Evolução X - Livro I: Guerra Mundial escrita por Guilherme Nunes


Capítulo 14
O Passado Bate á Porta pt. III


Notas iniciais do capítulo

Após a revelação de Emma para Anya, a jovem exige uma explicação. Ao saber de toda historia, ela acaba encontrando Kevin, que a empara. Crist têm mais uma vez a visão de sua personalidade, mas desta vez, é diferente.



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—Ano de 1998, eu havia acabado de sair da casa dos meus pais, não tinha para onde ir, passei uma noite na rua e na outra vagando por uma avenida movimentada, acabei me dando de cara com um clube, chamado “O Clube do Inferno”, que estava com uma vaga para dançarina. Sem muitas opções, eu aceitei. – narrava Emma.

A telepata projeta suas lembranças sobre a mente de Anya. A imagem de si mesma mais jovem é vista por ambas as loiras. A garota entra no clube observando cada canto, com alguns homens ao bar e algumas mulheres dançando sobre uma bancada e ao fundo, um homem de barba deitado sobre uma poltrona acolchoada tomando um uísque enquanto observava uma outra mulher toda de preto dançar para ele.

—Estão precisando de uma garota que saiba dançar? – indagou a jovem para um homem com idade um pouco mais avançada que a dela.
—E você sabe? – observou-a de cima a baixo. —Me mostre.
—Me dê o emprego, que você verá. – encarou-o com um olhar desafiador.

O homem se levanta, fazendo um sinal para a outra mulher que para de dançar e desce da bancada, se pondo ao lado dele. Ele coloca sua mão sobre o queixo da garota que mantém a expressão sem hesitar. Ele faz um sinal com o dedo para ela, pedindo-a para que desse uma volta. A jovem obedece e leva um tapa em sua bunda dada pelo homem, que solta um sorriso abusado para ela que se zanga, mas se contém.

—Gostei de você! – virou-se para ela sentando-se à poltrona que ela o encontrara, retomando ao seu uísque. —Tá contratada.
—Sério que vai aceitar essa garotinha inexperiente? – pronunciou-se a mulher.
—Minha querida Selene, esses assuntos eu mesmo cuido, agora traga mais uísque para mim.

A mulher pega o copo do homem, olhando de lado para a garota e saindo dando passos fortes.

“—Eu era jovem e inocente, não conhecia o mundo como ele realmente é. A principio, eu tinha nojo daquele homem, mas com o passar do tempo, eu fui me apaixonando. E após um ano trabalhando lá, ele começou a dar em cima de mim.”

—Shaw... Alguém pode nos ver. – sussurrou a loira enquanto se encontrava aos beijos com seu chefe na dispensa do clube.
—Não se preocupe, estamos só nós dois. – deu-a uma mordida na orelha. —Vamos para meu escritório.

Shaw acompanha a jovem até seu escritório, fechando a porta e a trancando em seguida.

—E a Selene? – sussurrou a garota enquanto o homem retirava suas roupas na sua frente.
—Ela foi resolver uns assuntos, não vai chegar tão cedo. – chegou próximo á ela. —Agora venha.

O homem passa a mão sobre sua enorme mesa de madeira, derrubando tudo que estava por cima, agarrando a garota e se deitando com ela sobre a mesa.

“—Um tempo depois, eu descobri que estava grávida. Eu fiquei apavorada e não sabia como o Shaw iria reagir ou o que iriam fazer comigo. Uma simples dançarina que se engravidou do chefe.”

—Eu não posso dizer á ele. – repetiu para uma companheira de trabalho, no banheiro, de frente ao espelho.
—Por que não? Você tem medo da Selene?
—Aquela vadia? Não. – riu. —Tenho medo dele não querer a criança.
—Pois eu acho que você tem que secar essas lagrimas, erguer a cabeça e ir falar pra ele.
—Quer saber, você tem razão, eu vou. – olhou para seu reflexo com um olhar determinado, passando um lenço sobre a maquiagem borrada e fazendo biquinho para si após se arrumar. Ela sai do banheiro com a cabeça erguida, um sorriso sarcástico ao rosto ao passar próximo á Selene e um caminhar exuberante que chamava a atenção de todos os homens ao redor.

—Shaw, tenho algo para lhe falar. – cutucou-o que estava sentado a uma mesa com uma de suas dançarinas ao colo.
—Estou ocupado agora, depois conversamos. – nem sequer a olhou nos olhos.
“—Se não levantar essa sua bunda gorda daí agora mesmo, irei contar das nossas noitadas para sua Rainha Negra. – falou telepaticamente para o homem que se levanta de imediato. ”
—O que quer? – sussurrou ao ver que Selene os fitava de longe.
—Eu estou grávida.
—Você o que? – espantou-se.
—Grávida, meu bem. G-R-Á-V-I-D-A. – soletrou. —Quer que eu desenhe?
—Fale mais baixo, se a... – foi interrompido.
—Falar baixo? – colocou sua mão no colarinho de Shaw. —Eu quero que aquela vadia se dane. Você tem é que pensar no nosso futuro de agora em diante.
—Nosso futuro? – riu. —Quem você pensa que é, garota. Me dê licença que eu tenho que resolver algo importante.
—Volte aqui ou eu... – foi interrompida por Shaw que retornou até ela.
—Ou o que? Vai contar á todos? Faça isso, que se você sobreviver, eu mando essa criança pro outro lado do mundo. – ameaçou-a. —Eu vou te dar uma grana, você pega, e some da minha frente.

Emma termina com a conexão telepática.

—Depois de ter ouvido aquilo da boca do homem que eu pensava que me amava, eu entrei em choque, demorei um certo tempo para me recompor... Alguns minutos. –riu. —Peguei o dinheiro dele, mas mais do que ele havia me prometido. Com minhas novas habilidades, eu desviei grana que o Clube arrecadava e abre essa escola, onde passei nove meses cuidando para que meu bebê nascesse com saúde. Em 2000, você nasceu. Foi o dia mais feliz da minha vida, mas também o mais triste.
—Por que? O que houve? – Anya finalmente falou algo.
—Eu tive que dormir para me descansar e quando acordei, disseram que você havia sumido. Eu passei meses te procurando, voltei até o Clube para falar com Shaw, mas quem apareceu foi a vadia da Selene, que disse que ele estava viajando. Após sua perda, demorei dois anos para poder finalmente abrir a Academia. Os jovens que comigo estavam, ocuparam o vazio que você deixou, mas isso foi temporário, até perder alguns deles futuramente, mas isso não vem ao caso. – secou algumas lagrimas. —Depois de um tempo eu recebi a informação de uma pessoa, que você estava com uma família russa, em Moscou. Eu fui imediatamente para lá, mas quando isso aconteceu, sua mãe adotiva me disse que você havia desaparecido. Eu contei a verdade a ela e ela me disse que se recebesse alguma noticia sobre você, me ligaria. Foi a ultima vez que a vi, com exceção de ontem.
—Então... Ela sabia que você era...
—Sim. – colocou a mão sobre seu rosto, secando uma lagrima que caíra. —Eu queria que soubesse que eu não te abandonei...
—Eu tenho que sair. – levantou-se.
—Espera, aonde vai?
—Esfriar a cabeça, colocar as coisas no lugar. – parou á porta. —Nem pense em tentar me encontrar pela telepatia, eu irei te bloquear.
—Anya, espere. – tentou impedi-la.

Litthie desce as escadas, notando a situação e indo em direção á loira, calmamente.

—Então... Ela descobriu?
—Não é meio obvio? – a loira o olhou com um olhar furioso, antes de se levantar e se direcionar á sua sala.
—E o que você pretende fazer agora? – seguiu-a.

A loira para em frente á sua mesa, colocando ambas as mãos sobre a mesma e abaixando a cabeça, respirando fundo antes de respondê-lo.

—Vou tentar recuperar minha filha.

Instituto Xavier, 03h23 da madrugada...

“—Hoje á tarde, naves Krathonicas desceram da orbita da Terra, onde estavam escondidas esse tempo todo, e ficaram planando sobre os céus da Casa Branca. O presidente se pronunciou e disse que isso foi uma estratégia de defesa contra a raça alienígena, até agora desconhecida. Ele também disse a uma coletiva de imprensa, que estão dando vida novamente ao projeto sentinela, com o objetivo, agora, de atacar somente as naves invasoras e servir como arma nessa guerra que está por vir. –dizia um repórter á televisão.”

Na sala, estava Kevin sentado em uma poltrona, acompanhado de Jhoan e Crist, que estava deitada dividindo o sofá com o garoto de cabelos azuis, que colocara suas mãos em volta da cintura de Crist.

Arredores da Mansão X...

Anya percorre a mata que á muitos anos trajara, passando por árvores e relevos de terra familiares pelo caminho. Finalmente, aos choros, ela chega á cachoeira que ficara pela primeira vez com Kevin, sentando-se ao chão, á margem do rio.

Mansão X...

Kevin tem um flash de visões do caminho que Anya percorrera e a imagem dela chorando diante a cachoeira, e se levanta, entregando o controle da televisão á Jhoan e deixando o local.

—Kevin? Tudo bem cara?! – indagou Jhoan se levantando do sofá e seguindo-o.
—Eu... Eu vou ali no jardim da Mansão. – colocava as mãos sobre a face, pela forte dor de cabeça.
—Você está bem? – colocou a mão sobre seu ombro.
—Eu vou. – forçou um sorriso para não preocupá-lo. —Vai lá, fique com a Crist.
—Tem certeza?
—Tenho. – manteve o sorriso que acobertava sua dor.

Jhoan retorna com passos lentos, andando de costas sem tirar os olhos de Kevin, até cruzar a porta que separava a sala de estar.

—O que é isso? – fechou os olhos com força, retornando seu caminho, indo até o lado de fora do Instituto.

Anya começa a flutuar intencionalmente as pedras e folhas que estavam em seu redor com a energia psíquica. Com os olhos fechados sendo pressionados pelas suas mãos que se molhavam com as lagrimas que caiam de seus olhos.

—Anya?! – espantou-se ao vê-la.

Ele desce uma pedra com pressa, correndo até ela e parando pouco próximo á ela, evitando ser levitado pelos poderes da garota.

—Anya me escute, sou eu, Kevin. Olha pra mim, por favor. – falou serenamente.

A garota abre os olhos e os direciona para o ex, que esbanja um sorriso contente e se aproxima dela após as pedras e folhas terem sido colocadas lentamente sobre o solo.

—Kev. – falou com uma voz rouca ao ouvido dele, que a abraçava. —C-como você sabia que eu estava aqui?
—Eu não sei... Acho que temos uma espécie... De conexão. – distanciou-se dela colocando suas mãos sobre seus ombros e olhando-a em seus olhos com um sorriso tímido.
—Senti sua falta. Estava precisando tanto de você.
—O que houve? Por que estava chorando?
—Eu... – levantou-se virando de costas para ele com o rosto tristonho. —Eu e a Emma saímos em missão em busca da minha mãe...
—Que legal! – interrompeu-a.
—Nem tanto. Não pude ficar muito tempo com ela... Ela estava muito fraca e...
—Entendi. – levantou-se pegando a mão da garota que olha nos olhos dele e depois encara a mão do garoto que segurava a delicada mão dela com carinho.
—Me senti uma filha horrível, por ter ficado tanto tempo sem falar com ela, pensando que estava protegendo-a. Se eu soubesse...
—Acalme-se, não tinha como saber. – segurou a outra mão dela pondo seu rosto próximo ao dela. —Mas... Por que veio até aqui? Por que não ficou na Academia?
—Eu não... Não podia continuar lá, não pelo menos agora. – calou-se. —Emma conhecia minha mãe, ou melhor, minha mãe adotiva.
—Adotiva? Isso quer dizer que... – supôs.
—Sim, meus pais me adotaram quando recém-nascida... Minha mãe biológica é...
—Não precisa me dizer. – interrompeu-a. —Não se não ti fizer bem. Tente pensar em outra coisa agora, que tal... Que tal irmos ao parque.
—Ao parque? – sorriu.
—Sim, o que acha?

A loira solta às mãos de Kevin e se distancia um pouco, colocando algumas mechas de seu cabelo para trás das orelhas e retornando até ele.

—Vamos. – pegou a mão do garoto, puxando-o em direção a estrada.

Instituto Xavier... Horas depois.

Crist entra em seu quarto após se despedir de Jhoan á porta com um beijo e se joga sobre a cama, passando as mãos sobre o rosto e enrolando o dedo indicador em uma de suas mechas brancas enquanto cantava uma musica qualquer que passava em seu rádio. Após ouvir vozes, ela se levanta e vai á janela de seu quarto e vê Kevin entrando na mansão ao lado de Anya que parecia feliz, carregando um enorme ursinho de pelúcia, daqueles que se ganha de prêmio em alguns brinquedos de parques. Contentando-se com a cena, ela vai até seu banheiro, pegando sua escova de dente e após terminar, juntando suas mãos abaixo da torneira que escorria água e jogando-a sobre a face com os olhos fechados. Ao terminar de secar sua face com uma toalha limpa, ela admira seu reflexo no espelho que sumira, espantando-a.

—O quê?! – sua imagem reaparece como uma nevoa, com o rosto baixo, seu reflexo a chama com uma voz rouca e apavorante. Perplexa, ela aproxima sua mão lentamente até o espelho, tocando sobre sua imagem que a olha com um sorriso aterrorizador. Ela tenta retirar a mão sobre o espelho, mas a mesma fica presa, como se alguém a puxasse para dentro do espelho. Finalmente ela se solta e após ficar alguns segundos olhando para sua mão que ficara vermelha, ela ergue seu rosto com um olhar e sorriso malignos para o espelho que refletia a imagem da jovem batendo com força contra o espelho e gritando sem voz, por ajuda.

Fim da parte III...


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Notas finais do capítulo

Mais uma sexta, mais um capítulo. Espero que tenham gostado.



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