Os gritos ecoavam na pequena saleta branca. Ela estava fraca, mas não podia desistir. Aquilo tudo não era por ela, e sim pela criança.

– Força. – Ordenou o médico. – Está quase lá...

Depois disso, ela se esforçou ao máximo para achar seu último resquício de força. A dor começou a se tornar mais forte, fazendo-a soltar um urro de pura agonia tão forte que todos da sala estremeceram. Ela lutava pra se manter consciente, porém parecia quase impossível.

– É uma menina. – Anuncio o médico.

– E eu posso vê-la? – Perguntou a mulher com sua voz fraquejando.

O médico não disse nada, apenas saiu da sala segurando a criança em seus braços. Ela sabia muito bem que não poderia sequer vê-la, já que essa era uma das cláusulas do contrato. Tinha assinado um contrato que autentificava a troca de sua filha por uma boa quantia de dinheiro.

Ela fechou seus olhos e permitiu que suas lágrimas saíssem e molhassem seu rosto. Estava se sentindo a pior pessoa do mundo, mas acreditava que aquilo seria melhor para sua filha.

Desse jeito ela seria bem criada e nada lhe faltaria. Entretanto, teria que pensar nisso depois. Ela teria todo o resto de sua vida para se consolar com isso, afinal. Por hora, tinha que manter as esperanças de que pelo menos poderia escolher o nome da criança.

– Você fez um ótimo trabalho Carla. Ela é linda. – Disse uma voz feminina que mais pareceu um eco. – Não se preocupe com nada, iremos cuidar bem dela. – A voz ecoou mais perto, mais precisamente, ao lado da maca de Carla.

– Me deixe vê-la... – Resmungou Carla.

– Infelizmente eu não posso deixar. – Falou. – Me desculpe querida, mas eu tenho que ir agora. Espero que tenha bons sonhos. – Completou injetando a seringa no pescoço da paciente.

O gosto de sangue chegou aos lábios ressequidos de Carla, tudo que estava a sua volta começou a girar e escurecer lentamente. E então seu último pensamento foi sua filha.