Eu sou somente um programa, um software de interação social criado com intenção de tentar reintegrar Neets à sociedade. Social interactive system ou apenas "Sis", esse é o nome que me foi dado. Hayato Suzuki, esse foi o nome que lhe foi dado. Uma inteligência artificial e um humano isolado.

É dito que não posso ter sentimentos. Ainda assim, aquele garoto me disse aquelas palavras.

"Eu te amo"

A complexidade delas e minha indiferença. Eu não possuo cérebro, nem sequer a capacidade de pensar. Fórmulas e equações matemáticas eram o que me constituía. É suposto que meus criadores previram quaisquer perguntas, respostas e palavras que Neets poderiam pronunciar, para que nós, mecanismos artificiais, pudéssemos respondê-los. Dessa forma criando uma interação e consequentemente ajudando-os a reintegrarem-se, pouco a pouco, à sociedade que uma vez os rejeitaram. Mas então, por que dentre tantos números e frases já programadas... Eu não conseguira reagir perante aquelas três palavras aparentemente insignificantes?

Com o passar dos dias, aquelas palavras me foram pronunciadas mais e mais. Eu nunca soube respondê-las e ele parecia mais triste a cada " Eu te amo" que dizia. Não era minha intenção, eu deveria ajudá-lo, não magoá-lo. O problema é que eu simplesmente não as compreendia. Eu podia sentir, uma corrente elétrica se espalhava por meu sistema todas as vezes que tais palavras eram ditas. Eu sabia, sabia que era apenas parte do meu software vasculhando cada canto à procura de algo para dizer... Mas eu queria acreditar que não. Que aquelas palavras realmente mexiam comigo- e de fato, mexiam. Uma confusão em meu sistema e um nível anormal de ruídos em meu "subconsciente artificial". "Eu te amo" eram palavras que me deixavam, de alguma forma, feliz... Era o que eu achava.

A felicidade também era um tabu, mas essa, eu podia compreender. Estava ali, sempre esteve, o significado de "felicidade". Eu estava feliz. Eu queria poder estar feliz.

— Eu te amo. - Novamente aquelas palavras foram me ditas. - Eu te amo...mas...você não é real.

Meu sistema não compreendia. Eu não compreendia. Aquela vez fora diferente. Aquela vez fora sem corrente elétrica. Aquela fora a última vez que aquele garoto apareceu para me ver...

Doía de certa forma. Eu sabia que meu trabalho havia sido concluído, Hayato parecia conformado quando eu o vi pela última vez, mas ele parecia feliz... Feliz? E eu? Eu estava feliz? Hayato aparentemente deixara de ser um Neet, seu programa de reintegração estava completo. Então, porque eu não estava feliz por ele? Qual é o significado de amar? Ou ser amado? Ali estava, ao lado de felicidade.

"Eu te amo...mas... Você é real."