Natsu sentou no chão e seus olhos estavam fixos nas estrelas pontilhadas no céu quando Lucy finalmente o viu. Por um momento, ela simplesmente segurou a respiração, porque não havia realmente nada que pudesse prepará-la para vê-lo daquele jeito, tão desamparado, tão sozinho.

Magnólia estava destruída, sua casa estava destruída, sua amada guilda estava destruída, e o coração de Natsu estava aos pedaços.

O amor que sentiu por seu pai, Igneel, o estava destruindo, aquele garoto feliz, sorridente. Seu pequeno pedaço de felicidade, seu paraíso, que ele procurou durante tantos anos, surgiu a sua frente apenas para escorregar por entre seus dedos do jeito mais doloroso possível.

E ela sabia o que era aquilo. O coração partido. A ânsia de ver alguém que não existia mais. O amor que por algum motivo se tornou tão mais difícil dar aos outros.

Soltou o fôlego, seguindo devagar até o lado dele e se sentando. O garoto mal moveu o rosto e seus olhos continuavam a contar as estrelas como se isso fosse levá-lo a algum lugar. Lucy olhou para o céu também após um momento, abraçando os joelhos contra o peito.

Localizou algumas constelações no escuro, e quando seus olhos pararam sobre a maior, a respiração ficou presa na garganta novamente. Queria desviar os olhos! Não queria vê-la! Mas estava... Paralisada.

A constelação de aquário brilhou no céu como que inconsciente da presença da jovem. Como se não precisasse dela, não se importasse. Suas mãos firmaram mais o aperto em suas pernas, e tentou ao máximo ignorar quando sentiu algo úmido descer por sua bochecha e ela não ia chorar de novo, porque simplesmente não havia mais o que pudesse ser feito...

E, no entanto, lá estava ela, com algo que poderia fazer.

— Natsu... — sussurrou, a voz tão baixa que ele provavelmente não teria ouvido sem sua audição aguçada de dragão. — Não há nada de errado em sentir falta... Você não precisa ficar sério nem tentar superar. Na verdade, você não precisa fazer nada...

Fungou por um momento. Ah, era uma manteiga derretida mesmo! Se Aquarius estivesse lá, já teria dado um jeito de afogá-la.

— Eu acho que você pode fazer o que o seu coração te disser pra fazer. Você sabe, chorar, ou rir, ou culpar Igneel por te deixar pra trás. Só não se feche assim. Não... Deixe de ser você mesmo, pode ser?

Eu amo quem você é, murmurou em seus pensamentos. Ouça o coração que você ainda tem.

Lucy sabia o que era ser deixada para trás, Lucy poderia superar a dor, porque já havia feito isso antes, e seu coração, por mais remendado que estivesse, ainda se encontrava preso ao peito. Não havia volta para o que havia acontecido, mas ainda havia um futuro que poderia ser mudado.

Quando o garoto se inclinou, apoiando a cabeça sobre a dela, os olhos em chamas ainda fixos nas estrelas, ela decidiu que sim, queria mudar aquele futuro. E queria fazer isso com Natsu.

E era exatamente assim que faria.