Percy

Uma semana. 
Já se passou uma semana desde o desaparecimento de Thalia. O acampamento parece esta em luto, apesar de acreditarmos que ela está viva, todos sentem que algo está muito errado.

Minha vida está de cabeça para baixo. Meu pai não é quem eu pensava que ele era, meus melhores amigos estão vivendo em estado vegetativo por causa do amor da vida deles e minha namorada não para de estudar estratégias de defesa e possibilidades de encontra a localização de Thalia.

Não é que eu não esteja preocupado, eu estou assim como todo mundo, mas parece que nada da certo. Minha preocupação não está ajudando em nada, e nem mesmo meu apoio moral e minhas frases de incentivo estão resolvendo alguma coisa.

Nico está seguindo os passos de Leo, a única diferença é que ele está comendo, e muito.

Nico tem esperança de encontrar Thalia viva, e quer a todo custo está forte o bastante para salvar ela. Já Leo malmente quer vingança. Para ele o que importa é morrer lutando na tentativa de vingar Reyna. Acabou que os dois treinam que nem condenados, um come e o outro não, nenhum dos dois dormem, e todos se preocupam.

Bianca está por um fio. Vivi tentando botar algum juízo na cabeça dos dois, mas de nada adianta. A pobre coitada está sofrendo por todos. Pelo luto da amiga, pela falta de cuidado de Leo, e pela determinação desmedida do irmão. Ela está sofrendo pelos dois e por ela.

E eu aqui de fora entrando em desespero sem um lugar para ficar em paz.  Fora da barraca tem sempre umas pessoas fazendo alguma coisa, ao redor do acampamento tem gente fazendo a segurança. Se entro na barraca Annabeth está concentrada e não quer saber da minha presença. Poseidon e Atena estão igualmente fissurados na descoberta de como Thalia sumiu. Leo e Nico não querem conversar, só treinar, treinar e treinar.

Bianca vivi junto de Leo e Nico, parada fazendo uma espécie de vigilância. Jason não desgruda de Piper por nem um segundo, e os dois estão sempre fazendo alguma coisa juntos.

E eu? Bem, eu fico por aí sem ter a paz que a presença dos meus amigos traz, e sem o sossego do silêncio. Eu acho que para piorar só faltava ter mais um ataque, com certeza vai fechar meu dia com uma chave de ouro maior do que as da última semana.

Assim que concluo meu raciocínio um estrondo é ouvido. Congelo no lugar.

[Nota da Autora: Olha que boca abençoada a do cabeça de algas ;–) ]

Mais um barulho, dessa vez mais forte verbera pelo lugar. Ouço gritos nas fronteiras do acampamento, e tirando os pés atolados da neve eu corro na direção do barulho com a espada já na minha mão. Assim que eu avisto os monstros a adrenalina sacode meu corpo como um soco no estômago.  Não paro para orquestrar uma estratégia, vou me lançando para o monstro sem me importa com as consequências.

Começamos a travar uma luta sangrenta. Posso perceber em meio ao fervor da luta que outros monstros aparecem, e que mais caçadores entram no combate.

Tem em média 4 feiticeiros para cada Aliem.

Me desconecto das lutas ao meu redor e me concentro na minha. O monstro a minha frente tem congelantes olhos brancos, orelhas pontudas e enormes garras. Com uns dois metros e oitenta de altura, noto que ele não é tão alto, e percebo a oportunidade perfeita de acabar com ele. Dou um golpe com minha espada em sua perna esquerda, enquanto me viro em um giro de 360° ao redor de mim mesmo, atingindo com a espada sua mão esquerda.

Desenterro minha espada de seu braço e corro para trás dele, aproveito que o monstro está curvado e pulo em suas costas, entrelaçando minhas pernas ao redor de sua cintura e cravando minha espada em seu pescoço.

O monstro se esvai abaixo de mim, e eu caio na neve. Olho ao meu redor e noto que eu estava lutando sozinho com aquela fera, e que as maiores estão ganhando a atenção dos outros caçadores. Muitos feiticeiros já estão feridos no chão enquanto são atendidos por outros de nós. Só restam dois monstros que estão sendo atacados por Bianca, Leo, Nico, Annabeth e Atena. Bianca e Annabeth estão cuidando de um Aliem Verde e (Por incrível que pareça) cabeludo. Com uma enorme língua pontiaguda e olhos vermelhos, o monstros está quase se esvaindo, com minha sabidinha lhe atingindo no coração, e Bianca em suas costas.

Elas finalizam com ele, e Annabeth olha pra mim sorrindo. Assim que ela ameaça vir em minha direção uma luz ofuscante puxa-la pra dentro de um redemoinho, e ela desaparece.

— Annabeth! – Corro em sua direção, ou ao menos na direção em que ela se encontrava há alguns segundos, mas tudo o que consigo fazer ao chegar lá é farejar um odor de esgoto. Sinto meus joelhos tocarem a neve, provavelmente de modo brusco, mas a única dor que eu sinto é no meu coração. Vejo sapatos ao meu redor e ouço ao longe vozes me chamando, sinto até mesmo um toque em meu ombro mas não reúno forças bastante para falar ou fazer nada.

É como o fim.

(...)

Leo

— Como assim se esvaiu? – Pergunta Poseidon à Percy – Tipo, na sua frente? Como? Em luz?

— E pra que importa, ela foi embora, nós temos que dá um jeito de encontra-la!

— Las – Corrigiu Jason, chegando atrás de mim – Temos que dar um jeito de encontra-las.

— O que houve? – Pergunta Nico

— Você encontrou Bianca? – Pergunto, olhando atrás dele.

— Não. Bianca também desapareceu – Diz.

— COMO ASSIM DESAPARECEU? – Se altera Nico – Não é possível que isso tenha acontecido! Como?

— Ela estava ao lado de Annabeth – Percy fala – As duas mataram o monstro, minha sabidinha pela frente e Bianca pelas costas. Eu estava de frente, só vi Annabeth.

— Eu não acredito – Lamenta Nico – Minha irmã! De novo não...

Nico se desespera. Percy se irrita e insiste em pedir ajuda, em dizer que temos que fazer algo. Piper procura conforto nos braços de Jason, e Poseidon tenta acalmar Atena e o filho.

Eu fico parado no mesmo lugar, em choque. Não posso acreditar que Bianca foi pega de novo. Meu Deus o que eu fiz pra merecer isso? O que ela fez pra merecer isso? E Nico? O que nós fizemos?

— Leo? Você está bem? – Perguntou Piper – Você está me ouvindo?

— Sim, eu estou bem – Minto, olhando Piper nos olhos – Não precisa se preocupar, eu realmente estou bem.

— Mas você não parece nada bem – insisti Piper – O que está acontecendo? Pode falar comigo, você sabe né?

— Sei.

— Você confia em mim?

— Claro que confio Pips – Afirmo – Mas eu realmente não tenho nada a dizer.

— Tem certeza?

— Sim, absoluta.

— Ok então, eu vou te deixar sozinho – Se despede de mim com um abraço e segue para perto de Jason, que estava lhe esperando. De longe ele faz um sinal de cabeça e segue rumo a fogueira, abraçado a Piper.

Sinto-me culpado por não poder dizer a Piper o que está acontecendo, mas infelizmente eu não posso botar ela nisso. Nem ela nem Jason. Quem tem que resolver esse problema é eu Nico e agora Percy.

Espero mais um pouco até que Poseidon se afaste com Atena para poder me aproximar novamente dos meninos. Os dois estão parados com os olhos perdidos vidrados em algum lugar enquanto pensão provavelmente em suas amadas. Sento-me ao lado deles em um tronco caído e observo ao redor para ter certeza de que não tem ninguém nos vendo. O que eu tenho a dizer é sigiloso.

— Não adianta de nada ficar aqui parado olhando pro nada enquanto lamentam suas perdas – Começo, chamando a atenção dos dois condenados – Eu sei que está doendo, melhor do que vocês eu sei o quanto dói perder o amor da gente. Eu sinto muito por vocês estarem passando por isso, mas pelo menos vejam o lado positivo. Tem 50% de chance de Annabeth, Bianca e Thalia estarem vivas. Nós não podemos nos dar por derrotados. Agora é a hora de agir!

— O que você quer dizer Leo? – Pergunta Percy.

— Eu quero dizer que nós temos que tomar uma atitude, pra ontem! Eu já venho pensando nisso a alguns dias, só não falei nada porque eu e Nico somos poucos para o que eu preciso. Mas agora que Percy também está com sangue nos olhos, eu acho que já dá pra meu plano entrar em ação.

— Que plano?

— O que fugimos na calada da noite e seguir os rastros dos monstros. Vamos ver de onde ele vem e para onde está levando as meninas. Vamos atrás deles e descobrimos o cativeiro, invadimos, pegamos as meninas e voltamos depois de destruir tudo.

— Você está brincando, né? – Me pergunta Percy – Não tem como seguir rastros que não existem! Nenhum deles foi embora vivo, obviamente não deixaram rastros quando chegaram. Meu pai tem razão, não tem nada que possamos fazer!

— Você está ficando tão pessimista quanto seu pai quer que você fique! – O acuso – Eu sei que não é por mal que Poseidon está fazendo isso, mas eu sei que ele sabe um jeito de encontrar as meninas, mas ele vai fazer isso sozinho. Eu não deixaria que ele fizesse isso sozinho! Vocês estão entendendo? Eu esperei por anos para ter a chance de ir atrás de Reyna, e olha o que aconteceu! Eu não quero que isso aconteça com vocês. Eu não quero perder Thalia, Bianca ou Annabeth, eu quero me vingar dos demônios que fizeram isso a Reyna.

“Nós podemos seguir SIM rastros dos monstros, e eu sei disso por que em uma das noites que fiquei junto com Bianca na árvore próxima a fronteira eu vi Poseidon procurando por alguma coisa. Ele disfarçou mas eu não acreditei. Eu fiquei pensando nisso por dias, mas só agora que você falou que elas sumiram em luz foi que eu me toquei. Eu tenho certeza de que o monstro que sequestrou as meninas não morreu quando elas supostamente o mataram. Era como um alarme que só dispara em determinada condição.

Quando o monstro morre ele ativa um campo de força que o transporta para outro lugar. Lembra quando encontramos o esconderijo deles? Como o monstro se tele transportou para longe quando eu o atingi com minha lança? Talvez isso tenha acontecido com os monstros com que Thalia, Annabeth e Bianca lutaram. E com certeza ele voltou fraco do tele transporte e se desmaterializou próximo daqui. Se procurarmos rastros de poder, podemos encontra-lo.”

Nico e Percy não dizem nada por um tempo, então ficamos os três parados em silêncio.

— O que você pretende fazer? Qual é o plano exatamente? – Nico me encara com um olhar decido enquanto pergunta.

— Eu só posso falar se tiver certeza de que quem sabe vai – Respondo, encarando Percy – Então?

— Eu to dentro.

— Perfeito – Digo, observando mais uma vez ao redor para ter certeza de que não tem ninguém nos espionando – Não é muito complicado. Nós vamos agir normalmente duramente todo o resto do dia. Faremos o que temos feito na última semana como se não fossemos aprontar nada. Então, quando todos estiverem dormindo nos levantamos e nos encontramos na árvore onde eu fico com Bianca na fronteira do acampamento.

Nós vamos nos dividir e procurar sigilosamente ao redor do acampamento por alguma marca de pegadas ou destruição carregada de magia. Quando encontrarmos iremos seguir o rastro, simples assim.

— Tudo bem, mas e os guardas? Tem gente que vigia o acampamento.

— Sim Nico, tem. Mas eu fico toda noite naquela árvore e sei que eles só passam por lá uma vez e é logo quando eu chego, então se vocês saírem na surdina e chegarem até lá sem ser vistos, não tem com o que se preocupar.

— Ok, mas como vamos encontrar o rastro mágico? – Pergunta Percy – Quero dizer, pode ser uma destruição causada pela chegada deles ou por qualquer outra coisa.

— Eu andei sondado com Bianca o que Annabeth tanto fazia, e ela me disse que a sua sabidinha estava procurando um feitiço de localização mágica. Eu procurei Annabeth e ela me explicou algumas coisas, mas pediu segredo absoluto já que ela acredita que existe um traidor entre nós, e não queria falar para ninguém que não pudesse entender o que é segredo, como você Percy.

O que eu sei é que ela estava trabalhando no feitiço, e provavelmente o resultado está no caderno de anotações dela. Se você Percy pegar o caderno nós podemos fazer o feitiço para localizar magia.

— Mas por que ela não localizou as meninas? Por que nós não localizamos ela em vez de um rastro de um monstro? – Nico.

— Por que é necessário muito treinamento para isso. Annabeth estava treinado para localizar as meninas que estão muito longe daqui pelo visto. Se usarmos os preceitos básicos do feitiço podemos localizar rastros de magia recentes, no caso o do monstro. Ai sim chegaremos as meninas.

Nos calamos novamente.

— Então, estamos combinados?

— Sim.

— Sim.

— Ok, Nico pega alimentos e Percy o caderno de Annabeth. Eu me encarrego das armas. Uma hora depois de todos estarem na cama nos encontramos na árvore.

Depois de combinar tudo, nos espalhamos disfarçadamente. Seguiremos nossa rotina até a hora certa.

(...)

— Cheguei – Anuncia Percy.

— Por que você demorou tanto? – Pergunto – Já estamos aqui a uns dez minutos te esperando.

— Desculpa, mas foi difícil despistar o meu pai. Depois que eu soube que ele me esconde o maior segredo da vida dele desde sempre ele está tentado conseguir meu perdão. Grudou em mim que nem carrapato.

Rimos.

— Está bem, não temos tempo a perder, quanto antes sairmos melhor – Nos apressa Nico – Por onde vamos Leo?

— Como assim? – Pergunto

— Como assim o quê? Eu quero saber por onde nós devemos seguir, oras.

— Eu é que devo dizer? – Pergunto surpreso.

— Claro, você é o líder da operação.

— Eu sou o líder?

— Claro que sim né Valdez! Agora para de repetir o que eu digo e amostra logo o caminho – Falou Nico, meio que brincando.

— Bem, eu acho que devemos seguir reto por aqui – Digo apostando pra esquerda – Daqui a uns 100 Metros nós paramos e testamos o feitiço, logo depois nos dividimos pra procurar rastros pelas redondezas.

— Ok – Diz Percy – O caderno está aqui – Amostra.

— Ta, vamos.

Começamos a seguir por onde eu indiquei quando...

— Onde vocês pensão que estão indo sem mim?

Viro-me e vejo Jason com uma mochila nas costas e uma lanterna na mão.

— Vocês acreditarem mesmo que iam me enganar? Eu vou com vocês.

— Ah droga, Jason você não pode vir conosco – Lhe repreendo.

— Por que não? Minha irmã está em perigo e meus melhores amigos estão se metendo em uma confusão, como posso ficar parado aqui nesse acampamento sem notícias? Nem adianta tentar Leo, eu vou com vocês.

Olho para Nico e Percy e percebo que eles estão esperando por minhas atitudes. Sei que é um momento muito preocupante, mas eu confesso que ser líder é muito massa.

— Tudo bem, pode vir com a gente – Digo, me virando e conduzindo os outros pela mata – Mas por favor, para de chamar a atenção com essa lanterna, vamos andar seguido a luz da lua.

Essa vai ser uma longa viajem.