.

De longe, alguém os observava, mordendo os lábios de raiva, olhos cheios de rancor, mesmo que Kurt e Wulcan soubessem que ali era uma conversa entre amigos, para Amanda que os observava de longe parecia bem mais que isso. Depois do vexame na sorveteria ela resolvera se afastar estrategicamente, mas dentro dela algo se rebelara. Havia rancor, raiva, não mais perseguia Wulcan ou falava com Kurt mas sentia um ódio surdo quando via alguém da turma da mansão andando nos corredores. Tudo desandara quando Wulcan chegou e ela não poderia perdoar isso. Viu quando eles se levantaram e saíram andando.

— Isso não vai ficar assim Kurt, você vai me pagar por essa traição. E você, Wulcan, vai se arrepender de ter saído do seu lugar.

Dizendo isso pra si mesma, saiu a passos duros rumo a sua casa. Wulcan e Kurt por outro lado, tinham coisas mais importantes pra pensar, como por exemplo, o treino no avião. Podia parecer mais leve mas não era, Kurt sabendo que Wulcan nunca voara, tentaria ser um bom parceiro o tempo todo. Mas com certeza ele sentia que haveria algo diferente dessa vez, o que seria?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando o Amor Chega" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.