Consequências do passado escrita por Carolina S Salazar


Capítulo 19
UM NOVO RECOMEÇO




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/591276/chapter/19

Hermione já sentia o sol batendo no seu rosto. Ela sabia que era hora de acordar, levantar da cama, se arrumar e ir para o instituto. Ela também sabia que tinha que continuar com a sua vida. Seu cérebro insistia que ela continuasse, que seguisse em frente como se o que aconteceu fosse o melhor e ela não tivesse mais nada com aquilo.

Porém seu coração estava despedaçado. Sim, despedaçado. Ela não conseguia sair da cena da sua vida em que a médica e alguns enfermeiros vieram lhe informar que o seu filho tinha desaparecido. Ela soube naquele momento que fora Draco Malfoy. Ele tinha levado o bebê e ela não teve outra saída a não ser informar a todos que fora exatamente isso que acontecera.

Apesar que seus pais e sua amiga Dorín não haviam aceitado de bom grado o fato dela simplesmente deixar o ex-comensal Draco Malfoy levar seu filho assim. Uma parte de si, seu coração, queria lutar, ir até o Malfoy, desafiá-lo e se possível tomar dele o pequeno bebê que ela colocou no mundo.

Porém, seu cérebro a alertava sobre as consequências de tal ação. O que iria fazer? Dar o bebê a adoção como pretendera antes? Ou iria criar um filho do ser que mais odiava?

Então decidira ainda na maternidade na frente de seus pais, de Dorín e da equipe médica que seu filho ficaria melhor com o pai, Draco Malfoy do que dar ele a adoção. E desde então, agira automaticamente. Quando recebeu alta e foi para o apartamento ficou totalmente alheia a todos os comentários que ouviu dos pais e de Dorín. E depois que eles decidiram deixá-la em paz ela foi para cama e de lá não saiu.

Até aquela manhã em que Dorín resolveu intervir e entrou a toda no seu minúsculo quarto.

_ Hermione, acorda!

Hermione fechou os olhos com mais força, talvez assim ela se cansasse e a deixasse em paz.

_ Hermione eu já falei, acorda! Eu não vou sair daqui, tampouco vou parar de falar enquanto você não acordar!

Hermione percebeu pelo tom de voz de Dorín que ela falava sério. Por isso resolveu abrir os olhos e olhar para a amiga.

_ Ótimo. Agora se levanta. Vamos.

_ Dorín, por favor.

_ Por favor, digo eu! Você está nesse estado faz dias! Você sequer tá tomando banho, Hermione! E eu sei que nós franceses temos a fama, mas até pra nós, você está demais!

Hermione fechou os olhos, respirou fundo e quando voltou a ver a amiga, disse:

_ Eu vou levantar e vou tomar um banho, Dorín.

_ Não, você não vai fazer só isso. Você vai levantar agora e vai se olhar no espelho e me dizer se é realmente essa pessoa que você quer ser pro resto da sua vida.

_ Como assim?

_ Vem, Hermione, levanta.

Hermione afastou as cobertas da cama e levantou, viu a amiga com a mão estendida para ela e como uma criança assustada a segurou. Dorín a levou até a sala, perto da estante abarrotada de livros, havia um espelho de corpo inteiro, Dorín a levou até lá, e ver o estado que estava fez Hermione se assustar. Ela estava totalmente pálida e com aparência de fraqueza. Tinha olheiras profundas e seu cabelo estava com péssima aparência. Mas o pior era ver que seu corpo condizia com seu estado emocional. O que nunca tinha acontecido antes, nem mesmo durante a guerra.

_ Está se vendo, Hermione?

_ Sim.

_ E está se reconhecendo?

_ Dorín.

_Olha para o espelho e me diz se você se reconhece. Se essa é a mesma bruxa forte, determinada, que já passou por tanta coisa e que mesmo assim continuou de pé.

_ Você não entende.

Dorín a puxou pelo braço e a fez encará-la.

_ Não entendo o quê? Que você tá sofrendo? Que deixou seu filho ser levado pelo Malfoy? É isso que eu não entendo?

_ Eu não queria que isso tivesse acontecido.

_ Não queria que o quê tivesse acontecido? O Malfoy levá-lo? Ou de não dá-lo a adoção? Está arrependida, é isso?

_ Dorín é tão difícil.

_ Sim, Hermione é difícil. Tomar decisões é sempre difícil. E você decidiu, você permitiu que o Malfoy o levasse. Então agora arque com a sua escolha, com a sua decisão. Ou então lute. Vá até ele, busque seu filho. Mas o que você não pode continuar fazendo é isso. Se entregar como se a sua vida tivesse acabado no dia que seu filho nasceu! Você precisa reagir, seguir em frente, lutar pelo o que quer!

_ Eu sei disso! Mas você acha que é fácil? Acha que é fácil simplesmente seguir em frente e esquecer que o meu filho tá sendo criado pelos Malfoy, com a ideologia doentia deles, para crescer e ser mimado e arrogante igual ao pai? Acha que é fácil esquecer que ele esteve dentro de mim nesses meses todo? Não é! Não é, Dorín.

_ Então lute pelo seu filho. Se você acha errado o modo como ele vai ser criado, o modo como vai ser tratado pelos Malfoy, vá lá e lute por ele! Só não fique se lamuriando, se auto impiedando como uma coitada que você não é, Hermione.

_ Não é tão simples assim, Dorín. E você sabe disso. Em nenhum lugar no mundo bruxo as pessoas aceitariam uma mãe solteira cuidando do seu filho. Todos o olhariam com desprezo, nojo.

_ Não muito diferente de como você o tratava a alguns meses atrás, não é?

Hermione olhou furiosamente para a sua amiga. Não queria lembrar disso.

_ Sim, me olhe com raiva o quanto quiser. Mas você sabe que é a verdade. E entenda de uma vez, Hermione, o passado não pode ser mudado. O passado é passado. Nada vai mudar o fato de que você teve um filho do Malfoy. E de que sim, ele é um filho ilegítimo e as pessoas vão olhar torto para ele, tanto que até mesmo você o olhou.

_ Eu nunca o reneguei por ser ilegítimo!

_ Não, você o renegou por ele ser fruto de um estupro do Malfoy. Mas mesmo assim, ele continua sendo seu filho! E agora você sabe disso! A questão Hermione não é o seu filho. É você! O que você quer fazer! Em como você vai seguir sua vida agora pra frente! Se vai lutar por ele, se vai deixá-lo com o Malfoy. O que você vai fazer! Pense nisso. Agora eu preciso voltar para o instituto. E quando voltar eu espero que você tenha pensado no que fazer da sua vida.

Dorín aparatou e Hermione desabou no sofá. Ela pensava em como sua amiga tinha razão. O problema era ela. Ela precisava agir, fazer algo com a sua vida. Afinal não morrera com o nascimento do filho. Filho. Como pudera mudar tanto? Há alguns meses ela pensava naquele serzinho em um verme! Como pudera pensar nisso? Como pudera colocar toda sua ira, e ódio em um bebê totalmente inocente como seu filho? Dorín tinha razão. Ela quis se livrar do filho e agora que o Malfoy o pegara, ela tinha deixado. Ela deixou. Ela aceitou. E talvez essa fosse a melhor escolha. Afinal Malfoy era poderoso, tinha dinheiro e se conseguiu achá-la e raptar o bebê, com certeza não deixaria nada de ruim atíngi-lo.

Com esse pensamento em mente, ela tomou coragem e foi ao banheiro, e enquanto se despia e deixava a água quente escorrer por seu corpo ela pensava que deixar o filho com Malfoy seria bom. Talvez ele fosse um bom pai, ou não. Não teria como saber. Mas também não saberia se ele fosse adotado por trouxas. Pelo menos seria rico, não passaria por necessidades e com certeza não seria tratado com desprezo. Seria mais fácil ele desprezar os demais. Mas isso não seria do seu interesse. Iria aprender a não se importar com seu filho, como prometeu não querer saber mais de nenhum Malfoy.

Longe dali, mais exatamente em outro país, uma senhora bruxa não poderia estar mais feliz. Narcisa Malfoy estava encantada com o neto. Alexander Septimus Malfoy era a mais nova alegria da sua vida. O pequeno era tão maravilhosamente lindo e fofo que a fizera perder todo e qualquer tipo de desamor e desesperança só de olhá-lo a primeira vez.

Aliás, Narcisa lembrava bem desse dia. Estava chovendo, e ela estava tensa com o que iria acontecer. Draco tinha ido até um hospital bruxo, em Paris, França, subordinaria um enfermeiro para entrar, mas o principal problema era em como sairia com um bebê sem que nenhum trouxa notasse.

Como ela já imaginava e temia, ele usou magia, confundiu os trouxas e acabou saindo ileso de toda essa confusão. Mas quando Narcisa viu o pequeno bebê que ele trouxera nos braços, ainda sujo de sangue, todo o medo saiu dela como num piscar de olhos.

E desde então ela cuidou do pequeno Alexander. Um nome diferente dos tradicionais nomes da família Malfoy. Mas como dissera Draco ao escolher, ele era um Malfoy diferente. E ela sabia bem disso. Quando o neto abriu os olhos, ela viu que a cor era castanha, igual ao dos poucos fios finos que lhe cobriam a cabeça.

Alexander era parecido com a mãe nesses pontos físicos e por mais que o nome Hermione Granger fosse estritamente proibido na mansão Malfoy, ela era sempre lembrada quando se olhava nos olhos do pequeno Malfoy e na cor de seus cabelos.

Mesmo assim, a cada dia que se passava Narcisa o amava mais. Ele era um bebê lindo, calmo e pouquíssimas vezes chorava. Além de ser muito inteligente e perceber magia desde os primeiros dias de vida.

_ Com certeza vais ser um grande bruxo, Alexander.

_ Eu não duvido disso, minha mãe.

_ Draco. Não o vi chegar.

_ Eu sei. Desde que ele chegou você só tem olhos para ele.

_ Não fale assim Draco, ele é um bebê e requer cuidados. Mas pensei que iria mais cedo para o escritório hoje.

_ Resolvi passar aqui antes de ir.

Então ele pegou o bebê do colo da mãe e o observou.

_ Ele se parece com ela.

_ Tenho certeza que quando ele crescer, ele se parecerá mais com você.

_ Duvido. _ E o devolveu para a mãe. _ E para mim não importa. O que é importante é ele viver aqui, conosco. Ser um Malfoy e não saber jamais que a mãe dele é a Granger.

_ Ele nunca saberá, querido.

E durante muito tempo foi assim. Alexander cresceu, começou a engatinhar, falar, andar, voar de vassouras, brincar com todos os brinquedos possíveis e não saber nada de sua mãe “morta”. Já Hermione Granger continuou desaparecida para todos, ela terminou seu curso, com certo atraso, mas terminou e no dia da colação, ela recebeu uma proposta de ir para Suécia, trabalhar em um grande departamento sobre conhecimento de runas antigas.

E assim a vida seguiu até que um certo acontecimento uniu novamente todos esses seres novamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por hoje é isso, pessoas. Espero q tenham curtido! Aviso aos navegantes: a fic está pra lá do meio e falta apenas alguns capítulos para o final!! Leiam e me digam se gostaram ou não!! Beijinhos!!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Consequências do passado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.