Doctor Who - The Time Is Running Out escrita por caroldanvers


Capítulo 2
Two Worlds Collide


Notas iniciais do capítulo

Perdão aos novos leitores, fiquei sem internet e ela só voltou ontem a noite. Então aproveitem o capítulo! Opiniões, sugestões, reclamações, estou disponível! Um capitulo rapidinho (dessa vez).



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As ruas do centro de Londres pareciam mais loucas do que o de costume. Em avenidas, becos e transversais pessoas se acotovelavam em meio à aproximação do horário de pico. E em meio ao barulho de buzinas, motores e passos, um ruído distinto, clássico, metálico e diferente soou baixinho. Era o som da TARDIS, aparecendo mágica e majestosamente no meio da Trafalgar Square. O homem com cabelos grisalho, de sobrancelhas marcantes e olhos azuis fortes saiu de dentro de sua cabine telefônica, deixando alguns surpresos, outros entediados, outros sorridentes.

Ele seguiu adiante, andando sem praticamente ter motivos, apenas seguiu. Contemplando a tão ordinária vida dos transeuntes. Andando, conversando - ou fazendo qualquer outra coisa e sempre ao telefone.

– Uma cabine azul surge do nada e eles nem notam... Humanos.

Seu desprezo fingido lhe fez rir. Já havia se passado dois meses (eram realmente dois meses? Ou duas semanas?) desde que Clara Oswald decidira se retirar de sua vida. E por incrível que pareça, ele compreendeu. Ela perdeu muito. Usando seu clássico sobretudo azul, com o interior em vermelho, e andando pela praça nos vinte e cinco graus naquela tarde de quinta-feira (era realmente quinta?), cogitou que talvez seu destino era continuar sozinho. Talvez ser “o ultimo de sua espécie” não fosse tão dolorido assim.

Seus passos não lhe levavam a lugar algum, mas ele prosseguia pensativo, observando cada detalhe que (ou se) já havia deixado passar. Nesse tempo sem Clara, perseguiu alienígenas, colocou sóis de volta aos seus eixos, descobriu planetas, colocou constelações de volta ao seu lugar. E o mais surpreendente: Parecia realmente que o tempo mal havia passado desde que ouviu run you clever boy pela ultima vez. Recordou-se aos poucos de suas outras vidas, alguns nomes falhavam na memória, outros ele desconhecia, mas algumas imagens ainda pertenciam nítidas em sua mente, como quando Amelia Pond ficara na caix...

Não conseguiu completar seu raciocínio. E além de não conseguir pensar, não conseguia andar também. Quando percebeu onde estava, sentiu-se completamente idiota. Estava no chão. E havia alguém...? Em cima dele? E sacolas, várias sacolas...

– Ah meu deus, eu derrubei um idoso. EU DERRUBEI UM IDOSO! Ah meu deus eu espero que você não tenha quebrado nada, os idosos são sempre tão frágeis e OH MEU DEUS, SERÁ QUE VOCÊ PODE DIZER ALGUMA COISA? – Uma garota de cabelos curtos, na altura do pescoço, olhos redondos (sempre esses olhos?), e com uma forte expressão facial falava descontroladamente enquanto se levantava e lhe oferecia a mão direita.

O Doctor a fitava, incrédulo.

– Você o que? – Do chão, ele a encarava incrédulo. – Você me chamou de idoso?

– Mas você é, não é? Ou você prefere não ser chamado assim? Eu entendo como a auto estima pode diminuir bastante nessa época da vida, inclusive eu tenho uma prima...

– Pelo amor de deus cale a boca! Você só sabe falar? Eu não consigo respirar! – Enquanto ele se levantava, conferiu os bolsos, em busca da chave sônica.

– Ah me desculpe, mas quando fico nervosa eu falo mais do que o normal. – A garota passou a mão na testa. – Mas você está bem, não está? Está sim, não é,...

– O que? – Ele a fitava, seu olhar de confusão era quase legível.

– O que o que? – Nitidamente a garota tinha ficado mais perdida em pensamentos do que ele. Subitamente, como um carro que pega no tranco, a garota acordou do devaneio. – AH SIM! - Ela piscou rapidamente. - Eu queria saber seu nome, senhor...

– Doctor. Me chame de Doctor.

– Doctor? Só Doctor?

– Só Doctor. – Ele acenou rapidamente.

– Mas Doctor quem? – Sua forte expressão facial mais uma vez tomou conta de seu rosto. Naqueles pequenos instantes, ele teve a impressão de que os sentimentos dela a qualquer momento se tornariam físicos, parte dela como um braço, ou uma perna. Sua capacidade de expressá-los facialmente era quase assustadora.

– Eu disse apenas Doctor, ok?

– Ah. – A garota parecia imersa em vários pensamentos. Durante alguns segundos ela ficou calada. O Doctor já ia se retirando quando repentinamente, como se tivesse decidido algo, ela voltou a falar. – Você aceita ir à minha casa? Sério, na boa, eu preciso me desculpar. Meus pais vão fazer um jantar de despedida pra mim, sabe como é , eu vou me mudar e tal... Faculdade, aquele momento tão temido pelos pais, eles acham que a gente só vai fazer besteira! Mas você deve entender, você deve ter filhos da minha idade, quer dizer você tem filhos? Eu acho super...

Ela continuava a falar e o Doctor parecia perdido dentro de sua mente, a sensação estranha que ele sentia começava a incomodá-lo, e o fato daquela garota maluca continuar falando incessantemente.

– OK. – Num tom mais grave, ele passou a mão pelos cabelos grisalhos, coçando violentamente, demonstrando sua irritação. – Eu vou à sua casa, com a promessa de que você vai ficar calada.

A garota concordou rapidamente com a cabeça. Após alguns milésimos de segundos em silencio, ela levantou timidamente o dedo indicador. Ele continuou encarando a atitude da garota, que permanecia com o dedo em pé.

– Você quer falar?

Ela acenou em sinal de concordância.

Ele revirou os olhos e fez um sinal com as mãos como se dissesse “vai em frente”.

– Ok. Ah... Eu acho que.. Já que você aceitou, deveria pelo menos saber onde fica a minha casa, ou se você quiser eu poderia te dar uma carona.

O Doctor analisou a situação, que parecia um tanto estranha (o que era de praxe: coisas estranhas acontecendo aleatoriamente), e concluiu:

– Me leve até lá, e depois me traga de volta até aqui. Nesse exato lugar onde estamos.

– OK. Então deixa só eu ligar pra minha mãe e avisar que estou levando gente pra casa... Olha só, você não se incomoda com muita coisa não, ou se incomoda? Por que... – Rapidamente o Doctor dirigiu um olhar de censura que a garota compreendeu e respondeu com o mais absoluto silencio.

Os dois caminharam até o outro ponto da praça, onde estava estacionado o carro da garota. Um Toyota Prius prata os aguardava. Ela destravou o carro, os dois entraram e sentaram-se. O silencio pairava desde o ultimo momento. Ela respirou fundo como se estivesse tomando uma decisão importante, ligou o carro e partiu em direção a sua casa.

O caminho inteiro ela passou calada. “Talvez eu tenha sido muito rude”, ele pensou. Ela não estava acostumada com o temperamento instável do Doctor. Mas também não tinha porque se acostumar, depois do jantar ambos voltariam às suas atividades normais. Ao chegar num bairro vizinho repleto de casas próximas umas as outras (será que já estivera ali?), a moça estacionou, desligou o motor e encarou o Doctor.

– Não me encrenque, ok? – Ela parecia um pouco assustada, um pouco tensa. Definitivamente estava séria. Sussurrando, prosseguiu: - Eu só estou tentando deixar tudo melhor pra nós dois, é o jantar da minha despedida... Amanhã eu estou indo embora e por favor não diga nada sobre o fato de que eu quase te matei ou qualquer outra coisa. Deixe tudo comigo. Eu consigo lidar. – Deixando toda a seriedade anterior, ela piscou um único olho e fez sinal de positivo com as duas mãos.

Ele continuava encarando-a, impassível. Ela agarrou a maçaneta do carro, e antes de sair, virou-se e disparou:

– Ok. Já que você não vai dizer nada, meu nome é Danielle. Danielle Castanho.


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