O demônio acorrentado escrita por Kethy


Capítulo 7
Tia Sophie e mais trabalho


Notas iniciais do capítulo

Ei, como é que vocês vão?
To bem, obrigada. Eu estou comendo batata doce, muito bom, amo.
Estou aproveitando o feriado, pois essa semana foi de provas, e nossa, tava atoladíssima... mas isso não importa muito. Podem ir ler, eu deixo.



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[...]

Estavam todos na sala de estar, Evelyn, Robb, Amaimon e Edric. Robb parecia desconfortável, pois Amaimon lhe sorria muito. Ele era um homem alto e bonito, apesar de ser um pouco velho, ele tomava o chá como se fosse a coisa mais importante do mundo. Evelyn estava com uma expressão estranha. Amaimon parecia se divertir.

– Eu não entendo. – começou Evelyn colocando a xícara de chá na mesa. – Por que não me telefonou? Ou mandou uma carta? Telegrama.

– Ah, eu queria lhe fazer uma surpresa. – disse Amaimon, que usava o corpo de Sophie, minha tia, por parte de meu pai. – E ver o Edric, nossa, ele está enorme! – disse Amaimon abraçando o garoto, que quase sufocava. – Bem, posso passar a noite? É uma surpresa para Edgar também.

– Oh, sim, claro que pode. – disse Evelyn. – Mas da próxima, me avise, fiquei preocupada quando não encontrei Edric na escola, quase entrei em pânico. – comentou sorrindo.

Amaimon dissera que encontrara a escola de Edric por acaso e que decidira perguntar a ele como chegar a sua casa, e aproveitando a situação o levando junto. Evelyn parecia convencida, pois nunca fora muito amiga de Sophie, mas Edric que era amigo dela sabia que aquele comportamento era completamente oposto ao de Sophie. Mas aquilo lhe salvara de uma bela bronca e de possíveis chineladas.

Robb apenas observava, até por que, Sophie usava um vestido exageradamente curto e um decote grande. A verdadeira Sophie gostava de roupas assim, justas, mas como Edric sabia que era Amaimon também pensou que aquilo não convenceria ninguém, mas convenceu. Sua mãe ainda lhe xingou um pouco mais tarde na cozinha enquanto preparava o jantar, Amaimon estava no quarto, mexendo nas coisas de Edric, já que dormiria ali e o garoto em um colchão no chão.

– Eu não sou amiga dela, e não quero que você saia assim com pessoas como ela. – sussurrou Evelyn para que “Sophie” não ouvisse. – Espero que não se repita.

– Sim, desculpe mãe, mas ela parecia perdida. – disse Edric fingindo arrependimento.

– Ela é uma louca, isso sim. – disse e dispensou o garoto.

No seu quarto, Amaimon estava brincando com algumas argolas, que eram de um kit de mágica que Edric ganhara no ano passado. “Sophie” sorriu e sentou-se na cama.

– Você é louco. – disse Edric se sentando do lado de Amaimon. – Muito louco.

– Pense nisso por mais um tempo. – respondeu ele segurou o queixo de Edric. – Agora que sou uma garota, posso beijar você?

Edric corou e se afastou.

– Você não é mulher, sei o que você é por dentro. – disse Edric pegando as argolas, mostrou a “Sophie” o truque, então o demônio sorriu. – O que foi agora?

– Você é mais esperto do que eu pensava... E grosso também. – disse e lhe acariciou os cabelos. – É uma pena que não queira me ajudar.

– Não é que eu não queira... – respondeu apressadamente. – Eu só não tenho certeza se...

Depois de alguns instantes Amaimon suspirou e abanou a mão para Edric.

– Eu não entendo os humanos. – comentou antes de se levantar e ir para perto da cômoda de madeira, abriu uma das gavetas e começou a remexer nas coisas ali. – Eu nunca entrei em um quarto de criança, sabe, quando se... Deixa para lá. Então, como se diverte por aqui?

Nesse momento algo começou a arranhar a porta e Edric se levantou e a abriu. Summer entrou no quarto eufórico, mas assim que olhou para “Sophie” começou a rosnar, e logo estava latindo. Edric achou aquilo estranho, e então, o demônio sibilou para o cachorro, como um gato faria. Summer parou de rosnar e se aproximou de Edric.

– O que foi isso? – perguntou Edric acariciando as orelhas de Summer e encarando “Sophie”.

– Nada de mais, cães, gatos e esse tipo de coisa, percebem que minha existência sobrenatural. – explicou o demônio, e logo Evelyn apareceu na porta. – Ah, olá.

Evelyn franziu o cenho e olhou para Summer.

– Por que ele estava latindo? – indagou ela entrando mais no quarto tinha um pano na mão.

O quarto ficou em completo silêncio, “Sophie” sorria como se fosse inocente. Summer rosnou dando a volta por trás das pernas de Edric.

– Acho que ele não gosta muito da Sophie. – disse Edric e deu de ombros. Estava estampado na cara de Evelyn o quanto ela concordava com Summer, mas Amaimon não ligou. – Está pronto mãe?

– Ah, não. Só mais alguns minutos.

[...]

“Sophie” saiu do quarto no meio da noite, quando teve certeza de que todos dormiam. Na sala viu Edric dormindo, abraçado com Summer que começou a rosnar e se levantar. Amaimon quis chutar o cachorro para que calasse a boca, mas apenas lhe fez desmaiar com algumas palavras, assim não o atrapalharia. Empurrou o corpo do cachorro para o lado, sua força ajudou bastante. Edric não havia acordado, ele sorriu e deitou-se do lado do garoto.

– Você não devia estar aqui... – murmurou Edric ao bocejar, Amaimon poderia jurar que ele estava dormindo. – O que você quer?

– Nada, só que, sabe... Como posso te dizer? – Edric lhe franziu o cenho e ela deu uma risada baixa como um sussurro. – Estou muito perto do bosque, isso me deixa muito fraca.

– Fraca? Você é um garoto... – respondeu Edric fechando os olhos novamente.

– Por enquanto sou uma mulher, e sou mais velha que esse país, eu não sou um garoto ou uma garota. – replicou “Sophie” sussurrando. – Sou um demônio.

– Então, do que precisa? – indagou Edric com a sua voz de sono se aconchegando mais no travesseiro.

“Sophie” tocou o rosto de Edric se aproximou de sua orelha e sussurrou: - Quero o mesmo que deu a Mephisto.

Edric abriu os olhos e sentou-se chocando sua testa com a do demônio, soltou um xingamento e colocou a mão na testa. Olhou nervoso para “Sophie” que sorria divertida, suspirou e sentou-se no sofá.

– O que tem na sua cabeça? Pedra? – perguntou Edric tocando a testa, sentiu algo quente escorrer.

– Sangue de humano, não serve para muita coisa. – murmurou “Sophie”. – Devo chamar sua mãe?

– Não, é claro que não. – disse Edric olhando para a porta do quarto da mãe. – levantou-se. – Apenas me ajude a cuidar disso, tudo bem?

– Claro. – respondeu se levantando rapidamente.

[...]

Amaimon estava na porta da Seven Sins, um bordel muito bem escondido. Pouquíssimas pessoas o conhecia, e deveria permanecer assim. Seu braço esquerdo sangrava, queria pelo menos ter algumas roupas, detestava aqueles homens podres e bêbados a lhe chamar. Depois da tortura que foi passar pelo salão chegou ao escritório, que estava nojento. Era pequeno e parecia ser completamente de madeira. Havia uma mesa no centro e atrás dela um sofá, a esquerda encostada na parede havia uma cômoda com seis gavetas.Sentou-se em uma poltronas e tocou o braço. Rangeu os dentes, odiava seu trabalho com certeza, se tivesse qualquer chance deixaria seu mestre.

– O que aconteceu A? – indagou uma garotinha ao entrar na sala, parecia ter 7 anos. O vestido cor de rosa estava empapado de sangue. – Está sujando tudo aí.

– Como se estivesse limpo antes de eu chegar. – respondeu e a garotinha sorriu. – Dia cheio L?

– E como. – sorriu a garotinha e foi até a mesa pegando uma pequena caixa de madeira. – Me diz, água benta?

– O filho da puta mergulhou a faca de ferro na água benta e como se não bastasse recitou metade de um exorcismo, desgraçado. – disse Amaimon como se rosnasse. – Odeio ficar aqui... Anda logo.

– Também não gosto muito. – disse a garotinha e retirou uma pedra vermelha da caixa. – Só não grite muito alto, tudo bem? Eu agora tenho que cuidar de você, tão baixo nível... – resmungou ela e apertou a pedra contra o ferimento, logo o cheiro de queimado surgiu. Lágrimas que desciam queimando o rosto de Amaimon surgiram, e ele não gritou, mas parecia não ter ar. – Deplorável.

Ela tirou a pedra e a limpou uma parte do vestido que não estava sujo, e a guardou de volta na caixa e olhou para o corpo de Amaimon. Agora estava com as costas encostadas no sofá. Ela ficou de joelhos no sofá para alcançar o rosto de Amaimon. Lambeu os caminhos que as lágrimas fizeram, e logo as marcas sumiam. Sorriu e desceu do sofá, tirando a roupa e subindo as escadas, parou no meio do caminho.

– Já ia me esquecendo. – disse a garotinha sorrindo divertidamente. – Ele quer falar com você.

– Ah, não, tudo menos isso. – resmungou o outro e a menina apenas continuou subindo os degraus. – Vadiazinha.

Quando já se sentia melhor vestiu algumas roupas e foi até a porta oposta a qual entrou. Era um tipo de quarto, havia uma pequena janela alta demais e um guarda roupa velho. A cama de solteira era até grande, mas podia ver que já não era mais utilizável de verdade.

– Sinceramente? Acho que precisamos de uma reforma, uma ótima reforma. Ou nos mudarmos, que tal... – Amaimon calou-se quando o homem que estava sentado na cama levantou a mão. Ele não parecia grande coisa, parecia o tipo de pessoa que você encontraria em uma padaria, como ajudante.

– Você tem novas ordens. – disse o homem. Tinha cabelos pretos, curtos demais. Seu rosto era belo, mas não chamava muita atenção, as roupas já tiveram tempos melhores. – Não vai precisar trazer novas almas enquanto faz isso.

– Mestre que... – ele calou-se de novo pelo mesmo motivo, o homem se levantou.

– Por que tem que ser tão rebelde? Custa obedecer? – indagou o homem e logo veio a mente de Amaimon a faca o exorcismo e a pedra, queria falar sobre aquilo e que custava e muito, mas manteve-se calado. – É por causa de Mephisto.

– Estou trabalhando nisso, mas o garoto é incrivelmente teimoso e... – teve de se calar mais uma vez, suspirou e cruzou os braços.

– Não é só ele que é teimoso. – disse o homem. – Mesmo que esteja trabalhando nisso, o mestre quer que seja rápido, e ele me mandou pensar em algo para convencer o garoto. – explicou a se aproximar, Amaimon quase abriu a boca e começou a falar, mas o homem lhe calou só que dessa vez com um beijo. – Você está ficando descuidado, e se fosse exorcizado? Imagino o trabalho que eu e Lilith teríamos para trazê-lo de volta? Quantos anos? O mestre precisa de Mephisto de volta e você vai conseguir.

– Mas como Beliel? Ele precisa do garoto, eu nem posso chegar perto dele e... – Beliel cobriu sua boca com a mão e negou com a cabeça.

– É uma criança, faremos apenas um teatro para ele, eu vou te explicar, tudo bem? – indagou e tirou a mão dos lábios de Amaimon passando por seus cabelos. – O mestre precisa de mãos aqui fora, e Mephisto é uma ótima mão. E tem ótimas mãos... – Amaimon virou o rosto e recebeu um beijo no pescoço. – Passe a noite comigo.

Não que houvesse outra resposta a não ser sim. Mesmo que preferisse descansar, talvez fosse melhor voltar ao inferno, e ficar lá por um bom tempo. Agora tinha de ficar bajulando um garoto por causa de Mephisto, que sinceramente ele preferia que ficasse preso. Mas no inferno, o mestre provavelmente o castigaria por ser descuidado.

– Gosto desta sua rebeldia, mas só de vez em quando. – disse Beliel no ouvido de Amaimon. – Venha...

[...]

Beliel lhe explicara o que devia fazer. Mesmo que ele não quisesse fazer, discutiu um pouco com Beliel, mas ele era a autoridade ali e não poderia fazer nada. Pelo menos – e ele odiava essas duas palavras – ele não precisaria se arriscar tanto com aqueles humanos. Edric estava na casa do pai, o que era ruim, seria mais difícil aparecer sem levantar muitas suspeitas. Pensou em esperar ele voltar para casa, mas isso seria só dali dois dias, e estavam com pressa. O garoto estava em seu quarto por assim dizer. Amaimon usava mais uma vez a forma de corvo, o observava escrever em seu caderno, deitado na cama de barriga para baixo com as pernas balançando-se vagarosamente no ar.

Voou até a janela e olhou para a porta dentro do quarto, estava fechada, sendo assim bateu no vidro com a ponta do bico. Chamou a atenção do garoto que ficou encarando o animal do lado de fora. Logo abriu a janela deixando o pássaro entrar, este ficou empoleirado em sua cadeira da escrivaninha. Edric sentou-se na cama em silêncio.

– Você foi visitá-lo? – indagou o corvo com a voz esganiçada.

– Não, não fui. – respondeu Edric tentando falar baixo, pois o quarto dos seus pais era no final do corredor. – Eu não ando tendo muito tempo para visitá-lo.

– Você é tudo que ele tem agora, sabia? – indagou o demônio ao mexer um pouco as asas. Edric corou um pouco.

– Eu não sei se posso ajudá-lo Amaimon. – disse o garoto abraçando a si próprio. – Eu quero ajudar, mas o que vai ser de mim? Eu serei o garoto que libertou um demônio, e também, as correntes, elas são mágicas. Vão me machucar muito.

– Não mais do que machucam Mephisto. – isso era quase uma mentira, elas poderiam até matar Edric, mas isso era um talvez. – Eu queria poder ajudá-lo, mas não posso sequer me aproximar dele. – disse o corvo e logo explodiu em penas, tomando a forma de um garoto. – Por favor, Edric. Ajude meu irmão. – pediu Amaimon sentido boa de seu orgulho afundar na lama. Segurava as mãos de Edric entre as suas.

– Eu não consigo, eu não sou forte, não tenho coragem. – respondeu Edric puxando suas mãos de volta. – Eu não vou visitá-lo mais se tenho que libertá-lo.

– Edric, por favor, nós precisamos de você. Precisamos muito de você. – disse Amaimon abraçando o garoto, mas de repente ouviu passos no corredor. – Pense melhor nisso, por favor.

Com isso ele se transformou no corvo e saiu pela janela, quase ao mesmo tempo em que seu pai abriu a porta do quarto. Olhou para Edric que ainda estava distraído com a janela.

– Você estava falando com alguém? – indagou Edgar cruzando os braços, ainda usava as roupas do trabalho.

Depois de alguns segundos Edric conseguiu falar.

– Não, só estava lendo em voz alta para gravar algumas coisas. – respondeu Edric pegando o caderno na cama, olhou novamente para o pai. – Eu vou falar mais baixo, desculpe.

– Tudo bem, só não fale muito alto. – pediu Edgar e fechou a porta.

Aquela era só a primeira parte do plano de Beliel para convencer o garoto, e Amaimon só podia pensar que o plano era péssimo. Crianças não gostam de ficar sobre pressão, principalmente Edric. Ainda não sabia sobre as outras partes, e na verdade, nem queria saber. Em alguns dias voltaria, ou passaria algum tempo com o garoto, para ganhar um pouco mais de confiança. Simplesmente odiava seu trabalho.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Ah, eu gostei. Não da primeira parte, mas o finalzinho foi ótimo.
Espero que me deem beijos e não joguem pedras por causa da demora. Preciso pensar no que fazer agora, estão curiosos? Eu também.



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