Primavera

A luz difusa da tarde iluminava o rosto dela. As sardinhas do seu rosto quase se misturavam a luz alaranjada do pôr-do-sol, e Draco não poderia ser mais feliz. Pois a mulher que sorria sob a luz da tarde era sua esposa.

Não resistiu a tomá-la nos braços e enchê-la de beijos. Quem diria que, depois de tantos anos alimentando um ódio que praticamente não lhes pertencia, estariam assim, unidos?

– E é pra sempre, Draco...

– O quê? – Que diabos... ela estava lendo sua mente? – Eu não disse nada, Ginny!

– Eu sei... sua cara de bobo entregou o jogo...

Draco riu, beijando a esposa mais uma vez. Estava bem arranjado, via-se bem. Pois se a mulher nem sequer precisava de legilimência para decifrá-lo totalmente!

– Amo você, Ginny.
– Foi só por isso que aceitei me casar com você...

Verão

O ar no quarto estava mais que pesado. Não bastasse o calor lá fora, que o ar-condicionado do hotel não vencia, ainda havia Draco fazendo aquilo com a língua! Era muito surreal... Ginny sentia-se num mundo à parte quando ele a tocava assim... era impossível resistir!

– Dra... co... – A ruiva puxou o marido para si, beijando-o com paixão. – Me lembre de nunca mais pedir férias longas num país abaixo da linha do Equador.

O loiro deu aquele sorriso desdenhoso que a tinha conquistado anos atrás e comentou, mordendo-lhe o lóbulo da orelha.

– Ok... se formos para o Ártico, de hipotermia eu sei que você não vai morrer...

– Palhaço... cale a boca e volte ao que estava fazendo!

– Tsc, tsc... tão mandona... – Mas, quem disse que ele não obedecia?

Outono

– Hoje não, Draco, estou com dor de cabeça.
– Ginny, amanhã vamos ao Saint Mungus, porque eu nunca vi uma dor de cabeça que durasse uma semana inteira, antes. Sinceramente, estou preocupado!

Ironia. De todas as malditas reações, Draco vinha com ironia! Ah, droga, homens e sua maldita insaciabilidade! Ela não queria, não se sentia bem, então porque diabos ele estava tentando criar uma cena em cima disso!? Suspirou e virou-se para o outro lado.

– Ok, Draco, como quiser. Amanhã conversamos.

– Gin...

– Amanhã, Draco...

Inverno

– AONDE VOCÊ VAI!?

– EU VOU VOLTAR PAR A TOCA! NÃO AGUENTO MAIS DRACO, VOCÊ NÃO ME RESPEITA, NÃO RESPEITA MEUS LIMITES!

– EU NÃO O QUÊ?! VOCÊ É QUE SE FECHA PRA MIM, NÃO ME FALA DESSES SEUS LIMITES, EU NÃO SEI DO QUE VOCÊ PRECISA!

– COM CERTEZA NÃO É DE UM DIAMANTE NOVO!! – Com lágrimas nos olhos, Ginny avançou pela sala com uma velha mochila nas costas, em direção à lareira, e Draco viu nos olhos da ruiva que, se ela fosse, não voltaria. O pavor que experimentou foi tão genuíno que quase caiu ao descer correndo as escadas. Antes que ela pudesse pegar o pó de flu, o loiro agarrou seu braço.

– Não me deixa... – Pediu, quase como uma criança. Ela sabia que mais ninguém fazia Draco Malfoy implorar daquele jeito. Mas as coisas não podiam ficar como estavam!

– Não posso continuar assim, Draco!
– Me deixa te conquistar de novo, então... – O velho sorriso superior apareceu brevemente. – Ou tem medo de descobrir que é mais louca por mim do que pensava, Weasley?

Weasley! O desgraçado só a chamava pelo nome de solteira quando a desafiava, e era exatamente o que estava fazendo: desafiando-a a amá-lo, apesar de tudo. Mas seu nome não era Ginny Weasley à toa, não mesmo...

– Ai de você se não conseguir, Malfoy... – A mochila caiu no chão quando os braços da ruiva rodearam o pescoço do marido e os lábios se encontraram...

FIM